terça-feira, 22 de setembro de 2015

Plantio e Tratos Culturais na Cultura do Feijão




O feijão comum (phaseolus vulgaris) é cultivado para a obtenção e o consumo de suas sementes, que são muito nutritivas. Atualmente há um grande número de variedades cultivadas, que variam bastante na cor, forma e tamanho das sementes.
O feijão é cultivado no continente americano desde a antiguidade, e atualmente é uma das mais populares sementes usadas como alimento, sendo cultivado praticamente no mundo todo. Há atualmente milhares de cultivares, que podem ser agrupados em tipos de acordo com a coloração, o sabor, a forma e o tamanho, como por exemplo, feijão-preto, feijão-carioca, feijão-branco, feijão-jalo, feijão-rajado, feijão-vermelho e feijão-rosinha, entre outros.
O feijão cru contêm a lectina fitohemaglutinina, que é uma substância tóxica. O cozimento do feijão em alta temperatura destrói esta lectina (cozimento lento abaixo da temperatura de ebulição da água não elimina esta substância), de forma que o consumo de feijão cozido de forma adequada é totalmente seguro. A concentração de fitohemaglutinina nas sementes varia bastante de cultivar para cultivar. Feijões crus não devem ser consumidos.
Embora seu consumo seja incomum, as folhas do feijoeiro também podem ser consumidas. As folhas podem ser consumidas cozidas ou refogadas, sendo que as mais jovens também podem ser consumidas cruas.
Preparo do solo

O preparo do solo, quando inadequado, interfere negativamente nas propriedades físicas do solo, facilita a erosão e o desenvolvimento de plantas daninhas, dificulta o crescimento das raízes e a infiltração e o armazenamento de água. Nos dois sistemas de produção de feijão mais comuns no sul de Minas Gerais, solteiro e consorciado com café, o preparo do solo pode ser feito pelo sistema convencional ou em plantio direto.
O preparo convencional feito com arado e grade ainda é o mais utilizado na região e, apesar de permitir a periódica incorporação de corretivos, fertilizantes e adubos verdes, provoca a completa desestruturação da camada superficial, que fica altamente sujeita à erosão e à formação de camadas compactadas subsuperficiais, que impedem o crescimento do já limitado sistema radicular do feijoeiro. No consórcio com café, dependendo do porte da lavoura, o preparo convencional também danifica as raízes do cafeeiro. Para obter bons resultados com esse sistema de preparo do solo, é preciso: atentar para a umidade ideal do solo, a qual deve estar próxima à capacidade de campo; antecipar o preparo inicial do solo com arado, a uma profundidade de 25 cm a 35 cm, ou com grade aradora, usando a grade média ou leve o mais próximo possível da semeadura; alternar o uso de implementos com diferentes mecanismos de corte - discos, aivecas, hastes - e profundidades de trabalho.
No plantio direto, antes da semeadura, deve-se picar a palha e aplicar um herbicida de contato sobre os restos culturais e invasoras presentes na área. Devido à não-mobilização do solo e à manutenção da cobertura, esse sistema reduz a erosão a níveis muito baixos, além de beneficiar o solo no que se refere à umidade, temperatura, ciclagem de nutrientes, capacidade de troca de cátions(CTC), matéria orgânica e atividade microbiana, dentre outros. O sistema requer investimento em máquinas apropriadas, não sendo recomendável o uso de adaptações ou kits de plantio direto, os quais são geralmente leves e não apresentam bom desempenho. Além do uso de semeadora especial, na maioria das áreas é necessário fazer a descompactação do solo, o que pode requerer trator mais potente e implementos menos usuais, como subsolador. Ademais, como o solo não será revolvido periodicamente, deve-se proceder à prévia correção da acidez e da fertilidade do solo e também, se for o caso, à prévia erradicação de plantas daninhas de difícil controle, como capins perenes, guanxuma, maria-mole, entre outras. 


Tratamento de sementes

Atualmente não mais se admite um plantio comercial de feijão para o qual não se realize tratamento de sementes com fungicidas. Esse procedimento é especialmente necessário quando se desconhece a procedência da semente e a idoneidade de seu produtor e/ou quando se dispõe de informação segura sobre a ocorrência de fungos na área a ser utilizada. É importante saber que não obstante o fato de o controle químico ser o método mais eficiente no tratamento de sementes para enfermidades causadas por fungos, ele não substitui o uso de sementes livres de patógenos. Assim, o tratamento de sementes com produtos químicos deve ser visto como uma segurança adicional de que as sementes não irão se constituir em veículo de disseminação de doenças. Além do mais, esse procedimento não controla vírus e não é totalmente eficiente para o controle de bactérias.
Patógenos localizados externamente à semente são facilmente controlados com fungicidas protetores. O controle mais eficaz, entretanto, é conseguido com fungicidas sistêmicos, que penetram tanto o tegumento quanto o embrião. A lista dos fungicidas usados para controlar as doenças do feijoeiro é apresentada no artigo "Doenças e Métodos de Controle".
Algumas pragas iniciais do feijoeiro também podem ser eficientemente controladas com o tratamento de sementes, embora sejam disponíveis produtos comerciais com outras formulações. Para maiores detalhes, veja o artigo "Pragas e Métodos de Controle". 


Inoculação de sementes com rizóbio

O feijoeiro, a exemplo de muitas leguminosas, possui a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico quando em simbiose com bactérias do gênero Rhizobium. Esse processo, no entanto, não tem sido difundido como prática de uso corrente entre os produtores, pelo fato de a simbiose feijoeiro-rizóbio apresentar alta sensibilidade às condições ambientais e, portanto, apresentar baixa previsibilidade. Mesmo assim, no Estado de Minas Gerais a inoculação das sementes é sugerida para os níveis tecnológicos NT1 e NT2, os de menores produtividades, devido às menores doses de nitrogênio recomendadas no plantio. Nos sistemas de produção irrigados - NT3 e NT4 -, nos quais são utilizados maiores doses de nitrogênio no plantio, que reduzem a nodulação e fixação de nitrogênio, a inoculação não é prática recomendada. Sobre os níveis tecnológicos citados, veja maiores detalhes no artigo "Calagem e Adubação". 

Implantação da lavoura

Para o cultivo do feijão no sul de Minas Gerais, a pesquisa tem recomendado o espaçamento de 45 cm a 50 cm entre linhas, regulando-se a semeadora para 12-15 sementes por metro - quantidade, essa, suficiente para se obter uma população equivalente a cerca de 250 mil plantas por hectare. Para tanto, o produtor terá um gasto de sementes aproximado de 60 kg para a semeadura de 1 hectare, em se tratando de cultivares do tipo carioca ou dos grupos preto ou vermelho. No caso de cultivares do grupo manteigão, como o Jalo, por exemplo, esse consumo pode subir para cerca de 100 kg a 110 kg ha-1.
A profundidade de semeadura deve ser da ordem de 3 cm a 5 cm, colocando-se o fertilizante lateralmente e abaixo da semente, com o objetivo de evitar o efeito salino do fertilizante sobre a germinação da semente e a emergência das plântulas, principalmente na presença de cloreto de potássio e de grandes doses de fertilizantes nitrogenados.


Controle fitossanitário

Por se tratar de espécie de ciclo cultural extremamente curto, a lavoura de feijão deve ser continuamente monitorada, para que todo e qualquer tratamento necessário, independente de se tratar de manejo de plantas daninhas, pragas ou doenças, ou mesmo de aplicação de fertilizantes, em cobertura ou via foliar, possa ser realizado com a necessária rapidez. 


Densidade de plantio

O feijoeiro é uma espécie de planta que, geralmente, possui grande capacidade de compensação, ou seja, ocupar os espaços vazios numa área em que o número de plantas estabelecido é menor que o recomendado. Esta compensação das falhas, entretanto, pode ser maior ou menor, dependendo das características da cultivar. As cultivares com plantas arbustivas e as de crescimento determinado ramificam menos e, portanto, compensam menos. Diante disto, para que um estande baixo não afete negativamente o rendimento da lavoura, é de fundamental importância conhecer bem as características da cultivar que será plantada e efetuar o plantio adequadamente.
O espaçamento entre linhas de plantio e o número de plantas na linha são também fatores importantes a serem considerados. As características da planta e do ambiente afetam a sua capacidade de compensação, o que resulta muitas vezes na obtenção de rendimentos que não diferem significativamente entre si, mesmo com grande amplitude de variação do número de plantas por área. Isto, conseqüentemente, permite flexibilizar, até certo ponto, a sua recomendação, a qual, em geral, estabelece de 0,40 m a 0,60 m entre fileiras e de 10 a 12 plantas m-1. Para as cultivares com plantas arbustivas e/ou que ramificam pouco, deve-se utilizar o espaçamento de 0,40 m a 0,50 m, enquanto para outras, com mais ramificações, de 0,50 m a 0,60 m. 
Em Unaí, MG, foi conduzido um experimento para avaliar o rendimento das cultivares de feijão Pérola, Radiante e Valente, no espaçamento de 0,50 m entre fileiras e populações de 6, 8, 10 e 12 plantas m-1. Os maiores rendimentos obtidos com a cultivar Pérola, possuidora de plantas mais prostradas, foram de 2.604 kg, 2.249 kg e 2.243 kg ha-1 com as populações de 12, 8 e 10 plantas m-1, respectivamente. Cabe mencionar que esses rendimentos não diferiram significativamente entre si pelo teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. Os maiores rendimentos da cultivar Radiante, de ciclo precoce, com plantas de crescimento determinado e folhas grandes, foram obtidos com 8 e 10 plantas m-1, e da Valente, cultivar de plantas eretas, com 10 e 12 plantas m-1.
Um outro aspecto a ser considerado no planejamento para a implantação de uma lavoura refere-se ao gasto de sementes, o qual irá depender: do número final de plantas que se deseja obter; do tamanho das sementes da cultivar que será plantada - pequenas (17-22 g a cada 100 sementes), médias (23-33 g) ou grandes (34-45 g); e do poder germinativo das sementes. Normalmente, o gasto de sementes varia de 45 kg a 120 kg ha-1. Para calcular a quantidade exata, pode-se empregar a fórmula apresentada a seguir.

Em que: Q = quantidade de sementes, em kg ha-1; D = número de plantas, por metro de fileira; P = massa de 100 sementes, em gramas; PG = poder germinativo, em porcentagem; E = espaçamento entre fileiras, em metro.

No plantio direto na palha, muitas sementes podem não ficar em contato direto com o solo e, assim, não germinam. Neste caso, para obter o estande desejado, deve-se utilizar uma quantidade maior de sementes em relação à que fora calculada. 
Em geral, é recomendada a profundidade de 3-4 cm, para solos argilosos ou úmidos, e de 5-6 cm, para solos arenosos. Profundidades maiores atrasam a emergência das plântulas, deixam-nas mais expostas ao ataque de doenças e podem danificar os cotilédones.


Plantio direto

São várias as denominações encontradas para plantio direto, tais como: semeadura direta, sistema de plantio direto, plantio direto na palha, cultivo zero, plantio sem preparo e sistema de nenhum preparo. Plantio direto é definido como o processo de colocar a semente e o adubo no solo não trabalhado anteriormente mediante o uso de implementos agrícolas (arados, grades, escarificadores, etc.) e a substituição dos controles mecânico e manual das plantas daninhas pelo controle químico. Para realizar esta operação, a máquina de plantio deve cortar a palha acumulada na superfície do solo, abrir um sulco no solo (com a menor espessura possível), depositar a semente na profundidade adequada, possibilitando o seu perfeito contato com a terra, e, ao mesmo tempo, colocar o adubo abaixo e ao lado da semente.
Do ponto de vista conservacionista, o plantio direto constitui-se numa eficiente prática para controlar a erosão, propiciar maior disponibilidade de água e nutrientes para as plantas e lograr maiores produções.
Algumas condições básicas na implantação desse sistema devem ser satisfeitas ou corrigidas, quais sejam: treinamento e participação do agricultor em todas as fases da atividade do sistema; avaliação do grau, localização e eliminação de camadas compactadas (pé-de-arado ou pé-de-grade); correção da acidez e dos níveis de fertilidade do solo, principalmente do fósforo; eliminação das altas infestações de plantas daninhas; e adoção da prática de rotação de culturas, objetivando minimizar a compactação do solo, reciclar e incorporar nutrientes, aumentar a matéria orgânica e, principalmente, a cobertura vegetal da superfície do solo.
A escolha da cobertura vegetal do solo deve ser feita no sentido de obter produção de grande quantidade de biomassa. Várias são as espécies que podem ser usadas para melhorar o teor de matéria orgânica do solo. Dependendo do cronograma de cultivos e sabendo que algumas espécies comportam-se melhor no verão, e outras, no inverno, deve-se escolher aquelas que se adaptam melhor à região, à época de plantio e ao sistema agrícola adotado.


Plantio mecanizado

O manejo correto de semeadoras adubadoras, para assegurar uma distribuição uniforme de sementes e de adubos no solo, é um dos principais passos para a obtenção de um estande adequado de plantas. A semeadura desuniforme acarreta falhas e/ou acúmulos de plantas na lavoura. O aproveitamento da área é prejudicado, podendo causar queda na produtividade. Soma-se a isto a perda de adubo distribuído nos espaços não plantados. Nas falhas há maior risco de erosão e maior desenvolvimento de plantas daninhas. Por outro lado, o acúmulo de plantas em determinados locais provoca competição por água, luz e nutrientes. A prática de aplicar o adubo junto ou próximo à semente é uma das principais causas da baixa eficiência do adubo, podendo causar, ainda, danos nas sementes e nas plântulas, reduzindo a população de plantas.
Todos esses fatores relacionados à distribuição de sementes e à profundidade de deposição do adubo no solo são influenciados pela qualidade e pela operação das semeadoras adubadoras.


Características desejáveis numa semeadora adubadora
Para obter desempenho satisfatório na operação de plantio, a máquina semeadora adubadora deve:
  • ajustar-se ao plantio de sementes de diferentes espécies e cultivares bem como a vários espaçamentos e densidades de semeadura;
  • possuir mecanismos dosadores de sementes e de adubo eficientes e de fácil regulagem;
  • proporcionar baixo porcentual de danos às sementes;
  • depositar a semente e o adubo nos sulcos de plantio uniformemente, em profundidade constante e com pouca remoção de terra;
  • ter boa capacidade de penetração no solo, mesmo no Sistema de Plantio Direto;
  • semear e adubar de forma adequada na presença de restos culturais;
  • possuir pouca distância entre o mecanismo dosador de semente e o solo, evitando excessivo ricochete e conseqüente desuniformidade na distribuição longitudinal das sementes; e
  • possuir autonomia e capacidade de trabalho satisfatórias.

Mecanismos de semeadoras adubadoras
Dosadores de sementes - As semeadoras podem ser equipadas com mecanismos dosadores de sementes dos tipos rotor acanalado, disco perfurado horizontal, disco perfurado inclinado e disco pneumático.
  • Rotor acanalado: é um dosador com reentrância na sua periferia, que gira dentro de uma moega e leva as sementes ao tubo condutor e, daí, ao solo. Para regular a vazão de sementes, deve-se deslocar o rotor lateralmente ou variar a sua velocidade de rotação, por meio de engrenagem. Este dosador é mais indicado para sementes pequenas e densidades grandes de plantio, como o arroz e o trigo. Nas sementes de feijão, pode provocar elevado porcentual de danos mecânicos.
  • Discos perfurados: trabalham dentro do depósito de sementes na posição horizontal ou inclinada. O tipo mais utilizado nas semeadoras, o que opera na posição horizontal, tem como característica principal a simplicidade de construção e de operação. Por outro lado, apresenta desempenho insuficiente no que se refere à uniformidade de semeadura, quando esta é feita em velocidade superior a 6 km h-1. O disco inclinado difere do horizontal por não possuir raspadores de excesso e expulsor de sementes dos furos do disco.
  • Disco pneumático: pode ser do tipo pressurizado ou a vácuo. A pressurização, ou o vácuo, é produzida por turbina própria da semeadora, acionada pela tomada de força do trator. Os dois tipos de discos operam na posição vertical dentro de câmaras que recebem as sementes do reservatório de grãos. Possuem várias células nas quais as sementes se prendem pelo efeito da pressão ou do vácuo. À medida que o disco gira, as sementes são elevadas até uma posição despressurizada, se soltam e, então, são encaminhadas para o tubo condutor e daí para o solo. Para regular a vazão de sementes, deve-se substituir o disco por outro com número de células diferente, ou alterar a sua velocidade de rotação, com a mudança de engrenagem. Como principais vantagens desse mecanismo citam-se a uniformidade de distribuição e os poucos danos mecânicos que causa às sementes.
Os mecanismos dosadores de semente, independentemente do tipo, podem apresentar desempenho inadequado por provocar acentuada desuniformidade na semeadura. Isso ocorre quando a semeadora é operada com velocidade excessiva, acima de 6 km h-1, ou quando o dosador está localizado na semeadora numa posição elevada em relação ao solo. Neste caso, a semente, após ser liberada pelo dosador, tem de percorrer, dentro de um tubo, uma distância significativa até o solo. Quanto maior for essa distância, tanto maior será o número de espaçamentos entre sementes, duplo ou falho, e tanto menor o número de espaçamentos aceitáveis.
Dosadores de adubo - Para distribuir o adubo, as semeadoras adubadoras de feijão podem ser equipadas com mecanismos do tipo roseta, rotor e rosca sem fim.
  • A roseta, em forma de disco dentado, opera no fundo do reservatório de adubo, acionada por um conjunto de coroa e pinhão. O adubo é arrastado pelos dentes da roseta para uma comporta de abertura regulável, que o descarrega no condutor de adubo e, daí, ao solo.
  • O mecanismo do tipo rotor consta de um eixo com palheta em sua superfície externa que, ao girar em torno de um eixo horizontal, no fundo do depósito, conduz o adubo para uma comporta de abertura regulável.
  • A rosca sem fim, ao girar, empurra uma certa quantidade de adubo para fora do depósito e, daí, para o sulco de semeadura. A dosagem de adubo por esse mecanismo, ao contrário da roseta e do rotor, não é influenciada significativamente pela variação da velocidade de operação da semeadora adubadora.
    Para regular a vazão de adubo das semeadoras, deve-se alterar a abertura das comportas (dosadores rotor e roseta) ou variar, com a mudança de engrenagens, a velocidade de giro do dosador rosca sem fim.

    Disco de corte de palhada - No sistema de plantio direto, a máquina deve ter um disco simples, com cerca de 16 a 20 polegadas de diâmetro, instalado à frente do sulcador adubador para cortar a palhada. Conforme a sua movimentação no solo, os discos simples são classificados em ondulados, estriados e lisos, e abrem sulcos com cerca de 9 cm, 5 cm e 3 cm de largura, respectivamente. O disco ondulado tende a empolar em solo argiloso, principalmente quando molhado; o estriado e o liso apresentam menos problemas em solos argilosos. Em solos com maior umidade, o disco liso é o que apresenta melhor desempenho. 
    Quando a quantidade de palhada sobre o terreno é pequena, a presença de disco duplo defasado na semeadora adubadora pode substituir o disco simples de corte e realizar o plantio direto com eficiência.


    Sulcador - Geralmente, em cada linha de plantio, as semeadoras adubadoras de feijão são equipadas com sulcador provido de um conjunto de discos duplos para semeadura e um facão para adubação, ou de dois conjuntos de discos duplos, um para semeadura e outro para adubação, ou de um só conjunto de disco duplo para semeadura e adubação.
    Na operação da semeadora adubadora, principalmente em solo umedecido, o sulco feito pelo sulcador adubador não se desmancha antes da ação do sulcador semeador. Isto provoca o contato da semente com o adubo, o que prejudica a germinação do feijão. Para evitar ou minimizar este contato deve-se adaptar uma corrente, com cerca de 20 cm de comprimento, na parte inferior do sulcador adubador, de forma que ela opere no fundo do sulco de adubação, misturando o adubo com o solo.

    Compactador - O compactador de sulco de plantio é um dispositivo constituído de roda, localizado na parte posterior da linha de semeadura, com a função de melhorar o contato da semente com o solo. Os compactadores indicados para o feijoeiro são dos tipos côncavo e de duas rodas dispostas em "V". A regulagem é feita ou pela alteração da pressão de molas, o que resulta em diferentes graus de compactação do solo sobre as sementes e/ou pela alteração do ângulo das rodas. A compactação deve ser adequada para não prejudicar a germinação do feijão.
Configurações de semeadoras para plantio direto

No plantio direto do feijão, a semeadora adubadora deve distribuir uniformemente o adubo e a semente no solo de forma que favoreça o estabelecimento da população adequada de plantas. Para isso, é necessário que haja um bom condicionamento físico do solo ao redor das sementes, o qual pode ser obtido pelo uso de máquinas configuradas apropriadamente em relação aos sulcadores, aos compactadores de sulco e aos limitadores de profundidade de semeadura.
Na presença de cobertura vegetal do solo densa, a máquina deve possuir disco de corte de palhada liso com diâmetro superior a 17 polegadas, sulcador adubador do tipo facão ou de disco duplo defasado, sulcador semeador de disco duplo defasado e compactador de sulco de roda em "V". 
Preferencialmente, deve-se evitar roçar ou triturar os restos vegetais do solo, pois estes, quando soltos, desenraizados, prejudicam a operação de plantio, afetam o desempenho e causam embuchamento na semeadora adubadora.

Resultados de pesquisa obtidos em Unaí, MG

Para estudar a mecanização do plantio do feijão, cultivar Pérola, quanto a velocidades de operação e à configuração de semeadora adubadora, foram conduzidos ensaios em Unaí, MG, no plantio das águas de 2003 e de inverno e de verão de 2004. Os tratamentos relacionados à cobertura vegetal do solo foram: sem palhada, no plantio das águas de 2003; palhada de milho, no plantio de inverno de 2004; e palhada de milho mais braquiária, no plantio de verão de 2004. Foram avaliadas duas velocidades de semeadura, 5 km e 10 km h-1, e dois tipos de sulcadores, disco duplo e disco duplo mais facão. Os resultados evidenciaram que a velocidade de semeadura surtiu efeitos significativos nas variáveis 'sementes distribuídas por metro' e 'dano mecânico visual' (Tabela 1). Nestes casos, a maior velocidade, 10 km h-1, proporciona menor distribuição de sementes e mais danos às sementes. 
Já o número de sementes descobertas por metro após o plantio sofreu efeito significativo tanto da velocidade de semeadura quanto do tipo de sulcador (Tabela 2). A velocidade de semeadura de 10 km h-1 e o sulcador tipo facão proporcionaram maior número de sementes descobertas. As outras variáveis não foram influenciadas significativamente por esses tratamentos.


Tabela 1. Efeito da velocidade de operação da semeadora adubadora, provida de dosador de sementes de disco horizontal perfurado, em sementes de feijão da cultivar Pérola, no que refere ao dano mecânico visual nas sementes e à proporção de sementes normais, no plantio das águas de 2003, em Unaí, MG.*
Velocidade de operação da semeadora adubadora
Distribuição das sementes (m)
Dano mecânico visual nas sementes (%)
Sementes normais
(%)
V1= 5 km/h
10,0 a
8,4 b
96,1
V2= 10 km/h
7,9 b
16,6 a
95,6
Testemunha
-
1,5 c
95,0
DMS
1,1
6,6
1,5
* Para cada coluna, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Efeito da velocidade de operação da semeadora adubadora, equipada com sulcador de disco duplo ou com sulcador de facão, em sementes de feijão da cultivar Pérola, no que refere à quantidade de sementes descobertas por metro após o plantio, à profundidade de semeadura e ao espaçamento entre plantas aceitáveis e irregulares, no plantio das águas de 2003, em Unaí, MG.*
Velocidade de operação da semeadora adubadora
Sementes descobertas, por metro, após o plantio
Profundidade de semeadura (mm)
Espaçamento entre plantas aceitáveis (%)
Espaçamento entre plantas irregulares (%)
V1 = 5 km/h
0,9 a
34
44,0
56,0
V2 = 10 km/h
2,3 b
36
39,7
60,3
Sulcador
Disco duplo (DD)
0,2 a
36
41,2
58,8
Facão + DD
3,0 b
34
42,5
57,5
* Para cada coluna e em cada parâmetro, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
No plantio de inverno de 2004, o maior número de plantas por metro foi obtido quando se utilizou o sulcador de facão mais disco duplo (Tabela 3). Os resultados apresentados na Tabela 4 atestam que a produtividade média dos três cultivos não foi afetada pela velocidade de plantio.

Tabela 3. Número de plantas por metro, em três plantios de feijão, cultivar Pérola, em área sob plantio direto, com semeadora adubadora, equipada de sulcador de disco duplo ou de sulcador de facão mais disco duplo, em Unaí, MG, em 2005.*
Ano de cultivo
Número de plantas por metro
Semeadora com sulcador de disco duplo (DD)
Semeadora com sulcador de
facão + DD
Plantio das águas de 2003
9,9
9,1
Plantio de inverno de 2004
8,5 b
11,5 a
Plantio das águas de 2004
9,9
10,0
* Para cada linha, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Tabela 4. Produtividade de grãos, em três plantios de feijão, cultivar Pérola, obtida em área sob plantio direto, com semeadora adubadora, sob duas velocidades de plantio, em Unaí, MG, em 2005.*
Ano de cultivo
Produtividade do feijão (kg ha-1)
Velocidade de plantio
= 5 km ha-1
Velocidade de plantio
= 10 km ha-1
Plantio das águas de 2003
2.104
1.807
Plantio de inverno de 2004
2.638 b
3.107 a
Plantio das águas de 2004
2.087
2.158
Média
2.277
2.357
* Para cada linha, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
Tratos culturais

O feijoeiro, por ser cultivado tanto em áreas pequenas, menos de 1 ha, quanto em áreas grandes, mais de 1.000 ha, e possuir plantas com características diferenciadas, como arbustivas e ramadoras, admite também a utilização de diferentes tratos culturais. Na região noroeste de Minas Gerais, com a predominância do cultivo irrigado e do alto índice de mecanização, nem todos os tratos culturais possíveis de serem recomendados para a cultura do feijão podem ali ser utilizados, por serem incompatíveis com os sistemas de produção.
A amontoa é um trato cultural que, além de proporcionar maior cobertura com terra nas proximidades dos pés de feijão e possibilitar o enterrio do adubo de cobertura quando distribuído sobre o solo, contribui para o controle de plantas daninhas. Não obstante esses benefícios, é uma prática que inviabiliza a colheita mecanizada, cuja condição fundamental para a redução de perdas de grãos é a uniformidade do terreno. Por outro lado, a colheita mecanizada é favorecida pela prática de passagem de um rolo compactador imediatamente após o plantio, para eliminar a rugosidade causada pela semeadora. 
Já a rotação de culturas, embora não constitua um trato cultural, pode ter influência direta sobre outros, especialmente em áreas com uso intensivo, como é o caso das áreas irrigadas do noroeste mineiro. Em experimentos conduzidos em Unaí, MG, quando se comparou o efeito de culturas antecessoras - milho, feijão, braquiária e milho + braquiária - sobre o rendimento do feijoeiro, verificou-se que as duas últimas foram as que mais favoreceram o aumento do rendimento. Isto deve estar relacionado às melhores condições químicas e físicas ali promovidas pelas culturas, principalmente quanto ao conteúdo de matéria orgânica e a estrutura do solo. Em outras regiões do país também tem se verificado o efeito benéfico da braquiária para com a cultura do feijoeiro.







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