quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Pragas da Cultura da Mamona

 

Pragas das plântulas e raízes

Lagarta Elasmo: Elasmopalpus lignosellus, (Zeller, 1848) (Lepidoptera:  Pyralidae)

Características gerais: As mariposas fêmeas apresentam coloração cinza escura e os machos são de cor pardo amarelada. Os adultos têm em torno de 20 mm de envergadura, deslocam-se em voos rápidos e curtos e, quando estão em repouso no solo, são confundidos com restos culturais. Os ovos são de coloração verde-pálida. O estágio larval dura de 13-26 dias e as lagartas passam por seis instares (fases de desenvolvimento). Estas apresentam coloração verde azulada com cabeça marrom e medem 15 mm de comprimento quando completamente desenvolvidas.

Tipo de injúria: A lagarta perfura a região do coleto da planta e constrói galerias provocando amarelecimento, murcha e morte das plantas. O maior prejuízo se verifica quando as plantas são atacadas no início do seu desenvolvimento vegetativo, sendo esta a fase de maior suscetibilidade das culturas em geral. Também podem atacar as raízes das plantas.


Lagarta rosca [Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1766) (Lepidoptera: Noctuidae)]

Características gerais: O inseto adulto é uma mariposa de coloração pardo-escura a marrom, com algumas manchas escuras nas asas anteriores, sendo as asas posteriores semitransparentes. Alcançam entre 40mm a 50 mm de envergadura. As lagartas possuem coloração variável entre o cinza ao marrom-escuro podendo alcançar de 45mm a 50 mm no seu máximo desenvolvimento. Apresentam a sutura epicranial na forma de Y invertido e possuem quelasas pretas em cada segmento do seu corpo.

Tipo de injúria: As lagartas cortam as plantas jovens (plântulas) rente ao solo, causando grandes falhas nos cultivos e redução no estande final da cultura.


Pragas das folhas

Ácaro Rajado [Tetranychus urticae (Koch, 1836) (Acari: Tetranychidae)]

Características gerais: São artrópodes minúsculos, cujos adultos têm coloração esverdeada, apresentando duas manchas mais escuras no dorso, uma de cada lado. As fêmeas medem aproximadamente 0,5 mm de comprimento e possuem corpo ovalado, enquanto os machos são menores e têm o corpo afilado posteriormente dando a impressão de que as pernas são mais longas que as das fêmeas. Formam colônias na face inferior das folhas que recobrem com grande quantidade de teias, nas quais são colocados os ovos, que são esféricos e amarelados quando maduros. Passam por três estágios que duram em média oito dias.

Tipo de injúria: Se localizam na face inferior das folhas, onde perfuram as células alimentando-se do conteúdo extravasado. Em decorrência, ocorre a formação de manchas esbranquiçadas na face superior das folhas, pequenas pontuações cloróticas que se unem causando necrose. São facilmente reconhecidos pelas teias que tecem na face inferior das folhas. Costumam atacar inicialmente as folhas do terço médio e migrarem para as extremidades das plantas para dispersão.


Ácaro Vermelho [Tetranychus ludeni (Koch, 1836) (Acari: Tetranychidae)]

Características gerais: As fêmeas são de cor vermelha intensa e os machos e as formas jovens são amarelo-esverdeados. Atingem entre 0,26mm a 0,50 mm de comprimento. Os ovos são colocados entre as teias e são amarelados ou vermelho-opacos quando maduros. Formam colônias densas na página inferior das folhas que também exibem abundância de teias. Seu ataque é facilmente percebido pela presença destas teias e de muitos “pontos vermelhos” na página inferior das folhas.

Tipo de injúria: Introduzem as peças bucais (estiletes) no tecido vegetal e sugam o conteúdo celular extravasado. As folhas ficam cloróticas e, com a evolução da injúria, tornam-se necrosadas, quebradiças e, eventualmente caem.


Foto: Fábio Aquino de Albuquerque

Figura 1. Clorose causada pelo ácaro vermelho na mamoneira.


Foto: Fábio Aquino de Albuquerque

Figura 2. Colônia do ácaro vermelho.


Foto: Fábio Aquino de Albuquerque

Figura 3. Teias do ácaro vermelho sobre frutos de mamoneira.


Cigarrinhas [Agallia sp. e Empoasca sp. (Hemiptera: Cicadellidae)].

Características gerais: são insetos pequenos (3mm - 4 mm), bastante ágeis. As espécies do gênero Agallia possuem coloração variando do páleo ao acinzentado, podendo possuir manchas escuras nas asas. As espécies do gênero Empoasca possuem coloração esverdeada tanto na fase adulta quanto na fase ninfal.

Tipo de injúria: Ninfas e adultos alimentam-se do floema da planta, sugando a seiva, podendo injetar toxinas que fazem com que as folhas fiquem deformadas. Quando o ataque é intenso, as folhas podem apresentar manchas inicialmente cloróticas (amareladas) que, com a evolução, podem se tornar necrosadas, secarem e se tornarem quebradiças. Em alguns casos pode ocorrer a curvatura dos bordos foliares para baixo. Apesar de não existirem relatos de doenças viróticas associadas à mamoneira, estes insetos são capazes de transmitir viroses para um grande número de culturas que atacam.


Foto: Máira Milani

Figura 4. Cigarrinha em folha de mamona.


Lagartas desfolhadoras

Thalesa citrina (Sepp, 1848) (Lepidoptera: Arctiidae)

Características gerais: Os adultos, também conhecidos por “borboleta amarela da mamoneira”, são mariposas pequenas, medindo cerca de 30 mm de envergadura, de cor amarela, com as asas posteriores brancas. As lagartas são pequenas, de coloração amarelada e apresentam grande quantidade de setas.

Tipo de injúria: Atacam o limbo foliar, desfolhando a planta. Ataques severos provocam a destruição completa das folhas chegando, às vezes, a ocasionar a desfolha total da planta.


Spodoptera sp. (Lepidoptera: Noctuidae)

Características gerais: Os adultos são mariposas pequenas com aproximadamente 40 mm de envergadura. As fêmeas diferenciam-se dos machos por apresentarem as asas anteriores contendo desenhos brancos, enquanto os machos apresentam as asas amareladas, com desenhos escuros. As lagartas são de coloração parda a negra e são aveludadas, apresentando manchas pretas no dorso e podendo atingir entre 40mm a 50 mm de comprimento quando bem desenvolvidas. Nos bordos laterais encontram-se listras longitudinais de cor alaranjada marcadas sucessivamente por áreas esbranquiçadas.

Tipo de injúria: Alimentam-se do limbo foliar, provocando a desfolha das plantas, que são mais ou menos sensíveis dependendo do estágio de desenvolvimento que se encontram e da magnitude da injúria.


Rothschildia jacobaeae (Walker, 1856) (Lepidoptera: Saturniidae)

Características gerais: Os adultos são mariposas grandes, de coloração vermelho-escura, apresentando desenhos brancos nos bordos e manchas triangulares na região central das asas. Podem alcançar até 110 mm de envergadura. As lagartas são grandes e robustas, apresentam coloração verde-clara e quelasas avermelhados quando bem desenvolvidas e se transformam em crisálidas protegidas por casulos branco-acinzentados e em formato de cacho, semelhante ao do bicho-da-seda.

Tipo de injúria: Alimentam-se do limbo foliar, provocando a desfolha das plantas, que são mais ou menos sensíveis dependendo do estágio de desenvolvimento que se encontram e da magnitude da injúria.


Mosca Minadora [Liriomyza sp. (Diptera: Agromyzidae)]

Características gerais: Os adultos são pequenas moscas (medem cerca de 1mm -1,5 mm) e em algumas espécies é comum a presença de um ponto amarelecido no tórax. A fêmea põe os ovos dentro do tecido foliar e após dois ou três dias nascem as larvas que possuem coloração hialina e após a primeira troca de pele tornam-se amareladas.

Tipo de injúria: Constroem minas serpenteadas nas folhas, entre a epiderme superior e inferior das folhas, formando lesões esbranquiçadas. Os adultos alimentam-se do exsudado liberado pelas folhas após estas serem perfuradas para ovipositar. Quando a população de larvas nas folhas é alta, pode ocorrer comprometimento da área fotossintética, principalmente quando o ataque é verificado na fase inicial do desenvolvimento vegetativo e quando as plântulas possuem poucas folhas.


Pragas das folhas e frutos

Percevejo Verde [Nezara viridula (Linnaeus, 1758) (Hemiptera: Pentatomidae)].

Características gerais: Os adultos alcançam de 12-15 mm de comprimento, apresentam coloração geral verde, podendo, às vezes, ser escura no dorso. A face ventral possui coloração verde-claro

Tipo de injúria: Tanto os adultos quanto as formas jovens, alimentam-se de seiva introduzindo seu aparelho bucal nos tecidos das folhas e frutos, podendo provocar a murcha e secamento com consequente chochamento dos frutos. Em infestações severas, os cachos da mamoneira podem ficar totalmente secos. Podem ocasionar prejuízos consideráveis à mamoneira, já que são considerados extremamente polífagos, podendo permanecer em atividade o ano todo nas regiões com temperaturas amenas. Seu ataque é mais intenso quando a mamoneira é cultivada em consórcio com o feijão.


Foto: José Jandui Soares

Figura 5. Percevejo verde (Nezara viridula).


Outras pragas

Além das supracitadas, a mamoneira pode ser atacada por outros insetos com maior ou menor intensidade. Dentre estes destaca-se o percevejo de renda (Corytucha sp. - Hemiptera: Tingidae) que tem atacado plantas de mamoneira anualmente causando injúrias severas. Normalmente, verifica-se esse ataque nos meses mais secos ou quando ocorrem veranicos durante o período chuvoso. As injúrias no início assemelham-se ao ataque de ácaros, mas uma observação mais cuidadosa e verificando-se a face inferior das folhas pode-se notar as colônias da praga. Foi também coletado em áreas de cultivo de mamona um percevejo verde, Chinavia sp., muito parecido com o Nezara, mas sem causar danos significativos.

Foto: Fábio Aquino de Albuquerque

Figura 6. Colônia de Corytucha sp. sobre mamoneira.


Foto: Fábio Aquino de Albuquerque

Figura 7.  Injúria causada devido a alimentação de Corytucha sp.


Principais estratégias de controle para pragas da mamoneira

Diminuição da suscetibilidade do hospedeiro via cultivo de variedades resistentes – alguns estudos relatam a existência de cultivares de mamoneira resistentes à fitófagos.

Diminuição na densidade de insetos migrantes entre cultivos – essa medida pode ser implementada por meio de práticas como a rotação de culturas, a destruição dos restos culturais, a eliminação de mamoneiras nativas próximas ao local de cultivo comercial, e a contenção de surtos populacionais das pragas que atacam a mamoneira nas demais culturas que elas ocorrem infestando, já que a maioria das pragas que infestam a cultura são cosmopolitas e/ou polífagas.

Diminuição da densidade de insetos presentes no cultivo - a utilização de táticas curativas (como o controle químico) para contenção de surtos populacionais das pragas que atacam a mamoneira é restrita, uma vez que o número de produtos registrados para uso neste cultivo é limitado. Somente o enxofre inorgânico possui registro para contenção dos surtos populacionais dos ácaros vermelho e rajado na mamoneira, recomendando-se utilizar a dosagem de 300g a 400 g de produto comercial em 100 litros de água. Adicionalmente não existem informações a respeito de quando estes produtos devem ser utilizados ou quais os níveis de controle que devem ser adotados para as diferentes espécies que atacam a mamoneira.

A utilização de agentes de controle biológico também é possível via conservação das populações naturalmente incidentes e/ou incremento (liberações inoculativas ou inundativas). A conservação pode ser implementada com a adoção de medidas que favoreçam a emigração e manutenção dos inimigos naturais no cultivo. Dentre estas medidas, uma de fácil implementação seria o plantio de faixas circundantes com culturas fornecedoras de pólen, como o milho ou o sorgo.






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