As pragas de campo mais comuns na cultura de cevada são os pulgões e as lagartas, as quais podem reduzir a produção de grãos, caso não controladas adequadamente. Os corós também têm ocorrido e causado danos econômicos em algumas áreas.
Pulgões
Os pulgões Metopolophium dirhodum, Schizaphis graminum, Sitobion avenae e Rhopalosiphum padi (Hem., Aphididae) causam danos diretos pela sucção da seiva da planta, o que pode reduzir o número de grãos por espiga, o tamanho do grão, o peso dos grãos e o poder germinativo das sementes. Além desses danos, os pulgões podem ser vetores de vírus, principalmente do Barley Yellow Dwarf Virus (BYDV), também conhecido por Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC).
Tabela 1. Inseticidas
registrados no MAPA indicados para o controle de pulgões, de lagartas e de
corós, em cevada.
Inseticida/
Praga |
Ingrediente ativo
|
Produto comercial
|
|||||||||
Dose
(g/ha) |
Toxic.1
|
Car.
(dias)2 |
I.S.3
|
Nome4
|
Dose
litro/ha |
Classe
toxico- lógica5 |
|||||
Pr.
|
Pa.
|
Oral (mg/kg)
|
Dermal (mg/kg)
|
||||||||
Clorpirifós
|
|||||||||||
|
|||||||||||
Metopolophium dirhodum
Sitobion avenae
|
192
|
A
|
B
|
14
|
-
|
-
|
Lorsban 480
BR (EC; 480)
Vexter(EC; 480)
|
0,4
|
II
|
||
|
|||||||||||
Pseudaletia sequax
|
192 - 336
|
A
|
B
|
14
|
-
|
-
|
Lorsban 480
BR (EC; 480) Vexter (EC; 480) |
0,4 - 0,7
|
II
|
||
Imidacloprido
|
|||||||||||
|
|||||||||||
M. dirhodum
Schizaphis graminum
|
366
|
-
|
-
|
-
|
571 a 5714
|
> 11248
|
Gaucho 600 A (SC; 600), Gaucho FS
(FS; 600), Much 600 FS (FS; 600), Siber (FS;600)
|
606
|
IV
|
||
|
|||||||||||
Diloboderus
abderus |
606
|
-
|
-
|
-
|
333 a 3333
|
> 6667
|
Gaucho 600 A (SC; 600),
Gaucho FS (FS; 600), Much 600 FS (FS; 600), Siber (FS;600) |
1006
|
IV
|
||
Imidacloprido + tiodicarbe
|
|||||||||||
|
|||||||||||
M. dirhodum
|
37,5+112,5- 45,0+135,06
|
-
|
-
|
-
|
200
|
4000
|
Cropstar (SC; 150 + 450)
|
0,25-0,306
|
II
|
||
Fipronil
|
|||||||||||
|
|||||||||||
D. abderus
|
25,0 - 37,5
|
-
|
-
|
-
|
659,55
|
911
|
Standak (SC; 250), Amulet (FS; 250),
Belure (FS; 250), Violin (FS; 250), Source (FS; 250) |
0,10 - 0,156
|
IV
|
||
Tiametoxam
|
|||||||||||
|
|||||||||||
S. graminum
|
24,5 - 52,5
|
-
|
-
|
-
|
3000
|
4000
|
Cruiser 350 FS (SC; 350), Adage 350 FS (FS;
350)
|
0,07-0,156
|
III
|
||
1Predadores
= Cycloneda sanguinea e Eriopis connexa;
Parasitoides = Aphidius spp. S (seletivo) = 0 a 20% de
mortalidade; B (baixa) = 21% a 40%; M (média) = 41% a 60%; A (alta) = 61% a
100%. Pr.= Predadores; Pa. = Parasitoides.
2Carência (período entre a última aplicação e a colheita).
3I.S. = Índice de segurança = DL50 x 100 / g i.a./ha; quanto maior o índice, menos tóxica a dose do produto.
4Os dados entre parênteses referem-se à formulação (EC = concentrado emulsionável; FS = suspensão concentrada, para tratamento de sementes; SC = suspensão concentrada) e à concentração (g i.a./litro) do produto.
5Classe toxicológica: I =extremamente tóxico; II = altamente tóxico; III = medianamente tóxico; e IV = pouco tóxico.
6Tratamento de sementes, dose em g ou ml/100 kg de sementes.
2Carência (período entre a última aplicação e a colheita).
3I.S. = Índice de segurança = DL50 x 100 / g i.a./ha; quanto maior o índice, menos tóxica a dose do produto.
4Os dados entre parênteses referem-se à formulação (EC = concentrado emulsionável; FS = suspensão concentrada, para tratamento de sementes; SC = suspensão concentrada) e à concentração (g i.a./litro) do produto.
5Classe toxicológica: I =extremamente tóxico; II = altamente tóxico; III = medianamente tóxico; e IV = pouco tóxico.
6Tratamento de sementes, dose em g ou ml/100 kg de sementes.
Fonte: Comissão de Pesquisa de
Cevada (2015).
Indica-se, para o controle de pulgões em cevada, os inseticidas e as doses indicados na Tabela 1.
A decisão do uso de inseticidas para aplicação na parte aérea deve obedecer aos seguintes critérios:
- Da emergência ao afilhamento: controlar quando a infestação média de pulgões atingir 10% das plantas da lavoura.
- Da elongação ao emborrachamento: controlar quando a população média atingir 10 pulgões por afilho.
- Do espigamento ao estádio de grãos em massa mole: controlar quando a população média atingir 10 pulgões por espiga.
A população média de pulgões deve ser determinada semanalmente, por amostragens de plantas, em vários pontos representativos da lavoura.
Lagartas
Geralmente, as lagartas Pseudaletia sequax e P. adultera (Lep., Noctuidae) atacam a cultura a partir do mês de setembro, podendo prolongar até a maturação. Como o efeito de inseticidas no controle dessas lagartas dá-se mais pela ingestão do produto do que pela ação de contato, recomenda-se iniciar o controle nos focos de infestação quando ainda houver folhas verdes nas plantas de cevada.
Os produtos indicados para o controle de lagartas, e as respectivas doses, são indicados na Tabela 1.
Corós
Diferentes espécies de larvas de solo, conhecidas como corós (Col., Melolonthidae), com hábitos alimentares e potencial de danos diferentes, ocorrem na cultura de cevada. Algumas são pragas e outras não. As espécies-praga mais comumente encontradas são o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) e o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga). Ambas apresentam ciclo biológico relativamente longo (1 e 2 anos, respectivamente), que envolve as fases de ovo, de larva (coró), de pupa e de adulto (besouro). Somente as larvas, que são polífagas, são capazes de causar danos às culturas.
Em geral, a infestação de corós ocorre em manchas na lavoura e varia muito de um ano para outro, pois a mortalidade natural, provocada por inimigos naturais, principalmente entomopatógenos, e por condições extremas de umidade do solo, pode ser expressiva. Sistemas de rotação de culturas e de manejo de resíduos que reduzam a disponibilidade de palha no período de oviposição desfavorecem a espécie D. abderus.
O controle de corós na cultura de cevada é feito via tratamento de sementes, para o que se indica os inseticidas e as doses descritas na Tabela 1.
Na decisão para o tratamento de sementes, é necessário:
- fazer amostragens no solo antes da semeadura visando a identificar a(s) espécie(s) de coró existente(s) na lavoura e estimar a densidade dos corós-praga, através de trincheiras (25 cm de largura x 50-100 cm de comprimento x 20 cm de profundidade);
- considerar que danos expressivos ocorrem a partir de 5 corós/m2 (nível de controle). À medida que a densidade de corós aumenta, cresce o potencial de danos e diminui a eficiência do tratamento de sementes.
Insetos pragas de cevada armazenada
Medidas preventivas
a) Limpar silos, depósitos e equipamentos.
b) Eliminar focos de infestação com a retirada e a queima de resíduos do armazenamento anterior.
c) Pulverizar as instalações que receberão os grãos, usando produtos protetores indicados na Tabela 2, na dose registrada e recomendada pelo registrante.
d) Armazenar grãos de cevada com grau de umidade máximo de 13%.
e) Não misturar lotes de grãos não infestados com outros já infestados, dentro do silo ou armazém.
Tratamento curativo
Fazer o expurgo dos grãos, caso apresentem infestação, empregando o inseticida fosfina (Tabela 2). Esse processo deve ser feito em armazéns, em silos de concreto ou em câmaras de expurgos, sempre com vedação total, observando-se o período de exposição necessário para controle das pragas e a dose indicada do produto.
Após o expurgo, fazer aplicação de cobertura na massa de grãos, para evitar a reinfestação e proteger os grãos. Para isso, usar os inseticidas protetores pirimifós-metílico, deltametrina ou bifentrina (Tabela 2).
Tabela 2. Inseticidas
registrados no MAPA indicados para tratamento preventivo e curativo contra
pragas, em cevada armazenada.
Nome
comum |
Dose
(ppm) (i.a.) |
Nome comer-
cial |
Dose comer-
cial/t |
Formu-
lação1 |
Concen-
tração (g i.a./L,kg) |
Intervalo
de seguran- ça2 |
Registro
para espécies3 |
Classe
toxico- lógica |
Fosfina4
|
3,17 g/m3
|
Fertox
|
5,7 g/m3
|
FF
|
560
|
4 dias
|
R.d.; S.z.;T.c.
|
I
|
3,42 g/m3
|
Gastoxin
|
6 g/m3
|
FF
|
570
|
4 dias
|
O.s.; R.d.; S.o.; S.z.
|
I
|
|
3,42 g/m3
|
Gastoxin-B 57
|
6 g/m3
|
FG
|
570
|
4 dias
|
R.d.; S.o.; S.z.
|
I
|
|
3,42 g/m3
|
Phostek
|
6 g/m3
|
FF
|
570
|
4 dias
|
R.d.; S.o.; S.z.
|
I
|
|
Bifentrina
|
0,4
|
Triller EC
|
4 ml
|
EC
|
100
|
30 dias
|
R.d.
|
III
|
Deltametrina
|
0,35-0,50
|
K-Obiol 25 EC
|
14-20 ml
|
EC
|
25
|
30 dias
|
R.d.
|
III
|
Lambdacialotrin
|
0,35-0,50
|
Actelliclambda
|
7-10 ml
|
CF
|
50
|
42 dias
|
R.d.
|
III
|
Pirimifós-metílico
|
4,0-8,0
|
Actellic 500 EC
|
8-16 ml
|
E C
|
500
|
30 dias
|
S. c.
|
II
|
Terra de diatomáceas
|
867
|
Insecto
|
1 kg
|
DP
|
867
|
-
|
S. o.
|
IV
|
430
|
Keepdry
|
0,5 kg
|
DP
|
860
|
-
|
R. d.; S.o
|
IV
|
1CF
= Suspensão Encapsulado (p/ tratamento de sementes); DP = Pó Seco; EC =
Concentrado Emulsionável; FF = Fumigante em pastilha; FG = Granulado Fino.
2Período entre a última aplicação e o consumo.
3O.s. = Oryzaephilus surinamensis, R.d. = Rhyzopherta dominica, S.c. = Sitotroga cerealella, S.o. = Sitophilus oryzae, S.z. = Sitophilus zeamais, T.c. = Tribolium castaneum.
4O período de exposição da fosfina é de, no mínimo, 120 horas, dependente da temperatura e umidade relativa do ar.
2Período entre a última aplicação e o consumo.
3O.s. = Oryzaephilus surinamensis, R.d. = Rhyzopherta dominica, S.c. = Sitotroga cerealella, S.o. = Sitophilus oryzae, S.z. = Sitophilus zeamais, T.c. = Tribolium castaneum.
4O período de exposição da fosfina é de, no mínimo, 120 horas, dependente da temperatura e umidade relativa do ar.
Fonte: Comissão de Pesquisa de
Cevada (2015).
1CF = Suspensão Encapsulado (p/ tratamento de sementes); DP = Pó Seco; EC = Concentrado Emulsionável; FF = Fumigante em pastilha; FG = Granulado Fino.
2Período entre a última aplicação e o consumo.
3O.s. = Oryzaephilus surinamensis, R.d. = Rhyzopherta dominica, S.c. = Sitotroga cerealella, S.o. = Sitophilus oryzae, S.z. = Sitophilus zeamais, T.c. = Tribolium castaneum.
4O período de exposição da fosfina é de, no mínimo, 120 horas, dependente da temperatura e umidade relativa do ar.
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
Tratamento preventivo de grãos
O tratamento com inseticidas químicos protetores de grãos (Tabela 2) deve ser realizado no momento de abastecer o armazém, e pode ser feito na forma de pulverização na correia transportadora ou em outros pontos durante a movimentação dos grãos. É importante que seja feita uma perfeita mistura do inseticida com a massa de grãos. Também pode ser usada a pulverização para proteção de grãos armazenados em sacaria, na dose registrada e recomendada pelo registrante. Para proteção simultânea de grãos às pragas Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae e Sitophilus zeamais, recomenda-se o uso de um inseticida piretroide (deltametrina) e um inseticida organofosforado (pirimifós-metílico), uma vez que estes inseticidas são específicos para cada espécie-praga.