quarta-feira, 28 de março de 2018

Pragas da Cevada


As pragas de campo mais comuns na cultura de cevada são os pulgões e as lagartas, as quais podem reduzir a produção de grãos, caso não controladas adequadamente. Os corós também têm ocorrido e causado danos econômicos em algumas áreas.

Pulgões

Os pulgões Metopolophium dirhodumSchizaphis graminumSitobion avenae e Rhopalosiphum padi (Hem., Aphididae) causam danos diretos pela sucção da seiva da planta, o que pode reduzir o número de grãos por espiga, o tamanho do grão, o peso dos grãos e o poder germinativo das sementes. Além desses danos, os pulgões podem ser vetores de vírus, principalmente do Barley Yellow Dwarf Virus (BYDV), também conhecido por Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC).
Tabela 1. Inseticidas registrados no MAPA indicados para o controle de pulgões, de lagartas e de corós, em cevada.
Inseticida/
Praga
Ingrediente ativo
Produto comercial
Dose
(g/ha)
Toxic.1
Car.
(dias)2
I.S.3
Nome4
Dose
litro/ha
Classe
toxico-
lógica5
Pr.
Pa.
Oral (mg/kg)
Dermal (mg/kg)
Clorpirifós
  • Pulgões
Metopolophium dirhodum
Sitobion avenae
192
A
B
14
-
-
Lorsban 480
BR (EC; 480)
Vexter(EC; 480)
0,4
II
  • Lagartas
Pseudaletia sequax
192 - 336
A
B
14
-
-
Lorsban 480
BR (EC; 480)
Vexter (EC; 480)
0,4 - 0,7
II
Imidacloprido
  • Pulgões
M. dirhodum
Schizaphis graminum
366
-
-
-
571 a 5714
> 11248
Gaucho 600 A (SC; 600),  Gaucho FS (FS; 600), Much 600 FS (FS; 600), Siber (FS;600)

606
IV
  • Corós
Diloboderus
abderus

606
-
-
-
333 a 3333
> 6667
Gaucho 600 A (SC; 600),
Gaucho FS (FS; 600),  Much 600 FS (FS; 600), Siber (FS;600)
1006
IV
Imidacloprido + tiodicarbe
  • Pulgões
M. dirhodum
37,5+112,5- 45,0+135,06
-
-
-
200
4000
Cropstar (SC; 150 + 450)
0,25-0,306
II
Fipronil
  • Corós
D. abderus
25,0 - 37,5
-
-
-
659,55
911
Standak (SC; 250), Amulet (FS; 250),
Belure (FS; 250), Violin (FS; 250), Source (FS; 250)
0,10 - 0,156
IV
Tiametoxam
  • Pulgões
S. graminum
24,5 - 52,5
-
-
-
3000
4000
Cruiser 350 FS (SC; 350), Adage 350 FS (FS; 350)
0,07-0,156
III
1Predadores = Cycloneda sanguinea e Eriopis connexa; Parasitoides = Aphidius spp. S (seletivo) = 0 a 20% de mortalidade; B (baixa) = 21% a 40%; M (média) = 41% a 60%; A (alta) = 61% a 100%. Pr.= Predadores; Pa. = Parasitoides.
2Carência (período entre a última aplicação e a colheita).
3I.S. = Índice de segurança = DL50 x 100 / g i.a./ha; quanto maior o índice, menos tóxica a dose do produto.
4Os dados entre parênteses referem-se à formulação (EC = concentrado emulsionável; FS = suspensão concentrada, para tratamento de sementes; SC = suspensão concentrada) e à concentração (g i.a./litro) do produto.
5Classe toxicológica: I =extremamente tóxico; II = altamente tóxico; III = medianamente tóxico; e IV = pouco tóxico.
6Tratamento de sementes, dose em g ou ml/100 kg de sementes.
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
Indica-se, para o controle de pulgões em cevada, os inseticidas e as doses indicados na Tabela 1.
 
A decisão do uso de inseticidas para aplicação na parte aérea deve obedecer aos seguintes critérios:
  • Da emergência ao afilhamento: controlar quando a infestação média de pulgões atingir 10% das plantas da lavoura.
  • Da elongação ao emborrachamento: controlar quando a população média atingir 10 pulgões por afilho.
  • Do espigamento ao estádio de grãos em massa mole: controlar quando a população média atingir 10 pulgões por espiga.
A população média de pulgões deve ser determinada semanalmente, por amostragens de plantas, em vários pontos representativos da lavoura.
 

Lagartas

Geralmente, as lagartas Pseudaletia sequax e P. adultera (Lep., Noctuidae) atacam a cultura a partir do mês de setembro, podendo prolongar até a maturação. Como o efeito de inseticidas no controle dessas lagartas dá-se mais pela ingestão do produto do que pela ação de contato, recomenda-se iniciar o controle nos focos de infestação quando ainda houver folhas verdes nas plantas de cevada.
Os produtos indicados para o controle de lagartas, e as respectivas doses, são indicados na Tabela 1.
 

Corós

Diferentes espécies de larvas de solo, conhecidas como corós (Col., Melolonthidae), com hábitos alimentares e potencial de danos diferentes, ocorrem na cultura de cevada. Algumas são pragas e outras não. As espécies-praga mais comumente encontradas são o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) e o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga). Ambas apresentam ciclo biológico relativamente longo (1 e 2 anos, respectivamente), que envolve as fases de ovo, de larva (coró), de pupa e de adulto (besouro). Somente as larvas, que são polífagas, são capazes de causar danos às culturas. 
Em geral, a infestação de corós ocorre em manchas na lavoura e varia muito de um ano para outro, pois a mortalidade natural, provocada por inimigos naturais, principalmente entomopatógenos, e por condições extremas de umidade do solo, pode ser expressiva. Sistemas de rotação de culturas e de manejo de resíduos que reduzam a disponibilidade de palha no período de oviposição desfavorecem a espécie D. abderus.
O controle de corós na cultura de cevada é feito via tratamento de sementes, para o que se indica os inseticidas e as doses descritas na Tabela 1.
Na decisão para o tratamento de sementes, é necessário:
  • fazer amostragens no solo antes da semeadura visando a identificar a(s) espécie(s) de coró existente(s) na lavoura e estimar a densidade dos corós-praga, através de trincheiras (25 cm de largura x 50-100 cm de comprimento x 20 cm de profundidade);
  • considerar que danos expressivos ocorrem a partir de 5 corós/m2 (nível de controle). À medida que a densidade de corós aumenta, cresce o potencial de danos e diminui a eficiência do tratamento de sementes.
 

Insetos pragas de cevada armazenada

Medidas preventivas
a) Limpar silos, depósitos e equipamentos.
b) Eliminar focos de infestação com a retirada e a queima de resíduos do armazenamento anterior.
c) Pulverizar as instalações que receberão os grãos, usando produtos protetores indicados na Tabela 2, na dose registrada e recomendada pelo registrante.
d) Armazenar grãos de cevada com grau de umidade máximo de 13%.
e) Não misturar lotes de grãos não infestados com outros já infestados, dentro do silo ou armazém.
 
Tratamento curativo
Fazer o expurgo dos grãos, caso apresentem infestação, empregando o inseticida fosfina (Tabela 2). Esse processo deve ser feito em armazéns, em silos de concreto ou em câmaras de expurgos, sempre com vedação total, observando-se o período de exposição necessário para controle das pragas e a dose indicada do produto.
Após o expurgo, fazer aplicação de cobertura na massa de grãos, para evitar a reinfestação e proteger os grãos. Para isso, usar os inseticidas protetores pirimifós-metílico,  deltametrina  ou bifentrina (Tabela 2).
Tabela 2. Inseticidas registrados no MAPA indicados para tratamento preventivo e curativo contra pragas, em cevada armazenada.
Nome
comum
Dose
(ppm)
(i.a.)
Nome comer-
cial
Dose comer-
cial/t
Formu-
lação1
Concen-
tração (g i.a./L,kg)
Intervalo
de
seguran-
ça2
Registro
para
espécies3
Classe
toxico-
lógica
Fosfina4
3,17 g/m3
Fertox
5,7 g/m3
FF
560
4 dias
R.d.; S.z.;T.c.
I
3,42 g/m3
Gastoxin
6 g/m3
FF
570
4 dias
O.s.; R.d.; S.o.; S.z.
I
3,42 g/m3
Gastoxin-B 57
6 g/m3
FG
570
4 dias
R.d.; S.o.; S.z.
I
3,42 g/m3
Phostek
6 g/m3
FF
570
4 dias
R.d.; S.o.; S.z.
I
Bifentrina
0,4
Triller EC
4 ml
EC
100
30 dias
R.d.
III
Deltametrina
0,35-0,50
K-Obiol 25 EC
14-20 ml
EC
25
30 dias
R.d.
III
Lambdacialotrin
0,35-0,50
Actelliclambda
7-10 ml
CF
50
42 dias
R.d.
III
Pirimifós-metílico
4,0-8,0
Actellic 500 EC
8-16 ml
E C
500
30 dias
S. c.
II
Terra de diatomáceas
867
Insecto
1 kg
DP
867
-
S. o.
IV
430
Keepdry
0,5 kg
DP
860
-
R. d.; S.o
IV
1CF = Suspensão Encapsulado (p/ tratamento de sementes); DP = Pó Seco; EC = Concentrado Emulsionável; FF = Fumigante em pastilha; FG = Granulado Fino.
2Período entre a última aplicação e o consumo.
3O.s. = Oryzaephilus surinamensis, R.d. = Rhyzopherta dominica, S.c. = Sitotroga cerealella, S.o. = Sitophilus oryzae, S.z. = Sitophilus zeamais, T.c. = Tribolium castaneum.
4O período de exposição da fosfina é de, no mínimo, 120 horas, dependente da temperatura e umidade relativa do ar.
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
1CF = Suspensão Encapsulado (p/ tratamento de sementes); DP = Pó Seco; EC = Concentrado Emulsionável; FF = Fumigante em pastilha; FG = Granulado Fino.
2Período entre a última aplicação e o consumo.
3O.s. = Oryzaephilus surinamensis, R.d. = Rhyzopherta dominica, S.c. = Sitotroga cerealella, S.o. = Sitophilus oryzae, S.z. = Sitophilus zeamais, T.c. = Tribolium castaneum.
4O período de exposição da fosfina é de, no mínimo, 120 horas, dependente da temperatura e umidade relativa do ar.

Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
Tratamento preventivo de grãos
O tratamento com inseticidas químicos protetores de grãos (Tabela 2) deve ser realizado no momento de abastecer o armazém, e pode ser feito na forma de pulverização na correia transportadora ou em outros pontos durante a movimentação dos grãos. É importante que seja feita uma perfeita mistura do inseticida com a massa de grãos. Também pode ser usada a pulverização para proteção de grãos armazenados em sacaria, na dose registrada e recomendada pelo registrante. Para proteção simultânea de grãos às pragas Rhyzopertha dominicaSitophilus oryzae e Sitophilus zeamais, recomenda-se o uso de um inseticida piretroide (deltametrina) e um inseticida organofosforado (pirimifós-metílico), uma vez que estes inseticidas são específicos para cada espécie-praga.

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