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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

SELEÇÃO DE MATRIZES DA ERVA-MATE

 

COLHEITA DOS FRUTOS E PREPARO DAS SEMENTES 

A produção de mudas de erva-mate de qualidade passa necessariamente pela seleção de matrizes que apresentem os requisitos desejados na futura plantação. A seguir, são apresentados os principais parâmetros desejados para uma árvore fornecedora de sementes. 

2.1 PARÂMETROS PARA SELEÇÃO DE MATRIZES 

Figura 1 - Planta matrizeira 

Uma planta matrizeira deve atender aos seguintes requisitos: 

Crédito: Jurandir José Marques, 2012. 16 


2.1.1 Histórico das erveiras 

É importante conhecer o seu histórico de produtividade, cortes, idade e problemas ocorridos. As árvores devem ser vigorosas, bem desenvolvidas, produtivas em folhas. Devem-se evitar plantas que sejam susceptíveis ao ataque de pragas e doenças, e que estejam apresentando sintomas anormais. 

2.1.2 Idade das erveiras 

Preferencialmente selecionar árvores adultas de meia idade (entre 15 e 30 anos) para erveiras plantadas. Para erveiras nativas não há estudos sobre idade. Erveiras muito jovens e muito velhas devem ser evitadas, pois produzem sementes de baixa germinação. 

2.1.3 Produtividade de massa foliar 

Selecionar árvores preferencialmente com porte médio, copada bem formada, com ramificações abertas em formato de taça, com grande produção de folhas e poucas sementes.  


2.1.4 Coleta de sementes 

Sempre que possível, coletar sementes em matrizes em bloco ou capão, com erveiras macho e fêmea, na proporção de 4 árvores macho para 1 árvore fêmea. Devem estar afastadas de ervais plantados de procedência duvidosa. 

2.1.5 Tipo de bebida 

O ideal é selecionar as erveiras matrizes de acordo com o tipo de produto (chimarrão, bebida, chá, corante, cosmético) para produzir mudas de erva-mate de acordo com a demanda do mercado. 

2.2 COLHEITA E BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS 

A erva-mate floresce entre os meses de setembro e dezembro. A frutificação ocorre nos meses de janeiro a março. 

2.2.1 Colheita 

Quando os frutos estão maduros apresentam coloração violácea a roxa. A colheita pode ser realizada a partir de fevereiro, quando os frutos começarem a cair. Recomenda-se 18  colocar uma lona ou rede embaixo da planta, recolhendo os frutos a cada 05 dias. 

2.2.2 Beneficiamento 

Após a colheita, os frutos devem permanecer algumas horas em água, o que facilita a separação das sementes da polpa que as envolve. A separação também pode ser feita por esmagamento. Em seguida, procede-se à lavagem e limpeza das sementes, eliminando-se casca e polpa. Se houver necessidade de armazenar as sementes antes da semeadura ou da estratificação, procede-se à sua secagem em locais sombreados. A água utilizada na lavagem e limpeza das sementes não deve ser jogada em cursos d’água. 

2.2.3 Estratificação das sementes 

Quando os frutos estão maduros, mais de 95% das sementes estão com os embriões em fase de desenvolvimento ou imaturos. A estratificação das sementes é realizada com a finalidade de quebrar a dormência, amolecer a casca das sementes e concluir a maturação dos embriões. 

Utiliza-se uma caixa de madeira ou tonel com o fundo perfurado, que permite a saída da umidade. Nesse recipiente, colocam-se camadas alternadas de 5 cm de altura de areia e 2 cm de altura de sementes até enchê-lo. Coloca-se o recipiente cheio em locais sombreados, suspenso do chão e com cobertura impermeável (se em local aberto). As sementes devem permanecer umedecidas através de regas frequentes por um período aproximado de 6 meses. Por serem suscetíveis ao ataque de fungos, recomenda-se realizar tratamento periódico sob orientação técnica. 

Um quilo de semente de erva-mate tem em média 100.000 sementes que apresentam um índice de 20 a 40% de germinação. 



sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Importância socioeconômica e ambiental da Erva-Mate



A erva era utilizada pelos nativos antes da chegada dos colonizadores ao Novo Mundo. Básica para a alimentação dos índios Guaranis, foi adotada pelos Tupis do Mato Grosso do Sul e pelos povos andinos que faziam caminhadas por milhares de quilômetros para se abastecerem de erva-mate.

Chamada de erva-do-paraguai pelos colonizadores espanhóis, teve nos jesuítas os precursores do seu cultivo racional, redundando nos primeiros cultivos em 1610. As missões passaram a exercer importante papel na comercialização da erva até o final do século 17, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil.

A partir de então, a exploração e a colheita voltaram a ser feitas pelos nativos. No entanto, com a proibição de exportação da “erva” pelo governo do Paraguai no início do século 19, os consumidores argentinos voltaram os olhos para a produção ervateira brasileira, principalmente para a produção paranaense. Após esse período, a economia ervateira passou por ciclos de prosperidade e depressão como, por exemplo, a que foi ocasionada pela Guerra do Paraguai.

Diferentemente da economia cafeeira, após o ciclo do ouro, a economia ervateira manteve o padrão de exploração com base no extrativismo vegetal. Se isto foi importante do ponto de vista cultural, pode ter sido também um dos principais fatores da falta de aperfeiçoamento dos canais de financiamento e comercialização em relação às economias do café e, até mesmo, do cacau.

Em 1970, outro fator influenciou de forma aguda a economia ervateira. Trata-se da política de incentivo à produção de culturas anuais para o mercado interno e para a exportação, que resultou na eliminação de inúmeros ervais nativos, que foram substituídos por soja e trigo, represando a exploração ervateira em grande parte nos pequenos produtores familiares.

Atualmente, apesar de grande parte da área ervateira estar no Brasil, somos superados pela Argentina em relação ao volume de produção. Vale salientar que, no caso brasileiro, a maior parte da produção provém de ervais nativos, embora tenha sido significativamente ampliada a área com ervais cultivados.

Do ponto de vista econômico, é importante ressaltar que, mesmo sendo o segundo maior produtor de erva-mate, o Brasil continua a importá-la da Argentina, devido às estratégias comerciais por parte do País e dos industriais. Apesar disso, a exploração da erva-mate constitui-se numa importante atividade agrícola para o Brasil e, em especial, para a região Sul.

Não existem dados atuais confiáveis sobre a área destinada ao cultivo e à exploração da erva-mate no Brasil, mas estima-se que seja de aproximadamente 700 mil hectares distribuídos em cerca de 180 mil propriedades localizadas em aproximadamente 480 municípios. É certo, porém, que a região Sul é a maior produtora de erva-mate e responde por cerca de 97% da produção nacional.

Um fato a destacar é a feição produtiva da atividade ervateira. Enquanto nos estados do Paraná e Santa Catarina, a erva-mate tem origem maior nos ervais nativos, no Estado do Rio Grande do Sul a situação é inversa. Isto explica a grande procura da erva-mate produzida naqueles estados pelos industriais gaúchos.

Em relação ao ambiente, é importante ressaltar que a atividade do extrativismo ervateiro pode ser considerada como uma das responsáveis pela manutenção de grande parte dos fragmentos florestais ainda existentes na Floresta de Araucária e pela conservação de genótipos de Ilex paraguariensis. Não fosse o fato de alguns produtores exagerarem nos sistemas de poda dos ervais nativos, a exploração da erva-mate nativa seria a atividade extrativa mais sustentável do País. Vale dizer, também, que os sistemas de produção da erva-mate cultivada são, do ponto de vista ambiental, um dos que menos utiliza produtos químicos.

Do ponto de vista social, a erva-mate tem gerado cerca de 700 mil empregos. No entanto, a exploração, em algumas circunstâncias, dos empregados nas atividades de poda, que nem sempre têm carteira assinada e quase sempre trabalham em condições difíceis, acaba prejudicando a imagem do setor ervateiro.

A seguir são apresentadas algumas figuras com as estatísticas da economia ervateira no Brasil (Gráficos 1 a 4).

Gráfico 1 - Comércio Exterior – preços negociados do mate no período de 1993 a 2006.
Fonte: Desempenho e tendência do Agronegócio Mate de Neuza de Almeida Rucker, da SEAB-Paraná, 2007.

Gráfico 2 - Exportações brasileiras de mate no período de 1993 a 2006.
Fonte: Desempenho e tendência do Agronegócio Mate de Neuza de Almeida Rucker, da SEAB-Paraná, 2007.

Gráfico 3 - Importações brasileiras de mate no período de 1993 a 2006.
Fonte: Desempenho e tendência do Agronegócio Mate de Neuza de Almeida Rucker, da SEAB-Paraná, 2007.

Gráfico 4 - Exportações e importações brasileiras de 1992 a 2006.
Fonte: Desempenho e tendência do Agronegócio Mate de Neuza de Almeida Rucker, da SEAB-Paraná, 2007.



quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Manejo e Processamento da Erva-Mate



Adensamento e conversão
O adensamento consiste no plantio de erva-mate em faixas, nas matas ou capoeiras, preferencialmente, no sentido leste-oeste, ou mesmo nas clareiras de matas ralas.

A conversão é a transformação de um povoamento, originalmente mata secundária ou capoeira, em um povoamento. Para tal, o adensamento deve ser contínuo. O adensamento é uma prática recomendável, pois dispensa cortes rasos nas matas, requer pouca movimentação de terra, conservando melhor o equilíbrio dinâmico de pragas e doenças, evitando a adição de fungicidas, inseticidas e adubos no ambiente. Neste caso, porém, haverá um longo período para a exploração econômica e as podas de colheitas serão espaçadas de, no mínimo, dois anos, quando o erval estiver em produção plena.

Muitos produtores optam pela conversão após a tentativa de adensamento, pelo fato de a erva-mate cultivada em sub-bosque (Figura 1) desenvolver muita madeira, em detrimento da produção de folhas. Ela também, nessas condições, quase não responde à adubação. Aconselha-se, no entanto, proceder ajustes e manter a erva-mate sob determinada condição de sombra, pela valorização que isto trará à erva produzida.

Foto: Moacir J. S. Medrado

Figura 1. Plantio direto sem uso de herbicidas nas entrelinhas da erva-mate. Propriedade de Pedro Rogoski, Áurea, RS.

Interplantio
É uma técnica normalmente empregada em ervais velhos, plantados em espaçamentos largos, realizada anos antes da poda drástica para a recuperação do erval. Com o interplantio, garante-se uma produção de folha ao mesmo tempo em que as erveiras degradadas recuperam-se da poda de renovação.

O interplantio tem sido feito também em ervais novos que, por algum motivo, foram plantados em espaçamentos maiores.

No caso de interplantio em ervais a recuperar, antes de realizá-lo, deve-se:

assegurar de que o erval está em condições de receber um rebaixe;
deixar um ano sem colher, para criação de reservas;
controlar as plantas espontâneas e fazer subsolagem antes do rebaixe;
adubar previamente;
interplantar e, dois anos depois, fazer o rebaixamento das erveiras antigas.
Deve-se ter o interplantio como uma alternativa a ser considerada num prazo de 3 a 4 anos. Em ervais muito velhos, deve-se fazer a recepa ao nível do solo e proteger os cortes com substância impermeabilizante, para evitar o ataque de fungos e insetos.

Processamento
Moacir José Sales Medrado; Sérgio Henrique Mosele

A erva-mate tem inúmeras aplicações (Tabela 1). No entanto, o chimarrão e a fabricação de chás ainda são os produtos que consomem maior quantidade de folhas e, por consequência, mais impactam o produtor de erva-mate.
Tabela 1. Aplicações da erva-mate.
Aplicação industrial
Subprodutos comerciais
Forma de consumo
Bebidas
Chimarrão e tererê
Chá mate: queimado, verde ou cozido
Mate solúvel
Infusão quente ou fria
Insumos de alimentos
Corante natural e conservante alimentar
Sorvete, balas, bombons, chicletes e gomas
Clorofila e óleo essencial
Medicamentos
Estimulante do sistema nervoso central
Compostos para tratamento de hipertensão, bronquite e pneumonia
Extrato de cafeína e teobromina
Extratos de flavonóides
Higiene geral
Bactericida e antioxidante hospitalar e doméstico
Esterilizante e emulsificante
Extrato de saponinas e óleo essencial
Produtos de uso pessoal
Perfumes, desodorantes, cosméticos e sabonetes
Extrato de folhas seletivo e clorofila
Fonte: Mazuchowski e Rucker (1997).

Antes de adentrar nas etapas do processamento industrial da erva-mate, dois pontos devem ser abordados:

Importância do processo de produção da matéria-prima, especialmente no que diz respeito à aplicação de produtos químicos e ao processo de colheita.
Diferenças entre morfotipos.
Processo de produção
Durante a produção da matéria-prima em ervais nativos, onde os produtos químicos não são parte do processo de produção, é importante que o produtor faça uma colheita bem feita, dentro de princípios higiênicos e que, durante o transporte para a indústria, as folhas sejam transportadas em “ponchos”, de forma a evitar que operários viajem em cima das mesmas.

Do ponto de vista da produção de matéria-prima a partir de ervais de cultivo, o processo é mais complicado, pois há casos em que produtores têm aplicado produtos químicos para o controle de pragas e do mato sem ter idéia do prazo de carência dos mesmos e sem que os mesmos tenham registro para aplicação em erva-mate. Isto além de ser proibido por lei, pode afetar seriamente a saúde dos consumidores.

Vale ressaltar que hoje já existem produtos biológicos para controle da principal praga da erva-mate. Existem estratégias de controle manual da mesma, como a catação manual, que são bastante efetivas. Do ponto de vista do controle do mato, o produtor pode trabalhar com a cobertura morta das erveiras, que pode ser feita com palitos apodrecidos da própria erva-mate, com restos da poda, que devem ser picados para evitar aumento de broca-da-erva-mate, e mesmo com a massa produzida a partir da roçada nas entrelinhas do erval.

Morfotipos
Em meados da década de 1990, passou-se a dar uma atenção maior à existência de morfotipos de erva-mate pela sua importância na produção de folhas, em especial na relação folha/caule, e na qualidade da matéria-prima. O morfotipo cinza caracterizou-se como um material de sabor suave e, atualmente, caracteriza-se como um dos materiais mais importantes de erva-mate cultivada comercializado no Brasil, para chimarrão.

Por fim, deve-se cuidar da higiene da matéria-prima em todas as etapas do processamento, que consiste de dois ciclos: cancheamento e beneficiamento. O primeiro é o mesmo para a fabricação do chimarrão e do chá mate queimado; e o segundo diferindo no processo de fabricação do chá em função da necessidade da estocagem e, principalmente, da torrefação (Figura 1).

Ilustração: Moacir J. S. Medrado

Figura 1. Dependendo do tipo de processamento, o rendimento industrial pode variar.

Beneficiamento para chimarrão
Moacir José Sales Medrado

Normalmente, para o mercado interno, a erva-mate é embalada e comercializada de imediato, garantindo assim a coloração verde tão apreciada pela maioria do mercado consumidor.

No produto destinado à exportação, a “erva-mate chimarrão amarela”, torna-se necessário um armazenamento prolongado. Há algum tempo, o processo de estacionamento chegava a durar dois anos. Hoje, com o advento das câmaras de estacionamento acelerado por meio do controle das condições de umidade, temperatura e ventilação, o tempo encurtou de seis meses a dois anos, para cerca de 30 a 60 dias, o que diminuiu, extraordinariamente, o custo desta etapa.

Peneiramento
A erva separada por peneiras, nos diferentes tamanhos, segue para diferentes depósitos, dos quais são retiradas as quantidades necessárias para composição das misturas tipos comerciais, nos misturadores, ou seja, transportadores em forma de hélice.

A seguir, deposita-se a erva-mate padronizada em uma tulha, em linha com a empacotadora, que faz a pesagem automática e encaminha os pacotes para a colagem e enfardamento.

Cancheamento
Colheita transporte e recepção
As partes colhidas devem ser colocadas sobre um pano apropriado ou uma lona (“poncho”), para evitar o seu contato com o solo e, por consequência, com microrganismos que porventura possam contaminar as folhas. Vale salientar a incoveniência de os colhedores levarem seus animais de estimação para o local de trabalho, devido a possibilidade de contaminação do material colhido.

Durante o transporte, é necessário evitar que pessoas viajem sobre os fardos de erva-mate, para impedir o contato pessoal com o material, garantindo a devida higienização no processo.

No pátio de recepção, deve-se evitar também a presença de animais, para impedir a contaminação das folhas. 

Sapeco
É o processo em que as folhas recebem um choque térmico, por meio de chama direta, quando ocorre a inativação das enzimas oxidantes, como peroxidase e polifenoloxidase, que tornam as folhas enegrecidas. Nesse processo, além da pré-secagem, ocorre o fracionamento inicial da erva-mate. Este processo deve ser iniciado, no máximo, 24 horas após a colheita, pois a folha, após ser retirada da planta, continua consumindo oxigênio e açúcar.

O processo de sapeco da erva-mate – levada até o sapecador por esteiras – dá-se pela passagem daquela, ao longo do cilindro (diâmetro de 1,8 m a 2,4 m e comprimento de 6 m a 9 m) feito com chapas perfuradas ou tela, permitindo que as folhas sejam atingidas pelas chamas geradas na fornalha. 

O sapeco, ainda hoje, é uma atividade empírica e, por isso, depende muito da experiência do operador, uma vez que, nos equipamentos normalmente utilizados, não existem formas de se controlar o tempo de passagem das folhas, a temperatura e o tamanho das chamas.

Um operador inexperiente pode deixar a erva-mate enegrecida por falta de exposição ao calor, ou queimadas por exposição excessiva ao calor.

A erva-mate tem grande capacidade de adquirir os odores das madeiras utilizadas no sapecador. O sapecado é o ponto crítico para a boa qualidade da erva, pois o fogo adequado depende da qualidade da lenha usada, além dos aspectos de intensidade e duração controlados pelo foguista. Um sapeco inadequado pode originar produtos cancerígenos ou de baixa qualidade decorrentes da combustão inapropriada.

Secagem
O processo de secagem é aquele pelo qual, por fogo indireto, retira-se o restante da umidade do produto, obtendo-se a erva-mate triturada e seca, que é denominada de erva-mate cancheada. Durante esse processo, a erva-mate folha sofre uma desidratação que ocasiona uma perda de peso da ordem de 60%.

Os secadores antigos, utilizados em grande parte no século passado, como furna, carijo e barbaquá, eram todos de secagem lenta e foram substituídos por modelos modernos como os secadores de esteira, que são de secagem lenta, e os secadores giratórios, de secagem rápida. 

Apesar da existência de secadores de esteira e de secadores de tambor, não rotativos, os secadores rotativos são hoje os mais utilizados. Eles são cilindros metálicos com dimensões e velocidade de rotação variáveis. Normalmente, o ar de secagem tem temperatura de cerca de 300 °C.

Normalmente, antes da secagem em secadores rotativos, o material passa por uma fragmentação, pois como a secagem é rápida, se houver materiais de tamanho grande estes não são secados adequadamente. Por isto, após a secagem, os palitos são separados e passam por uma nova etapa de secagem. De forma geral, em secadores rotativos, o tempo de secagem para folhas é de 5 minutos, enquanto que o dos palitos é de, aproximadamente, 15 minutos.

Moagem
A moagem, também chamada de fragmentação, antigamente era realizada em um recipiente de madeira chamado cancha e um triturador cônico de madeira – com vários dentes – que girava dentro do recipiente, que era preso a um eixo vertical chamado pinhão, por cima da erva-mate, triturando-a. Outras formas de fragmentação de erva-mate foram utilizadas, sendo as mais citadas o uso de facões de madeira, o pilão, o monjolo e o soque. Hoje existem os cancheadores metálicos.

Peneiramento
Nesta etapa, separam-se os palitos e a goma das frações de folhas com diferentes tamanhos.

A erva, separada por peneiras, nos diferentes tamanhos, segue para diferentes depósitos, dos quais são retiradas as quantidades necessárias para composição das misturas de tipos comerciais nos misturadores, ou seja, transportadores em forma de hélice.

Preparação do chá mate tostado
A erva-mate, padronizada para ser tostada, passa por um sistema de forno com fogo indireto, semelhante ao que se usa para torrefação de café, para então dar origem ao chá mate tostado. Após tostado, o mate passa por um processo de extração, por água quente e vapor sob pressão, em colunas extratoras, onde são retirados os sólidos solúveis. O líquido extraído (extrato) é adoçado transformando-se em xarope. O extrato é desidratado em contato com ar quente, sendo transformado em mate solúvel.

Rendimento industrial
Normalmente, após todas as operações de pós-colheita, a erva-mate sofre uma redução de peso, da ordem de 50% a 60%, conforme o estado de maturação das folhas e as condições do processo de beneficiamento.



terça-feira, 14 de maio de 2019

Sistema agroflorestal na erva-mate



A erva-mate forma um dos sistemas agroflorestais mais característicos da região de ocorrência natural da espécie. Trata-se de uma atividade que apresenta aspectos ambientais, econômicos e sociais altamente positivos. 

Em sistemas agroflorestais, o cultivo da erva-mate é o de maior importância no Sul do Brasil, sendo explorado, na forma natural, com plantio intercalar de culturas anuais, tais como feijão, mandioca, milho e soja. 

Para plantios agroflorestais com a erva-mate, é recomendável o uso de espaçamentos maiores como 4,50 m x 1,50 m, para pequenos produtores. Para grandes produtores, recomenda-se 1,50 m nas linhas de erva-mate, com o espaçamento entre linhas depedente do maquinário a ser utilizado no plantio e na colheita da cultura agrícola.

O plantio direto de culturas agrícolas, sem o uso de herbicidas, nas entrelinhas da erva-mate, utilizando rolo-faca e plantadeira a tração animal, tem se mostrado viável na pequena propriedade rural (Figura 1). 

Nesse caso, recomendam-se três diferentes sistemas de plantio:

Plantio de aveia-preta no inverno, rolagem da mesma quando o grão estiver no "ponto leitoso" e o plantio de soja ou milho no verão.
Plantio no inverno de ervilhaca comum próximo da linha de erva-mate e de aveia-preta no centro da entre-linha, sendo que, no verão, a soja será plantada sobre a aveia-preta e o milho sobre a ervilhaca-comum.
Plantio em toda a área de aveia-preta mais ervilhaca comum, em partes iguais, e plantio de milho ou soja, no verão.
Trabalhos de pesquisa realizados pela Embrapa Florestas, durante vários anos em regiões de concentração da produção de erva-mate, comprovam que a exploração da erva-mate em sistemas agroflorestais apresenta as seguintes e principais vantagens:

melhor utilização da terra e mão-de-obra;
produção simultânea de erva-mate e alimentos;
antecipação do pagamento do custo de implantação do erval;
aumento do emprego, da produção e da renda da propriedade rural.
Por último, os sistemas agroflorestais com erva-mate, que tinham nesta espécie o componente lenhoso, passaram a sofrer um processo de ampliação da complexidade biológica. Hoje, é comum a associação da erva-mate com cultivos agrícolas, para a produção de alimentos ou coberturas de solo e, ainda, com outras espécies florestais arbóreas introduzidas (Figura 2) ou nativas (Figura 3).

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Plantio direto sem uso de herbicidas nas entrelinhas da erva-mate. 
Propriedade de Pedro Rogoski, Áurea, RS.


Foto: Adroaldo José Waczuk, URICER - Campus de Erechim, RS
Figura 2. Sistema agroflorestal com pínus x erva-mate x soja, aos dois anos e meio de idade. Propriedade de Gregorio Cigainski, Áurea, RS.


Foto: Amilton João Baggio
Figura 3. Transformação de um erval solteiro a pleno sol, em um sistema agroflorestal com base no plantio de espécies nativas para sombreamento das erveiras. Machadinho do Oeste, RS. Propriedade de Lourenço Pieri.



sexta-feira, 19 de abril de 2019

Pragas da Erva-Mate



O número de espécies de insetos encontrados alimentando-se da erva-mate é bastante grande, porém, apenas algumas espécies são consideradas pragas, por ocasionarem danos à cultura, sendo elas, a broca-da-erva-mate, a lagarta-da-erva-mate, a lagarta-do-cartucho-da-erva-mate, a cochonilha-de-cêra, a ampola-da-erva-mate, a broca-dos-ponteiros e, mais recentemente, os ácaros.

Ácaros

Caracterização
São três as espécies de ácaros que ocorrem na erva-mate: Dichopelmus notus, Oligonychus yothersi e Poliphagotarsonemus latus.

Dichopelmus notus, conhecido como o ácaro-do-bronzeado da erva-mate, é específico para esta cultura. Apresenta coloração variando do branco, passando pelo amarelo até o marron, dependendo da maturidade das folhas que lhes servem como alimento. Possuem na parte superior dois círculos formados por pequenos pontos brancos. As fêmeas colocam de 20 a 30 ovos na sua vida. A fase de ovo a adulto dura cerca de 10 dias. Os adultos podem viver mais de 20 dias. São muito móveis, sendo encontrados no campo durante todo o ano.

Oligonychus yothersi, normalmente denominado “ácaro vermelho”, produz uma teia onde colocam os seus ovos. As ninfas são de coloração amarelada e os adultos vermelho-amarelados. A colônia se prolifera nas folhas, protegida por filamentos sedosos que formam uma teia (Figura 1).

Poliphagotarsonemus latus, ou ácaro branco, ataca inúmeras espécies de plantas. Os ovos e as ninfas possuem coloração branca hialina. Os adultos são brancos amarelados e brilhantes. Os ovos são colocados na parte inferior da folha e eclodem em três dias, aproximadamente.

Danos
D. notus: provoca o bronzeamento e queda das folhas, afetando o crescimento e a produção. 

O. yothersi: ataca folhas jovens e adultas, normalmente em reboleiras, provocando o bronzeamento, sendo que ataques severos podem provocar o desfolhamento.

P. latus: causa o prateado das folhas, de consistência áspera. Estes sintomas são detectados tanto em plantas de viveiro como em plantio definitivo. 

Controle
As populações de ácaros fitófagos têm como seus principais inimigos naturais alguns fungos e outros ácaros das famílias Phytoseiidae, Bdellidae, Anystidae, Stigmaeidae e Cheyletidae, os quais são predadores. 

De um modo geral, para todas as pragas desta cultura, o controle químico é pouco recomendável, pois, além de não haver produtos registrados para a cultura, a folha de erva-mate é consumida diretamente na forma de chás e infusões. Também poderia ocasionar desequilíbrios na entomofauna, destruindo os inimigos naturais e ocasionando o surgimento de pragas secundárias.

Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 1. Ácaro-vermelho.

Ampola-da-erva-mate
Susete do Rocio Chiarello Penteado; Edson Tadeu Iede

Caracterização
É a segunda principal praga da erva-mate. Trata-se de um inseto específico desta cultura, sendo encontrado tanto no Brasil como na Argentina e no Paraguai. As fêmeas medem em média 2,6 mm e os machos 2,2 mm (Figura 2). Possuem coloração verde-azulada e as antenas são tão compridas quanto o corpo. 

Possuem dois pares de asas e as pernas posteriores são adaptadas para saltar. 

Apresentam de oito a nove gerações anuais e o ciclo completo dura aproximadamente 30 dias. As ninfas são de coloração amarelada e passam por quatro ínstares até se tornarem adultos. 

São encontrados nos ervais durante todo o ano, com maior intensidade entre os meses de outubro e dezembro e de fevereiro a abril. As fêmeas colocam seus ovos na face superior das brotações, ao longo da nervura central. Contudo, antes de efetuar a postura, ela injeta uma substância tóxica que provoca o crescimento desigual do broto, formando a ampola (Figura 3), onde irão se desenvolver as ninfas. Em média, são colocados 32 ovos por postura.

Danos
Causam a deformação das folhas novas, que assumem o aspecto de galhas. As folhas atacadas ficam comprometidas e frequentemente caem. Quando o ataque ocorre em mudas recentemente transplantadas, verifica-se um retardamento no desenvolvimento da planta.

Controle
O uso de inseticidas, mesmo sem registro para a cultura, é uma prática frequente, entretanto, na sua maioria, é realizado de maneira e no momento inadequados, comprometendo ainda mais a rentabilidade econômica da cultura.

A poda e destruição dos ramos mais atacados podem ajudar na diminuição da população deste inseto.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 2. Adultos da ampola-da-erva-mate.

Foto: Susete do R. C. Penteado

Figura 3. Danos realizados nas brotações.

Broca-da-erva-mate
Caracterização
É a principal praga da cultura. Sua incidência tem sido registrada em toda a região de ocorrência da erva-mate.

O adulto é um besouro que mede, aproximadamente, 2,5 cm de comprimento (Figura 4), com o corpo de coloração geral preta, recoberto por pêlos brancos.

As antenas são longas e finas. As posturas são feitas, principalmente, na região do colo da planta, podendo também ocorrer nas raízes expostas e brotos ladrões. Após a eclosão, a larva inicia a sua alimentação, construindo galerias subcorticais. Posteriormente, atinge o lenho, podendo dirigir-se para a raiz da planta ou serem ascendentes. As larvas são de coloração geral branca. Durante o processo de broqueamento, a larva vai compactando atrás de si a serragem, que lhe serve de proteção e quando expelida para fora da planta, denuncia a presença da praga (Figura 5).

Quando está próxima de se transformar em pupa, constrói a câmara pupal, onde permanece até a sua emergência. O ciclo de ovo a adulto pode ultrapassar 17 meses. Os adultos vivem muito tempo e estão presentes, em maior número, entre os meses de outubro e junho. Eles roem a casca dos ramos para a sua alimentação, servindo também como indicativo da sua presença na erveira.

Danos
Os maiores danos são ocasionados pelas larvas que, durante a alimentação, constroem galerias, dificultando a circulação da seiva. Isto debilita a planta, diminuindo a sua produção. Se o broqueamento é muito intenso ou se ocorrem sucessivas gerações da praga, os galhos da planta podem secar e, muitas vezes, ocorrer a morte da erveira.

Controle
É difícil o seu controle, pois as larvas, ao escavarem as galerias, compactam atrás de si a serragem, obstruindo o orifício e tornando quase impossível atingi-las e os adultos procuram as regiões mais protegidas da planta para se abrigarem.

A catação manual dos adultos é recomendada e pode ser utilizada por qualquer produtor, pois apresenta custo baixo e não agride o meio ambiente. Entretanto, esta atividade deve ser realizada no período de maior ocorrência dos adultos no campo, outubro a junho, e entre as 10h e 16h horas. 

A utilização do fungo Beauveria bassiana tem apresentado resultados promissores. Um bioinseticida foi desenvolvido, mas ainda está em fase de registro, não estando disponível para utilização no momento.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 4. Adultos da broca-da-erva-mate.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 5. Larva e galerias da broca da erva-mate.

Broca-dos-ponteiros-da-erva-mate
Caracterização
É um besouro que mede em torno de 1,3 cm de comprimento. Apresenta coloração geral escura, com uma faixa amarela ao longo da porção dorso lateral de cada asa. Logo após a cabeça, aparecem duas manchas arredondadas de cor vermelha e as antenas são longas (Figura 6). As fêmeas fazem posturas em fendas previamente preparadas, no ramo principal (planta com até dois anos) ou nos ramos superiores das plantas mais velhas. Após a eclosão, a larva inicia a sua alimentação, construindo uma galeria descendente no interior do ramo (Figura 6).

Danos
Atacam preferencialmente plantas novas, com até dois anos de idade, cujos galhos broqueados apresentam aspecto enegrecido, por estarem ocos. Quando o ataque se dá em plantas adultas, o dano ocorre nos galhos superiores mais finos.

Empupam dentro do ramo atacado e podem levar plantas novas à morte. São mais frequentes em ervais com regime bienal de poda, visto que observações preliminares indicam que o ciclo é de aproximadamente um ano.

Controle
Poda e queima dos galhos atacados e coleta de adultos.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 6. Adulto e danos da broca-dos-ponteiros-da-erva-mate.

Cochonilha-de-cêra
Caracterização
A fêmea adulta tem formato hemisférico, de cor alaranjada, sendo recoberta por uma camada de cera róseo-clara. Normalmente vivem agregadas nos ramos, podendo, algumas vezes, cobri-los totalmente. As formas jovens localizam-se nas folhas, principalmente na sua parte inferior. Apenas as formas jovens e os machos deslocam-se na planta (Figura 7).

Danos
São sugadores, alimentando-se da seiva das plantas, tornando-as debilitadas. Além disso, eliminam uma substância açucarada, da qual se alimentam algumas formigas. Estas disseminam esporos de um fungo que causa a doença denominada fumagina. Quando a população na planta é alta, pode ocorrer a morte da erveira.

Controle
Escovação e/ou poda de ramos infestados são medidas que podem auxiliar no controle.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 7. Cochonilha-de-cêra nos ramos de erva-mate.

Lagarta-da-erva-mate
Caracterização
Trata-se de uma pequena mariposa, medindo aproximadamente 38 mm de envergadura. As asas são franjeadas e de coloração amarelo palha, sendo os machos menores que as fêmeas. O corpo é recoberto por pelos longos e amarelados. As posturas geralmente são realizadas na parte superior das folhas, com uma média de 81 ovos por postura. Estes são de coloração esverdeada, tornando-se arroxeados quando maduros e apresentam um período de incubação de 15 a 16 dias. As lagartas, após a eclosão, são de coloração verde clara, apresentando duas faixas escuras longitudinais nos lados do corpo.

No último ínstar, atingem, em média, 40 mm de comprimento e apresentam coloração variando do verde escuro ao negro, com uma faixa amarela dorsal entre duas linhas longitudinais mais escuras (Figura 8). O período de ocorrência das lagartas é de setembro a março, podendo, eventualmente, ocorrer a partir de julho. Completando o desenvolvimento larval, estes insetos deixam a planta e dirigem-se ao solo, onde penetram a uma profundidade de até 10 cm, passando para a fase de pupa, que pode durar de oito a dez meses.

Danos
As lagartas são vorazes e destroem tanto brotações novas quanto as folhas mais velhas da erva-mate. 

Controle
O controle poderá ser feito com a exposição das pupas ao sol; com a coleta dos adultos por meio de armadilha luminosa e com a eliminação de folhas contendo posturas. Inseticidas à base de Bacillus thuringiensis são eficientes no controle e não provocam desequilíbrio ambiental, entretanto ainda não há nenhum produto registrado para uso na erva-mate.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 8. Lagarta-da-erva-mate.

Lagarta-do-cartucho-de-seda
Caracterização
É uma mariposa que mede de 40 mm a 45 mm de envergadura. Apresenta o corpo piloso, de coloração negra, com alguns pelos alaranjados nas laterais do abdômen e as asas são de coloração cinza-escura. As posturas são realizadas sobre as folhas ou galhos da erva-mate e cada uma pode conter centenas de ovos. Cada postura mede cerca de 1 cm de diâmetro e são recobertas com pelos do corpo do inseto, de coloração marron-clara. 

As larvas possuem hábito gregário e, quando totalmente desenvolvidas, são de coloração cinza-escura, com fileiras de longos espinhos urticantes espalhados pelo corpo (Figura 9). Medem em torno de 40 mm de comprimento e, para se protegerem, tecem um cartucho de seda que pode conter centenas de lagartas (Figura 10). A época de ocorrência das lagartas se dá, geralmente, entre os meses de setembro e novembro. O empupamento ocorre, geralmente, na planta, em um casulo formado por folhas com fios de seda. Podem também empupar no solo, entre folhas secas.

Danos
São muito vorazes, podendo alimentar-se de folhas novas ou mais velhas, comprometendo a produção. Além disso, por apresentarem pelos urticantes, provocam irritação e queimaduras quando em contato com a pele. Portanto, recomenda-se atenção durante a colheita da erva-mate. Também a mariposa apresenta o abdômen recoberto por pelos urticantes, podendo provocar reações alérgicas às pessoas.

Controle
Catação das massas de ovos e dos cartuchos de seda, que contém uma grande quantidade de lagartas, auxiliam na redução da população. Inseticidas à base de Bacillus thuringiensis são eficientes no controle e não provocam desequilíbrio ambiental, entretanto ainda não há nenhum produto registrado para uso na erva-mate.

Foto: Susete do R. C. Penteado
Figura 9. Lagarta-do-cartucho-de-seda.

Foto: Susete do R. C. Penteado

Figura 10. Cartucho-de-seda contendo as lagartas.



sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Doenças da Erva-Mate



A ocorrência de doenças da erva-mate vem aumentando em função de sua domesticação, do aumento da área plantada e das práticas de manejo utilizadas. Estes problemas são mais graves nos viveiros de mudas, porque neste ambiente as condições são bastante favoráveis ao desenvolvimento de doenças.

As principais doenças são: tombamento ou damping off, mancha-da-folha ou pinta-preta, antracnose. Consideradas de importância secundária, ocorrem podridão-das-raízes, cercosporiose, nematoides, além de outras como fumagina, fuligem, podridão-do-tronco, e queda-de-folhas.

Antracnose
Caracterização da doença e danos
Causada por Colletotrichum sp., é uma doença que ocorre principalmente nas brotações jovens, ápices, folhas e ramos jovens.

Nas sementeiras, geralmente, ocorre a queima do ápice das plântulas, impedindo seu crescimento e provocando seu perfilhamento. Os principais sintomas são manchas escuras, irregulares, incidindo principalmente nas bordas e causando deformações nas folhas jovens.

As condições favoráveis ao desenvolvimento dessa doença são o sombreamento excessivo e a umidade excessiva. Danos causados por insetos e geadas também favorecem a instalação do fungo.

Controle
O controle cultural é feito por meio de seleção de plântulas sadias, desinfestação do substrato e dos recipientes e adubação nitrogenada adequada.

Cercosporiose
Caracterização da doença e danos
Causada por Cercospora sp., é considerada uma doença secundária por sua baixa incidência, sua disseminação bastante lenta e por causar poucos danos à cultura.
Os sintomas são o surgimento de manchas arredondadas, pequenas, bem delimitadas, acinzentadas, com halo escuro, apresentando pequenas pontuações. Essas manchas são mais frequentes em folhas adultas (Figura 1).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 1. Manchas foliares provocadas pelo fungo Cercospora sp.

A condição favorável para o seu aparecimento é o estresse da muda. É muito comum observar tais sintomas em plantas que passaram do ponto de plantio e em mudas pouco desenvolvidas.

Controle
O controle cultural é feito por meio de seleção e descarte das mudas afetadas e do manejo adequado do viveiro.

Fuligem
Caracterização da doença e danos
Causada por Asterina mate, é uma doença de pouca importância econômica, pelos danos causados.
Os sintomas são observados na face ventral das folhas, onde ocorrem manchas superficiais escuras de forma circular que podem se justapor, cobrindo totalmente a folha (Figura 2).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 2. Folhas de erva-mate apresentando sintomas de fuligem.

Controle
As condições favoráveis ao surgimento dessa doença e seu controle cultural são os mesmos da fumagina.

Fumagina
Caracterização da doença e danos
Causada por Meliola sp. e Capnodium sp., que colonizam superficialmente folhas e ramos, é uma doença que não apresenta grande importância econômica na cultura da erva-mate.
Caracteriza-se pela presença de uma crosta espessa e negra cobrindo total ou parcialmente a parte dorsal das folhas e ramos da erveira, prejudicando sua respiração, transpiração e fotossíntese, podendo levá-la à morte. Geralmente, formigas, cochonilhas e pulgões estão associados a esses sintomas (Figura 3).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 3. Folhas de erva-mate apresentando sintomas de fumagina.

As condições favoráveis para o seu aparecimento são ambientes de extrema umidade em ervais muito densos e/ou sombreados e plantas estressadas.

Controle
O controle cultural é feito por meio de melhoria na aeração e ventilação do erval, aumento do espaçamento de plantio, podas adequadas e limpeza da área.

Nematoide
Caracterização da doença e danos
Principalmente os do gênero Meloidogyne podem ocorrer em viveiros de erva-mate, onde não é utilizada a prática de desinfestação do substrato.

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 4. Nematoides em canteiro de erva-mate.

Os sintomas iniciais são a paralisação do crescimento das mudas e o amarelecimento das folhas, ocorrendo, às vezes, murcha e secamento a partir do ápice da muda. Nas raízes, o aparecimento de galhas revela a presença de nematoides.
As condições favoráveis ao surgimento dessa doença são a utilização de substrato não desinfestado, a reutilização de substrato e o estresse da muda ocasionado por excesso de tempo no viveiro.

Controle
O controle cultural é feito por meio da desinfestação do substato e da eliminação de mudas atacadas.

Pinta-preta
Caracterização da doença e danos
É a principal doença da erva-mate, sendo causada pelo fungo Cylindrocladium spathulatum.

Os sintomas aparecem como lesões foliares escuras, arredondadas, às vezes concêntricas, no interior ou nas bordas do limbo. Essas manchas podem alcançar até 2 cm de diâmetro e apresentar abundante frutificação esbranquiçada na face ventral da folha (Figura 5). Ela ocorre basicamente em folhas adultas, provocando sua queda prematura.

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 5. Sintoma típico da pinta-preta na folha da erva-mate.

Os substratos e as instalações infestadas são responsáveis pelas infecções primárias. As plantações próximas e a produção contínua de mudas são as principais causas da disseminação e da multiplicação da doença ao longo do ano. Fatores como excesso de umidade e de sombreamento contribuem para o agravamento da doença. 

Controle
O controle cultural é feito por meio da seleção de plântulas sadias, descartando as mudas atacadas, por meio da desinfestação do substrato e dos recipientes, sempre que se inicia nova produção de mudas. A melhoria das condições de luminosidade e umidade e a manutenção da limpeza nas embalagens contribuem para o controle da doença. Todavia, a coleta das folhas caídas é uma prática muito eficiente para evitar a disseminação da doença no viveiro.

Podridão das raízes
Caracterização da doença e danos
Tanto pode ocorrer nas sementeiras como nas mudas repicadas. Os principais fungos associados são Fusarium sp., Rhizoctonia sp. e Phytium sp.
Os sintomas manifestam-se na parte aérea, na forma de manchas foliares, amarelecimento, queda de folhas, redução do crescimento, murcha e secamento das mudas. Esses sintomas podem ser confundidos com os provocados por repicagem inadequada das mudas ou pela falta de água nos canteiros (Figura 6).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 6. Seca das folhas causada pela podridão-das-raízes.

As condições favoráveis ao aparecimento dessa doença são umidade elevada, composição física do substrato e contaminação de recipientes das mudas e do próprio substrato.

Controle
O controle cultural é feito por meio do manejo correto da água, eliminação das plântulas com sintomas e desinfestação do substrato com água quente.

Podridão-do-tronco
Caracterização da doença e danos
A podridão do tronco da erva-mate é causada por fungos basidiomicetos.
Os ramos podados não emitem brotações, secam, apodrecem e, muitas vezes, matam a planta (Figura 7). Esses sintomas são causados pela dificuldade de cicatrização dos ferimentos causados pela poda, que facilita a penetração de fungos oportunistas. Geralmente, na base do tronco, aparecem frutificações típicas de basidiomicetos (cogumelos).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 7. Podridão-do-tronco.

Essa doença também está associada ao sombreamento excessivo da planta com elevada umidade.
As condições favoráveis ao seu surgimento são as podas drásticas sucessivas e umidade elevada.

Controle
Faz-se o controle cultural evitando podas drásticas, que expõem o tronco aos raios solares, os quais causam rachaduras na casca, permitindo a entrada de patógenos.
Para o controle, aconselha-se pincelar a área cortada com produto impermeabilizante.

Queda-de-folhas
Caracterização da doença e danos
As causas da queda anormal de folhas ainda não estão totalmente esclarecidas.

Os sintomas são variados, podendo ocorrer o amarelecimento e posterior queda das folhas (Figura 8), das totalmente verdes e a das verdes manchadas. Neste caso, observa-se a presença de Cylindrocladium spathulatum, o mesmo que provoca a queda das folhas no viveiro.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 8. Queda-de-folhas em erva-mate.

As condições favoráveis ao surgimento dessa doença são a compactação do solo, as estiagens prolongadas e longos períodos de precipitação pluviométrica.
Há, todavia, situações em que não há explicação com base nos fatores citados.

Controle
O controle é feito com o emprego de cobertura morta e subsolagem dos solos compactados.

Tombamento
Caracterização da doença e danos
É o principal problema fitossanitário das sementeiras, podendo ocorrer na fase de pré ou pós-emergência das plântulas. Os principais fungos associados são: Botrytis sp, Cylindrocladium spathulatum, Rhizoctonia sp., Fusarium sp. e Pythium sp.
Quando o tombamento ocorre na pré-emergência das plântulas, a semente não germina ou até inicia a germinação, mas não chega a emergir. Na pós-emergência, ocorre o estrangulamento da plântula na região do colo, provocando seu tombamento, fato que dá origem ao nome da doença. Esses sintomas geralmente ocorrem em reboleiras, isto porque a doença se expande em todas as direções, formando áreas mais ou menos circulares (Figura 9).

Foto: Albino Grigoletti Júnior

Figura 9. Sintoma de tombamento de mudas de erva-mate em sementeira.

Os principais fatores que favorecem a ocorrência da doença são sementes e substrato contaminados, alta densidade de semeadura e excesso de umidade, de nitrogênio e de sombreamento às mudas.
A presença de restos da polpa dos frutos e outras impurezas na semente favorece o aparecimento de patógenos, inviabilizando-as ou provocando doença nas plântulas. Ocorre um agravamento da doença, quando esses fatores estão associados ao excesso d`água, ao estiolamento provocado pelo sombreamento demasiado e à excessiva adubação nitrogenada.

Controle
O controle cultural é feito por meio da melhoria das condições de semeadura, irrigação e drenagem. O viveiro deve contar, em qualquer fase, com um sistema de drenagem e um substrato que promovam o escoamento rápido do excesso de água. Deve-se evitar o sombreamento excessivo, começando com 70% de sombra na sementeira e, no viveiro, ir diminuindo a sombra para 50% e, gradativamente, até a muda ficar sob pleno sol, com cerca de um ano de idade. Com relação à adubação, o substrato deve ter baixo teor de matéria orgânica, evitando-se altas doses de nitrogênio no substrato e na sementeira. A desinfestação do substrato pode ser feita com produtos químicos ou com água fervente. Deve-se semear até 250 g de sementes por m², para que as plântulas não fiquem adensadas, favorecendo o aparecimento da doença. Deve-se erradicar as plântulas mortas e as sadias nas bordas da reboleira, após o aparecimento da doença.



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