terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Botânica da Ervilha

 

Botânica

A ervilha e uma leguminosa pertencente a família Fabaceae, subfamilia Faboideae (sin. Papilionoideae), a tribo Vicieae (sing. Fabeae), ao genero Pisum e a especie Pisum sativum L. O genero Pisum possui grande variabilidade genetica, presente nas variedades comerciais e nos materiais dos bancos de germoplasma. Dentro deste genero, sao relatadas sete es-pecies: P. arvense, P. elatius, P. formo-sum, P. fulvum, P. humile, P. jomardie e P. sativum. Entretanto, alguns autores reconhecem apenas duas especies, P. arvense L. (ervilha forrageira) e P. sativum L. (ervilha verde). No entanto, todos os tipos são classificados dentro da especie P. sativum, onde se incluem também as ervilhas forrageiras.

Importação de ervilha no Brasil entre os anos 2011-2015.

A ervilha e uma especie diploide (2n=2x=14), anual de inverno, herbacea e com germinacao hipogea (Figura 2). Apresenta habito de crescimento determinado ou indeterminado (Figura 3), possui hastes finas formadas por nos e entrenos. As folhas são compostas distribuídas de forma alternada, formadas por 2 a 3 pares de foliolos ovalados, de margem inteira ou sinuado-dentados na parte superior, na base das folhas dispõem-se duas estipulas arredondadas e podem ser encontradas em três formas: afila, semiafila e normal (Figura 4). Suas inflorescências estão distribuídas de forma alternada ao longo do caule, e podem ter uma ou mais brácteas, de forma e dimensões variáveis que surgem nas axilas foliares. Ate o surgimento da primeira inflorescência, o numero de nos e constante, característica utilizada para a caracterizacao de precocidade de cultivares.

Etapas da germinação de sementes de ervilha.

Campos de produção de ervilha de crescimento indeterminado (A) e determinado (B).

Tipos de folhas de ervilha: afila (A); semi-afila (B); normal (C)

A flor da ervilha e composta por cinco pétalas, sendo a maior delas denominada de estandarte. As petalas menores sao as asas, e na parte anterior da flor se encontram as duas pétalas que formam a quilha. Ja o calice verde e formado por cinco sepalas unidas, duas atras do estandarte, duas opostas as asas e uma anterior e oposta a quilha. O gineceu e constituído pelo pistilo e um ovário e o androceu e formado por dez estames. O pistilo e formado por um único carpelo e um ovário que contem duas fileiras de óvulos inseridos em duas placentas paralelas. As flores podem encontrar-se solitárias ou em grupo de 3 ou 4 e apresentam uma coloração branca ou violácea (Figura 5).

Flores de ervilha de coloração branca (A) e violacea (B).

E uma especie autogama, cleistogamica, com polinização ocorrendo aproximadamente 24 horas antes da abertura da flor (antese). A germinação do tubo polínico pode levar de 8 a 12 horas e a fertilizacao de 24 a 28 horas apos a polinizacao. Seu estigma fica receptivo ao pólen alguns dias antes da antese ate um dia apos o murchamento da flor. O polen, por sua vez, e viavel desde o momento da deiscencia das anteras. Apos o pro-cesso da fecundação, desenvolve-se o fruto que consiste em uma vagem de forma, tamanho, coloração e textura variáveis.

Suas sementes maduras sao globulares, podendo ser lisas ou rugosas, e o tegumento pode ser tanto hialino quanto colorido e seu embrião formado por dois cotilédones e um hipocótilo bem desenvolvido. Os cotilédones podem ser encontrados nas cores amarela ou verde e nas texturas lisa ou enrugada. O ciclo vegetativo da ervilha, dependendo da cultivar e das condições climáticas necessárias para o seu desenvolvimento, e de 90 a 140 dias. Em função do fotoperíodo, são estabelecidos tres distintos grupos varietais de ervilha:

Precoces – Se caracterizam pelo aparecimento das primeiras flores entre o 6o e o 9o entrenó e sao normal-mente indiferentes ao fotoperiodo.

Semi Precoces – As primeiras flores deste grupo varietal aparecem entre o 9o e o 11o entrenó e são medianamente sensíveis ao fotoperíodo.

A ervilha-vagem (também conhecida como “ervilha torta”), (Figura 6), nao apresenta pergaminho, devido a presença de dois genes com interação não alélica localizados nos cromossomos 4 e 6. O genotipo duplo-dominante (PPVV) apresenta esclerênquima nas vagens e o duplo recessivo proporciona ausencia total de fibras. As demais combinacoes (ppVV e PPvv) possuem areas irregulares de tecido esclerenquimatoso distribuido nas paredes das vagens e, por esse motivo, nao sao comestiveis.

As cultivares utilizadas para a produção de ervilha seca possuem sementes redondas e lisas, que podem ser utilizadas partidas ou inteiras, e neste caso, visando o enlatamento apos a reidratacao (Figura 7a). Ja as cultivares utilizadas para producao de graos verdes, destinados ao enlatamento possuem geralmente sementes rugosas e elevado teor de acucar (Figura 7b). No caso dos graos imaturos destinados ao congelamento, a coloração verde escura e a mais desejável.

A ervilha forrageira (P. sativum subsp. arvense) apresenta caules flexuosos, estriados, delicados, simples ou quase simples; suas folhas sao paripinadas apresentando gavinhas,

ramos, geralmente terminais; possui entre 1 - 3 pares de foliolos ovalados, mucronados, de margem inteira ou sinuado-dentados na sua parte superior.

A coloração de suas flores e um vermelho-violáceas, podendo ser encontradas solitarias ou geminadas sobre pedunculos axilares aristados; sua corola geralmente e rosa-violácea com alas violaceo-purpúreas (Figura 8).

Os frutos são vagens oblongas, que podem, de acordo com a sua forma, apresentar terminacao obtusa, curvada ou fortemente em forma de pico; apresentam sementes lisas, esfericas, ovaladas ou rugosas (cilindricas, comuns), verdes (normal, palido,amarelo), creme, marrons ou com manchas de cor castanha-purpura.

Como na maioria das dicotiledôneas, as reservas do endosperma sao direcionadas para o embriao, se acumulando nos cotiledones, sendo assim denominadas exalbuminous.

Detalhe de uma planta de ervilha forrageira.


Produção de ervilha da cultivar ‘Torta de Flor Roxa’.

Sementes de ervilha lisas (A) e rugosas (B).



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