sexta-feira, 29 de julho de 2016

Colheita do Milho

Colheita 

O agricultor deve integrar a colheita ao sistema de produção e planejar todas as fases, para que o grão colhido apresente bom padrão de qualidade. Nesse sentido, várias etapas, como a implantação da cultura, até o transporte, secagem e armazenamento dos grãos têm de estar diretamente relacionadas.
um melhor escoamento da safra depois de colhida, alguns aspectos devem ser levados em consideração desde o planejamento de instalação. Num sistema de produção em que, por exemplo, o milho vai começar a ser colhido com o teor de umidade superior a 13%, alguns pontos decisivos devem ser destacados:
  • área total plantada e data de plantio de cada gleba;
  • produtividade de cada gleba;
  • número de dias disponíveis para a colheita;
  • número de colhedoras;
  • distância entre os silos e as glebas;
  • número de carretas graneleiras;
  • velocidade da colheita;número de horas de colheita/dia;
  • teor de umidade do grão;
  • capacidade do secador;
  • capacidade do silo de armazenamento.
O milho está pronto para ser colhido a partir da maturação fisiológica do grão, o que acontece no momento em que 50% das sementes na espiga apresentam uma pequena mancha preta no ponto de inserção das mesmas com o sabugo. Todavia, se não houver a necessidade de antecipação da colheita, esta deve ser iniciada quando o teor de umidade estiver na faixa entre 18-20%. Para tal, o produtor deve levar em consideração a necessidade e disponibilidade de secagem, o risco de deterioração, o gasto de energia na secagem o preço do milho na época da colheita.
Planejamento da colheita
Para melhorar o rendimento, as áreas devem ser divididas com carreadores, de forma a facilitar a movimentação da colhedora e o escoamento da colheita pelas carretas ou caminhões.
Diferença de produtividade das glebas, assim como desuniformidade nas condições da cultura no campo, também podem alterar a capacidade efetiva de utilização da colhedora, isto é, a quantidade de milho colhida em determinada área, por unidade de tempo.
A fim de obter uma boa colheita, devem ser considerados também os seguintes itens:
  • a regulagem do espaçamento entre cilindro e côncavo;
  • a velocidade de rotação do cilindro;
  • o teor de umidade do grão;
  • a qualidade do grão e as perdas.
O conjunto formado pelo cilindro e o côncavo constitui-se no que pode ser chamado de "coração" do sistema de colheita, e exige muita atenção na hora da regulagem. O cilindro adequado para a debulha do milho é o de barras, e a distância entre este e o côncavo é regulada de acordo com o diâmetro médio das espigas. A distância deve ser tal que a espiga seja debulhada sem ser quebrada e o sabugo saia inteiro ou, no máximo, quebrado em grandes pedaços.
Outro ponto fundamental diz respeito à relação entre a rotação do cilindro e o teor de umidade. A rotação do cilindro debulhador é regulada conforme o teor de umidade dos grãos, ou seja, quanto mais úmidos, maior será a dificuldade de debulhá-los, exigindo maior rotação do cilindro batedor. À medida que os grãos vão perdendo umidade, eles se tornam mais quebradiços e mais fáceis de serem destacados, sendo necessário reduzir a rotação do debulhador.
A regulagem de rotação do cilindro e a abertura entre o cilindro e o côncavo é uma decisão entre a opção de perda e grãos quebrados, sem nunca ter os dois fatores 100% satisfatórios. Por exemplo, em caso de sementes, pode-se optar por uma perda maior, com menos grãos quebrados.
Pesquisas realizadas na Embrapa Milho e Sorgo, com uma colhedora automotriz, confirmam que, em teores de umidade mais altos (22-24%), há uma maior dificuldade para se destacar a semente do sabugo, sendo recomendado colher com rotações na faixa entre 600 e 700 rpm. À medida que os grãos vão secando no campo, as rotações mais baixas são recomendadas, pela facilidade de debulhar, além de reduzir risco de danificação mecânica na semente.
No caso da colhedora de cilindro helicoidal, acoplada ao trator, verificou-se que a debulha foi mais eficiente, tendo-se conseguido retirar praticamente todos os grãos dos sabugos, apesar de o mecanismo debulhador não ter regulagem para variação de rotação.
Durante a regulagem do sistema de debulha, devem ser verificadas algumas partes da colhedora como: tanque graneleiro, para ver se há grãos quebrados; elevador da retrilha, para saber se há muito material voltando para o sistema de debulha; e saída da máquina, a fim de verificar se está saindo grão preso ao sabugo e se o sabugo está sendo muito quebrado.
Qualidade dos grãos
No final da década de 70, a Embrapa realizou uma avaliação dos danos mecânicos em grãos de milho durante a colheita. O método utilizado aliava inspeção visual à determinação de um índice de danos, baseado na avaliação do poder germinativo de sementes com diferentes categorias de danos. Os resultados mostraram que, em todas as situações, o índice de danos é menor quando os grãos foram colhidos em rotações mais baixas e teores de umidade inferiores a 16%.
Verificou-se, também, que a quantidade de grãos com danificação muito severa (grãos quebrados com mais da metade faltando) não foi afetada pela rotação do cilindro na faixa de 400 a 700 rpm, para a automotriz, e na faixa de 850 a 980 rpm, para a colhedora acoplada ao trator. Entretanto, a danificação dessa categoria aumentou à medida que o teor de umidade aumentava de 12 a 14%, (dano de 2 a 3%) para 20 a 24% (dano de 6 a 8%), tendo sido maior também na colheita pela máquina acoplada ao trator.
A quantidade de grãos com danos considerados grandes (trincas no embrião, menos da metade do grão faltando) não foi afetada pela rotação do cilindro (550 a 700 rpm) quando o teor de umidade estava alto, começando a ser afetada pela rotação (400 a 550 rpm) nas faixas mais baixas de umidade.
Grãos com danos aparentemente menos severos apareceram em maior quantidade em todos os casos, em teores de umidade mais baixos, mesmo tendo-se usado rotações de cilindro mais baixas. Os resultados mostram que, para rotações do cilindro debulhador entre 400 e 550 rpm e grãos com umidade entre 14% e 20%, o percentual de danos foi em torno de 25%, considerando a colhedora automotriz. Já no caso da colhedora acoplada ao trator, mais de 50% dos grãos apresentaram esse tipo de dano em todas as situações.
Perdas
A velocidade de trabalho recomendada para uma colhedora é determinada em função da produtividade da cultura do milho, por causa da capacidade admissível de manusear toda a massa que é colhida junto com o grão. A faixa de velocidade de trabalho varia de 4 a 6 km/h, mas em colheita, o trabalho é medido em toneladas/hora. Portanto, ao tomar a decisão de aumentar ou diminuir a velocidade, não se deve preocupar com a capacidade de trabalho da colhedora em hectares/hora, mas verificar se os níveis toleráveis de perdas de 1,5 sacos/ha para o milho estão sendo obtidos.
Existem quatro tipos de perdas:
Pré-colheita - O primeiro tipo de perda ocorre no campo sem nenhuma intervenção da máquina de colheita e deve ser avaliada antes de iniciar a colheita mecânica. Essa avaliação, tem, também, o objetivo de saber se uma cultivar apresenta ou não problemas de quebramento excessivo de colmo, se é adaptada ou não para colheita mecânica.
Plataforma - As perdas de espigas na plataforma são as que causam maior preocupação, uma vez que apresentam efeito significativo sobre a perda total. Podem ter sua origem na regulagem da máquina de colheita, mas, de maneira geral, estão relacionadas com: a adaptabilidade da cultivar à colhedora (uniformidade da altura da inserção de espiga, altura de inserção de espiga, porcentagem de acamamento de plantas, porcentagem de quebramento de plantas); o número de linhas das semeadoras, que deverá ser igual ou múltiplo do número de bocas da plataforma de colheita, e parâmetros inerentes à máquina de colheita (velocidade de deslocamento, altura da plataforma, regulagem das chapas de bloqueio da espiga e regulagem do espaçamento entre bocas).
Grão soltos - As perdas de grãos soltos (rolo espigador e de separação) e de grãos no sabugo estão relacionadas com a regulagem da máquina. O rolo espigador, geralmente no final da linha, recebe um fluxo menor de plantas e, com isso, debulha um pouco a espiga, ou então a chapa de bloqueio está um pouco aberta e/ou com espigas menores que o padrão, entrando em contato com o rolo espigador. As perdas por separação são ocasionadas quando ocorre sobrecarga no saca-palha, peneiras superior ou inferior um pouco fechadas, ventilador com rotação excessiva, sujeira nas peneiras.
Grãos nos sabugos - Esse tipo de perda ocorre em função da regulagem do cilindro e côncavo e apresenta, como possíveis causas, a quebra do sabugo antes da debulha, grande folga entre cilindro e côncavo, velocidade elevada de avanço, baixa velocidade do cilindro debulhador, barras do cilindro tortas ou avariadas, côncavo torto e existência de muito espaço entre as barras do côncavo.
Nos teores de umidade mais altos, testes indicaram que a perda de grãos no sabugo foi o que mais contribuiu para o aumento da perda total. Por isso, rotações mais altas (600 a 800 rpm) são mais indicadas.
Nos teores de umidade mais baixos, a perda de espigas, após a colheita, foi a maior responsável pelas perdas totais, e a rotação mais indicada está na faixa de 400 a 600 rpm.
A secagem natural do milho no campo traz benefícios no sentido de economizar energia na secagem artificial, mas, à medida que o milho seca, diminui a concorrência com as plantas daninhas, aumentando a incidências destas. Este fato traz inúmeros problemas para a operação de colheita mecânica, como, por exemplo, o embuchamento das colhedoras com plantas daninhas, impedindo que as máquinas tenham bom desempenho.
Exemplo de cálculo para uso da colhedora
Considerando-se uma colhedora trabalhando a uma velocidade de 5 km/h e com plataforma de quatro bocas, espaçadas 90 cm entre si, em um campo cuja produtividade é de 6.000 kg/ha, a capacidade teórica de colheita é:
Se no período de uma hora foram colhidos 1,42 ha de milho, a eficiência de campo é igual a:
No caso de colheita mecânica, são aceitáveis valores médios de eficiência de campo entre 70% e 80% ou, em outras palavras, 20% a 30% do tempo perdido em manobras, desembuchamento, consertos, entre outros.
Considerando que as áreas a serem colhidas, de modo geral, apresentam produtividades (t/ha) desuniformes, é importante relacionar a capacidade efetiva de trabalho em colheita em t/h.
Cálculo de Capacidade Efetiva de Trabalho (CET)
Se, por exemplo, uma determinada colhedora automotriz estiver trabalhando em dois locais diferentes, campos A e B, com produtividades de 7 t/ha e 3 t/ha, respectivamente, e eficiência de campo de 80%, o tempo necessário para colher o campo B poderá ser menor, mas a quantidade colhida, por tempo, é maior em A. Justifica-se, assim, a redução da velocidade de colheita, para evitar embuchamento. Pode-se, então, fazer o seguinte cálculo de Capacidade Efetiva de Trabalho (CET):
Campo A: velocidade 3 km/h
Campo B: Velocidade 5 km/h
Para estimar esta velocidade, com colhedoras que não possuem medidores de velocidade (velocímetro), procede-se da seguinte maneira:
Conta-se o número de passos largos (cerca de 90 cm/passo) tomados em 20 segundos, caminhando na mesma velocidade e ao lado da colhedora;
Multiplica-se este número de passos por um fator 0,16 para obter a velocidade em km/h.



quarta-feira, 6 de julho de 2016

Manejo integrado de pragas (MIP) no Milho



Manejo integrado de pragas (MIP)

A definição de MIP adotada por um painel organizado pela FAO enuncia: "Manejo Integrado de Pragas é o sistema de manejo de pragas que no contexto associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico".
Os fundamentos, tanto do Controle Integrado como do Manejo Integrado de Pragas, baseiam-se em quatro elementos: na exploração do controle natural, dos níveis de tolerância das plantas aos danos causados pelas pragas, no monitoramento das populações para tomadas de decisão e na biologia e ecologia da cultura e de suas pragas. Estas premissas implicam no conhecimento dos fatores naturais de mortalidade, nas definições das densidades populacionais ou da quantidade de danos causados pelas espécies-alvo equivalentes aos níveis de dano econômico (NDE) e de controle (NC), que fica imediatamente abaixo do NDE. Outra variável importante seria a determinação do nível de equilíbrio (NE) das espécies que habitam o agroecossistema em questão. Em função da flutuação da densidade da espécie-alvo e de sua posição relativa a esses três níveis (NE, NDE E NC) ao longo do tempo, as espécies podem ser classificadas em pragas-chave (densidade populacional sempre acima do NDE), pragas esporádicas (densidade na lavoura raramente atinge o NDE) e não-pragas (a densidade da espécie em questão nunca atinge o NDE). Mais recentemente tem sido proposto também o nível de não-controle (NNC), ou seja, a densidade populacional de uma ou mais espécies de inimigos naturais capaz de reduzir a população da espécie -alvo a níveis não econômicos, dispensando assim, a utilização de medidas de controle.

Monitoramento

O monitoramento é o primeiro passo para se praticar o MIP. Sem monitorar a densidade populacional da espécie-alvo no campo não há como se aplicar os princípios do MIP. Assim, recomenda-se iniciar o monitoramento mesmo antes de se iniciar o plantio. A freqüência e o método de amostragem depende da fase de desenvolvimento da cultura e do nível de precisão que se pretende conduzir o manejo. Quanto maior a freqüência e tamanho da amostra melhor, entretanto, deve-se considerar também os custos dessas amostragens.
Monitoramento de pragas de solo - Deve-se examinar amostras de solo de 30 cm x 30 cm por 15 cm de profundidade utilizando-se uma peneira e procurando por insetos. Para a larva-arame, medias de controle devem ser adotadas se dois ou mais insetos forem detectadas por amostra. A média de uma larva pôr amostra é suficiente para causar dano significativo. Neste caso, o tratamento do solo com inseticidas é necessário.
Para a simples detecção da presença de insetos no campo, pode-se proceder da seguinte maneira: tomar cerca de 200 g de sementes sem tratamento e enterrar em locais, com identificação, dentro da área a ser cultivada e cobrir com um pedaço de plástico transparente; alguns dias depois, desenterrar o material e procurar por insetos. No caso de cupins subterrâneos, examinar pedaços de colmo ou sabugos de milho da cultura anterior ou pode-se enterrar pedaços desses materiais ou mesmo rolo de papel higiênico (sem cor e perfume) em pontos estratégicos e após alguns dias examinar o material visando detectar a presença de insetos.
Monitoramento de pragas iniciais e do período vegetativo - Sendo realizado o tratamento de sementes, esse levantamento pode ser iniciado a partir da terceira semana após a semeadura do milho. A detecção de cigarrinhas pode ser feitao através de exame direto ou utilizando-se rede entomológica. Para se estimar densidades com maior precisão pode-se usar o método do saco plástico. Neste caso, se em áreas e/ou condições de risco de incidência de enfezamentos e viroses, recomenda-se fazer o controle quando detectado a presença dos insetos. No caso da incidência da lagarta-do-cartucho, lagarta-elasmo, broca-da-cana ou lagarta-rosca, deve-se estimar a incidência contando-se o número de plantas atacadas em 10 m de fileira e adotar medidas de controle em função do nível de dano. Para o controle da lagarta-do-cartucho, existem recomendações de amostragemns seqüencial.

Algumas estratégias de manejo

Tratamento de sementes
O tratamento de sementes é uma prática que tem sido largamente difundida nos últimos anos visando o controle de pragas subterrâneas e iniciais da cultura do milho em áreas que apresentam histórico de problemas oriundos de ataque de determinados grupos de insetos (ver sessões de pragas subterrâneas e iniciais). Os danos causados por essas pragas, resultam em falhas na lavoura devido a sua alimentação, nas sementes após a semeadura, nas raízes após a germinação, e da parte aérea de plantas recém-emergidas. Tem-se como ponto primordial para se obter alta produtividade na lavoura, o estabelecimento de um número ideal de plantas por área para que tal fato se suceda. Em lavoura com baixo estande, a utilização dos demais insumos não contribuirão para que o agricultor obtenha a rentabilidade esperada da lavoura.

No tratamento de sementes, a quantidade relativamente pequena de ingrediente ativo aplicado sobre a semente, protege as sementes no solo até a sua germinação, bem como as raízes e a parte aérea da planta logo após a sua emergência. O seu emprego, muitas vezes reduz a necessidade de pulverizações de plantas recém-emergidas com inseticidas de custos elevados e que na aplicação, geralmente, não atinge o alvo, devido a pequena área foliar das plantas em pós-emergência. Portanto, a prática contribui para reduzir o impacto negativo no ecossistema, uma vez que não afeta diretamente os inimigos naturais que estão se estabelecendo nesta fase de desenvolvimento da cultura. A técnica ainda apresenta a vantagem do uso ser relativamente fácil e em alguns casos, de baixo custo. Atualmente, existe uma variação bastante grande nos preços de inseticidas, na toxicidade e na eficiência no do tratamento de sementes. Tem-se observado que determinados grupos de inseticidas possibilitam melhor controle de lagartas (elasmo, lagarta-rosca), outros apresentam melhor desempenho para insetos sugadores (percevejo castanho, percevejo barriga verde, percevejo preto), térmitas (cupins) e finalmente, larvas de coleóopteros (bicho-bolo, larva-arame, larva-alfinete). Para cada caso, a escolha do inseticida deve estar em consonância com os registros no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Tabela 1).



Tabela 1. Inseticidas registrados para o controle de insetos-praga na cultura do milho. 2002.  

PragaIngrediente ativoNome comercialForm.C.TOX.Dose (p.c./ha)Fabricante
Agrotis ipsiloncarbarylCarbaryl Fersol 480 SCSCII2,0 - 3,0 lFersol




Carbaryl Fersol Pó 75DPIII15,0 - 20,0 kgFersol


carbofuranFuradan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.FMC




Ralzer 350 SCSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.Fersol


terbufosCounter 150 GGRI13,0 kgBasf




Counter 50 GGRI40,0 kgBasf


chlorpyrifosLorsban 480 BRECII1,0 lDow AgroSciences




VexterECII1,0 lDow AgroSciences


cypermethrinGalgotrinECII0,06 lChemotécnica Sintyal


lambdacyhalothrinKarate Zeon 250 CSCSIII0,01 lSyngenta


permethrinPounce 384 CEECII0,01 - 0,013 lFMC
Astylus variegatuscarbofuranFuradan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kgsem.
Cornitermes snydericarbofuranFuradan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.FMC




Furazin 310 TSSCI2,25 l/100 kg sem.FMC


carbosulfanMarshal TSSCII2,0 - 2,8 l/100 kg sem.FMC




Marzinc 250 TSDSII2,0 kg/100 kg sem.FMC
Daubulus maidisimidaclorpridGaucho FSSCIV0,8 lBayer


thiomethoxanCruiserDPIII0,15 - 0,2 kg/100 kg sem.Syngenta
Deois flavopictacarbofuranDiafuran 50GRI20,0 kgHokko


carbosulfanMarshal TSFSII2,4 - 2,8 l/100 kg sem.FMC


imidaclopridGaucho FSFSIV0,6 l/100 kg sem.Bayer


thiamethoxanCruiser 700 WSWSIII0,15 - 0,20 kg/100 kg sem.Syngenta


thiodicarbSemevin 350SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis
Diabrotica speciosachlorpyrifosAstroEWIII2,6 lBayer




Lorsban 10 GGRIV11,0 kgDow AgroSciences




SabreEWIII2,6 lDow AgroSciences


fipronilRegente 800 WGWGII0,1 kgAventis


imidaclopridGauchoWPIV0,7 kg/100 kg sem.Bayer


phorateGranutox 150 GGRII17 kgBasf


terbufosCounter 50 GGRI40 kgBasf




Counter 150 GGRI13 kgBasf
Dichelops furcatusimidaclopridGaucho FSSCIV0,35 l/100 kg sem.Bayer


thiamethoxanCruiser 700 WSDPIII0,3 kg/100 kg sem.Syngenta
Diloboderus abderusthiodicarbFutur 300SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis




Semevin 350SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis
Elasmopalpus lignoselluscarbarylCarbaryl Fersol 480 SCSCII2,0 - 2,3 lFersol




Carbaryl Fersol Pó 75DPIII15,0 - 20,0 kgFersol




Sevin 480 SCSCII1,9 - 2,25 lAventis


carbofuranCarbofuran Sanachem 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.Dow AgroSciences




Carboran Fersol 350 SCSCI2,0 l/100 kg sem.Fersol




Diafuran 50GRI30 kgHokko




Furandan 350 SCSCI3,0 - 4,0 lFMC




Furadan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.FMC




Furadan 50 GGRIII30,0 kgFMC




Furazin 310 TSSCI2,25 l/100 kg semFMC




Ralzer 350 SCSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.Fersol




Ralzer 50 GRGRI30,0 kgFersol


carbosulfanMarshal TSSCII2,4 - 2,8 l/100 kg sem.FMC




Marzinc 250 TSDPII2,0 kg/100 kg sem.FMC


chlorpyrifosLorsban 480 BRECII1,0 lDow AgroSciences




VexterECII1,0 lDow AgroSciences


furathiocarbPromet 400 CSSLIII1,6 l/100 kg sem.Syngenta


thiodicarbFutur 300SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis




Semevin 350SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis
Frankliniella williamsiimidaclopridGaucho FSSCIV0,8 l/100 kg sem.Bayer
Helicoverpa zeacarbarylCarbaryl Fersol 480 SCSCII2,0 - 2,3 lFersol




Carbaryl Fersol Pó 75DPIII15,0 - 20,0 kgFersol




Sevin 480 SCSCII1,90 - 2,25 lAventis


parathion-methylBravik 600 CEECI0,45 - 0,67 lAction


trichlorphonDipterex 500SLII0,8 - 2,0 lBayer




Trichorfon 500 MilenaSLII1,0 - 2,0 lMilenia
Mocis latipescarbarylCarbaryl Fersol 480 SCSCII2,0 - 2,3 lFersol




Carbaryl Fersol Pó 75PDIII15,0 - 20,0 kgFersol




Sevin 480 SCSCII1,9 - 2,,25 lAventis


chlorpyrifosLorsban 480 BRECII0,6 lDow AgroSciences




VexterECII0,6 lDow AgroSciences


malathionMalathion 500 CE SultoxECIII2,5 lAction


parathion-methylBravik 600 CEECI0,45 - 0,675 lAction




Folisuper 600 BRECI0,25 - 0,65 lAgripec


trichlorphonDipterex 500SLII0,8 - 2,0 lBayer




Triclorfon 500 MileniaSLII1,0 - 2,0 lMilenia
Procornitermes triaciferbenfuracarbLaser 400 SCSCII1,75 - 2,5 l/100 kg sem.Iharabras




Oncol SipcamSCII1,75 - 2,5 l/100 kg sem.Sipcam


carbofuranFuradan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.FMC




Furazin 310 TSSCI2,25 l/100 kg sem.FMC


carbosulfanMarshal TSSCII2,0 - 2,8 l/100 kg sem.FMC




Marzinc 250 TSDSII2,0 kg/100 kg sem.FMC


imidaclopridGaucho FSFSIV0,25 l/100 kg sem.Bayer


terbufosCounter 50 GGRI40 kgBasf




Counter 150 GGRI13 kgBasf
Rhopalosiphum maidisimidaclopridGaucho FSSCIV0,8 l/100 kg sem.Bayer
Scaptocoris castaneaterbufosCounter 50 GGRI40 kgBasf




Counter 150 GGRI13 kgBasf
Spodopteraalpha-cypermethrinFastac 100 SCSCIII0,05 lBasf
frugiperdabeta-cyfluthrinBulldock 125 SCSCII0,04 lBayer




FullECII0,1 lBayer




NovapirECII0,1 lCheminova




TurboECII0,1 lBayer


carbarylCarbaryl Fersol 480 SCSCII2,0 - 2,3 lFersol




Carbaryl Fersol Pó 75DPIII15,0 - 20,0 kgFersol Ltda.




Sevin 480 SCSCII1,9 - 2,25 lAventis


carbofuranCarbofuran Sanachem 350 TSSCI2,0 - 3,0 lDow AgroSciences




Carboran Fersol 350 SCSCI2,0 kg/100 kg sem.Fersol




Diafuran 50GRI20,0 - 30,0 kgHokko




Furadan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.FMC




Furadan 50 GGRIII20,0 - 30,0 kgFMC




Ralzer 350 SCSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.Fersol




Ralzer 50 GRGRI20,0 - 30,0 kgFersol


chlorfenapyrPirateSCIII0,5 - 0,75 lBasf


chlorfluazuronAtabron 50 CEECI0,15 - 0,3 lIshihara


chlorpyrifosAstroEWIII0,3 - 0,5 lBayer




Clorpirifós Fersol 480 CEECII0,4 - 0,6 lFersol




Clorpirifos Sanachem 480 CEECI0,4 - 0,6 lDow AgroSciences




Klorpan 480 CEECII0,4 - 0,6 lAgripec




Lorsban 480 BRECII0,4 - 0,6 lDow AgroSciences




Nufos 480 CEECIII0,4 - 0,6 lCheminova




Pyrinex 480 CEECII0,4 lAgricur




SabreEWIII0,3 - 0,5 lDow AgroSciences




VexterECII0,4 - 0,6 lDow AgroSciences


cyfluthrinBaytroid CEECIII0,3 lBayer


cypermethrinArrivo 200 CEECIII0,05 - 0,08 lFMC




Cipermetrina Nortox 250 CEECI0,04 - 0,065 lNortox




CipertrinECII0,05 - 0,06 lPrentiss




Commanche 200 CEECIII0,05 - 0,06 lFMC.




Cyptrin 250 CEECI0,05 - 0,06 lAgripec




GalgotrinECII0,05 lChemotécnica Sintyal




Ripcord 100ECII0,1 lBasf


deltamethrinDecis 25 CEECIII0,2 lAventis




Decis 4 UBVULIII1,3 - 2,0 lAventis




Decis 50 SCSCIV0,05 - 0,075 lAventis




Decis Ultra 100 CEECI0,04 - 0,05 lAventis




Keshet 25 CEECI0,2 lAgricur


deltamethrin + triazophosDeltaphosECI0,25 - 0,35 lAventis


diflubenzuronDimilinWPIV0,1 kgUniroyal


enxofreKumulus DFWGIV1,0 kgBasf


esfenvalerateSumidan 25 CEECI0,6 - 0,8 lSumitomo


etofenproxTrebon 300 CEECIII0,07 - 0,1 lSipcam


fenitrothionSumibase 500 CEECII1,0 - 2,0 lSumitomo




Sumithion 500 CEECII1,0 - 1,5 lSumitomo


fenpropathrinDanimen 300 CEECI0,1 - 0,12 lSumitomo


furathiocarbPromet 400 CSSLIII1,6 l/100 kg sem.Syngenta


lambda-cyhalothrinKarate 50 CEECII0,15 lSyngenta




Karate Zeon 250 CSCSIII0,03 lSyngenta




Karate Zeon 50 CSCSIII0,15 lSyngenta


lufenuronMatch CEECIV0,3 lSyngenta


malathionMalathion 500 CE SultoxECIII2,5 lAction


methomylLannate BRSLI0,6 lDu Pont




Lannate ExpressSLII0,6 lDu Pont




Methomex 215 LSSLII0,6 lAgricur


methoxyfenozideIntrepid 240 SCSCIV0,15 - 0,18 lDow AgroSciences




ValientSCIV0,15 - 0,18 lBayer


monocrotophosAgrophos 400SLI0,6 - 0,9 lAgripec


novaluronGallaxy 100 CEECIV0,15 lAgricur




Rimon 100 CEECIV0,15 lAgricur


parathion-methylBravik 600 CEECI0,45 - 0,675 lAction




Folidol 600ECII0,45 - 0,675 lBayer




Folidol MECSIII0,7 lBayer




Folisuper 600 BRECI0,25 - 0,65 lAgripec




Mentox 600 CEECII0,65 lPrentiss




Paracap 450 MCSCSIII0,7 lCheminova




Parathion Metílico PikapauDPI0,65 lQuímicas São Vicente


permethrinAmbush 500 CEECII0,05 lSyngenta




Corsair 500 CEECII0,1 lAventis.




Permetrina Fersol 384 CEECI0,1 - 0,13 lFersol




PiredanECII0,065 lDu Pont




Pounce 384 CEECII0,065 lFMC




Talcord 250 CEECII0,1 lBasf




Valon 384 CEECII0,065 lDow AgroSciences


profenofosCuracron 500ECIII0,5 lSyngenta


pyridaphenthionOfunack 400 CEECIII0,5 lSipcam


spinosadCredenceSCIII0,037 - 0,1 lDow AgroSciences




TracerSCIII0,037 - 0,1 lDow AgroSciences


tebufenozideMimic 240 SCSCIV0,3 lDow AgroSciences


thiodicarbFutur 300SCIII2,0 l /100 kg sem.Aventis.


thiodicarbFutur 300SCIII2,0 l /100 kg sem.Aventis.




Larvin 800 WGWGII0,1 - 0,15 lAventis.




Semevin 350SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis


triazophosHostathion 400 BRECI0,3 - 0,5 lAventis.


trichlorphonDipterex 500SLII0,8 - 2,0 lBayer




Triclorfon 500 MilenaSLII1,0 - 2,0 lMilenia


triflumuronAlsystin 250 PMWPIV0,1 kgBayer




Alsystin 480 SCSCIV0,05 lBayer.




BrigadierWPII0,1 kgBayer




CerteroSCIV0,05 lBayer




RigelSCIV0,05 lCheminova


zeta-cypermethrinFury 180 EWEWII0,04 lFMC




Fury 200 EWEWIII0,08 - 0,1 lFMC




Fury 400 CEECII0,05 - 0,08 lFMC
Syntermes molestusbenfuracarbLaser 400 SCSCII1,75 - 2,5 l/100 kg sem.Iharabras




Oncol SipcamSCII1,75 - 2,5 l/100 kg sem.Sipcam


carbofuranFuradan 350 TSSCI2,0 - 3,0 l/100 kg sem.FMC




Furazin 310 TSSCI2,25 l/100 kg sem.FMC


carbosulfanMarshal TSSCII2,0 - 2,8 l/100 kg sem.FMC




Marzinc 250 TSDSII2,0 kg/100 kg sem.FMC


imidaclopridGauchoWSIV1 kg/100 kg sem.Bayer




Gaucho FSFSIV0,4 l/100 l águaBayer


terbufosCounter 50 GGRI40 kgBasf




Counter 150 GGRI13 kgBasf


thiodicarbFutur 300SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis




Semevin 350SCIII2,0 l/100 kg sem.Aventis
Fonte: MAPA Agrofit. 

O período de proteção das sementes e das plantas recém-emergidas proporcionado pelo tratamento de sementes dependerá da interação de vários fatores. Pode-se destacar os relacionados com a própria semente (tamanho, formato, textura, permeabilidade), com a natureza dos inseticidas (modo e espectro de ação, formulação, dose) e com as características do ambiente (pressão de infestação da praga, textura, temperatura e umidade do solo). Associado a esses fatores, também é importante levar em consideração a qualidade da aplicação, como o tipo de equipamento utilizado e a qualificação e capacitação do pessoal envolvido.
Dependendo da toxicidade do inseticida, o tratamento de sementes pode ser realizado na própria fazenda, ou deve ser realizado em Centros de Tratamentos de Sementes ou em revendas especializadas com máquinas apropriadas e com pessoal treinado. Nas fazendas, geralmente são utilizados tambores rotativos (Figura 28), construídos especificamente para essa finalidade. No entanto, independente do equipamento ou inseticida utilizado, todos os cuidados devem ser tomados para evitar possíveis contaminações ou intoxicações do operador.
Foto: Acervo Embrapa Milho e Sorgo
Figura 28. Tambor rotativo para tratamento de sementes.
No caso da semente de milho, a eficiência na distribuição da semente tratada no sulco de semeadura pode ser melhorada com a adição de grafite em pó. Isso se deve ao fato, que a semente tratada com inseticida apresenta uma alteração em sua forma original, muitas vezes trazendo como consequência maior dificuldade de escoamento dentro do compartimento da semeadora. Nesse caso, o uso de grafite melhora o escoamento das sementes tratadas, especialmente em sistemas de distribuição através de discos. Aos contrário, o excesso de grafite, colocado nos sistemas de dedos (garras), tem funcionado de maneira contrária. A quantidade recomendada de grafite varia de acordo com o tamanho da semente. Sementes maiores demandam uma maior quantidade. Em média, recomenda-se cerca de 2 a 4 gramas de grafite em pó por quilo de semente tratada.
Como recomendação final, sugere-se que as sementes tratadas não sejam armazenadas e que se faça a semeadura em poucos dias após o tratamento. Os inseticidas geralmente não afetam a germinação de sementes de alta qualidade. Entretanto, sementes de qualidade inferior, podem ter o vigor afetado e consequentemente reduzir o número de plantas na lavoura. Deve-se também, evitar que as sementes fiquem descobertas no sulco de plantio, pois são tóxicas para pássaros e outros animais.
Seletividade de inseticidas
No passado a escolha de determinado inseticida para uso contra as pragas da agricultura era baseada na capacidade do produto químico de atuar rapidamente e sobre diferentes espécies de praga. Geralmente eram produtos de amplo espectro de ação, e, invariavelmente altamente tóxico. Por apresentarem custo relativamente baixo, tais produtos químicos eram considerados como um seguro para a produção de alimentos. Eram utilizados independente da necessidade. No entanto, com o passar dos anos foi fácil verificar os efeitos danosos dos produtos para a natureza como um todo. E, especialmente em relação ao método de controle em si, começaram-se a aparecer raças resistentes de pragas e até mesmo novas pragas, anteriormente presentes, porém em nível populacional baixo em virtude da ação de diferentes agentes de controle natural. Atualmente, o conceito do controle químico tem mudado. Há uma preocupação crescente não só pela sociedade como um todo, mas também pelo próprio agricultor, com o uso indiscriminado de produtos químicos. Tem-se buscado inclusive pelas empresas produtoras de inseticidas, produtos que sejam menos danosos ao ambiente - tem-se portanto, buscado a seletividade dos produtos. Tal seletividade pode ser alcançada através do produto em si, por exemplo, produtos que atuem somente sobre determinados grupos ou sobre determinadas fases da fisiologia dos insetos (inseticidas fisiológicos). A seletividade também pode ser alcançada através de aplicações dirigidas. Por exemplo, a aplicação de inseticidas para o controle da lagartas no cartucho da planta de milho posicionando o bico de pulverização de modo a aplicar o produto somente na área desejada utilizando o trator é mais seletiva do que a aplicação via água de irrigação (que é uma aplicação em área total). De maneira semelhante, o tratamento de sementes é mais seletivo do que a pulverização, em função da formulação do produto e do modo de utilização. A seletividade também pode ser em relação a determinados inimigos naturais. Por algum mecanismo do inseto, ele pode não ser afetado drasticamente por determinado produto químico. Tais produtos devem ser preferidos em programas de manejo.
Aplicação de Inseticidas via Água de Irrigação
Define-se como insetigação, a aplicação de inseticidas via água de irrigação. Na insetigação o sistema de irrigação por aspersão, tem sido o método mais utilizado para a aplicação dos inseticidas. A técnica iniciou-se na América do Norte na década de 60 visando o controle de pragas foliares com a utilização dos inseticidas azinphos methyl e carbaryl para o controle de insetos-praga na cultura do milho. No Brasil, a insetigação começou a ser utilizada na década de 80, havendo uma grande escassez de informações técnicas para as nossas condições. Atualmente, com a expansão de áreas agrícolas irrigadas, tem-se utilizado aplicações de inseticidas via irrigação por aspersão, muita das vezes, sem se conhecer parâmetros técnicos necessários para se obter a melhor eficiência e redução de riscos oriundos de qualquer utilização de defensivos agrícola.
A insetigação tem sido utilizada com sucesso para o controle de diversas pragas e culturas, entretanto existem exemplos de insucessos, indicando que o método não se aplica para todas as condições. As doses dos inseticidas aplicados na insetigação são as mesmas utilizadas em pulverizações pelos utilizando-se os métodos convencionais (tratorizada ou costal). As primeiras avaliações de inseticidas na insetigação, baseiaram-se nos princípios ativos que apresentavam eficiência comprovada através de pulverização para o controle de determinada praga.
Vários parâmetros são relevantes para se obter uma boa eficiência na insetigação e evitar riscos, destacando-se as condições ambientais (velocidade do vento, umidade relativa, precipitação pluviométrica), tipo e umidade do solo, seleção de inseticidas (solubilidade em água, dose), volume, qualidade e velocidade do fluxo de água e compatibilidade de produtos. Na utilização da insetigação, deve-se precaver contra aplicações indiscriminadas de inseticidas, cuidados no manuseio de inseticidas que na maioria são inflamáveis, utilizar equipamentos de segurança adequados, evitar deriva e não entrar na área logo após ser tratada.
O emprego dessa técnica tem sido pesquisada na Embrapa Milho e Sorgo para o controle da lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea, lagarta elasmo, Elasmopalpus lignosellus e larva alfinete, Diabrotica speciosa. Os resultados indicam que essas pragas podem ser controladas empregando os inseticidas aplicados via água de irrigação por aspersão mostrados na Tabela 5.
Os inseticidas mostrados na Tabela 5 podem ser aplicados utilizando equipamentos convencionais de irrigação (tipo lateral portátil) ou através de pivô. Para o equipamento convencional a calda inseticida pode ser injetada no sistema de irrigação através de bomba dosadora ou de um equipamento portátil de injeção desenvolvido na Embrapa Milho e Sorgo, denominado "vaquinha" (Figura 29). Para o pivô central, utiliza-se a bomba dosadora. Independentemente do método de injeção adotado, a qualidade dos resultados obtidos na aplicação depende do cálculo correto de variáveis como taxa de injeção, quantidade do inseticida a ser injetada, volume do tanque de injeção e dose do inseticida a ser aplicada na área irrigada.
Foto: Paulo Afonso Viana
Figura 29. Equipamento portátil de injeção desenvolvido na Embrapa Milho e Sorgo denominado "vaquinha".
Desde o início de sua utilização, a insetigação, tem adaptado tecnologias existentes, tanto na parte de equipamentos ou dos químicos a serem aplicados. No futuro, novas formulações de inseticidas deverão ser desenvolvidas para essa modalidade de aplicação, visando obter maior eficiência no controle das pragas. Pesquisas deverão ser conduzidas objetivando reduzir a quantidade de inseticidas aplicados nas lavouras, com reflexos diretos nos custos de produção e de contaminação ambiental. A indústria deverá desenvolver equipamentos para alta eficiência tanto para irrigação como para aplicação de produtos químicos. Melhoria de eficiência de controle de pragas poderá também ser obtida com novos aspersores, tanques e depósitos para a mistura da calda inseticida, microprocessador controlando irrigação e injeção.
Controle Biológico: papel dos inimigos naturais no controle das pragas
Em função da importância de insetos-praga da ordem Lepidoptera (mariposas, especialmente) como pragas da cultura do milho no Brasil e também em relação ao aparecimento de populações resistentes aos inseticidas, como é o caso da lagarta-do-cartucho, as pesquisas com controle biológico têm aumentado no país. Deve-se considerar que, em certas circunstâncias, os inimigos naturais podem diminuir consideravelmente a população da praga no campo.
São importantes inimigos naturais das principais pragas do milho quatro espécies de vespas (chamados parasitoides, ou seja, insetos cujas larvas se desenvolvem dentro dos ovos ou das lagartas da praga) e, talvez, o mais importante, e facilmente percebido no campo, a chamada "tesourinha", presente no cartucho da planta ou na espiga. Todos esses inimigos naturais atuam nas primeiras fases de desenvolvimento da praga, e, portanto, evitando danos significativos à planta.
Dos parasitoides dois atuam exclusivamente sobre os ovos da praga, impedindo a eclosão da larva: Trichogramma spp. (Figura 30) e Telenomus remus (Figura 31). São insetos facilmente criados no laboratório, a um custo inferior ao do produto químico padrão. Esses inimigos naturais já estão sendo liberados em áreas comerciais, em diferentes regiões do Brasil, com sucesso. O ciclo total dessas vespas varia entre 10 e 12 dias.
Foto: Ivan Cruz
Figura 30. Trichogramma spp.
Foto: Ivan Cruz
Figura 31. Telenomus remus.
A vespa Chelonus insularis (Figura 32) é de ocorrência comum no Brasil. A fêmea coloca seus ovos no interior dos ovos da praga, permitindo no entanto a eclosão das larvas. A larva parasitada não provoca danos significativos ao milho. O ciclo biológico total do parasitoide é de 28 dias, distribuídos em período de incubação de 1,8 dias, período larval de 20,4 dias e período pupal de 6,2 dias. A larva parasitada sai precocemente do cartucho, dirigindo-se para o solo, onde constrói uma câmara. Após a construção desta câmara a larva do parasitoide perfura o abdômen da lagarta-do-cartucho e dentro da câmara, constrói seu casulo e transforma-se em pupa.
Foto: Ivan Cruz
Figuara 32. Vespa Chelonus insularis.
Campoletis flavicincta (Figura 33) é uma outra vespa medindo cerca de 7 mm de comprimento, que coloca seus ovos no interior do corpo de lagartas de S. frugiperda recém-nascidas. Uma só fêmea pode parasitar mais de 200 lagartas. O ciclo biológico completo do inseto é de 16,5 dias. Dentro da lagarta-do-cartucho o parasitoide passa cerca de 9,6 dias. A larva parasitada reduz significativamente o alimento ingerido. Próximo à saída da larva do parasitoide, o inseto parasitado sai do cartucho da planta e dirige-se para as folhas mais altas da planta. Neste local fica praticamente imóvel até ser morto pelo parasitoide que perfura seu abdômen.
Foto: Ivan Cruz
Figura 33. Campoletis flavicincta.
A tesourinha Doru luteipes (Figura 34) tem presença constante na cultura de milho. Tanto os imaturos quanto os adultos alimentam-se de ovos e de lagartas pequenas da praga. Um adulto do predador pode consumir cerca de 21 larvas pequenas por dia. Os ovos da tesourinha são colocados dentro do cartucho da planta, sendo que uma postura possui em média, 27 ovos. O período de incubação dura cerca de sete dias. As ninfas, a semelhança dos adultos são também predadoras. A fase ninfal dura em torno de 40 dias. Os adultos podem viver quase um ano. A presença do predador em até 70% das plantas de milho é suficiente para manter a praga sob controle.
Foto: Ivan Cruz
Figura 34. Tesourinha Doru luteipes.
Existem vários outros inimigos naturais da lagarta-do-cartucho que de certa forma contribuem para diminuir a população da praga na cultura do milho. No entanto, os mencionados aqui já são criados em laboratório e apresentam com grande potencial para serem utilizados em liberações inundativas ou inoculativas.
A conscientização de que os inimigos naturais podem ser aliados importantes no manejo de pragas tem forçado a busca de inseticidas e/ou aplicações mais seletivas. No caso específico da cultura de milho, o predador Doru luteipes por sua importância no controle biológico da praga, além de todas as suas formas biológicas estarem intimamente ligadas ao cartucho da planta, é o mais sujeito a ação dos produtos químicos. Por essa razão, tem-se avaliado o impacto dos diferentes produtos químicos sobre suas fases. Sabe-se que os adultos são mais tolerantes a vários produtos, especialmente biológicos e fisiológicos. No entanto ovos e formas imaturas são bem mais sensíveis. A sensibilidade desse e de outros inimigos naturais bem como os critérios para a escolha de um produto químico para uso no manejo integrado de S. frugiperda em milho, foram abordados por Cruz (1997).

Manejo Integrado de Pragas em lavouras plantadas com milho geneticamente modificado com gene bt (Milho Bt)

As plantas transgênicas com atividade inseticida representam uma alternativa de controle de pragas visando a minimizar os danos causados por insetos-praga em lavouras de milho. O milho transgênico com atividade inseticida conhecido como milho Bt, foi transformado e incorporando uma toxina isolada da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Essa bactéria produz uma toxina (inseticida) específica para larvas de alguns insetos. A toxicidade dessas proteínas tem alta especificidade para cada grupo de inseto. O Bt, como bactéria, vem sendo utilizado desde 1920 como bioinseticida na França e, hoje, é utilizado em vários países sem causar problemas aos produtores, aos consumidores ou ao ambiente.
No caso do milho Bt, disponível comercialmente hoje no Brasil, utilizaram-se toxinas com maior especificidade para os lepidópteros-praga (lagartas). Estão disponíveis para comercialização eventos que expressam diferentes proteínas (Tabela 6). No registro das empresas, as pragas-alvo incluem três espécies: a lagarta-do-cartucho do milho (LCM), Spodoptera frugiperda; a lagarta-da-espiga do milho (LEM), Helicoverpa zea; e a broca da cana-de-acúcar (BCA),Diatraea saccharalis. Entretanto, há dados na literatura indicando também a atividade dessas toxinas sobre a lagarta-elasmo (LEL), Elasmopalpus lignosellus.
As proteínas do Bt apresentam alta especificidade, sendo que mesmo dentro do grupo de insetos a atividade de cada proteína é diferenciada. A eficiência para algumas das espécies-alvo é bastante alta e pode dispensar totalmente a aplicação de defensivos. Entretanto, para os dados indicam variação na proteção oferecida às plantas, portanto, dependendo do híbrido, do evento GM e da intensidade de infestação, pode ser necessário controle complementar de acordo com Tabela 1(Inseticidas registrados para o controle de insetos-praga na cultura do milho – Setembro/2012). Esta estratégia pode ser, inclusive, útil para o manejo da resistência, pois o controle dos sobreviventes no milho Bt com certeza contribuirá para a redução da seleção de raças resistentes. É importante lembrar que, para a proteína do Bt se tornar ativa, ela precisa ser ingerida pelo inseto; assim, o produtor certamente irá se deparar com algum sintoma de dano nas folhas do milho como, folhas raspadas (Figura 35).
Recomendações
Para a utilização do milho Bt, basta o produtor cumprir duas regras: a de coexistência, exigida por lei; e a regra do Manejo da Resistência de Inseto (MRI), recomendada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Coexistência - A regra exige o uso de uma bordadura de 100m isolando as lavouras de milho transgênico das de milho que se deseja manter sem contaminação de transgênico. Alternativamente, pode-se usar uma bordadura de 20m, desde que sejam semeadas 10 fileiras de milho não-transgênico (igual porte e ciclo do milho transgênico), isolando a área de milho transgênico.
Área de refúgio - A recomendação da CTNBio para o MRI é a utilização de área de refúgio. Esta recomendação é o resultado do consenso de que o cultivo do milho Bt em grandesáreas resultará na seleção de biótipos das pragas-alvo resistentes às toxinas do Bt.
Obviamente, o monitoramento da infestação das plantas também é importante, pois, dependendo do híbrido utilizado e da intensidade da infestação, o produtor pode precisar adotar medidas de controle complementares. No Brasil, a área de refúgio é a semeadura de milho não Bt, utilizando híbridos de igual porte e ciclo, de preferência o seu similar Bt, em cinco ou dez porcento àrea cultivada com milho Bt, dependendo da recomendação da empresa detentora do evento. A área de refúgio não deve estar a mais de 800m de distância das plantas transgênicas. Esta é a distância máxima verificada pela dispersão dos adultos da LCM no campo. Todas as recomendações são no sentido de sincronizar os cruzamentos dos possíveis adultos sobreviventes na área de milho Bt com suscetíveis emergidos na área de refúgio. O refúgio estruturado deve ser desenhado de acordo com área cultivada com o milho Bt (Figura 36). Para glebas com dimensões acima de 800m cultivadas com milho Bt, serão necessárias faixas de refúgio internas nas respectivas glebas. Ainda segundo a recomendação da CTNBio, na área de refúgio é permitida a utilização de outros métodos de controle, desde que não sejam utilizados bioinseticidas à base de Bt.
Responsabilidade de execução da área de refúgio e riscos da não adoção
Nas embalagens de sementes de milho Bt, há um contrato através do qual o produtor, ao abri-las, assume a responsabilidade de seguir as normas de coexistência e as de manejo da resistência. Portanto, cabe ao produtor a responsabilidade do uso dessas regras. O principal risco do não uso da área de refúgio está na rápida seleção de raças das pragas-alvo resistentes às toxinas do Bt. Assim, o produtor que não utilizar a prática do manejo da resistência será, sem dúvida, a primeira vítima da quebra da resistência, não obtendo controle das pragas-alvo com os híbridos de milho Bt.
Seletividade a organismos não alvo e a inimigos naturais
A especificidade das toxinas do Bt resulta em alta seletividade na sua atividade, agindo apenas nas espécies-alvo. Assim, afeta menos a comunidade dos insetos que utilizam o milho como hospedeiro que a utilização de inseticidas convencionalmente utilizados, por exemplo. Essa seletividade inclui também a comunidade de inimigos naturais, abelhas e outros insetos como pulgões e tripes. Dados mostram que essas toxinas, nas formulações de inseticidas à base de Bt empregadas na agricultura, têm sido consideradas relativamente não tóxicas para abelhas, existindo inclusive uma formulação comercial para controle de traça-da-cera em favos de mel. Para predadores, como alguns percevejos e joaninhas, as pesquisas realizadas até o momento indicam ausência de efeito negativo sobre esses insetos.
Fonte: Simone M. Mendes
Figura 35.  Milho Bt (A) e o similar não Bt (B).
Estrutura de Área de Refúgio
1) As plantas de milho não Bt da área de refúgio devem estar no máximo a 800m de distância das plantas.
Fonte: Simone M. Mendes
2) Para obedecer a essa regra, o plantio pode ser feito no perímetro da lavoura ou em faixas, dentro da área de cultivo.
Fonte: Simone M. Mendes
Fonte: Simone M. Mendes
3) Em área de pivô central, o refúgio pode ser feito em faixas ou em parte da área.
Fonte: Simone M. Mendes
 
Figura 36. Opções de formas da área de refúgio.








Controle de pragas no milho com uso de inimigos naturais






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