quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Cultura do Eucalipto



1. Quantos tipos de eucalipto existem?


O gênero Eucalyptus tem a sua origem na Austrália, Tasmânia e outras ilhas da Oceania. Existem cerca de 730 espécies reconhecidas botanicamente. Porém, não mais que vinte delas são atualmente utilizadas com fins comerciais em todo o mundo.



2. Quando o eucalipto foi introduzido no Brasil?


Não há uma data exata da introdução do eucalipto no Brasil. Existem relatos que os primeiros exemplares foram plantados nas áreas pertencentes ao Jardim Botânico e Museu Nacional do Rio de Janeiro, nos anos de 1825 e 1868; no município de Amparo-SP entre 1861 e 1863; e no Rio Grande do Sul, em 1868. Entretanto, os primeiros plantios ocorreram de fato em 1868, no Rio Grande do Sul, mas por iniciativa do político Joaquim Francisco de Assis Brasil, um dos primeiros brasileiros a demonstrar interesse pelo gênero.



3. Quando se iniciaram os estudos sobre a cultura do eucalipto no Brasil?


Os primeiros estudos com o eucalipto no Brasil só foram iniciados em 1904, por Edmundo Navarro de Andrade, no Horto Florestal de Rio Claro-SP, pertencente à Companhia Paulista de Estradas de Ferro. O crescimento da área de plantios florestais produtivos no País foi realmente marcante somente a partir da promulgação da Lei de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, ocorrida em 1966. A eucaliptocultura consolidou-se também graças ao Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), criado pelo Governo Federal, em meados da década de 1970.




4. Quais as principais vantagens de plantar eucalipto?



De forma geral, espécies de eucalipto têm sido preferencialmente utilizadas devido ao seu rápido crescimento, capacidade de adaptação às diversas regiões ecológicas e pelo potencial econômico proporcionado pela utilização diversificada de sua madeira. A alta produtividade de madeira (média nacional de 41 m³ por hectare, em ciclos de corte de aproximadamente sete anos), com menores custos e maiores taxas de retorno do investimento conferem grande atratividade ao cultivo do eucalipto, garantindo alta competitividade de seus produtos nos mercados interno e externo.



5.  Produtores rurais também tem benefícios com o plantio de eucalipto?


A grande demanda de madeira para diferentes finalidades (serraria, laminação, carvão e celulose) vem contribuindo para o desenvolvimento do setor florestal e das comunidades rurais, já que o cultivo de florestas de eucalipto permite a todos os tipos de agricultores a diversificação de renda na propriedade, seja por meio de plantios puros (bosquetes) ou em sistemas de integração, como os sistemas silvipastoris, por exemplo.




6. Qual a finalidade da produção de madeira de eucalipto?



O eucalipto é bastante versátil e pode ser usado com múltiplos fins: energia, celulose e papel, laminação, serraria, e outras utilidades pouco conhecidas da sociedade em geral, como medicamentos, cosméticos, tecidos, alimentos entre outros.




7. Onde é plantado eucalipto no Brasil?



As áreas de plantios florestais com eucalipto no Brasil estão distribuídas em todo território nacional, sendo a região Sudeste (54,2%) aquela que apresenta maior quantidade de áreas plantadas, seguida pelas regiões Nordeste (16,4%), Centro-Oeste (12,2%), Sul (11,8%) e Norte (5,5%) (ABRAF, 2014).




8. Quais são as espécies de eucalipto mais plantadas no Brasil?



As espécies mais utilizadas no momento, em função das características de suas madeiras, são: Eucalyptus grandis, Eucalyptus salignaEucalyptus urophyllaEucalyptus viminalis, híbridos de E. grandis x E. urophylla e Eucalyptus dunnii (região sul do Brasil). Para a região Sul, também se destaca o potencial de utilização do Eucalyptus benthamii, devido à sua tolerância a geadas.



9. Quais são os benefícios que o setor de florestas plantadas oferece para a economia brasileira?


No âmbito social, as atividades da cadeia produtiva do setor de florestas plantadas promovem a geração de empregos e renda na área rural e, ao fixarem as populações no campo, auxiliam na redução do êxodo rural. A  estimativa total de empregos mantidos no segmento de florestas plantadas é de 4,23 milhões de empregos, somando diretos (0,6 milhão), indiretos, incluindo o setor primário e processamento industrial, e empregos resultantes do efeito-renda (IBÁ, 2015).


10. Quais são os benefícios ambientais que a implantação de florestas com eucalipto oferece para os estabelecimentos rurais?


O plantio de eucalipto proporciona diversos benefícios diretos e indiretos às propriedades rurais diversificadas. Além dos benefícios econômicos, advindos da produção florestal, pode-se destacar a melhoria da qualidade do ar, conforto térmico, redução dos níveis de poluição sonora, redução da intensidade da erosão, melhoria da vazão de mananciais hídricos, recuperação de áreas degradadas, redução da pressão sobre as florestas nativas e aumento da biodiversidade, entre outros.


11. Investir em plantios florestais é um bom negócio?


A implantação de um componente florestal em um estabelecimento agrícola deverá ser fundamentada na adoção de um planejamento criterioso, com base no levantamento de informações técnicas e econômicas, pois os retornos financeiros dos plantios florestais acontecem em um tempo maior que os dos cultivos agrícolas anuais, com os quais os agricultores estão habituados. O investimento deve ser analisado como qualquer outra atividade que tenha fins comerciais. Por este motivo, é indispensável que preceda uma fase de planejamento, onde é necessário definir qual espécie a ser plantada, qual o tamanho da área, localização do plantio em relação ao mercado consumidor, avaliar a obtenção de múltiplos produtos da floresta, de preços atuais e de tendências futuras, e o tempo de retorno do investimento. Portanto, antes de investir é necessário conhecer as tecnologias e metodologias disponíveis, para conhecer a melhor forma de implantar e manejar os povoamentos florestais.


12. Além do retorno econômico, quais outros benefícios que o produtor pode ter em plantar florestas em seus estabelecimentos rurais?


A atividade florestal poderá ser uma alternativa para melhorar os ganhos econômicos do produtor e poderá, também, trazer benefícios ecológicos, como melhoria da qualidade do ar, conforto térmico, redução dos níveis de poluição sonora, redução da intensidade da erosão, melhoria da vazão de mananciais hídricos, recuperação de áreas degradadas, redução da pressão sobre as florestas nativas e aumento da biodiversidade.


13.  É importante registrar as despesas e rendimentos auferidos pelo povoamento florestal?

Todo estabelecimento agrícola produtivo, independente do seu tamanho, precisa dar retorno econômico para ser viável. Os custos de produção e a receita esperada na propriedade constituem variáveis significativas para a sua gestão de forma eficiente e para a avaliação da sua rentabilidade econômica. Esta reflexão pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento.


Assim, deve-se registrar qual o volume de entradas e saídas financeiras; e, ainda, quais os coeficientes técnicos que mais geram impacto na rentabilidade da atividade. A partir dessas informações, os produtores rurais podem administrar técnica e economicamente os pontos fortes e fracos do sistema de produção e sugerir mudanças para a melhoria da renda das propriedades agrícolas.


14. Como devo proceder para registrar e calcular os custos de produção e manutenção dos plantios florestais?

A atividade florestal, como qualquer empreendimento produtivo, apresenta uma série de custos inerentes à produção. Os custos de implantação e os coeficientes técnicos de um plantio com espécies de rápido crescimento, como o eucalipto, podem variar de acordo com a região a ser implantado. Os principais componentes de custo de um plantio são:


• Número de mudas, que varia em função do espaçamento, determinando o número de plantas por hectare;



• volume de insumos (fertilizantes e agrotóxicos);



• serviços (mão de obra e mecanização);



• custos de administração e da terra, que também podem impactar significativamente os resultados financeiros, se o povoamento florestal envolver grandes áreas.


15. Quando e qual o sortimento de madeira as florestas plantadas oferecem?

Em um sistema de cultivo visando múltiplos usos para a madeira, o manejo é realizado por meio de um primeiro desbaste, onde se retira uma porcentagem de aproximadamente 40% das árvores entre 5 a 8 anos após o plantio. Neste desbaste se obtêm receitas pela comercialização de escoras para construção civil, energia e celulose, recursos esses que auxiliam na amortização das despesas de implantação e manutenção do plantio.


No segundo desbaste, aproximadamente aos 12 anos após o plantio, haverá nova entrada de renda. No entanto, além do sortimento de madeira fina, haverá matéria prima para serraria. No corte final, aproximadamente entre 15 e 20 anos de idade, obtêm-se valores financeiros mais significativos, pois no sortimento estará inclusa madeira para laminação.



Plantios de múltiplo uso devem ser implementados apenas se houver mercado e se o preço pago pelos produtos compense o investimento, tanto em operações como em imobilização do capital monetário e da terra.


16. Como se comercializa a produção oriunda das florestas plantadas?

A estratégia de comercialização a ser adotada também deve ser alvo de análise por parte do produtor. Caso haja a possibilidade da venda da madeira em pé ou empilhada na beira do talhão, em vez de entregue ao cliente, o produtor deve avaliar se a diferença de preço da madeira nas diferentes condições paga a atividade de colheita e transporte, respectivamente.


Caso o custo de colheita seja inferior à diferença do preço entre a madeira empilhada na beira do talhão e em pé, o produtor deve contratar a colheita e comercializar a madeira na beira do talhão. Ou então comercializá-la em pé se o custo de colheita for superior. O mesmo raciocínio deve ser utilizado para tomar a decisão de vender a madeira empilhada no talhão ou entregar diretamente ao cliente, levando em consideração o custo do frete e a diferença de preço entre estas duas formas de comercialização.


17. Quais os cuidados em relação à legislação, quando da implantação dos plantios florestais?

Plantios de eucalipto visando à produção de madeira devem ser planejados com respeito à aptidão agrícola das propriedades rurais, bem como respeitando-se as Áreas de Preservação Permanente – APP, e Reserva Legal - RL, necessárias para manutenção da sustentabilidade e da qualidade ambiental dos agroecossistemas.


Os plantios florestais de espécies exóticas, com a finalidade de produção e corte, localizados fora das APPs e RL, são isentos de apresentação de projetos, vistoria técnica e licenciamento ambiental para sua implantação.



Quando for necessário recompor a vegetação que deve integrar a RL, mesmo que parcialmente, permite-se o uso temporário de até 50% de espécies exóticas (incluindo também, portanto, espécies de eucalipto), plantadas de forma intercalada com espécies nativas, com o propósito de recompor o ecossistema.



Sistemas de produção que implementam práticas de conservação de solo e água, aliados à presença de APPs e RL, buscam atingir o equilíbrio econômico, social e ambiental das propriedades rurais. Para mais informações sobre adequação ambiental verificar o Código Florestal e leis afins (Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 e Lei 12.727, de 17 de outubro de 2012).


18. Como devo escolher a espécie de eucalipto para o plantio?


O gênero Eucalyptus possui diversas formas de utilização que podem ser escolhidas, dependendo do sistema de produção de cada propriedade. Entretanto, não há uma única espécie que contemple todas as possibilidades, o que reforça a necessidade de se realizar um bom planejamento antes do plantio. Este planejamento deverá contemplar a espécie de eucalipto adequada para as condições climáticas e para o sistema de produção escolhido, junto às demandas do mercado consumidor regional, para garantir a comercialização dos produtos posteriormente.


19. Pode-se usar a madeira de eucalipto para energia?


A madeira de eucalipto pode ser utilizada para fins energéticos, sendo que a lenha é a forma mais utilizada. Árvores jovens provenientes de desbastes ou partes finas de árvores adultas, assim como a galhada, são usadas dessa forma. A principal demanda por lenha atualmente tem sido a secagem de grãos no pós-colheita. Outras formas de uso para energia são o carvão, cavacos e briquetes.


20. Como é o seu uso para fazer carvão?


A importância do carvoamento da madeira de eucalipto está aumentando no setor de siderurgia, devido à substituição da madeira nativa pela de florestas plantadas na geração de energia para produção de ferro. O carvão ainda é utilizado em fornos industriais para fins diversos e fornos comerciais como de padarias, pizzarias e churrascarias.


21. Como energia, é utilizado como briquete e cavaco?


A transformação industrial da madeira em cavacos ou briquetes permite a utilização em estufas, caldeiras ou fornos com temperatura controlada. Os resíduos de galhadas podem ser convertidos em briquetes, gerando melhor aproveitamento das árvores colhidas. Agroindústrias, granjas e indústrias utilizam esses produtos para diversos fins. A casca do eucalipto pode gerar etanol para combustível.


22. Quais as espécies de eucalipto indicadas para produção de matéria-prima para energia?


Pode-se utilizar E. cloeziana em regiões de clima tropical e alguns clones como AEC 0144, AEC 0224 e GG100. Em regiões subtropicais, E. benthamiiE. viminalis e E. dunnii são algumas opções. Evitar clones ou mudas de eucaliptos como E. grandis e E. saligna que, de modo geral, produzem madeira de maior densidade somente a partir dos 12 anos de idade.




23. Pode-se utilizar a madeira de eucalipto para mourões?



A madeira roliça de eucalipto é bastante utilizada em construções rústicas, como mourões para cercas e postes. Em menor escala, são usadas em móveis rústicos, brinquedos de parques e outros. Nesses casos recomenda-se um tratamento preservativo, a fim de aumentar a vida útil da madeira.


24. Para que são utilizadas as toras mais finas de eucalipto?


As toras mais finas são utilizadas na construção civil, como cavaletes, escoras e outros.


25. Árvores de eucalipto são utilizadas para fabricação de papel e celulose?


Sim. O eucalipto é uma das espécies mais utilizadas no mundo para produção de celulose de fibra curta. Este tipo de celulose é utilizado para fabricação de papel de imprimir, escrever e de limpeza. No processo de extração da celulose, são utilizadas árvores jovens de diâmetro definido pela indústria, mas geralmente são árvores com até 18cm de diâmetro. Diversas empresas de celulose possuem seus próprios clones destinados a este fim, com árvores desenvolvidas com as características desejadas para determinado tipo de produção. Do processo químico, obtém-se a pasta celulósica bruta não branqueada. A partir daí, são produzidas embalagens de papel e papelão. Porém, somente após o processo de branqueamento é que são produzidos papéis brancos.


26. É possível utilizar madeira de eucalipto para serraria?

É possível, desse que utilizadas as espécies adequadas. As espécies de eucalipto mais apropriados para essa finalidade são E. grandis e "urograndis". Entretanto, necessitam mais de 12 anos para iniciar o processo de formação de madeira adulta. O E. cloeziana, de crescimento mais lento, apresenta boa qualidade de madeira para serraria.


As espécies de Corimbias não devem ser utilizadas por apresentarem bolsas de resina ou bolsas de "kino" (formações anormais na madeira contendo resina), originadas devido à descontinuidade do lenho, que podem auxiliar na degradação da madeira.


27.  Que tipos de painéis são produzidos com madeira de eucalipto?

De forma geral, toras finas de eucalipto são transformadas em painéis. Após processo semelhante ao da obtenção da celulose, a aglutinação de resinas e fibras da madeira resulta em chapas de densidades diversas. A principal vantagem desse material é a facilidade de corte e acabamento, que permite múltiplos usos, sobretudo no setor moveleiro.


Os mais utilizados são o MDF - Medium density fiberboard, o MDP - Medium density particle board e o OSB - Oriented strand board. Tanto o MDP quanto o OSB são resultado da aglutinação de resinas com partículas de madeira. A diferença é a granulometria das partículas, que são maiores no OSB.


28. Como são produzidos os compensados feitos com madeira de eucalipto?


Painéis de compensados são produzidos com lâminas de madeira sobrepostas, coladas entre si. Esses painéis possuem razoável resistência mecânica e são amplamente utilizados na construção civil, embalagens industriais e no setor moveleiro. As lâminas de eucalipto são produzidas no torno desfolhador. No processo, a tora gira presa ao torno, enquanto uma faca industrial efetua o corte contínuo até o esgotamento. As lâminas podem ser usadas na fabricação dos compensados ou para revestimento de chapas de partículas ou fibras.


29. É possível obter tábuas de toras de eucalipto?


É possível. Atualmente, a madeira serrada de eucalipto tem diferentes usos, como móveis, casas, na construção civil como andaimes, formas e estruturas diversas. O mercado exige toras com dimensões padrão, de forma que, para serem obtidas, o manejo dos plantios deve ser rigorosamente seguido. As podas garantem madeira livre dos nós (que depreciam seu valor comercial) enquanto os desbastes permitem que as árvores cresçam até diâmetros maiores, mais valiosos no mercado. Existem diversas formas de serrar a madeira, inclusive na própria propriedade, gerando agregação de valor e consequente aumento da renda obtida com o plantio.


30. Qual é a espécie de eucalipto recomendada para produção de óleo essencial?


A espécie recomendada para óleo essencial não faz mais parte do gênero Eucalyptus, sendo denominada atualmente Corymbia citriodora. Esta espécie é referência no Brasil como fonte do óleo essencial citronelal, extraído por processo de destilação das folhas. A espécie, plantada por sementes, possui facilidade para emitir brotações após o corte raso da parte aérea, prática esta necessária quando as plantas se tornam muito altas e, por isso, ajustada ao sistema de talhadia comumente empregado no manejo das plantações comerciais estabelecidas para atender essa finalidade.


31. O que são corímbias?


São espécies florestais anteriormente elassificadas como Eucalyptus. Um exemplo de espécie de corimbia é o Corymbia citriodora, que foi descrita por William Jackson Hooker como Eucalyptus citriodora, sendo em 1995 transferida para o gênero Corymbia por K.D.Hill & L.A.S.Johnson.


32. O que é sistema talhadia?

É o sistema de manejo dos brotos das cepas de um povoamento florestal desbastado. Essas brotações dão origem a um novo ciclo do plantio florestal. Este sistema é usado para diminuir os custos de implantação de uma nova plantação e quando o propósito deste novo ciclo é o de gerar madeira de menores dimensões.


Este sistema é pouco empregado pelas empresas florestais devido à grande oscilação do volume das brotações, que por sua vez compromete o planejamento florestal e industrial.


33. Que outros produtos podem ser obtidos do eucalipto?

Além de mourões, papel, celulose, serraria, compensados e tábuas, o eucalipto apresenta outras formas de uso ou benefícios que contribuem na renda agrícola ou na sustentabilidade da propriedade rural.


Por exemplo, algumas espécies produzem óleos essenciais que são utilizados em produtos como: vestuário (viscose), de higiene e limpeza, fármacos e alimentos. Além disso, os produtos apícolas, como mel, própolis e geleia real, oriundos de floradas melíferas de eucalipto, são bastante apreciados no mercado. Existem ainda os benefícios indiretos relativos à presença das árvores no sistema produtivo, como a diminuição da erosão pela cobertura do solo e aumento da infiltração de água, a ciclagem de nutrientes de camadas mais profundas do solo e o sequestro de carbono atmosférico. Por fim, o efeito da sombra sobre o conforto de animais criados em sistema silvipastoril contribui para a manutenção do potencial produtivo e para a sustentabilidade das propriedades rurais.


34. O eucalipto pode ser plantado na reserva legal?


O eucalipto pode ser implantado em consórcio com espécies florestais nativas (plantio em modelos mistos), com vistas à restauração de áreas de reserva legal, em até 50% da área. O critério para a escolha de eucaliptos deve estar atrelado à finalidade da matéria-prima: energia, madeira roliça para uso na propriedade rural ou serraria. É importante utilizar eucaliptos com copa reduzida, que permitam a entrada de luz abaixo do dossel e/ou espaçamentos amplos, a partir de 5m x 5m.


35. Qual a espécie de eucalipto pode ser plantada em pequenos estabelecimentos rurais?


O eucalipto é a árvore com maior disponibilidade de indicações e orientações técnicas para cultivo. A escolha da espécie depende do local e da finalidade do plantio.


36. O clima pode influenciar o tipo de eucalipto a ser plantado?


Sim. O conhecimento dos dados climáticos onde a propriedade se encontra possibilita o melhor aproveitamento dos elementos do clima - temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar. Essas variáveis, quando bem ajustadas, aumentam a produtividade e influenciam a escolha do eucalipto certo.


37. O eucalipto sobrevive em locais sujeitos a geadas?

Todas as espécies do gênero Eucalyptus são sensíveis a temperaturas extremamente baixas, sendo esse o maior impedimento do seu uso em regiões de clima temperado.


Embora existam variações entre e dentro de espécies, os eucaliptos não toleram temperaturas abaixo de -20 °C. A maioria sofre danos abaixo de 0°C e somente poucas sobrevivem com temperaturas entre -15 °C e -18 °C . O E. dunnii E. benthamii são indicados para climas sujeitos a geadas de forte intensidade.


38. As espécies resistentes a geada apresentam bom crescimento?


As espécies de eucalipto resistentes a geadas são originárias da região alpina da Austrália e, de maneira geral, são de crescimento lento. Poucas espécies desse gênero apresentam a combinação de rápido crescimento e resistência a geadas em níveis considerados comercialmente satisfatórios. Entre essas, ainda, a maioria sofre algum tipo de dano, especialmente na ocorrência de geadas atípicas.


39. Quais os danos que as plantas podem sofrer com as geadas?

A avaliação de danos por geada é uma atividade complexa, sendo que os danos variam em função da idade da planta, temperatura mínima atingida, e temperaturas prévias ao evento.


Os danos também são influenciados por condições de aclimatação, condições microclimáticas e topografia.



Os danos podem ser classificados em:



• dano basal (canela de geada): mais comum em árvores jovens no início do inverno;



• rachadura de geada: rachadura radial do tronco, do centro para a casca das árvores, comum em geadas severas. Ocorre principalmente em árvores mais novas;



• danos no sistema radicular e mortalidade na fase de mudas (mortalidade na fase de mudas).


40. As raízes das plantas também sofrem danos com as geadas?


Embora as raízes sejam menos resistentes a geadas que a parte aérea, elas sofrem menos danos porque o solo oferece proteção contra as baixas temperaturas. No entanto, quando a água do solo congela, as pequenas raízes fisiologicamente ativas são mortas e o dano na planta pode ser bastante severo.


41. Quais são as espécies de eucalipto recomendadas para as regiões frias?


Atualmente, E. benthamii é a espécie comercial mais tolerante a geadas, podendo, entretanto, sob condições extremas de frio (-7,2 °C) apresentar até 100% de queima de copa, como ocorrido em Santa Catarina em 2011. A segunda alternativa é E. dunnii, espécie sensivelmente menos tolerante ao frio do que E. benthamii.


42. Qual o tipo de solo recomendado para o plantio de eucalipto?


É consensual o fato que o eucalipto não se desenvolve em solos rasos, com camadas subsuperficiais compactadas, pedregosos, com afloramentos de rocha ou, ainda, naqueles solos sujeitos a encharcamentos, independentemente da cultivar utilizada. Portanto, deve ser avaliado o tipo de solo e as condições de fertilidade no local onde se planeja realizar o plantio. Realizar o plantio de preferência em solos profundos e bem drenados, o que irá favorecer o desenvolvimento adequado das árvores.


43. O eucalipto se desenvolve bem em regiões de seca prolongada?


Nos locais de clima tropical, o estresse hídrico é o fator que mais limita a produtividade do eucalipto. Na condição tropical predominam os cultivos de eucalipto "urograndis", resultado do cruzamento entre E. grandis e E. urophylla. Na condição de clima tropical, além de E. urophylla e E. cloezianaproduzidos por sementes, podem ser cultivados clones de domínio público, como AEC 0144, mais tolerante à deficiência hídrica e outros como o GG 100 (todos esses registrados como E. urophylla), COP 1277 (híbrido E. grandis E. camaldulensis), GPC 23 (E. grandis), além de corimbias (C. citriodora).


44. Eucalipto seca o solo?

A maioria das críticas às atividades de plantios florestais com árvores de crescimento rápido não possuem nenhuma consistência técnica e se valem das falhas ocorridas na implantação dos primeiros povoamentos. Qualquer árvore que cresce em torno de 30 a 40 m de altura como o eucalipto, o jacarandá, pínus a peroba etc., quando plantadas nas proximidades de pequenos riachos poderiam baixar seu volume d´água, uma vez que as plantas possuem em torno de 80 a 85 % de água em sua composição. No entanto, é necessário respeitar a distância mínima de córregos e das cabeceiras d´água para o plantio de qualquer espécie arbórea. Em se respeitando estas distâncias, em nenhuma hipótese, o eucalipto secaria os cursos d'água.


Por outro lado, já faz mais de 50 anos que há o plantio de eucaliptos no país e em nenhum local (ao se respeitar os limites de distância comentados anteriormente) secou o solo. A cada sete anos é renovado o plantio do eucalipto na mesma área e ela produz do mesmo jeito. Inclusive se quiser mudar para qualquer outra cultura ela se desenvolverá muito bem nos locais em que foram plantados no eucalipto.


45. Quais os benefícios que plantio de eucalipto proporciona para o solo?


A floresta de eucalipto, como qualquer floresta, regula melhor a queda ao solo e o escoamento da chuva, regulando o ciclo de água na microbacia onde está inserida a floresta. Uma parte da água da chuva sequer chega ao chão, pois fica retida nas copas e troncos, outra parte escoa de forma suave através da superfície do solo, sem formar grandes enxurradas, outra parte ainda penetra no solo e depois vai ser absorvida pelas raízes ou transita pelo lençol freático até o corpo de água mais próximo. Sabe-se muito bem, que é muito melhor se ter um bosque de eucalipto para regular o ciclo de águas do que uma pastagem deteriorada, onde a compactação do solo e a ausência de vegetação acabam fazendo com que as chuvas se transformem em torrenciais enxurradas e se afastem do solo do local, indo causar turbulentos fluxos de água nos rios, provocando enchentes.


46. Qual a espécie de eucalipto mais plantada no Brasil?


É o Eucalyptus grandis. A maior área de plantio com esta espécie e seus híbridos está no Brasil e em outros países da América Central e do Sul. Tem sido extensivamente plantado na Índia, África do sul, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, Uganda e Ceilão. Pequenas áreas também têm sido plantadas nos Estados Unidos (Califórnia, Flórida e Havaí).


47. Qual é a região recomendada para plantio de Eucalyptus grandis?

O clima da região de ocorrência natural dessa espécie é, de modo geral, quente e úmido, variando entre:


• temperatura média máxima do mês mais quente: 24-32 °C;



• temperatura mínima do mês mais frio: 3-17 °C;



• temperatura média anual: 14-22 °C;



• precipitação média anual: 690-2.480 mm.


48. Quais regiões o Eucalyptus grandis não desenvolve bem?


Não é recomendado para zonas de baixa altitude, em decorrência de suscetibilidade a uma série de doenças fúngicas . O cancro é uma das doenças que mais causam perdas na cultura do eucalipto. É causado pelo fungo Chrysophorte cubensis que afeta com maior frequência plantios em áreas com temperaturas médias ≥ 23 °C e precipitação anual ≥ 1.200 mm. A doença pode causar a morte em plantas com menos de um ano de idade. Em plantas com mais de dois anos, os sintomas são o aparecimento de áreas afundadas no tronco e/ou rachaduras de casca que podem evoluir para lesões profundas circundadas por calos. O cancro pode causar grandes prejuízos, devido à queda qualitativa e quantitativa na produção.

Um dos principais fatores climáticos que limitam o desenvolvimento da cultura é a geada. A capacidade de se aclimatar a geadas é limitada para E. grandis  com possibilidade de ocorrência de danos severos. A aclimatação pode ocorrer com temperaturas menores que 5 °C algumas semanas antes da ocorrência de geadas severas. No entanto, geadas que ocorrem após períodos de temperaturas elevadas causam geralmente danos severos e podem até mesmo matar árvores adultas. A região litorânea, com clima mais quente e úmido também é pouco recomendada, porque está sujeita a problemas de infestação de doenças fúngicas, como o cancro do eucalipto.



49. Qual a espécie de eucalipto com maior tolerância a geadas no Brasil?


Eucalyptus benthamii é considerado tolerante a geadas e se desenvolve em regiões com temperatura média anual de até 14,5 °C. A espécie apresenta bom desenvolvimento, é bastante tolerante a geadas e, por essas razões, tem sido extensivamente plantada em regiões subtropicais do Brasil, Uruguai, Argentina, China e na África do Sul. No entanto, seu uso ainda é restrito a geração de energia.


50. Quais as condições de solo e chuvas recomendadas para o Eucalyptus benthamii no Brasil?


A espécie prefere solos localizados em relevo plano ou em encostas com declividade pouco acentuada, de textura argilosa e com profundidade variando de 50 a 150 cm, onde as precipitações médias anuais estão entre 1500 e 1900 mm e distribuem-se uniformemente ao longo do ano.


51. Qual a espécie que apresenta melhor crescimento e também tolerância às geadas?


No Sul do Brasil, o Eucalyptus dunnii tem se destacado pelo rápido crescimento, uniformidade dos talhões e resistência a geadas não muito severas. O plantio comercial é indicado para altitudes entre 500 e 1.000 m, onde a ocorrência de invernos rigorosos é fator limitante a muitos outros eucaliptos. Entretanto, as regiões de maior altitude são consideradas marginais para o estabelecimento de plantios com E. dunnii, pois são áreas com ocorrência de geadas severas onde, principalmente nos dois primeiros anos os danos podem ser consideráveis.


52. Existem variedades de Eucalyptus híbridos no Brasil?


Eucalyptus urograndis, por exemplo é um híbrido entre E. grandis e E. urophylla. Os híbridos originais foram gerados naturalmente no Brasil pela proximidade de áreas experimentais. A clonagem desse híbrido tornou-se muito importante para o estabelecimento de plantios comerciais no Brasil, porque é tolerante ao cancro causado pelo Cryphonectria cubensis e por sua marcante produtividade, onde volumes individuais com casca podem alcançar anualmente mais de 50 m³/ha. O E. urograndis é recomendado para áreas tropicais porque pode sofrer danos com geadas leves. A precipitação é um dos fatores que mais influenciam a produtividade de E. urograndis.


53. Quais são as formas de produção de mudas de eucalipto?


Existem basicamente duas técnicas para obtenção de mudas: a produção de mudas por sementes e por meio de estaquia. Atualmente, é mais prático para o produtor adquirir mudas já prontas, em vez de produzir suas próprias.


54. Como são produzidas as mudas por meio da estaquia?

São mudas produzidas geralmente por brotações de cepas de árvores adultas ou a partir de mudas de clones já selecionados anteriormente, que possuem boas qualidades, como: bom crescimento e/ou resistência a pragas e doenças. Estas mudas terão as mesmas características da árvore das quais foram retiradas, e são chamadas de clones. Ao utilizar mudas produzidas com esta técnica, o produtor tem maior controle sobre as características de suas árvores, porém, geralmente as mudas são mais caras. Mudas de clones são indicadas para se obter madeira de melhor qualidade ou para quem pretende implantar plantios comerciais de alta produtividade. No entanto, para que mudas de clones sejam boas, é preciso que se tenha certeza que elas foram avaliadas em plantios com condições de clima e solo similares aos do futuro local de plantio.


O conhecimento dos métodos de produção de mudas é importante para orientação no momento da compra e para avaliar a qualidade das mudas. Para implantação de pequenas áreas, a compra de mudas é a forma mais barata e prática quando comparada à opção de produção própria.


55. Quais as principais características de uma boa muda de eucalipto?

Recomenda-se como padrão de muda apta ao plantio, os seguintes parâmetros:


• Altura da parte aérea: 15 a 25 cm (mudas por sementes).



• Diâmetro de colo: > 2 mm



• Sistema radicular ocupando toda a área interna do tubete, com  bom desenvolvimento e coloração branca.


56. Parâmetros para avaliar viveiros de boa qualidade.

Viveiros de produção de mudas florestais devem apresentar as seguintes características:


• boa insolação e ventilação;



• drenagem natural satisfatória;



• disposição dos canteiros, cujo comprimento deverá estar preferencialmente no sentido norte-sul ou, pelo menos, com face norte (mais quente, ensolarada e protegida do vento sul);



• canteiros livres de ervas daninhas;



• sementes devem ser oriundas de procedência qualificada;



• práticas de seleção e de descarte de mudas;



• estar cadastrado nos órgãos legisladores competentes.


57. Quais os cuidados que devemos ter quando for realizar um plantio de eucalipto?

Antes de implantar um plantio florestal de eucalipto, é preciso elaborar um planejamento cuidadoso, definindo primeiramente qual será o objetivo do plantio das árvores. Neste planejamento deve constar necessariamente a finalidade do plantio e o destino da produção (se para celulose, energia ou para uso múltiplo), bem como uma análise do mercado consumidor.


No campo, o sucesso de um plantio depende do uso de técnicas adequadas, como a escolha da espécie correta, a limpeza da área e preparo do solo, a escolha do método de plantio mais conveniente e de tratos culturais e controle de pragas e doenças realizadas no momento adequado. O plantio deve ser feito no período em que não haja deficiência hídrica no campo.


58. Quais os fatores que devemos considerar no planejamento do plantio?


O planejamento é fundamental, principalmente quando o plantio é realizado em áreas extensas. Neste caso, a localização de estradas ou caminhos de acesso ao interior do plantio, o tamanho e a distribuição dos talhões devem ser definidos antes de se iniciarem as operações de preparo do terreno para o plantio. Talhões são áreas geralmente retangulares, divididas por estradas ou faixas de terra sem vegetação, denominadas aceiros (que também servem como proteção dos talhões contra incêndios). Os talhões devem ser dimensionados com no máximo 300 m de largura e comprimento variando de 500 a 1000 m. Estas ações e a delimitação dos talhões facilitarão a colheita e a retirada da madeira, as operações de plantio, os tratos culturais, o controle de erosão, pragas e doenças e, principalmente, a prevenção e o combate ao fogo.


59. Para que servem os aceiros?


Os aceiros são faixas de terreno sem vegetação, onde o solo mineral é exposto. Estes separam os talhões e servem de ligação às estradas de escoamento da produção, e prevenção e combate a incêndios. Eles são distribuídos na área de acordo com as necessidades de proteção. Os aceiros podem ser internos, com largura de 4 a 5 m ou de divisa, com largura de 15 m.


60. É necessário fazer análise de solo onde será realizado o plantio?


A análise de solo é fundamental para verificação das condições de fertilidade do solo, sendo que seus resultados serão utilizados como base para recomendação de adubação. É importante realizar a amostragem de solo de maneira correta, de forma que seja uma amostra representativa das condições da gleba ou porção do terreno que será avaliado.


61. Como se deve fazer a análise de solo?

A amostragem de solo deve seguir alguns passos importantes:


• Dividir a propriedade em glebas homogêneas, conforme as diferenças do terreno, ou seja, de acordo com o relevo (topografia), histórico de uso da área, cobertura vegetal, uso atual do solo, cor e textura do solo;



• Para cada gleba devem ser coletadas amostras em separado;



• Em cada gleba, coletar 15 a 20 subamostras de solo no terreno, colocando as subamostras dentro de um balde;



• A coleta das subamostras deve ser feita em diferentes partes da mesma gleba, de forma que seja uma amostragem representativa das condições de fertilidade da área.



Deve-se caminhar em "zigue-zague" por toda a área, coletando de forma aleatória em diferentes pontos do terreno.


62. Qual a profundidade de coleta das amostras?

A profundidade de coleta de amostras de solo para espécies florestais é de 0-20cm e 20-40 cm.


Em alguns casos pode-se amostrar também de 40-60 cm a fim de verificar possíveis camadas subsuperficiais compactadas. Para plantas de lavoura, geralmente utiliza-se o padrão de 0-20 cm de profundidade.



• Homogeneizar ou misturar manualmente as subamostras dentro do balde;



• Coletar uma amostra composta, em torno de 500 g de solo;



• Colocar em um saco plástico, fechado;



• Colocar identificação: dentro e fora do plástico. Dentro pode-se colocar uma identificação com papel escrito a lápis e fora escrever com caneta especial no próprio plástico, etiquetar com fita adesiva ou "amarrar" uma etiqueta de plástico;



• Informações básicas necessárias para identificação da amostra: nome do produtor, localização da gleba na propriedade (pode-se colocar algum ponto de referência, exemplo: parte alta da propriedade, próximo a casa, etc...), data de coleta, e se possível, para maior exatidão, as coordenadas geográficas da gleba amostrada (não inviabiliza a amostragem, mas facilita a identificação com precisão pelo técnico).

• Encaminhar a um laboratório de análise de solos na região ou solicitar auxílio da assistência técnica.



63. Como devo preparar o solo para o plantio?

O solo das áreas destinadas ao plantio florestal deve receber cuidados especiais, visto que dele dependerá, em grande parte, o resultado econômico da atividade. O principal objetivo do preparo do solo é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo.


No caso de áreas que foram utilizadas anteriormente com cultivos agrícolas, recomenda-se, pelo menos na linha de plantio, o uso de subsolador para romper a camada compactada, com profundidade variando de 30 a 60 cm, dependendo do tipo de solo. Em solos argilosos, a profundidade deverá ser maior. Nas áreas utilizadas com pastagem, há a necessidade de rompimento da compactação superficial formada pelo pisoteio do gado.


64. Como preparar o solo em áreas onde já existiam plantios florestais?

Em áreas anteriormente ocupadas por plantios florestais, a colheita mecanizada e o transporte da madeira colhida, principalmente em solos argilosos, provocam a compactação do solo. Nestes casos, recomenda-se o preparo do solo na linha de plantio, pelo uso de subsolador ou pelo cultivo mínimo. A manutenção dos resíduos da colheita na superfície do solo é um procedimento poderoso na redução da compactação do solo pela colheita mecanizada, na redução da erosão e na manutenção da fertilidade do solo.


DICA: quanto mais a área de plantio estiver sujeita à erosão (solo exposto, declividade acentuada, ocorrência frequente de chuvas fortes, etc.), menor deve ser a intensidade de preparo do solo.



65. É possível preparar o solo para plantio manualmente?

Sim. O preparo do solo pode ser mecanizado ou manual, dependendo da topografia e/ou das condições do produtor. O preparo mecanizado aplica-se onde a topografia é plana. O preparo manual é adotado em áreas declivosas, em situações onde não é viável o uso de máquinas agrícolas ou quando o produtor não possuir implementos adequados. No caso de preparo manual, recomenda-se a aberturas de covas maiores, com profundidade, largura e comprimento de pelo menos 30 cm x 30 cm x 30 cm. Existem no mercado opções de implementos mecanizados portáteis que podem facilitar as operações em áreas declivosas.



66. Quais os espaçamentos utilizados para plantios de eucalipto?


O espaçamento ou densidade de plantio é, provavelmente, uma das principais técnicas de manejo que visa à qualidade e produtividade da matéria-prima. O espaçamento adotado para o plantio influencia o crescimento das árvores, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as práticas de manejo e, consequentemente, os custos de produção. Normalmente os plantios são executados com espaçamentos variando no intervalo de 4 m2 a 9 m2 por planta. Os menores espaçamentos produzem árvores de menores diâmetros. Os espaçamentos mais amplos são adotados quando se dispõe de material genético de melhor qualidade e espera-se obter madeira para serraria, com maior valor agregado à madeira. São usados, geralmente, onde não existe mercado compensador para árvores de menores diâmetros.
Os espaçamentos de 3 m x 2 m e 3 m x 3 m são os mais adotados em plantações extensivas.


67. Como se calcula o número de mudas necessárias para o plantio?

O número de mudas necessárias para um plantio florestal dependerá basicamente de três fatores:


- Área do plantio;



- Espaçamento a ser utilizado;



- Mortalidade das mudas.



Por exemplo:
Um produtor quer implantar um pequeno plantio para aproveitar uma área de 3 ha de sua propriedade. Ele optou por usar o espaçamento 3 m X 2 m, e conseguiu mudas que, segundo o fornecedor, tem aproximadamente 8% de mortalidade.

1º Calcula-se a área total em metros:

    1 ha = 10.000 m²
    3 ha = 30.000 m²
2º Calcula-se a área ocupada por cada muda:
    Espaçamento 3 m x 2 m = 6 m²
3º Divide-se a área total do plantio pela área ocupada por cada muda:
    30.000 m² / 6 m²= 5.000 mudas para 3 ha ou 1.666,66 mudas por ha
4º Considera-se a mortalidade:
    Das 5.000 mudas, foi estimada uma mortalidade de 8%. Portanto, para que após a mortalidade ainda restem 5.000 mudas, é
    necessário que se adquira 400 mudas a mais, que servirão para o replantio.


68. Quais são os métodos para realizar o plantio?

O plantio pode ser mecanizado, manual ou semimecanizado.


• Plantio mecanizado ou semimecanizado: adota-se onde o terreno é plano, possibilitando o uso de plantadoras tracionadas por tratores. No sistema semimecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizadas, mas o plantio propriamente dito é manual.



• Plantio manual: é adotado em áreas declivosas ou em situações onde não é possível o uso de máquinas agrícolas. Existem coveadoras mecânicas portáteis e plantadeiras manuais que facilitam o plantio manual, mesmo nestas condições.


69. Quais os cuidados devemos tomar com as mudas na ocasião do plantio?


Para prevenir o crescimento irregular das mudas, deve-se atentar para que a extremidade da raiz não fique curvada na hora do plantio. Do contrário, a raiz poderá ficar estrangulada, comprometendo o desenvolvimento da planta, e podendo provocar sua morte em longo prazo. Outro cuidado importante a ser tomado é não deixar as raízes muito tempo expostas ao ar, pois isso provoca seu ressecamento, o que pode causar injúrias severas e mesmo matar a planta. Outro cuidado é não enterrar o caule da muda, pois isto causa o afogamento do coleto com consequente secamento e morte da muda.


70. O que se deve fazer se o solo estiver muito seco durante o plantio?


Se na ocasião do plantio não houver umidade suficiente no solo, será  necessário realizar a irrigação da muda no momento do plantio, a fim de favorecer seu estabelecimento e seu crescimento na fase inicial. Em algumas regiões, principalmente sujeitas ao deficit hídrico, pode-se utilizar o gel para plantio de mudas florestais, com o objetivo de favorecer maior retenção de umidade próxima às raízes da planta. Estes cuidados na fase inicial da muda são essenciais para permitir um adequado desenvolvimento e maiores taxas de crescimento das árvores e por isso também estão relacionados com o sucesso do plantio florestal em longo prazo.


71. O que é o replantio?


O replantio consiste na reposição das mudas mortas após o plantio. Deve-se prever, ao adquirir mudas, um percentual a mais para esta operação. Recomenda-se efetuar o replantio o mais rápido possível, sendo que o prazo máximo não deve ser superior a 25-30 dias após o primeiro plantio.


72. É necessário adubar os plantios florestais?


Os plantios florestais ocupam, geralmente, solos de baixa fertilidade natural. Por isto, recomenda-se a adubação para possibilitar uma boa produtividade. No Brasil, a adubação é uma prática intensamente utilizada na atividade florestal, principalmente nos plantios de eucaliptos. Além dos fertilizantes químicos, recomenda-se também o uso de resíduos de origem orgânica, os quais servem como fonte de nutrientes para as plantas e também como matéria orgânica para os solos. Para o eucalipto, a recomendação é feita com base em análises de textura e fertilidade do solo e da análise foliar.


73. Como é realizada a adubação na implantação do povoamento florestal?


Normalmente a adubação é realizada em duas etapas. A adubação de plantio é feita antes ou no momento do plantio. Por exemplo, em solo com médio teor de fósforo e baixo de potássio, a quantidade recomendada é 180 g por cova. Na adubação de plantio utiliza-se o adubo fosfatado (70 g de superfosfato simples por cova) e em cobertura. 30 a 40 dias após o plantio, aplica-se o nitrogênio (50g de sulfato de amônia por cova) e o potássio (60 g de cloreto de potássio por cova).


74. Existe alguma recomendação para adubação de manutenção?


A adubação de manutenção é recomendada para solos de baixa fertilidade. Tem por objetivo fornecer potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) para as plantas. É realizada nos plantios com idade entre 2,5 e 3 anos por meio da aplicação de 90 kg por hectare de cloreto de potássio (ou aproximadamente 50 g por planta), e aproximadamente 2 toneladas de calcário por hectare. Em solos com altos teores de cálcio e magnésio, a adubação de manutenção é realizada apenas com o cloreto de potássio.


75. O que são os "tratos silviculturais"?


Os tratos silviculturais são as práticas necessárias para favorecer o adequado desenvolvimento das árvores e o máximo rendimento de madeira, principalmente em sistemas de plantio que visam à produção de madeira para serraria. Podemos citar como principais práticas silviculturais: adubação, controle de pragas, controle de plantas daninhas, desrama e desbaste das árvores. Por ser um cultivo menos tradicional, quando comparado com lavoura e pecuária, muitas vezes o agricultor deixa de realizar estas práticas fundamentais, o que acaba prejudicando o rendimento final da madeira. O início do plantio, quando as árvores estão com menor desenvolvimento (em fase de muda), é o período mais crítico onde as práticas silviculturais são essenciais (adubação, controle de plantas daninhas), mas algumas práticas devem ser aplicadas principalmente em plantas adultas.


76. O que é manejo de florestas plantadas?


Resumidamente, é a aplicação dos métodos de negócios e dos princípios da técnica florestal para auxiliar na tomada de decisão das operações numa propriedade florestal. Tem a principal finalidade de planejar tudo que se relaciona com a utilização dos plantios florestais.


77. Quais os principais cuidados em relação ao manejo?

Geralmente, plantios destinados à produção para serraria requerem mais cuidados no manejo, pois estão relacionados à obtenção de árvores de maior diâmetro e melhor qualidade de madeira, sendo necessários mais cuidados com a execução de desrama e desbaste, por exemplo. Por outro lado, plantios de árvores destinados a obtenção de lenha e carvão requerem espaçamentos menores, sem a necessidade de desbastes e com adubação diferenciada para favorecer seu rápido crescimento, com maior acúmulo de biomassa em menor tempo.


Desbastes em idades e intensidades ideais, aliados a desrama, são práticas necessárias para obter maior rendimento de madeira, principalmente quando destinadas para diferentes finalidades, como serraria e desdobro.


78. Porque se deve podar os galhos das árvores dos plantios florestais destinados à produção?

A poda dos galhos, denominada tecnicamente de desrama, deve ser realizada até determinada altura do tronco para melhorar a qualidade da madeira, pois elimina a formação de nós provocados pelos galhos não retirados. A madeira sem nó apresenta maior qualidade e normalmente é melhor remunerada pelas serrarias.


Em plantios puros, o momento correto de iniciar a desrama é quando as copas das árvores começarem a se tocar, geralmente na fase em que inicia a competição entre as plantas por luminosidade, e também quando forem observados ramos secos no tronco.



Em sistemas silvipastoris, o critério para iniciar a desrama é quando mais de 60% das árvores atingirem 6 cm de diâmetro à altura do peito (DAP= 1,30 m do solo), sendo realizada a desrama deste ponto para baixo. Não se deve realizar a desrama antes da árvore atingir este diâmetro mínimo, pois pode atrasar o crescimento da árvore no sistema silvipastoril, em virtude da diminuição do volume da copa.


79. Qual é a intensidade da desrama?


É sempre importante manter um volume de copa de, no mínimo, 40 a 60 % da altura total da árvore, a fim de favorecer a manutenção de um volume de copa adequado para fotossíntese e crescimento da planta.


80. Quantas desramas podem ser feitas?


Depende também das condições de mercado e do tamanho da tora destinada a madeira "clear" (sem nó). Quando as árvores estiverem com maior desenvolvimento, a altura de desrama dependerá da altura de tora que se pretende obter sem nó (exemplo: até 5,80 m de altura), ou tamanho da tora que se queira destinar para venda em serraria, onde a qualidade da madeira influencia no preço pago pelo produto.


81. Qual a melhor forma de se realizar a desrama?

É muito importante realizar os cortes rentes à superfície do tronco, evitando a presença de tocos de galhos e ferimentos, pois estes podem servir de entrada para pragas e doenças. A desrama realizada de maneira adequada evita a presença de nós na madeira, agregando valor ao produto destinado à serraria.


Para isso é muito importante:

• Utilizar ferramentas adequadas: tesouras de poda, podões ou serrotes para plantios florestais acoplados a um suporte para facilitar os cortes em maior altura, ou mesmo tesoura elétrica;

• Evitar ferimentos no tronco, pois estes podem servir de entrada para pragas e doenças;


• Realizar os cortes rentes à superfície, a poucos milímetros do tronco;



•  Evitar deixar "tocos" ou pequenas porções do ramo podado no tronco;



•  De maneira semelhante à prática de desbaste, desramar árvores envolve custos. Assim, o produtor deve analisar em sua região se haverá mercado que remunere madeira "clear" ou sem nó.


82. O que são desbastes?


Os desbastes consistem em colheitas antecipadas e parciais das árvores, a fim de diminuir a população original e o número de árvores por área. Esta prática favorece a entrada de maior luminosidade e aumenta a disponibilidade de água e nutrientes, favorecendo o crescimento das árvores remanescentes.


83. Porque devemos realizar desbastes?


Com esta prática de manejo, pode-se melhorar o produto final e a rentabilidade econômica do povoamento. Outra vantagem do desbaste é a possibilidade de antecipar a renda e o retorno econômico para o produtor, sendo uma alternativa interessante também para plantios em pequenas áreas e para possibilidade de usos múltiplos da madeira. Os desbastes são mais recomendados para plantios de eucalipto destinados a madeira de serraria, pois permitem a obtenção de árvores com maior diâmetro em longo prazo. Também proporcionam uma renda alternativa durante o cultivo, por meio da renda da madeira oriunda do desbaste, normalmente empregada para geração de energia ou na construção civil.

Existem vários tipos de desbaste e combinações que devem ser estabelecidos para cada plantio e finalidade da madeira, sendo necessária a busca por profissionais habilitados para obter uma recomendação técnica mais detalhada para cada caso.



84. Quais os tipos de desbastes?

Os principais sistemas de desbaste que podem ser aplicados às áreas de plantio são:


• Desbaste seletivo;



• Desbaste sistemático;



• Desbaste misto.


85. O que é desbaste seletivo?

O desbaste seletivo consiste em retirar as árvores com menor desenvolvimento, atacadas por pragas ou doenças e/ou árvores com menor diâmetro e altura, de forma a manter na área as árvores com maior altura, diâmetro e sadias, pois apresentam maior potencial de crescimento e maior rendimento de madeira em longo prazo.


Um exemplo de desbaste seletivo é a cada 10 plantas na linha retirar-se 3 árvores com menor desenvolvimento, procurando retirar de maneira mais uniforme possível, ao longo da área, para evitar a formação de clareiras (o que diminui a quebra de ramos pelo vento) e manter o espaçamento o mais uniforme possível. Removem-se as menores árvores do povoamento (desbastes "por baixo"). Tanto o diâmetro quanto a altura podem ser usados como variáveis na escolha das árvores a serem removidas, como as árvores com menor desenvolvimento; as atacadas por pragas ou doença e as árvores com baixo desenvolvimento e/ou bifurcadas.


86. O que é desbaste sistemático?


O desbaste sistemático consiste em retirar as árvores de forma ordenada ou de acordo com um espaçamento preestabelecido. Por exemplo, pode-se optar por retirar uma árvore a cada três plantas na mesma linha. Ou então, remover uma fileira inteira de árvores, intercalada com outras que permanecem intactas.


87. Como fazer o desbaste misto?


O desbaste misto consiste em utilizar os dois métodos anteriormente descritos, onde se processa primeiro o desbaste sistemático e, em seguida, nas linhas remanescentes, o seletivo. Tem por objetivo deixar na área apenas as plantas com maior potencial de crescimento e com maior desenvolvimento.


88. Qual a intensidade e a frequência dos desbastes?


Existem diversos regimes de desbaste que podem ser estabelecidos, programando cortes das árvores, por exemplo, aos 6, 12 e 18 anos ou 5, 9 e 20 anos, conforme for a finalidade da produção e as possibilidades de custo/benefício em relação ao mercado, além das diversas intensidades de desbaste, como 30%, 40% ou 50% dependendo das condições de cada talhão florestal. Este regime pode ser alterado, sendo necessária uma análise local de cada sítio para determinar o melhor manejo. Atualmente, a Embrapa Florestas dispõe dos softwares SisEucalipto e Planin, que podem ser utilizados pelos produtores rurais e profissionais da área para auxiliar na tomada de decisão.


89. Quais os fatores técnicos que devemos observar quando da realização do desbaste?

No processo de desbaste, deve-se promover um bom aproveitamento dos espaços disponíveis no povoamento, evitando-se a formação de clareiras. Eventualmente, árvores menores, mas que tenham potencial para crescimento, devem ser mantidas.


Na decisão quanto à idade, ao tipo e à intensidade do desbaste a ser aplicado, devem ser levados em consideração diversos fatores, especialmente os objetivos da produção e a maximização da rentabilidade econômica. O manejo mais adequado, por meio de desbastes, varia em função de fatores como: a) qualidade do sítio (solo, clima); b) material genético plantado; c) espaçamento inicial do plantio; d) densidade atual; e) objetivo da produção.



Quando um destes fatores for alterado, o regime ideal de manejo também se altera.



Além da finalidade da produção e existência de mercado, outro critério utilizado para saber quando realizar o desbaste é quando a taxa de incremento (crescimento) de madeira começar a diminuir. A diminuição na taxa de crescimento e no incremento de madeira pode ser um indicativo da competição entre as árvores por água e nutrientes do solo, e também competição por luminosidade na parte aérea (copa) das plantas, sendo um indicativo da necessidade de desbaste.


90. Como se mede a taxa de crescimento das árvores?

Para avaliação da taxa de crescimento das árvores, pode-se fazer um acompanhamento por amostragem em parcelas permanentes, medindo-se uma vez por ano (sempre no mesmo mês) o diâmetro à altura do peito (DAP a 1,30m) e a altura das árvores, os quais são necessários para calcular o volume total de madeira.


O cálculo de volume de madeira da árvore em pé pode ser feito pela seguinte fórmula:

V = h x DAP2 x 0,7854 x f
• V = volume da árvore (m3);
• h = altura da árvore (m);
• DAP = diâmetro do tronco à altura do peito, medido a 1,30 m do solo (m);
• 0,7854 = divisão π/4;
• f = fator forma (comum entre 0,4 a 0,5 em eucalipto).


A partir do cálculo de volume de diversas árvores (parcela amostral) pode-se calcular:



• o incremento corrente anual (ICA), que refere-se ao crescimento em volume ocorrido no período de um ano;
• o incremento de madeira médio anual (IMA), que refere-se ao resultado da divisão do volume pela idade da floresta.


91. Existe algum outro critério para a realização de desbastes?


Além do inventário florestal, é necessário também fazer uma análise econômica do plantio e do preço pago pela madeira na região, a fim de auxiliar na tomada de decisão do desbaste. Ou seja, o ponto ótimo de corte para o desbaste também deve coincidir com a maior rentabilidade econômica do plantio. Por isso, para auxílio na amostragem e nesta tomada de decisão, recomenda-se buscar assistência técnica especializada.


92. É necessário controlar plantas daninhas em plantios florestais?


A competição por água, luz e nutrientes prejudica o crescimento inicial das árvores, comprometendo o incremento potencial de madeira. Além das perdas causadas pela competição, a vegetação indesejada nos plantios provoca problemas nos tratos silviculturais como desrama, desbaste, e também na colheita. A presença de plantas daninhas aumenta o custo dessas operações e por isso algumas empresas florestais optam por manter os plantios limpos durante toda a rotação florestal. Embora as perdas sejam variáveis em função de fatores de clima e solo, em casos extremos de competição a redução no crescimento chega a 80% aos três anos, com redução na altura de 50%, e no diâmetro de 35%, em termos médios.


93. Quais são as principais plantas daninhas nos plantios de eucalipto?


As braquiárias são bastante competitivas, especialmente em áreas anteriormente destinadas à pecuária. Outras plantas como as dos gêneros Ipomea(corda-de-viola), Cynodon (grama-seda) e Digitaria (capim-colchão) têm potencial para exercer alta competição. Em áreas anteriormente cultivadas com culturas anuais, plantas dos gêneros Bidens (picão-preto), Eleusine (capim pé-de-galinha) e Euphorbia (leiteira, amendoim-bravo) são problemas mais comuns.


94. Por quanto tempo se deve controlar as plantas daninhas nos plantios florestais?

À medida que as árvores crescem, a competição com as plantas daninhas diminui, em função do sombreamento e aprofundamento parcial das raízes. Assim, a necessidade de controle do mato diminui com o aumento da idade do plantio. Entretanto, para definir até quando o controle deve ser realizado, são feitos estudos de competição para definição do período em que as árvores devem ser protegidas da interferência das plantas daninhas.


De forma geral, a competição inicia entre 14 e 28 dias após o plantio e o  período final de controle varia entre 12 a 18 meses. A partir dessa idade, a necessidade de controle diminui, embora em casos de alta infestação, sobretudo com gramíneas dos gêneros Panicum e Brachiaria, ainda sejam necessárias práticas de manejo de plantas daninhas.


95. Quais os métodos de manejo de controle das plantas daninhas?


Existem os métodos de controle cultural, físico e químico.


96. Quais são as formas de controle cultural de plantas daninhas em plantios florestais?


Os métodos de controle cultural podem ser:

• Preventivo
Este método consiste em práticas simples que impedem a disseminação e estabelecimento de espécies potencialmente daninhas para os plantios. A limpeza dos equipamentos que foram utilizados em áreas infestadas e aquisição de mudas livres de plantas daninhas no substrato são exemplos. O método preventivo é indicado, principalmente, para áreas de plantio ou reforma que não contenham plantas daninhas altamente competitivas.


• Consórcio com lavouras anuais
Consiste da prática de cultivar lavouras anuais na entrelinha do eucalipto em seus estágios iniciais de crescimento. Este cultivo é realizado normalmente até o segundo ano, dependendo das condições de sombreamento. O plantio consorciado de eucalipto com culturas como milho, feijão, espécies forrageiras ou adubos verdes (aveia, ervilhaca, guandu, crotalária) apresenta bons resultados. No caso do cultivo de forrageiras nas entrelinhas, é importante manter uma faixa limpa nas linhas de plantio do eucalipto, para que não ocorra competição entre as espécies.



• Pastejo
É considerado um dos métodos mais antigos de controle de plantas daninhas. Os sistemas silvipastoris são formas de aproveitar a vegetação que cresce sob as árvores e mantê-las em densidade satisfatória.


97. Quais são as formas de controle físico de plantas daninhas em plantios florestais?


a) Arranquio manual
Pode ser utilizado em pequenos plantios, na linha das árvores ou como complemento do coroamento feito com capinas ou de aplicação de herbicidas, a fim de eliminar plantas escapes. Espécies que se reproduzem por partes vegetativas, como estolão e rizomas, não devem ser arrancadas, pois isso aumenta sua infestação.

b) Coroamento e capina

O coroamento é a principal forma de controle do mato em plantios florestais. Trata-se da eliminação das plantas existentes em torno do local onde a muda será plantada. As formas mais comuns de realizar o coroamento são: -aplicação dirigida de herbicidas, capinas manuais e aplicação de mulching ou cobertura.
Se o plantio for feito em covas, deve-se manter um círculo de 0,5 m de raio em torno da muda livre de plantas daninhas. As mudas devem estar livres de daninhas até mais ou menos um ano de vida. Assim, o coroamento deve ser realizado quando for necessário, até o final desse período.
Quanto às capinas, elas são realizadas antes de outras práticas de manejo, como podas e adubação, além disso, favorecem o combate às formigas e diminuem o risco de incêndios nos plantios. As capinas podem ser realizadas manualmente com enxadas, enxadões e sachos ou mecanicamente com enxadas rotativas tracionadas por trator. A capina manual é utilizada em locais de declividade acentuada. Entretanto, mesmo em locais onde o acesso de máquinas é permitido, a capina manual é necessária nas linhas de plantio. As capinas mecânicas devem ser realizadas com especial cuidado em plantios jovens, devido à possibilidade de ocorrerem danos nas mudas.

c) Mulching

Nada mais é do que a prática de depositar, próximo às mudas, uma camada de um material sobre a superfície do solo, cobrindo-o. O material usado como cobertura pode ser orgânico ou inorgânico, com as características de ser permeável e opaco. Este método controla as plantas daninhas por bloquear a passagem da luz até a superfície do solo. Além do efeito de controle do mato, o mulching ajuda a conservar a umidade local pela redução da evaporação do solo.
O mulching tem um efeito complementar à capina ou aplicação de herbicidas. Por isso, esta técnica pode ser utilizada após o coroamento, garantindo o controle da vegetação por mais tempo. A duração do efeito dependerá da decomposição do material utilizado.
A espessura da camada necessária para um controle efetivo das plantas daninhas deve ter entre 5 e 10 cm, se realizada com materiais orgânicos.

d) Roçada

As roçadas são utilizadas principalmente nas entrelinhas dos plantios florestais a cada 3 ou 4 meses no primeiro ano. Não é muito utilizada na linha de plantio devido ao risco de danos às mudas. Também é comum em plantios de eucalipto a realização de roçadas cruzadas nas entrelinhas em ambos os sentidos. Esta prática reduz a quantidade de plantas daninhas próximas às mudas e favorece o coroamento com capina manual ou com herbicidas. Algumas empresas roçam os plantios anualmente, até o quinto ano.

e) Aração, gradagem e subsolagem

  Aração e gradagem são práticas utilizadas no preparo do solo em área total, antes do plantio, e suprimem as plantas daninhas. Essas operações são onerosas e não contribuem com a conservação do solo quando realizadas em área total. Por isso, foram substituídas por práticas de cultivo mínimo, como a subsolagem na linha de plantio.
Alguns subsoladores usados para plantios florestais estão sendo fabricados com dois discos de arado acoplados à haste. Esses discos mobilizam o solo e controlam as plantas daninhas na linha de plantio. A subsolagem rompe as camadas subsuperficiais de solo compactadas, o que favorece o estabelecimento adequado das mudas. Para complementar o efeito de controle, pode-se realizar aplicação de herbicida na linha de plantio ou capina manual.


98. Quais são as formas de controle químico de plantas daninhas em plantios florestais?

O controle químico de plantas daninhas é realizado por meio do uso de herbicidas, que apresentam alta eficiência e são muito utilizados em grandes plantios.


Sua aplicação pode ser feita por pulverizadores costais, de tração humana, semimecanizados, mecanizados ou autopropelidos. Os herbicidas utilizados nos plantios devem ser criteriosamente selecionados, baseado nas espécies de plantas daninhas presentes na área. Além disso, sua aplicação e dosagem devem seguir rigorosamente as informações constantes na bula dos produtos, a fim de evitar danos às plantas de eucalipto, ao meio ambiente e riscos ao aplicador.


99. Que tipos de herbicida são utilizados em plantios florestais?

Os herbicidas podem ser de ação pré-emergente, onde os produtos são aplicados ao solo antes ou logo após o plantio das mudas, mas antes da emergência das plantas daninhas, e os de ação pós-emergente, que são aplicados sobre a folhagem das plantas daninhas recém-emergidas. Neste caso, deve-se ter o cuidado de evitar a aspersão direta nas mudas das árvores.


No Brasil, existem 45 herbicidas registrados para o eucalipto. Para o esclarecimento de formas de aplicação e escolha do produto mais adequado, deve-se consultar um agrônomo ou engenheiro florestal que, após avaliação e planejamento, emitirá o receituário agronômico contendo as recomendações de aplicação.


100. Como são aplicados os herbicidas nos plantios de eucalipto?


Para plantios de eucalipto e mesmo de outras espécies florestais há diversos equipamentos que permitem a aplicação dos produtos nas linhas e entrelinhas sem afetar as mudas ou árvores jovens. Essa modalidade de aplicação é conhecida como jato dirigido. Isso é importante pois são poucos os herbicidas seletivos para o eucalipto e, ao proteger as linhas de plantio, pode-se utilizar também os não seletivos. Em aplicações em área total no período de pré-plantio são usadas barras de aspersão comuns.


101. Como é realizado o manejo integrado de controle de plantas daninhas?

Trata-se de uma estratégia que mescla os métodos de controle cultural, físico e químico, visando o desenvolvimento produtivo e ambientalmente correto.


As etapas de controle de plantas daninhas na cultura do eucalipto são:



1. Dessecação em área total no pré-plantio (herbicida dessecante)
2. Preparo do solo na linha de plantio ou coroamento (controle físico ou  herbicida dessecante)
3. Controle na linha de plantio no primeiro mês (coroamento por capina ou  herbicida pré-emergente)
4. Controle na linha em torno de 3 ou 4 meses (capina ou herbicida com  jato dirigido)
5. Controle em área total aos 6 meses (capina/roçada ou herbicida com jato  dirigido)
6. Controle em área total aos 12 meses (capina/roçada ou herbicida com  jato dirigido, conforme altura das árvores)
7. Controle em área total aos 18 meses (capina/roçada ou herbicida)
8. Monitorar a necessidade de controle baseando-se no sombreamento e  intensidade de infestação para realização de tratos silviculturais e  colheita.



Não existe um método que, sozinho, seja totalmente eficaz no controle, portanto a associação de métodos em um manejo integrado é a forma mais racional de diminuir os impactos das plantas daninhas na produção de madeira.


102. Qual é a principal praga que ataca plantios de eucalipto no Brasil?

As formigas cortadeiras são consideradas o principal problema para as florestas de eucalipto no Brasil, em especial as saúvas (Atta spp.) e quenquéns (Acromyrmex spp.).


O desfolhamento causado por formigas pode reduzir a produção de madeira no ano seguinte em um terço e, se isto ocorrer no 1o ano de plantio, a perda total pode chegar a 13% no final do ciclo de colheita. 


103. Qual é a forma de controle de formigas em plantios de eucalipto?


Para o combate às formigas, são utilizados principalmente produtos químicos na forma de iscas granuladas. No entanto, o manejo adequado dos plantios, acompanhado do monitoramento, é fundamental para o sucesso deste controle. Neste contexto, o conhecimento da espécie de formiga que ocorre na área e das características do solo, vegetação, clima, entre outras; a manutenção do sub-bosque; a inspeção prévia das áreas de plantio antes do preparo do solo; a localização dos focos de ataque e determinação dos pontos críticos de controle para direcionar os combates pós-plantio, são estratégias que poderão contribuir para minimizar os danos causados pelas formigas cortadeiras em plantações de eucalipto.


104. Como deve ser feito esse controle? (orientação sobre como escolher e colocar as iscas)

Pode ser realizado mediante aplicação de isca formicida granulada, de formicidas em pó ou dos produtos termonebulizáveis, aplicados diretamente nos formigueiros;


Realizado preferencialmente com iscas formicidas granuladas, a aplicação deve ser feita no período de tempo seco, na área onde será realizado o plantio;



Deve ser realizado 15 dias antes do preparo do solo para facilitar a localização de formigueiros e carregamento da isca pelas formigas;



Recomenda-se a utilização das iscas formicidas granuladas na dose de 5 gramas por ninho de quenquéns. No caso de saúvas, a aplicação deve ser de 10g/m2 de terra solta nos formigueiros, colocando-se as iscas ao lado de todas as trilhas.



Depois do plantio, o controle de formigas deve ser de forma localizada e realizado em até 30 dias. Posteriormente, é necessário realizar a manutenção do controle; para isso deve-se observar a presença de formigas cortadeiras e, ou de plantas cortadas, mediante a realização de inspeções semestrais, durante todo o ciclo das espécies arbóreas.


105. Quais outros insetos provocam danos em eucalipto?

- Cupins;


- lagartas desfolhadoras;



- insetos da ordem Lepidoptera, que em sua fase larval se alimentam de folhas, entre eles: Eacles imperialis magnífica (Lepidoptera: Saturniidae), Automeris spp. (Lepidoptera: Hemileucidae), Glena spp. (Lepidoptera: Geometridae), Eupseudosoma aberrans (Lepidoptera: Arctiidae), Sabulodes caberata caberata (Lepidoptera: Geometridae) e Sarcina violascens (Lepidoptera: Lymantriidae);



- besouros desfolhadores;



-  coleobrocas, que são insetos broqueadores: Platypus sulcatus (Coleoptera: Platipodidae), Phoracantha semipunctata (Coleoptera: Cerambycidae), Achryson surinamum (Coleoptera: Cerambycidae) e Mallodon spinibarbis (Coleoptera: Cerambycidae);



- Dentre os insetos que sugam a seiva e provocam danos no eucalipto podem ser citados os psilídeos, as cigarrinhas, os trips e os pulgões. Surtos de psilídeos têm ocorrido esporadicamente em diferentes regiões do Brasil, em plantios clonais, principalmente aqueles originários do cruzamento entre E. camaldulensis e E. grandis. O controle destes insetos está baseado na utilização de inimigos naturais, como fungos entomopatogênicos, insetos predadores e principalmente parasitoides.


106. Existe algum tipo de praga introduzida que causa danos em povoamento de eucalipto no Brasil?

O número de pragas detectadas no Brasil tem aumentado nos últimos anos. Algumas delas vêm causando prejuízos e aumento nos custos de produção. Além dos danos diretos às plantas, estas pragas causam sérios prejuízos devido às barreiras não tarifárias, prejudicando o comércio, principalmente a exportação de produtos in natura, tais como sementes e madeira.


Dentre as pragas introduzidas no Brasil, destacam-se os pequenos insetos, tais como: pulgões, psilídeos e microvespas. Estes se dispersam com facilidade, possuem ciclo de vida curto e muitas vezes são de difícil identificação, em função de seu pequeno tamanho.


107. Quais são as pragas introduzidas mais importantes no Brasil?

• Lagarta-parda, Thyrinteina arnobia (Stoll, 1782) (Lepidoptera: Geometridae) as pragas de maior importância econômica. A espécie T. arnobia é considerada o principal lepidóptero desfolhador das florestas de eucalipto, acarretando prejuízos consideráveis a esta cultura, pois já ocasionou danos em áreas superiores a 485.000 ha de floresta. O desfolhamento afeta o crescimento das árvores, fundamentalmente pela diminuição da área fotossintetizante, o que implica na redução da produtividade primária das árvores, podendo em caso de ataques sucessivos paralisar o seu crescimento.


• Microvespa do citriodora (Epichrysocharis burwelii): esta espécie é oriunda da Austrália e a primeira observação no Brasil foi feita em 2003, atacando plantações de Corymbia citriodora destinadas à produção de óleos essenciais. Hoje, o inseto se encontra espalhado por praticamente todas as áreas de eucalipto no Brasil. Ainda não existem dados oficiais, mas as informações da indústria indicam que a perda na produção de óleo pode variar de 30 a 80% nas folhas provenientes de plantações atacadas.



• Percevejo bronzeado - Thaumastocoris peregrinus (Hemiptera: Thaumastocoridae): nativo da Austrália, esta praga foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2008. Trata-se de uma praga com alta capacidade de dano e de reprodução rápida, o que facilita a colonização de novas áreas. As alternativas de controle desta espécie ainda estão em fase de desenvolvimento.



• Vespa da galha - Leptocybe invasa (Hymenoptera: Eulophidae): foi detectada no Brasil em 2008 em Eucalyptus  camaldulensis e alguns clones. É um inseto fitófago, cujas larvas são  encontradas no interior de galhas. A detecção e monitoramento são  realizados através de armadilha adesiva amarela, instalada do  solo no interior de plantios ou em viveiros em todas as etapas de  produção das mudas.


108. Quais são as principais doenças que ocorrem em viveiros florestais que produzem mudas eucalipto no Brasil?

• Tombamento de plântulas e de mudas: esta doença ocorre principalmente em decorrência do uso de substrato, tubetes e instalações infestados, bem como irrigação com água contaminada com esporos de fungos fitopatogênicos. Os principais fungos causadores de tombamento em eucalipto são espécies pertencentes aos gêneros Botrytis, Cylindrocladium e Rhizoctonia. Estes fungos podem atacar diferentes espécies de eucalipto.


• Mofo cinzento: esta doença ocorre em viveiros onde existe produção em alta densidade de mudas nos canteiros ou em mesas suspensas, alta umidade e temperaturas amenas. O agente causal é Botrytis cinerea, patógeno que pode atacar diferentes espécies de eucalipto. Além de causar o tombamento de mudas, o fungo ataca a parte aérea, causando a morte dos brotos ou mesmo da plântula toda.



• Mancha de Cylindrocladium: esta doença pode ocorrer em viveiros e em plantações de eucalipto. Os sintomas se iniciam com o surgimento de lesões marrom-avermelhadas nas folhas, seguido pelo secamento e queda das mesmas. O agente causal é Cylindrocladium candelabrum, também causador de tombamento de mudas.


109. Quais são as medidas de controle das doenças nos viveiros florestais que produzem mudas de eucalipto no Brasil?

Considerando que a atual produção de mudas de eucalipto está baseada no sistema de canteiros suspensos, a adoção de medidas de higiene e práticas culturais permite que haja um bom controle e se minimize o uso de defensivos agrícolas. Assim, devem ser tomados os seguintes cuidados:


• Ter um responsável técnico pelo viveiro (engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal);



• Sempre que possível, utilizar mesas suspensas para manter os tubetes a pelo menos 1 m de altura do solo ou recobrir o chão com cimento e brita ou material equivalente;



• Manter os recipientes e caixas de suporte dos tubetes livres de patógenos, lavando-se com jato de água corrente e depois em solução de hipoclorito com 800 ppm de cloro ativo e novamente em água limpa;



• Usar sementes limpas, sadias e certificadas;



• Usar água de irrigação pura, de preferência de poço artesiano ou tratada, para não levar qualquer agente fitopatogênico ao viveiro;
• Usar substratos naturalmente isentos de fungos fitopatogênicos ou considerados estéreis;



• Seleção e descarte de folhas doentes e de mudas mortas, tão logo surjam nos canteiros;



• Manter um adequado sistema e regime de irrigação para impedir a ocorrência de falta ou excesso de água;



• Manter um bom espaçamento entre mudas para permitir um bom arejamento destas e dificultar o surgimento de doenças e sua disseminação;



• Evitar sombreamento excessivo de mudas;



• Aplicar adubação equilibrada nas mudas;



• Somente aplicar fungicidas em situações extremas, de acordo com um diagnóstico de qual fungo está causando a doença e somente com os produtos registrados para a cultura do eucalipto.


110. Quais são as principais doenças que ocorrem em plantios de eucalipto no Brasil?

• Mancha de Mycosphaerella, causada por fungos dos gêneros Mycosphaerellae e Teratosphaeria. Esta doença pode ocorrer particularmente em folhas de Eucalyptus dunnii. Os sintomas se iniciam com o surgimento de lesões acinzentadas nas folhas, que secam e caem. Pode causar sérios danos em árvores pesadamente infectadas, pela desfolha e redução no crescimento de plantas.


• Ferrugem: esta doença ocorre em mudas e árvores jovens, com até 2 anos de idade, em diferentes espécies de eucalipto. O agente causal é Puccinia psidii. Os sintomas da doença em mudas são similares aos observados em árvores jovens. A ferrugem causa redução no crescimento de mudas e árvores, estas últimas apresentando deformação no ponteiro e com perda de qualidade da madeira serrada. Os danos mais sérios são observados em Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna e no híbrido E. urograndis.



• Oídio: esta doença se inicia com a deformação e o enrugamento de folhas jovens e brotações, promovendo um aspecto acanoado das folhas adultas. O agente causal pode ser Podosphaera pannosa, Golovinomyces orontii ou Golovinomyces cichoracearum. Em plantios jovens, com até 1 ano de idade, o oídio pode provocar sintomas de envassouramento em plantas severamente atacadas, reduzindo o crescimento. Sintomas dessa doença podem ser observados em Corymbia citriodoraEucalyptus benthamii, Eucalyptus dunnii e Eucalyptus grandis.



• Cancro: esta doença se inicia com o trincamento da casca na base da árvore e morte interna da casca, promovendo o bronzeamento das folhas e a morte da copa e posteriormente da árvore. O agente causal pode ser Chrysoporthe cubensis ou Botryosphaeria dothidea. Em plantios jovens, a doença pode ser verificada em árvores com até 2 ou 3 anos de idade, reduzindo a sua produtividade. Sintomas dessa doença podem ser observados em Corymbia citriodoraEucalyptus benthamiiEucalyptus dunnii e Eucalyptus grandis.


111. Quais são as medidas de controle das doenças nos plantios de eucalipto no Brasil?

1. Escolher as espécies de eucalipto recomendadas para a região de plantio;


2. Seleção de material genético resistente;



3. Fazer o plantio com mudas sadias e rustificadas;



4. Evitar o soterramento do coleto, colocando a muda na posição correta na cova ou sulco;



5. Fazer o monitoramento dos plantios, para detectar algum tipo de anormalidade ou doença. Caso seja necessário prescrever medidas de controle, sempre consultar um Engenheiro Florestal ou Engenheiro Agrônomo.


112. Como é feita a colheita dos plantios florestais?


A colheita das árvores envolve os processos de corte, transporte e armazenamento adequados da madeira até o momento de comercialização. Existem vários sistemas de colheita de madeira, dependendo da topografia, do rendimento volumétrico dos povoamentos, do uso final da madeira, das máquinas, dos equipamentos e dos recursos disponíveis. Podem ser citados os sistemas de toras longas, toras curtas, árvores inteiras e árvores completas. Podem ser utilizadas a motosserra para cortes em plantios menores, até utilização de maquinários específicos para colheita florestal em áreas maiores.


113. Quais os principais procedimentos para derrubar as árvores de um povoamento florestal?

A colheita das árvores segue como base cinco passos técnicos fundamentais:


• Derrubada da árvore - consiste em fazer o corte de entalhe direcional em forma de cunha, com uma abertura de 30 a 45º, voltado para onde se deseja que a árvore tombe, e posteriormente feito o corte de tombo do outro lado do tronco da árvore.



Equipamentos: motosserra, habilitação para uso de motosserra e equipamentos de proteção.



• Desgalhamento - retirada dos galhos com a árvore derrubada;



• Arraste da tora - Retirada da árvore e transporte até o local de traçamento ou carregamento. Pode ser utilizado trator ou animais de tração, quando em pequenas áreas.



•  Traçamento da tora - separação das toras por comprimento e largura, a fim de facilitar o carregamento, conforme o produto final a que se destina a madeira.



• Carregamento de toras e transporte de madeira - Coloca-se as toras em caminhões para transporte de madeira. São utilizados equipamentos especializados, caminhão autocarregável ou trator com grua, sendo em alguns casos manual ou por meio de cabos de aço.


114. Quais os cuidados a serem tomados durante o corte de árvores?

Na colheita alguns cuidados essenciais devem ser tomados, como:


• utilizar equipamentos de proteção individual (EPI): luvas, calça  especial de motosserrista, coturno com biqueira de aço, capacete  com protetor facial e protetor auricular;



• durante o transporte, manter a motosserra desligada e o sabre  voltado para trás;



• realizar entalhe direcional primeiro, dando uma direção de  segurança na derrubada da árvore;



• não realizar corte de árvores em altura maior que o peito do  operador (1,30 m);



• manter motosserra sempre afiada e ajustada.



Além destes cuidados básicos, é importante sempre buscar profissionais habilitados para manuseio dos equipamentos e especializados em colheitas florestais, de forma a evitar acidentes e tornar o processo de colheita mais eficiente, de acordo com o produto desejado.


115. As colheitas florestais podem ser feitas de forma mecanizada?

Em plantios em áreas maiores, realizados por empresas florestais, onde a relação custo-benefício é favorável, a colheita geralmente é realizada de forma mecanizada, utilizando maquinário específico e agilizando a colheita florestal de forma mais rápida e eficiente:


• fellerbuncher (derrubada das árvores);



• skidder (arraste das árvores);



• harvester (derrubada e processamento das toras);



• forwarder (baldeio);



• carregador florestal (expedição dos produtos para caminhão).


116. Em pequenas áreas, é possível processar a madeira na própria propriedade?

Uma das alternativas para os agricultores com plantios em pequenas áreas é realizar o processamento prévio da madeira na propriedade, por meio de serrarias móveis que possibilitam o desdobro das toras em tábuas e caibros, com maior valor de mercado. Também permitem o processamento prévio da madeira para utilização dentro da propriedade, principalmente em construções rurais.


Antes da colheita, é importante realizar um planejamento, a fim de facilitar a operacionalização e logística desta atividade, direcionando a colheita e selecionando os melhores talhões, conforme o produto ou destino final da madeira.


117. Existe alguma forma de aumentar o tempo da vida útil de mourões de madeira de eucalipto?

Existe um método denominado substituição de seiva. Essa tecnologia permite a pequenos, médios ou grandes produtores diversificarem e agregarem valor aos produtos oriundos dos recursos florestais. O agricultor poderá produzir mourões seja para suprir as próprias necessidades, seja para a comercialização, em pequena escala, da madeira preservada. O método da substituição de seiva, também conhecido como método da transpiração radial, consiste em substituir a seiva da madeira ainda verde pela solução preservativa.


Mourões tratados corretamente podem durar entre 10 e 15 anos.



É necessário que se observem todas as normas de segurança e todos os cuidados preconizados pelo método.


118. Com é feito o preparo dos mourões para tratamento preservativo de mourões pelo método de substituição de seiva?

1. Os mourões devem ser verdes, abatidos no máximo 24 horas antes do início do tratamento. Devem, ainda, ser roliços, com no máximo 15 cm de diâmetro e 2,5 m de comprimento, e terem as extremidades cortadas em chanfro ou bisel.
As cascas dos mourões devem ser removidas antes do tratamento;

Dicaalgumas ligeiras pancadas com martelo ao longo da peça podem facilitar a remoção da casca.



2. Com uma escova de aço, raspa-se a base do mourão que será imersa na solução preservante, até cerca de 80 cm de altura, para facilitar a absorção;



3. Mede-se o diâmetro da base para cálculo de volume de solução a ser absorvido durante o tratamento.



119. Quais são os ingredientes que compõem a solução para o tratamento preservativo de mourões, pelo método de substituição de seiva?

Preparar uma solução a 2,5 %, em peso, com os ingredientes com as seguintes dosagens:

• Dicromato de potássio ou sódio 1000 g
• Ácido bórico 650 g
• Sulfato de cobre 880 g
• Ácido acético 25 ml
• Água 100 l


A proporção dos ingredientes é de grande importância e, portanto, não deve ser alterada em nenhuma hipótese.
Para que haja uma total dissolução, diluir os produtos na água, agitando sempre, e nunca se deve colocar a água sobre os produtos.

Para cálculo do volume de solução a ser absorvido pelos mourões utiliza-se os valores de diâmetro e comprimento medidos, conforme o exemplo:

Para tratar um total de 9 mourões, todos com 2,20 m de comprimento, sendo que 5 deles têm diâmetro de 10 cm e os outros 4 têm diâmetro de 11 cm.



No quadro vê-se que o volume de solução a ser absorvido por um mourão de 2,20 m de comprimento e 10,0 cm de diâmetro é igual a 9,4 L e por um mourão com 11,0 cm de diâmetro é 11,4 L. Portanto, o volume total de solução preservativa que deverá ser absorvida pelos 9 mourões será: (5 x 9,4) + (4 x 11,4) = 92,6 L. Colocam-se todos os 9 mourões no recipiente e adiciona-se a solução preservativa. Repõe-se o volume de solução absorvida diariamente e anotam-se os respectivos valores. Deixam-se os mourões absorvendo a solução por tempo suficiente até que a soma dos volumes repostos seja igual a 92,6 L.


120. Qual é a forma mais eficiente para a condução do tratamento  preservativo de mourões, pelo método de substituição de seiva?

1. Colocam-se os mourões inclinados com as suas bases dentro do recipiente de tratamento e a parte superior apoiada em suportes. Os mourões devem ficar bem espaçados para permitir boa ventilação de todas as peças e o recipiente de tratamento deve ficar protegido da chuva;


2. Adiciona-se a solução preservativa de forma que atinja uma altura entre 35 e 80 cm, dependendo da altura do recipiente. Esse nível deverá ser mantido até o final do tratamento;



3. Adiciona-se um pouco de óleo queimado (cerca de 300 ml é suficiente) para formar uma película de óleo sobre a superfície da solução e evitar uma evaporação não desejada de água;



4. Verifica-se o nível da solução no recipiente com os mourões, repondo diariamente o volume absorvido. Anotam-se os volumes repostos para controle do teor de produtos impregnados na madeira. O tempo necessário para a absorção da solução dependerá, entre outras coisas, da temperatura e umidade do ar, assim como da ventilação dos mourões, podendo variar de 7 a 40 dias. Depois de completar o volume ideal de absorção de solução, pode-se virar os mourões de cabeça para baixo a fim de favorecer a penetração de solução no topo;



5. Depois disso, os mourões deverão ser empilhados à sombra e protegidos de chuva por pelo menos 40 dias, para secagem e fixação dos ingredientes ativos das soluções preservativas, e para reduzir ao mínimo as rachaduras. Os mourões com rachaduras muito severas poderão apresentar uma durabilidade menor.


121. Quais os cuidados a serem tomados com os produtos químicos no tratamento preservativo de mourões, pelo método de substituição de seiva?

O preservativo é formulado com compostos tóxicos e, portanto, deve ser manuseado com os mesmos cuidados dispensados aos inseticidas e fungicidas:


1. Guardar o preservativo e a solução fora do alcance de crianças e animais domésticos;



2. Evitar contato prolongado com a pele; usar luvas de borracha para proteger as mãos;



3. Não fumar ou alimentar-se durante as operações de tratamento sem antes lavar cuidadosamente as mãos;



4. Lavar a roupa de serviço após cada dia de uso;



5. Evitar aspirar o produto ou o pó de serragem da madeira tratada;



6. Lavar as mãos após a manipulação do produto e banhar-se ao fim do dia;



7. Proteger os olhos contra respingos; se eles forem atingidos, lavá-los com abundância de água corrente;



8. Em caso de acidente, consultar urgentemente um médico;



9. Jamais descartar os ingredientes e/ou solução preservativa em cursos d'água ou no solo. Guardar o restante para ser adicionado a uma nova solução preservativa ou colocar alguns mourões para absorver totalmente a sobra.


122. Quais as precauções com a madeira tratada pelo método de substituição de seiva?


A madeira tratada jamais poderá ser utilizada na construção de recipientes para uso com água ou alimentos, seja para consumo humano ou animal. Nunca utilizar a madeira tratada como tábuas para corte de alimentos, colmeias para abelhas, cocho para água e ração, e construções para armazenamento de ensilagem, feno ou de alimentos. A madeira tratada não deve ser queimada em fogueiras, lareiras, fogões, churrasqueiras ou fornalhas. Quando necessário, sua queima deverá ser realizada em incineradores especiais, de acordo com as normas estaduais e federais.


123. Qual a importância ecológica das Áreas de Preservação Permantente - APPs e da Reserva Legal - RL nos estabelecimentos rurais?

É importante considerar na propriedade rural a função ecológica das APPs e RL:


• na preservação e conservação da biodiversidade;



• preservação da flora e fauna;



• conservação de recursos naturais (solo e água) em propriedades rurais e na região;



• função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora;



• funções de proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;



Todos estes itens impactam de maneira positiva as propriedades rurais. Nem sempre seu valor é mensurado pois não existe recurso econômico envolvido diretamente, mas um recurso imensurável que são os serviços ambientais que beneficiam as propriedades.


124. O que são ecossistemas degradados?


Um ecossistema degradado é aquele que perde a sua capacidade de recuperação natural após distúrbios ou intervenções.


125. Como é possível recuperar os ecossistemas degradados?


A recuperação de ecossistemas degradados (RED) é uma atividade regida por princípios técnicos, que exige planejamento e acompanhamento técnico ao longo do tempo. Para que a recuperação ambiental tenha sucesso, são essenciais as práticas de manejo, bem como utilizar as combinações de espécies florestais nativas adequadas a cada região. É necessário respeitar as características edafoclimáticas (clima e solo) e as características de cada propriedade rural no planejamento do plantio das espécies nativas.


126. Quais as formas para recuperar ecossistemas degradados?


Existem diferentes formas ou métodos para recuperação de ecossistemas degradados, dentre os quais podemos citar a proteção ou isolamento das áreas a serem recuperadas, o plantio de espécies florestais nativas realizado de forma planejada (talhões facilitadores), limpeza seletiva, poleiros (com e sem galharias) e plantios de cobertura parcial (em renques de árvores ou pequenos bosques). Também existem métodos de plantios mistos, contendo espécies nativas e exóticas de forma consorciada, que podem ser alternativas para as áreas de reserva legal.


127. Quais as alternativas de plantios florestais, além do monocultivo?

Muitos produtores têm adotado o plantio de espécies florestais em sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris, que são sistemas alternativos de produção de madeira, aliados à produção pecuária e agrícola na mesma área.


Os sistemas agrossilvipastoris, atualmente denominados também como sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), são estratégias de uso da terra que permitem a diversificação da produção e renda na propriedade rural, visando à sustentabilidade econômica, social e ambiental. Envolvem atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado. Estes sistemas são alternativas para se trabalhar com o componente florestal em propriedades rurais em conjunto com outras atividades agropecuárias.


128.  Além da diversificação da produção, em que outros aspectos os sistemas de produção integrados podem influenciar o uso da terra?

• na integração dos sistemas de produção (sustentabilidade);


• modificações das condições relacionadas ao microclima (proteção contra geadas, ventos frios, granizo, altas temperaturas, radiação);
• possibilidade de conforto térmico e proteção dos animais (sombra);



• controle da erosão do solo quando implantado em curvas de nível e associado a práticas conservacionistas do solo;



• auxílio na recuperação de pastagens degradadas, com planejamento forrageiro;



• serviços ambientais (fixação de carbono, ciclagem de nutrientes, biodiversidade);



• adequação à tendência do mercado mundial (certificação e  produção sustentável).


129. O sistema silvipastoril é rentável economicamente?

A introdução do componente florestal no sistema agropecuário é também uma alternativa para incorporar a produção de madeira ao empreendimento e obter renda oriunda do componente florestal. Entretanto, são sistemas que necessitam de planejamento, manejo e adequação às condições de cada local de cultivo.


A madeira oriunda deste sistema pode ser utilizada principalmente para serraria, com maior valor agregado, quando planejada e manejada para este fim. Pode ser utilizada também para carvão e lenha, construção civil, entre outros usos, conforme as condições do mercado regional. As principais práticas de manejo florestal também envolvem a qualidade da muda, controle de formigas e plantas daninhas, adubação, desrama e desbaste.



Em relação ao gado, o conforto proporcionado aos animais possibilita o aumento de produtividade, além da melhoria da qualidade das forrageiras.


130. Quais são os cuidados com o manejo de plantios florestais em sistemas de integração?

Por ser tratar de um sistema dinâmico, que vai se modificando ao longo do tempo em virtude do crescimento das árvores, é fundamental o planejamento do arranjo espacial. A definição do espaçamento entre renques  (filas)e da densidade de árvores por hectare são fundamentais para o sucesso deste sistema. Também é necessário realizar a desrama e o desbaste das árvores visando a regulação de luminosidade para os componentes não arbóreos (gado, forrageiras e lavouras) do sistema, bem como para favorecer a taxa de crescimento das melhores árvores e a produção de madeira.


Para planejamento e detalhamento técnico dos plantios florestais, deve-se sempre consultar a assistência técnica de profissionais habilitados, como engenheiros agrônomos, engenheiros florestais, biólogos e técnicos agrícolas ou agropecuários habilitados e com experiência na área florestal.


131. Onde encontrar mais informações sobre o cultivo de eucalipto?


Na Infoteca da Embrapa (acesse aqui), onde é possível realizar buscas por palavras-chave e encontrar publicações técnicas a respeito da cultura e no sistema de produção de eucalipto no portal da Embrapa (acesse aqui).

Na Secretaria de Agricultura de seu município ou Estado, bem como nas empresas de assistência técnica e extensão rural. Por fim, a consultoria com engenheiros agrônomos ou florestais capacitados.

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