sábado, 29 de julho de 2017

Pragas da Alfafa

O reconhecimento das principais pragas da cultura da alfafa pode ser realizado por meio da chave de identificação (Figura 1) e das características mais facilmente visualizáveis.



Figura 1. Chave para identificação de pragas da cultura da alfafa.
Fonte: Bueno et al. (2011).

A seguir serão mencionadas as principais pragas da cultura da alfafa (BUENO et al., 2011):
Pulgões
São as pragas de maior importância econômica na alfafa por causa da sua capacidade de reprodução e de causar danos à cultura.  Formam colônias nas folhas e caules da planta, onde convivem indivíduos de diferentes idades. Na sua maioria, são pulgões sem asas; insetos com asas aparecem quando a colônia está muito grande e outras plantas devem ser colonizadas para perpetuação da espécie.
No Brasil, são encontradas quatro espécies de pulgões que causam danos à cultura da alfafa e cada uma delas tem preferência por determinada condição climática. São elas:
a) Pulgão-manchado-da-alfafa (Therioaphis trifolii forma maculata) – Possui coloração verde e é facilmente diferenciado dos demais pulgões da alfafa por conter fileiras de manchas escuras no dorso, de onde saem pequenos pelos (Figura 2A). Ele se desenvolve bem sob condições de tempo quente e seco; os picos populacionais estão relacionados com temperaturas em torno de 25 °C, mas desde que a precipitação semanal esteja abaixo de 50 mm. Ninfas e adultos dessa espécie sugam a seiva das folhas e das hastes e são numerosos na parte mais baixa da planta e no lobo inferior das folhas.
b) Pulgão-da-ervilha ou pulgão-verde-da-alfafa (Acyrthosiphon pisum) – Esse pulgão tem coloração verde brilhante e antenas com manchas escuras no final de cada segmento (Figura 2B). Suas pernas são longas e os sifúnculos (duas estruturas pontiagudas presentes na parte posterior do corpo) são bastante afilados. Sua maior ocorrência está associada com temperaturas entre 16 ºC e 18°C, acompanhadas de escassez de chuva. Entretanto, A. pisum é tolerante a altas temperaturas, tendo sido registrados picos populacionais sob temperaturas iguais a 23 °C. As ninfas dessa espécie vivem frequentemente escondidas em folhas enroladas e por isso passam despercebidas.
c) Pulgão-azul-da-alfafa ou pulgão-verde-azulado (Acyrthosiphon kondoi) – Essa espécie possui coloração verde azulada e os indivíduos alados têm uma mancha marrom no tórax. Apresentam os três primeiros segmentos das antenas claros e os demais vão escurecendo de forma gradual até o último, que é negro e de menor tamanho (Figura 2C). As maiores populações desse pulgão estão relacionadas à ausência de chuvas e a temperaturas que variam entre 16 ºC e 22°C. A espécie A. kondoi prefere os brotos apicais, alojando-se sobre o caule e sobre as folhas. Grandes quantidades de “mela” estão associadas com as infestações desse pulgão.
d) Pulgão-das-leguminosas (Aphis craccivora) – As ninfas desse pulgão são de coloração verde-escura e os adultos são pretos brilhantes com pernas brancas. Embora essa espécie esteja relacionada com períodos de seca prolongada e altas temperaturas, já foi constatada a ocorrência de pico populacional a 18 °C. Essa espécie forma colônias muito densas nas hastes das plantas (Figura 2D). Danos: Os pulgões sugam a seiva das plantas e injetam saliva tóxica, deixando as folhas severamente amareladas, provocando deformação e enrugamento das folhas e brotos, além do encurtamento dos entrenós, nas hastes. Esses insetos liberam uma substância adocicada onde cresce um fungo preto denominado fumagina, prejudicando a fotossíntese. Desse modo, as plantas reduzem a produção de folhas e, consequentemente, a de forragem e de feno, podendo ser mortas. A maior sensibilidade da alfafa ao ataque de pulgões ocorre no início da rebrota.
Outra consequência grave do ataque de pulgões à alfafa é o fato de muitas espécies agirem como vetores de importantes viroses, que limitam a produção da planta: o mosaico-da-alfafa, e o mosaico-das-enações. Os indivíduos com asas aumentam a dispersão dos vírus (BLACKMAN e EASTOP, 1984; SOUZASILVA et al., 1998; LECLANT et al., 1973).
Fotos: Fernando Daniel Fava


Figura 2. Pulgões que causam danos às plantas de alfafa: pulgão-manchado Therioaphis trifolii forma
maculata (A), pulgão-da-ervilha Acyrthosiphon pisum (B), pulgão-azul Acyrthosiphon kondoi (C) e
pulgão-das-leguminosas Aphis craccivora (D).

Lagartas
A ocorrência de lagartas na alfafa também pode ser bastante importante, porque esses insetos consomem folhas, diminuindo a produção de massa vegetal, produto de maior interesse na planta por parte dos agricultores e pecuaristas. Várias são as espécies de lagartas presentes na cultura, embora a grande maioria ocorra principalmente em outros cultivos e somente esporadicamente na alfafa.
Lagarta-da-alfafa (Colias lesbia pyrrhothea) – É a única que tem a alfafa como planta hospedeira principal. Os adultos possuem variações de cores que vão desde o branco até o alaranjado, passando por vários tons de amarelo. Suas lagartas alimentam-se de folhas, de flores e de hastes finas da alfafa; consomem as áreas entre as nervuras das folhas, deixando as nervuras intactas. Os danos mais severos estão relacionados às plantas com menos de 15 cm de altura, onde o corte foi realizado recentemente. Machos e fêmeas se diferenciam pela coloração (Figura 3).
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 3. Fase jovem (A) e adulta – fêmea e macho (B) da lagarta-da-alfafa Colias lesbia pyrrhothea.


Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) – Quando pequenas, as lagartas raspam as folhas e causam a formação de manchas claras; à medida que crescem, as lagartas destroem as folhas totalmente, podendo danificar também hastes terminais (Figura 4).
Fotos: Fernando Daniel Fava
Figura 4. Fase jovem (A) e adulta (B) da lagarta-da-soja Anticarsia gemmatalis.

Lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda) – Apesar de ocorrer com maior frequência no milho e outras gramíneas, consome folhas novas da alfafa; em ataques intensos, pode-se notar até 300 lagartas por metro quadrado (ARAGÓN e IMWINKELRIED, 1995) (Figura 5).
Fotos: Fernando Daniel Fava
Figura 5. Fase jovem (A) e adulta (B) da lagarta-do-cartucho-do-milho Spodoptera frugiperda.

Curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) – Essas lagartas são mais comuns em gramíneas, das quais podem migrar em grande quantidade para a alfafa. Isso pode tornar-se um problema em áreas voltadas para a criação de bovinos e em áreas de outros cultivos próximas a pastagens. A lagarta é reconhecida por se locomover como se estivesse medindo palmos, tal como Rachiplusia nu, outra espécie que também pode atacar a alfafa (Figura 6).
 
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 6. Fase jovem (A) e adulta (B) do curuquerê-dos-capinzais Mocis latipes; fase jovem (C) e
adulta (D) de Rachiplusia nu.

Broca-das-axilas (Epinotia aporema) – Quando pequena, tem aspecto gelatinoso e o hábito de unir as folhas ou flores das extremidades da planta com fio de seda, alimentando-se delas. Nas hastes, abrem galerias, provocando o secamento de ramos e de folhas na extremidade da planta (Figura 7A,B).
Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) – Insetos que seccionam as plantas, principalmente as mais novas, na região do caule próxima ao solo. Têm hábito noturno e, durante o dia, permanecem enroladas e abrigadas no solo (Figura 7C).
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 7. Fase jovem (A) e adulta (B) de Epinotia aporema; adulto de Agrotis ipsilon (C).

Besouros
Os principais besouros que causam danos à alfafa são:
a) Gorgulho-da-alfafa (Naupactus leucoloma ou Pantomorus leucoloma) – O adulto tem cabeça prolongada, cor cinza claro, com listra branca nas laterais das asas; medem de 8 mm a 12 mm de comprimento (Figura 8A). Suas larvas têm corpo branco amarelado, sem pernas, cabeça grande e com coloração castanha.
Durante a fase larval, vivem no solo e se alimentam de raízes (Figura 8B).
b) Brasileirinho ou patriota (Diabrotica speciosa) – Os adultos vivem sobre as plantas e têm coloração verde com pintas amarelas (Figura 8C). Suas larvas vivem no solo, são brancas e finas, sendo conhecidas como larvas-alfinete.
c) Vaquinha (Epicauta atomaria) – O adulto é um besouro de coloração cinza com pontos pretos distribuídos sobre as asas; medem de 10 mm a 15 mm de comprimento (Figura 8D). Sua presença em alfafais é atribuída à proximidade de cultivos de soja, de feijão ou de guandu.
Danos: O brasileirinho adulto alimenta-se de folhas mais tenras, deixando-as com pequenos orifícios; a vaquinha E. atomaria destrói as folhas da planta, deixando-as apenas com as nervuras. Ambas causam diminuição da área fotossintética e queda na produção. Os danos causados pelos adultos são maiores em alfafais em fase de estabelecimento. As larvas do gorgulho e do brasileirinho atacam a região de crescimento das raízes, causando a morte de plantas recém-emergidas. Os danos às raízes de plantas de alfafa, além de diminuírem a produtividade e a longevidade do cultivo, constituem portas de entrada para fungos que contribuem para o aumento dos danos provocados. Sua importância aumenta em áreas de plantio direto, com solos escuros, ricos em matéria orgânica e úmidos.
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 8. Besouros pragas da alfafa: gorgulho-da-alfafa adulto Naupactus leucoloma (A) e seus
danos nas raízes (B), brasileirinho Diabrotica speciosa (C) e vaquinha Epicauta atomaria (D).

Cigarrinha-verde
Tratam-se de insetos pequenos, sugadores, com 3 mm de comprimento e dotados de movimentos rápidos. Os adultos são de coloração verde e as ninfas, menores, de coloração amarelo-esverdeada (Figura 9). As formas jovens têm o hábito de se locomoverem lateralmente e são facilmente encontradas na superfície inferior das folhas. Nos EUA, sua ocorrência está associada a clima quente e seco.

Danos: Tanto os adultos como as ninfas da cigarrinha-verde succionam a seiva da planta, deixando-a amarelada, com crescimento reduzido e folhas com bordos enrolados para baixo ou arqueados; sinais que são muito semelhantes aos de viroses.
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 9. Cigarrinha adulta sugando folha de alfafa e deixando sinais da saliva tóxica nas folhas.

Tripes
São insetos muito pequenos (0,5 mm a 13 mm), com corpo delgado e dois pares de asas franjadas longas e estreitas. Na Argentina, a espécie mais frequentemente encontrada é Caliothrips phaseoli (Figura 10); as espécies de maior ocorrência nos EUA são Caliothrips fasciatus, Thrips tabaci e Frankliniella occidentalis.
Danos: Essas espécies causam prejuízos diretos, por se alimentarem de plantas, ou indiretos, por serem vetores de vírus de plantas. Durante a alimentação, os tripes raspam os tecidos das folhas e sugam a seiva extravasada, causando deformação e crescimento desigual dos tecidos em torno da lesão, os quais ficam com aparência enrrugada.
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 10. Tripes Caliothrips phaseoli: ninfas (A); adultos (B); sintomas verificados nas folhas de alfafa
atacadas pela praga (A-B).

Ácaros
Esses têm sido cada vez mais frequentes nos cultivos de alfafa do Rio Grande do Sul. Algumas espécies, como o ácaro manchado Tetranychus urticae formam colônias na superfície inferior das folhas, onde também deixam seus ovos, colocados em uma teia tecida com fios de seda semelhantes aos de uma aranha. As ninfas e os adultos são muito pequenos (Figura 11).
Danos: Em consequência da alimentação do ácaro, aparecem pequenas áreas esbranquiçadas na parte superior das folhas, que com o passar do tempo se tornam amareladas; danos graves incluem a queda das folhas. Plantas altamente infestadas têm aparência amarelada e podem ficar atrofiadas. A redução na produção é maior quando a alfafa está crescendo ou quando as infestações ocorrem no início do ciclo de corte.
Fotos: Fernando Daniel Fava

Figura 11. Presença de teias com ácaros Tetranychus urticae (A) e sintomas verificados nas plantas de
alfafa atacadas pela praga (B).

Controle das principais pragas

Em razão principalmente do seu uso como forragem na alimentação animal, deve-se evitar o controle químico de pragas na cultura da alfafa, optando-se por outros métodos. Atualmente, não há registro de inseticidas químicos para uso na cultura da alfafa junto ao Ministério da Agricultura. Os métodos recomendados são:

a) Preventivos
– Uso de cultivares resistentes;
– Manejo racional do mato, evitando plantas espontâneas que abrigam as mesmas pragas da alfafa.
b) Culturais
– Uso de curvas de nível em áreas declivosas para evitar a perda da fertilidade do solo e, consequentemente, manter as plantas mais saudáveis e capazes de reagir ao ataque de insetos fitófagos.
– Priorização de adubos nitrogenados de solubilização lenta porque os de rápida disponibilização deixam a planta mais suscetível ao ataque de insetos sugadores.
– Controle do excesso de água que pode causar estresse nas plantas, deixando-as sem defesas para reagir ao ataque de pragas.
– Escalonamento dos cortes de alfafa para manter os inimigos naturais nas áreas de cultivo. Assim, os predadores e parasitoides da área cortada podem se refugiar nas áreas onde a alfafa não foi cortada, controlando as pragas.
c) Físicos
– Antecipação do corte ou do pastejo quando os insetos-praga estiverem iniciando o ataque pode controlar o aumento de determinada praga na área.
d) Biológicos
– Preservação de áreas de refúgio diversificadas para manutenção dos inimigos naturais. Estas áreas podem ser matas ou faixas com diferentes plantas inseridas entre as áreas de plantio.
– Uso de inseticidas biológicos como aqueles à base de bactéria Bacillus thuringiensis para controle de lagartas ou besouros, ou dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae para vaquinhas e cigarrinhas. O fungo Nomuraea rileyi tem ocorrência natural em campos de cultivo e a presença de lagartas flácidas e com bolor branco na sua superfície pode ser indício de sua presença.
– Manutenção do parasitismo natural: pulgões com aspecto inchado e de coloração muito mais clara que os demais podem estar parasitados por microvespas que os consomem internamente, matando-os.
Por se tratar de uma cultura perene, a alfafa forma um agroecossistema relativamente estável em que inimigos naturais podem se estabelecer. Assim, predadores e parasitoides, juntamente com outros fatores, como temperatura e precipitação, são componentes que apresentam um papel importante na redução das populações de pragas. Insetos que agem como agentes reguladores da população de pragas (inimigos naturais) podem ser facilmente visualizados pelos agricultores, que não devem confundi-los com as pragas. O reconhecimento deles é fundamental para o sucesso do controle biológico natural. Na Tabela 1, são apresentadas as pragas da alfafa e seus predadores e parasitoides mais comuns, e existem publicações que podem auxiliar os agricultores nesse processo (SILVA et al., 2013).
Tabela 1. Pragas da cultura da alfafa e seus predadores e parasitoides mais comuns.
 
PragasInimigos Naturais
PulgõesPredadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae, Nabidae e Anthocoridae, além das joaninhas (Coccineliidae); larvas de Chrysopidae e Syrphidae.
Parasitoides: Microvespas (Aphidiidae).
 
LagartasPredadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae, Nabidae e Anthocoridae.
Parasitoides: De ovos (Trichogrammatidae) e de lagartas (vários).
BesourosPredadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae e Nabidae; e joaninhas (Coccineliidae); larvas de Chrysopidae.
Parasitoides: Microvespas (várias).
Cigarrinha-verdePredadores: Percevejos jovens e adultos das família Nabidae e Anthocoridae; larvas de Chrysopidae.
Parasitoides: Microvespas (várias).
















Outro ponto a ser levado em conta no controle de pragas da alfafa é o fato de ela necessitar, obrigatoriamente, de insetos para a sua polinização. É muito importante o conhecimento das relações entre os métodos de controle e os agentes polinizadores, principalmente quando se visa produzir sementes. A abelha comum (Apis mellifera), a mamangava (Xylocopa brasilianorum) e a irapuá (Trigona spinipes) foram relacionadas como as espécies mais comumente associadas à polinização de alfafa no Brasil.




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terça-feira, 25 de julho de 2017

Doenças da Alfafa



Doenças

As doenças provocam perdas econômicas de dois tipos: perdas diretas e perdas indiretas. As perdas diretas envolvem decréscimo da produtividade, causado pela mortandade de plantas ou pela diminuição do vigor, e redução da qualidade da forragem, provocada pelas manchas foliares e ou pela desfolha. As perdas indiretas compreendem diminuição do valor nutricional da forragem causada pela perda e pela degradação dos compostos químicos de alto valor nutricional (proteínas, açúcares, lipídios e vitaminas), presença de micotoxinas, diminuição na nodulação, aumento da susceptibilidade ao ataque de insetos e proliferação de plantas daninhas agressivas (GIECO e BASIGALUP, 2011).
As doenças da alfafa são ocasionadas por um amplo espectro de fitopatógenos, o qual inclui fungos, bactérias, vírus, fitoplasmas e nematoides. Dentro desse conjunto de organismos, os fungos são responsáveis pela maioria das doenças de importância econômica.
A seguir, serão detalhadas as principais doenças que atacam a alfafa, descrevendo-se o agente causal, as condições que predispõem à doença, a sintomatologia e as medidas de controle.

Murcha fusariana

Agente causal: Fusarium oxysporum. Esse fungo sobrevive na forma de clamidósporos, no solo, e de micélio, nos restos de tecidos vegetais, e pode permanecer no solo por muitos anos sem perder sua capacidade de infecção.
Condições que predispõem à doença. Solos soltos e com boa drenagem, com conteúdo hídrico moderado, constituem as condições ideais para o patógeno; complementarmente, temperaturas elevadas durante o verão favorecem seu desenvolvimento e sua disseminação. Os ferimentos na raiz causados por insetos do solo ou por nematoides são uma via de entrada para o patógeno, incrementando a incidência da doença.
Sintomas. A folhagem das plantas severamente afetadas pela doença exibe cor verde-amarelada a parda. Também se observam talos curtos, rebrotes basais escassos e evidente diminuição na velocidade de rebrote após o corte ou após o pastejo. Se for praticado um corte transversal na raiz, observa-se coloração parda, na forma de anel, originada pela necrose dos tecidos vasculares e, com o avanço da doença, essa necrose pode afetar todos os tecidos radiculares (Figura 1). No alfafal, a infecção se distribui de forma irregular, dispersando-se em focos ou em manchas grandes.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 1. Murcha fusariana (Fusarium oxysporum).

Podridão úmida das raízes

Agente causal: Phytophthora megasperma. É um fungo de solo, que sobrevive por longos períodos na forma de oósporos e é capaz de infectar a alfafa após vários anos de rotação com outras culturas. Embora a infecção possa ocorrer em qualquer época do ano, a manifestação dos sinais da doença e os maiores danos se observam principalmente na primavera e em outonos úmidos.
Condições que predispõem à doença. Solos com baixa fertilidade, alto conteúdo de argila, baixa drenagem e percolação lenta favorecem o movimento dos oósporos, órgãos de disseminação do patógeno, nos períodos de chuva abundante. Noutros casos, o alagamento produzido pela sistematização ineficiente das áreas irrigadas também favorece o surgimento do patógeno.
Sintomas. Morte de plântulas durante o enraizamento (damping off), por necrose da raiz e ou da base do talo. Nas plantas adultas, os sinais característicos se localizam nas raízes, onde se observam lesões pardas de margens difusas e geralmente situadas na inserção das raízes laterais (Figura 2). Essas lesões provocam, primeiramente, a morte das radicelas e, no final, a morte da raiz principal, na altura onde a drenagem do solo se encontra interrompida.

Foto: Jorge Omar Gieco


Figura 2. Podridão úmida das raízes (Phytophthora megasperma).

Corchose

Agente causal: Xylaria spp. Mesmo que a infecção se produza no primeiro ano de vida da planta, necrosando as raízes laterais, os sinais geralmente se fazem visíveis a partir do segundo ou do terceiro ano de cultivo.
Condições que predispõem à doença. A idade da planta (mais de dois anos) é um dos fatores que determinam a sensibilidade maior ao patógeno. O dano mecânico causado pelos cortes em baixa altura ou pelas feridas produzidas na coroa por pisoteio durante o pastejo favorece a penetração de Xylaria spp.
Sintomas. Embora não manifeste sinais na folhagem, a ausência de rebrote ou o seu atraso são indicativos da presença da doença. Os sinais típicos se localizam na raiz e na coroa, onde é possível observar podridão seca (cancro), com aspecto de cortiça, que é característico, com ausência de raízes laterais (Figura 3). Uma vez iniciada a doença, o cancro cresce devagar e vai adquirindo coloração parda clara a cinzenta. Geralmente, as áreas brancas correspondem ao micélio do patógeno. À medida que a doença progride, o cancro aumenta de tamanho e termina por se desprender da raiz. Por último, as plantas afetadas morrem e são completamente invadidas pelo micélio do fungo, que adquire no final coloração verde-oliva a preta.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 3. Corchose (Xilaris spp.).

Cancro radicular

Agente causal: Rhizoctonia solani. Não produz esporos e é identificada somente pelas características de seu micélio. Em meio de cultura, produz micélios de cor branca a marrom-escura. As células são multinucleadas. As hifas têm espessura de 4 μm a 15 μm e tendem a ramificar em ângulo reto. Próximo à base da ramificação, na nova hifa, há um septo e uma leve constrição, sendo essas características importantes na diagnose. Esse patógeno tem elevado número de hospedeiros, alta capacidade saprofítica e, além disso, sobrevive no solo na forma de escleródios. Esses escleródios germinam e formam aglomerados de hifas na superfície do hospedeiro. Penetram no tecido vegetal, e as hifas se desenvolvem inter e intracelularmente, liberando enzimas pectolíticas que atuam, principalmente, na lamela intercelular, desintegrando o tecido.
Condições que predispõem à doença. Os maiores danos ocorrem em condições de alta umidade e de alta temperatura do ar e do solo.
Sintomas. Nas raízes, especialmente na raiz principal e nos pontos de inserção de raízes secundárias, surgem lesões elípticas, deprimidas, de coloração marrom-clara, frequentemente com os bordos mais escuros do que a parte central. Se a lesão circundar a raiz, a planta morre. Na podridão de coroa, surgem lesões de coloração marrom nas gemas e nos novos brotos abaixo da linha do solo. Com o progresso da moléstia, gemas e brotos morrem e o fungo invade a coroa, impedindo novas brotações. Lesões côncavas, de marrons a esbranquiçadas, desenvolvem-se na base das hastes, podendo circundá-las e matá-las (Figura 4).
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 4. Cancro radicular (Rizoctonia solani).

Complexo de podridão da coroa e da raiz

Agente causal. É um complexo de fungos de várias espécies, entre os quais podem-se enumerar Rizoctonia solani, Fusarium oxysporum, Colletotrichum trifolii. A esse conjunto de fungos, geralmente, se agregam outros organismos - tanto patogênicos (bactérias e nematoides) como saprofíticos - que interagem com o ambiente, sinergicamente, para produzir a podridão da coroa e da raiz.
Condições que predispõem à doença. Tanto a presença de feridas na coroa ou na raiz, por diversos motivos (gorgulhos, cortes frequentes em baixa altura, pisada de animais etc.), como condições de estresse que possam afetar a planta (doenças foliares, deficiência nutricional etc.) favorecem a propagação da doença.
Sintomas. A doença é de lenta evolução e inicia-se com o aparecimento de áreas necrosadas na coroa de cor parda; a seguir, se estende ao tecido cortical da raiz. Conforme a doença avança, a necrose se expande pela coroa e faz diminuir o número de brotações basais e o vigor da planta. Mesmo assim, não se nota a presença de sinais na folhagem, mas a ausência ou o retardo das brotações basais são indicativos da presença da doença. Nas plantas com mais de três anos afetadas é comum observarem-se cavidades na parte superior das raízes ou na coroa (Figura 5).
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 5. Complexo de podridão da coroa e da raiz (CPCR) (Rizoctonia solani, Fusarium oxysporum,
Colletotrichum trifolii).

Mancha foliar amarela

Agente causal: Leptotrochila medicaginis. No final do verão e no início do outono, o fungo forma sobre as folhas mortas seus órgãos de frutificação (apotécios), os quais, após a hibernação, liberarão os ascósporos na primavera seguinte, quando esses se encarregarão de iniciar a infecção.
Condições que predispõem à doença. Primaveras e outonos frios e úmidos, ou períodos de chuvas abundantes, seguidos de dias nublados, favorecem o desenvolvimento e a dispersão do patógeno. O atraso do aproveitamento do alfafal (corte ou pastejo) também aumenta a incidência da doença.
Sintomas. Os danos na planta começam nos folíolos, com pequenas manchas de cor amarelada, que crescem em tamanho até invadir boa parte da folha, seguindo em geral o percurso das nervuras e formam manchas amarelas com aparência de “V”, constituindo uma área pardo-clara na região central (Figura 6). Sob condições favoráveis, ocorre desfolha.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 6. Mancha foliar amarela (Leptotrochila medicaginis).

Míldio

Agente causal: Peronospora trifoliorum. Esse fungo sobrevive no inverno nos tecidos vegetais vivos mas somente frutifica em condições de obscuridade e elevada umidade; o vento e a chuva são os principais agentes de disseminação. Por ser um parasita recalcitrante, não se desenvolve nos meios de cultivo in vitro.
Condições que predispõem à doença. Primaveras e outonos frios e úmidos favorecem o surgimento e a proliferação do patógeno.
Sintomas. Pode produzir dois tipos de infecção – a local e a sistêmica. Quando a infecção é local, aparecem nos folíolos setores cloróticos e sem cor, que posteriormente tornam-se, no avesso, de tonalidade cinzenta, em razão da concentração de estruturas reprodutivas (conidióforos) do fungo (Figura 7). Quando a infecção é sistêmica, o patógeno invade talos, gemas e folhas completas. Os talos infectados adquirem maior diâmetro e apresentam entrenós mais curtos, produzindo com frequência brotação terminal ramificada, com as folhas sobrepostas na forma de roseta. As margens das folhas completamente infectadas curvam-se para baixo. Nos alfafais recentemente plantados e sob condições muito favoráveis, o míldio pode provocar a morte das plântulas (damping off).
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 7. Míldio (Peronospora trifoliorum).

Mosaico da alfafa

Agente causal: Alfalfa mosaic virus (AMV). As partículas virais adotam duas formas: uma semelhante a um bacilo (baciliformes) e outra semelhante a uma bengala (variforme). Na realidade, trata-se de um complexo viral constituído por diversas raças de AMV, com diferenças no poder de infecção e em outras características. Esse complexo pode infectar mais de 200 espécies de plantas, mas aparentemente a alfafa é o hospedeiro predileto para a maioria das raças que constituem o complexo. O patógeno é transmitido por diversos insetos vetores de doenças, mas a transmissão também pode ocorrer por meio das sementes e do pólen.
Condições que predispõem à doença. Embora se suspeite que o AMV possa ser transmitido por todas as espécies de afídeos que atacam a alfafa, o pulgãoverde (Acyrthosiphon pisum Harris) é o seu vetor mais importante. Assim, como consequência, as condições que favorecem a proliferação do inseto também ajudam na difusão da doença. Durante os últimos anos, observou-se nas áreas de alfafa crescente presença de tripes (Thrips spp., Frankliniella spp. e Caliotrips spp.), que também poderiam ser vetores do AMV.
Sintomas. O sintoma clássico é a clorose ou amarelecimento internerval, que pode ser acompanhado por redução no crescimento, notadamente das brotações novas, com encarquilhamento de folhas e de pecíolos (Figura 8). Algumas estirpes podem causar necrose das raízes e morte de plantas com genótipo suscetível. Os sintomas são mais pronunciados em condições de temperatura amena e ficam mascarados ou até desaparecem durante o verão.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 8. Mosaico da alfafa (Alfalfa mosaic virus – AMV).

Antracnose

Agente causal: Colletotrichum trifolii. Esse fungo sobrevive de um ano para o outro no talo, nas coroas e nos restos vegetais mortos na forma de acérvulos.
Condições que predispõem à doença. Temperatura e umidade relativa elevadas favorecem o ataque do patógeno, por isso, é frequente observar as primeiras plantas afetadas após o primeiro corte da primavera. A maior incidência da doença é verificada no verão e em outonos úmidos. Até que se utilize o alfafal, o desenvolvimento da folhagem exerce sombra suficiente para aumentar as condições de umidade na região inferior da parte área da planta, o que facilita a germinação dos esporos e a posterior penetração do patógeno nas plantas. Sob essas condições, os danos podem ser muito severos, a ponto de produzir-se necrose completa dos talos e da coroa.
Sintomas. No terço inferior dos talos, observam-se lesões elípticas de cor parda e de bordas escuras, nas quais, frequentemente, há pontos pretos, que são as frutificações do fungo − acérvulos. Os talos afetados, ao manifestarem os sinais de deficiência hídrica, adquirem curvatura na forma de bengala ou de bastão e, conforme avança a infecção, murcham completamente, mas conservando junto de si as folhas secas. Nos estádios avançados da doença, a coroa apresenta áreas necrosadas, adquirindo coloração preta azulada (Figura 9). Em alguns casos, quando a infecção da coroa é muito severa, ela pode causar a morte da planta, sem evidência de sinais na parte aérea. Durante o período de implantação do alfafal, o patógeno também pode ocasionar a morte das plântulas (damping off).
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 9. Antracnose (Colletotrichum trifolii).

Ferrugem

Agente causal: Uromyces striatus. É um patógeno com diversas raças já identificadas. Além da alfafa, infecta outras espécies de leguminosas pertencentes aos gêneros Medicago e Trifolium e também plantas daninhas do gênero Euphorbia. Forma uredósporos, que podem sobreviver vários meses em clima seco.
Condições que predispõem à doença. Clima quente e úmido favorece a aparição e a proliferação do patógeno, especialmente no final do verão e durante o outono.
Sintomas. A ocorrência, em ambos os lados da folha, de pústulas de cor marrom avermelhada, arredondadas e pequenas, e que rompem a epiderme, é um elemento inconfundível de diagnóstico da doença (Figura 10). Os uredósporos se desprendem com facilidade dessas pústulas e, ao serem transportados pelo vento, podem infectar outros lotes de alfafa situados a vários quilômetros de distância. As folhas cobertas pelas pústulas encurvam-se e, no final, desprendem-se, ocasionando desfolhamento total em condições muito favoráveis para o patógeno. Em ataques severos, é possível observar pústulas elípticas desenvolvendo-se nos talos.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 10. Ferrugem (Uromyces striatus).

Mancha ocular

Agente causal: Leptosphaerulina briosiana.
Condições que predispõem à doença. Os períodos de tempo frio e úmido são as condições ideais para o desenvolvimento e a dispersão da mancha ocular.
Sintomas. As lesões começam, geralmente, nas folhas jovens, com pequenas manchas de cor escura; logo aumentam de tamanho, até alcançar diâmetro de 1 mm a 3 mm, rodeadas por uma margem castanha-escura, que por sua vez é circundada por um halo amarelado, conferindo-lhe o aspecto semelhante a um olho, o que as caracteriza (Figura 11). Enquanto avança, as lesões vão cobrindo todo o folíolo, até que finalmente ele se desprende. Têm sido observados ataques muito severos, com desfolha total.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 11. Mancha ocular (Leptosphaerulina briosiana).

Caule preto

Agente causal: Cercospora medicaginis. O fungo atravessa o inverno como micélio nos talos afetados, mas, para frutificar, requer temperatura e umidade elevadas.
Condições que predispõem à doença. Verões quentes e úmidos favorecem a aparição e a proliferação do patógeno. Nessas condições, o atraso no corte ou no pastejo pode intensificar a doença.
Sintomas. O dano se evidencia primeiro nas folhas inferiores e depois nas superiores, com manchas marrons ou castanhas de forma arredondada ou elíptica e margens difusas. À medida que a doença evolui, essas manchas convergem e se cercam de um halo clorótico grande e irregular. Quando o fungo frutifica, observam-se lesões com tonalidade cinza na região central. Na base dos talos, produzem-se manchas escuras (Figura 12).
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 12. Caule preto (Cercospora medicaginis).

Pinta preta

Agente causal: Pseudopeziza medicaginis. Esse patógeno, considerado um dos mais daninhos para a folha da alfafa, sobrevive nas folhas mortas e causa infecções secundárias quando as condições ambientais são favoráveis para a germinação de seus esporos (ascósporos). Sua incidência é maior nas áreas irrigadas.
Condições que predispõem à doença. Os períodos prolongados de tempo frio e úmido, especialmente durante a primavera e o outono, constituem condições ideais para o desenvolvimento da Pinta preta. Tanto o uso inadequado da irrigação, seja por aspersão, seja por inundação, como o atraso nos cortes ou no pastejo que, por efeito de sombreamento, aumentam a umidade da parte inferior da planta, favorecem a proliferação de P. medicaginis.
Sintomas. O sinal característico da doença é a aparição de manchas marrons ou pretas, pequenas (2 mm a 3 mm de diâmetro), com forma arredondada e de margens lisas ou dentadas, distribuídas uniformemente nos folíolos (Figura 13). Por cima do conjunto de folíolos, as manchas mais velhas desenvolvem estruturas de cor castanha-clara que correspondem às frutificações do fungo (apotécios). Os ascósporos produzidos por essas frutificações são dispersos pelo vento ou pelas gotas de chuva e infectam novas plantas do cultivo, começando pelas folhas inferiores. Se as condições ambientais forem favoráveis, praticamente toda a folhagem termina sendo afetada e ocorre desfolha severa durante todo o pastejo.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 13. Pinta preta (Pseudopeziza medicaginis).

Mofo branco

Agente causal: Sclerotium rolfsii. É um patógeno polífago que ataca inúmeras espécies de plantas, mas com maior incidência nas regiões tropicais e subtropicais. Esse patógeno pode sobreviver vários meses na forma de micélio nos restos vegetais e vários anos na forma de esclerócios.
Condições que predispõem à doença. Longos períodos de clima quente e úmido, seguidos de estresse hídrico, provocam elevada mortandade nas lavouras de alfafa.
Sintomas. As plantas afetadas pelo patógeno manifestam sinais de estresse hídrico, folhas e talos pendulares completamente secos e com coloração marrom clara. O patógeno provoca podridão úmida na coroa e na base dos talos, ocorrendo a necrose das partes afetadas. Em condições de umidade ambiental alta, o fungo desenvolve um micélio esbranquiçado e, acima dele, é possível observar esclerócios pardos com forma globular (Figura 14). A doença se distribui na área irregularmente, evoluindo na forma de manchas que crescem em tamanho à medida que as condições ambientais são favoráveis à sua proliferação.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 14. Mofo branco (Sclerotium rolfsii).

Queima da folha

Agente causal: Sclerotinia trifoliorum.
Condições que predispõem à doença. Os danos são mais severos no final do outono, quando a umidade do solo aumenta e quando a infecção ocorre no estádio de plântula, provocando alto nível de mortandade na população de plantas. À medida que as plantas se desenvolvem, tornam-se menos susceptíveis e observam-se danos apenas em indivíduos isolados. Sob condições de alta umidade é possível observar o micélio do fungo como uma massa semelhante a algodão, a qual cresce na base dos talos e na coroa da raiz infectada. No resto dos tecidos vegetais mortos pode-se ver, a olho nu, uns grãos escuros e duros: são os esclerócios, estruturas de resistência do patógeno.
Sintomas. Na fase inicial é possível observar descoloração; depois, os tecidos da raiz infectada se tornam amarelados e, posteriormente, degeneram numa podridão parda escura, de consistência branda (Figura 15).
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 15. Queima da folha (Sclerotinia trifoliorum).

Escova de bruxa

Agente causal: fitoplasma. Os fitoplasmas (procariotas sem parede celular) são organismos fitopatogênicos que se alojam no floema e são transmitidos por insetos, principalmente cigarrinhas (Homóptera cicadellidae), que se alimentam nos vasos condutores da planta.
Condições que predispõem à doença. Os climas áridos e semiáridos, aparentemente, favorecem o desenvolvimento da doença, em particular nos lotes destinados à produção de sementes.
Sintomas. Há grande proliferação de talos curtos e finos, folhas de tamanho muito reduzido, nanismo generalizado, clorose e aborto de flores; em alguns casos observa-se a substituição da inflorescência por estruturas vegetativas (Figura 16). Nos períodos frios e com umidade adequada, as plantas afetadas podem manifestar indícios de recuperação, mas os sinais voltam quando aumentam a temperatura e/ou a deficiência hídrica. Evidentemente, nas plantas doentes diminuem o rendimento da forragem e a produção de sementes. Com o passar dos anos, o número de plantas infectadas na área aumenta.
Foto: Jorge Omar Gieco

Figura 16. Escova de bruxa (fitoplasma).

 

Medidas gerais de controle

O adequado manejo da cultura é primordial para o sucesso das práticas culturais e para a eficiência dos métodos de controle. Um dos pontos básicos é o uso de sementes sadias, sem o vírus do mosaico, sem a presença de sementes de Cuscuta spp., sem escleródios e inoculadas, para haver eficiente fixação de nitrogênio. Por ocasião do estabelecimento da cultura, é recomendável investigar quais moléstias predominam na região e se existem cultivares com resistência correspondente. É recomendável verificar também o histórico da área, para decidir sobre a necessidade de rotação de cultura, de aração profunda e de outras práticas agronômicas (PORTO, 2008).
A seguir são apresentadas as principais medidas de controle, variáveis em função dos agentes casuais e seus ciclos:
Antecipação dos cortes
As moléstias foliares que causam desfolhamento podem ter seus danos reduzidos com a antecipação dos cortes ou, no mínimo, sem qualquer atraso na colheita.
Aração profunda
Alguns patógenos produzem estruturas que persistem por longo período na superfície ou nas camadas superficiais do solo. O enterrio profundo desses propágulos reduz drasticamente as fontes de inóculo primário.
Cultivares resistentes
O uso de cultivares resistentes é considerado o meio mais simples, mais econômico e mais eficiente de redução dos prejuízos causados pelas doenças.  O trabalho de seleção de cultivares resistentes vem sendo realizado por diversos pesquisadores brasileiros, com resultados promissores, embora ainda pouco abrangentes.
Controle de vetores
Esta é uma medida mais específica para o controle do mosaico da alfafa, cujos vetores (afídeos) têm papel fundamental na disseminação do vírus, a partir de fontes de inóculo.
Limpeza do equipamento de colheita
Alguns fitopatógenos têm a capacidade de permanecer viáveis em resíduos de alfafa aderidos aos equipamentos de colheita, protegidos de intempéries. Na realidade, a cada novo trabalho na lavoura, todo o equipamento deve ser inspecionado e limpo.
Rotação de culturas
Como se trata de uma espécie perene ou semiperene, a rotação de culturas não é prática comum no manejo da alfafa. No entanto, em áreas com carga de inóculo muito elevada, a rotação de culturas pode se transformar na única alternativa viável.
Sementes limpas
O uso de sementes sadias e limpas é fundamental para o estabelecimento da cultura. As sementes devem estar livres de restos culturais, de sementes de ervas daninhas (principalmente de Cuscuta spp.) e de fitopatógenos, tais como o vírus do mosaico da alfafa.
Uso de fungicidas
O uso de fungicidas em plantas forrageiras, como é o caso da alfafa, é um tanto complicado por se tratar de material de consumo in natura pelos animais e que, portanto, não deve conter resíduos. Se o plantio de alfafa se destinar exclusivamente à produção de sementes, a aplicação de fungicidas pode ser feita como em qualquer cultura, lembrando que o fungicida deve estar registrado para utilização em alfafa.
Na Tabela 1, é apresentada uma síntese das medidas gerais de controle, de acordo com as moléstias que atacam a alfafa (PORTO, 2008).
Tabela 1. Síntese de medidas gerais de controle de moléstias de alfafa
 
DoençasACAPCRCVLECRCSLUF
Mosaico da alfafaxx
Caule pretox
Antracnosexx
Murcha fusarianax
Mancha ocularxxx
Mancha foliar amarelax
Míldioxx
Pinta pretaxxx
Cancro radicularxx
Mofo brancoxxx
Podridão úmida das raízesxx
Ferrugemxx
Queima da folhax
Escova de bruxax
Corchosex
Complexo de podridão da coroa e da raizx













AC = antecipação dos cortes; AP = aração profunda; CR = cultivares resistentes; CV = controle de vetores;  LEC = limpeza do equipamento de colheita; RC = rotação de culturas; SL = sementes limpas; UF = uso de fungicidas.

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