sábado, 25 de agosto de 2018

Produção de Mudas de Erva Mate

Um dos principais pontos do sistema de produção da erva-mate é a produção de mudas de qualidade. A maioria dos viveiros é convencional, que ainda utilizam sacolas plásticas como recipientes. No entanto, cada vez mais a produção de mudas em tubetes tem sido adotada em viveiros comerciais.
A propagação vegetativa da erva-mate ainda é pouco utilizada, embora já se tenha protocolos para a produção de mudas por estaquia, miniestaquia e por enxertia em garfagem.
As mudas após produzidas devem passar por um período de rustificação.

Viveiros convencionais

Viveiros convencionais são aqueles nos quais as mudas ainda são produzidas por meio de sacolas plásticas, que são preeenchidas com substrato composto por mistura de terra, adubo orgânico, areia média e adubos químicos em diferentes proporções. Neles, ainda são utilizadas sementeiras para a germinação das sementes. Das sementeiras, as plântulas são repicadas para os recipientes contendo o substrato. 
Os viveiros convencionais são construídos das mais diferentes formas, desde aqueles em que se usa madeira roliça e palha até aqueles que utilizam madeira serrada e sombrite. O local adequado para a sua construção deve ser seco, bem ventilado e com boa insolação. 
As mudas repicadas para os recipientes ficam em canteiros até atingirem o estágio ideal para serem levadas ao campo.

Viveiros para produção de mudas em tubetes

O uso de tubetes tem apresentado ótimos resultados. Podem ser utilizados tubetes nso tamanhos 30 mm x 126 mm e 40 mm x 140 mm. O uso de tubetes exige a utilização de um suporte em bandeja de tela de arame, com malhas de 30 mm ou 40 mm, e altura mínima de 40 cm do chão ou bandejas de plástico. A composição do substrato deve ter no mínimo, 50% de matéria orgânica (húmus de minhoca, turfa, etc.), que vai possibilitar uma boa formação das raízes. A permanência no viveiro não deve ultrapassar o período de 12 meses. A seguir, viveiro comercial de grande porte (Figura 1) e viveiro para produção de mudas em pequena escala (Figura 2).
Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Produção de mudas em tubete. Cooperativa Tritícola Erechim Ltda. (Cotrel).
Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 2. Tubetes em casa de plástico. Ervateira Barão, Barão de Cotegipe.

Estaquia e miniestaquia

A estaquia é um processo de reprodução vegetativa, realizada pela coleta de ramos verdes de plantas pré-selecionadas, que passam por um processo de desinfestação, aplicação de hormônio e nebulização, para o seu enraizamento e brotação. Para a miniestaquia, brotações de mudas mantidas no viveiro são coletadas e colocadas para enraizar. Estas técnicas de produção de mudas possibilitam a reprodução de plantas selecionadas com base nas características de interesse, como produtividade, resistência às pragas e doenças, sabor, entre outras, sendo as mudas formadas por este processo geneticamente idênticas entre si. A grande variação no sucesso do enraizamento entre estacas de plantas diferentes tem sido um dos grandes problemas deste tipo de propagação. 
No entanto, estudos iniciais demonstram o grande potencial desta técnica para o estabelecimento de plantios clonais de alta produtividade e uniformidade, além de pomares clonais para produção de sementes.

Rustificação

Quando as mudas estiverem bem enraizadas nos recipientes, deve-se iniciar o processo de rustificação, que consiste em colocá-la gradativamente a pleno sol, com a redução das regas, porém, evitando-se expô-las por tempo excessivo, no início, evitando o seu murchamento.


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Solos e Produção de sementes de Erva-Mate

Solos

Apesar de a espécie ocorrer em solos de baixa fertilidade, com baixos teores de cátions trocáveis, altos teores de alumínio e pH baixo, consideram-se solos aptos para o plantio da erva-mate aqueles de textura argilosa, que apresentam profundidade adequada, boa drenagem e fertilidade natural de média a alta.
Solos com menos de um metro de profundidade ocasionam queda no desenvolvimento e rendimento da erva-mate, acentuados em períodos de deficiência hídrica, reduzindo a vida útil das plantas. A cultura não suporta solos compactados e/ou encharcados.

Produção de sementes

Aspectos gerais

A maior parte das sementes destinadas à produção de mudas de erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) quer de ervais nativos ou plantados, são oriundas de material sem nenhum critério de seleção. Como consequência, os povoamentos apresentam crescimento heterogêneo, com reflexos negativos no produto final. Assim, o melhoramento genético da erva-mate torna-se imprescindível para o aumento da produtividade de massa foliar e da qualidade dos produtos dela oriundos.
Os seguintes métodos são aplicáveis ao melhoramento genético dessa espécie: a) área de coleta de sementes; b) área de produção de sementes; c) pomar de sementes clonal; d) pomar de sementes biclonal; e) pomar de sementes por mudas, e f) jardim clonal e plantio clonal. Os dois primeiros são de fácil instalação; os demais exigem procedimentos mais elaborados.

Área de coleta de sementes (ACS)

Coletam-se sementes de árvores-mães selecionadas em extensas áreas. Normalmente, esta seleção envolve várias características, tais como produção de massa foliar, adaptação, tolerância a geadas, ocorrência de insetos e doenças, etc. O custo envolvido com a implantação destas áreas é baixo. Os ganhos obtidos por este método são relativamente baixos, sendo mais eficientes para caracteres de alta herdabilidade. Neste caso, não há limite quanto à intensidade de seleção. Geralmente, esse método é empregado nas populações genéticas de material selvagem.
Em um povoamento natural ou artificial de erva-mate, os seguintes passos devem ser adotados: avaliação da produtividade de cada planta, com base no peso de folhas e ramos finos; identificação das plantas femininas mais produtivas; colheita de sementes, somente das plantas femininas mais produtivas; produção de mudas a partir das sementes colhidas.
O número de plantas femininas a serem utilizadas na colheita depende da quantidade de sementes que se deseja obter. Em geral, quanto menor o número de plantas utilizadas na colheita de sementes, maior será o ganho genético em produtividade. Safras posteriores poderão ser medidas nas plantas originais, visando à confirmação da eficiência de seleção. Quanto maior o número de safras avaliadas, maior será o ganho em produtividade.

Área de produção de sementes (APS)

Método que se caracteriza pela produção de material superior no curto prazo e com baixo custo operacional.
Coletam-se sementes de árvores selecionadas, as quais recebem pólen proveniente de árvores também selecionadas. Os fenótipos inferiores são removidos por meio de desbastes. A área de uma APS varia em função da disponibilidade do material genético manipulado e da quantidade demandada de sementes para suprir as necessidades do programa de reflorestamento.
Para uma boa produção de sementes, recomenda-se uma área com, no mínimo, 1 hectare. Essa área deve ser subdividida em quatro estratos, selecionando-se, em cada estrato, cerca de 50 árvores, o que equivale a uma proporção de seleção de 1:10 ou 10%, totalizando 200 árvores selecionadas por hectare. Espera-se que metade delas seja do sexo feminino.
Em função do sistema reprodutivo da erva-mate e com o objetivo de impedir a entrada de pólen indesejável, é necessário isolar a APS de outros talhões da mesma espécie, nos quais não foi feita a seleção. Recomenda-se, então, uma distância mínima de 300 m separando a APS de outras áreas com erva-mate. O isolamento pode ser feito por meio de espécies que não se cruzam com a erva-mate e também por meio de poda das plantas de erva-mate que estão localizadas dentro dessa distância mínima da APS, antes de sua floração. No estabelecimento de uma APS, é importante considerar a pureza genética do talhão e o conhecimento da origem e base genética das sementes.
Para a instalação de uma APS, em um povoamento natural ou artificial, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
  1. avaliação da produtividade de cada planta, com base no peso de folhas e ramos finos;
  2. identificação das plantas masculinas e femininas mais produtivas;
  3. desbaste com a eliminação das piores plantas femininas e masculinas;
  4. colheita de sementes das plantas remanescentes;
  5. produção de mudas a partir das sementes colhidas.
As demais considerações efetuadas para área de coleta de sementes (ACS) são válidas, exceto que as avaliações de safras adicionais só poderão ser realizadas nas plantas remanescentes quando, então, novos desbastes poderão ser aplicados.
A vantagem da APS, em relação à ACS, está no fato de as árvores destinadas à produção de sementes estarem concentradas em uma área, o que facilita o acompanhamento da frutificação, a coleta de sementes e os tratos culturais necessários para uma boa produção de frutos. Na ACS, as plantas produtoras de sementes ficam dispersas no povoamento.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 1. Área de produção de sementes de erva-mate em Colombo, PR.
Fotos: José Alfredo Sturion
Figura 2. Matrizes selecionadas para produção de biomassa foliar em uma área de produção de sementes de erva-mate instalada em Guarapuava, PR.

Pomar de sementes clonal (PSC)

Consiste em se propagar vegetativamente as árvores superiores. Da mesma forma considerada para a APS, o PSC deve ser isolado, para evitar a entrada de pólen de qualidade inferior. Dentre as principais vantagens dos pomares de sementes clonais, destaca-se a precocidade na produção de sementes, especialmente quando a enxertia é o método de propagação utilizado.
A partir de povoamentos naturais ou artificiais, as seguintes etapas devem ser implementadas:
  1. avaliação da produtividade de cada planta, com base no peso de folhas e ramos finos;
  2. identificação das plantas femininas e masculinas, com maiores produtividades;
  3. propagação vegetativa das plantas femininas e masculinas selecionadas, para um pomar de recombinação;
  4. colheita de sementes do pomar de sementes ou de recombinação;
  5. produção de mudas a partir das sementes colhidas. Neste procedimento, poderá ser utilizado um menor número de plantas femininas e masculinas do que aquele empregado para APS, pois a distribuição espacial das plantas selecionadas será melhor e os indivíduos poderão ser repetidos várias vezes, aumentando a disponibilidade de sementes. Dessa forma, o ganho genético em produtividade será maior do que aqueles obtidos em ACS e APS.
Para a instalação do PSC, deve-se selecionar em torno de 40 plantas, ou seja, quatro plantas por ha, subdividido em quatro estratos. Recomenda-se o espaçamento de 5 m x 10 m entre árvores, 200 árvores.ha-¹, para a produção de uma boa quantidade de sementes, sendo 20 clones femininos e 20 masculinos. As árvores de um mesmo clone não devem ser colocadas próximas entre si.

Pomar de sementes biclonal (PSB)

A formação destes pomares é similar ao método descrito para o pomar de sementes clonal, exceto que deverão ser propagadas apenas a melhor planta feminina e a melhor planta masculina, para o pomar de sementes. No pomar, cada indivíduo será representado por várias estacas ou rametes, para suprir adequadamente a necessidade de sementes.
Devido à alta intensidade de seleção empregada, recomenda-se a utilização deste método somente quando várias safras forem avaliadas, em cada indivíduo.

Pomar de sementes por mudas (PSM)

O pomar de sementes por mudas pode ser instalado a partir de um teste de progênie. Neste método, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
  1. colheita de sementes de matrizes previamente selecionadas;
  2. produção de mudas, em separado, para cada matriz;
  3. plantio das mudas produzidas em local adequado, ou seja, limpo, plano e com tratos culturais adequados, identificando as mudas de acordo com as matrizes;
  4. avaliação da produtividade de todas as plantas, computando o total produzido por todas as plantas de uma matriz;
  5. identificação das matrizes mais produtivas, com base na produtividade de suas progênies;
  6. propagação das melhores matrizes para um pomar, conforme PSC, juntamente com algumas plantas masculinas já selecionadas;
  7. produção de mudas a partir das sementes colhidas no pomar.
Outra opção consiste em manejar o próprio teste de progênie para a produção de sementes geneticamente melhoradas. Nesse caso, o teste poderá ser implantado em delineamento de blocos ao acaso. Por meio de desbaste das piores progênies e das árvores inferiores de progênies selecionadas, o teste é transformado em PSM de polinização aberta. Se forem efetuados cruzamentos controlados, o pomar será denominado de Pomar de Sementes por Mudas de polinização controlada. Esperam-se ganhos da ordem daqueles obtidos para PSC de primeira geração.
Recomendações para o estabelecimento de testes combinados de procedência e progênie:
  1. Dentro da área de ocorrência da espécie, identificar, no mínimo, três regiões (procedências) representativas.
  2. Em cada região, amostrar, pelo menos 25 árvores, sendo recomendável manter uma distância mínima de 100 m entre as árvores amostradas.
  3. As sementes devem ser coletadas e mantidas individualizadas por árvore. A quantidade de sementes a ser coletada depende da quantidade de testes a serem instalados. Recomenda-se a instalação do teste de progênie nas regiões ecologicamente diferentes.
  4. O teste pode ser instalado em blocos ao acaso com dez repetições. As parcelas podem ser lineares com seis plantas. Portando, cada matriz será representada por 60 plantas, em cada teste.
  5. As progênies devem ser totalmente aleatorizadas (distribuídas ao acaso) dentro de cada bloco.
  6. Para se calcular o número de mudas, por progênie, deve-se considerar, por segurança, um replantio de 30%.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 3. Teste de progênie de erva-mate com aproximadamente cinco hectares de área, instalado na Ervateira Bitumirim, em Ivaí, PR.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 4. Diferença no desenvolvimento de progênies de erva-mate, antes da poda de formação. São necessárias avaliações de, pelo menos, duas safras, para selecionar indivíduos com alta produção de massa foliar, com boa precisão.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 5. Progênie de erva-mate com alta produção de biomassa foliar ao lado de progênie pouca produtiva.
Comparação entre os métodos de produção de propágulos melhorados
Dentre esses métodos, o mais eficiente para aumentar a produtividade é a seleção de parentais baseada nos testes de progênie, ou a identificação de indivíduos superiores dentro do próprio teste, embora seja o mais trabalhoso e demorado.
Entretanto, este método pode ser adotado conjuntamente com outros mais rápidos, como área de coleta e de produção de sementes, os quais irão gerar material melhorado no curto prazo. Dentre os demais métodos, os mais eficientes são, em ordem decrescente, pomar clonal, pomar de sementes biparental, pomar de sementes clonal, área de produção de sementes e área de coleta de sementes.
Áreas de produção e de coleta de sementes são métodos importantes no início de programas de melhoramento, ou quando há necessidade de produção de sementes melhoradas no curto prazo.
Comentários adicionais
Com o propósito de determinar a quantidade necessária de sementes para a instalação dos testes de progênie, considerar, em média:
  • período de coleta de sementes de janeiro a março;
  • 7 a 9 kg de frutos para 1 kg de sementes;
  • 10 kg de frutos por árvore adulta, quando a pleno sol;
  • 5 kg de frutos por árvore adulta, quando em sub-bosque;
  • 120 a 140 mil sementes por kg;
  • 12 a 20 mil mudas por kg de sementes.

Jardim clonal e plantio clonal

A propagação vegetativa é possível na erva-mate. Cada planta, individualmente produzida por propagação vegetativa, é, na maioria das vezes, idêntica à planta-mãe, constituindo, assim, motivo maior de sua aplicação. Portanto, a planta a ser propagada em um jardim clonal deve ser criteriosamente avaliada. Dentre os vários meios de propagação vegetativa, a multiplicação da erva-mate por estaquia e enxertia é atualmente o mais viável. Os clones devem ser testados em condições ambientais que representem a variação dos ambientes de plantio. Após a eleição dos clones, os mesmos passam por uma fase de multiplicação pré-comercial para aumentar o número de plantas a serem levadas aos jardins clonais. Esta multiplicação pode ser feita nos próprios jardins clonais ou em vasos. Se o objetivo for aumentar a produtividade de massa foliar aos plantios clonais, os seguintes procedimentos devem ser realizados:
  1. avaliação de várias safras, no mínimo três, em várias plantas;
  2. seleção das melhores plantas, com base na média das safras;
  3. propagação das plantas selecionadas para um jardim clonal, onde serão mantidas rebaixadas e servirão como fontes de estacas para os plantios clonais;
  4. produção e plantio de mudas clonais obtidas a partir do jardim clonal.



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