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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Cultura da Canola (Colza) - Resumo



Introdução
No Brasil a Colza é conhecida popularmente como Canola, onde na verdade, Canola se refere a variedades com menores níveis de ácido erúcico e glucosinolatos que são tóxicos ao ser humano em altas concentrações, essas variedades foram desenvolvidas no Canadá através de melhoramento genético convencional com o nome de Canola devido à expressão “ Canadian oil low acid” (óleo canadense de baixa acidez). Contudo, hoje em dia o termo Canola aplica-se a todas as variedades de Colza sem levar em consideração os níveis de ácidos presentes no óleo, pois Canola é um termo genérico e não uma marca registrada.
A colza verdadeira possui como centro de origem segundo Vavilov o mediterrâneo, A história conta que civilizações antigas da Ásia e da Europa utilizavam o óleo de colza em suas lâmpadas. No Canadá as primeiras sementes cultivadas foram trazidas da Polônia, e posteriormente da Argentina.
A colza é uma planta oleaginosa que pertence a família Brassicae, gênero Brassica, antigas crucíferas, se caracteriza por ser uma planta herbácea, anual, com raiz pivotante e boa quantidade de raízes secundárias. Sua haste é ereta, ascendente e ramificada, podendo chegar a uma altura de até 1,5 metros na espécie B. napus e de até 1 metro na espécie B. campestris.
Seus órgãos reprodutores são formados por um pistilo e quatro estames longos e dois curtos, os últimos estéreis, sua floração se dá de baixo para cima, sua polinização é do tipo autógama, porém, já se tem verificado cerca de 21,8 % de alogamia. O fruto é capsular e apresenta deiscência, as sementes caem no solo com facilidade quando maduras.
Segundo a Embrapa Trigo (2007), a colza produzida no Brasil é a canola de primavera da espécie Brassica napus L. var. oleífera que foi desenvolvida do melhoramento genético convencional da colza, isso significa que essa variedade possui em seu óleo menos de 2% de ácido erúcico e apresenta em cada grama de componente sólido da semente seco ao ar o máximo de 30 micromoles de glucosinolatos. Existem dois tipos de cultivares de canola, as cultivares de inverno, que exigem vernalização para que ocorra o florescimento, temperatura abaixo de 7º C por oito semanas, e as cultivares de primavera, que não exigem vernalização, porém no Brasil essas cultivares também são plantadas no outono e inverno.
Seu teor de óleo nos grãos em variedades produzidas no Brasil chegam a 38%, e 24 a 27% de proteína no farelo, o qual, constitui um excelente suplemento de rações animais, como para suínos, bovinos, ovinos e aves. Já o óleo, é utilizado na alimentação humana e considerado um alimento funcional em razão da excelente composição de ácidos graxos e da presença de antioxidantes (TOMM, 2005). Porém, já se especula sua produção em grande escala para a
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS produção de biodiesel, oque já acontece na Europa sendo um padrão de referencia no mercado.
Considerada a “soja do inverno”, a Canola possui grande valor socioeconômico na região
Sul, vindo a somar com a produção de soja ou milho no verão, otimizando os meios de produção como terra e equipamentos, além de servir como uma ótima opção para rotação de culturas em substituição geralmente à gramíneas invernais como o trigo por exemplo, além de reduzir problemas fitossanitários de leguminosas e gramíneas de verão (EMBRAPA TRIGO, 2007).
Fenologia
Para efeito de simulação, Vieira (20XX), considerou as seguintes fases fenológicas da canola:
Fase I - Período que se inicia com a germinação da semente e se estende até sua emergência;
Fase I – Período de crescimento e desenvolvimento da planta, estádio vegetativo propriamente dito, período considerado mais longo entre as fases;
Fase I – Floração e enchimento de grãos, período no qual geadas severas podem interferir na produtividade;
CICLOFASE I FASE I FASE II FASE IV CICLO TOTAL
PRECOCE15 50 40 25 130
MÉDIO15 5 45 25 140
TARDIO15 60 50 25 150
Fase IV - Período de maturação fisiológica, nessa fase já está decida a produtividade da lavoura. Assim, na tabela abaixo são exibidos a duração dos ciclos (precoce, médio e tardio) das fases fenológicas para a cultura da canola simulado por Vieira (20XX). _ (EM DIAS) Adaptado de Vieira (20XX).
Implantação da cultura
As exigências da cultura da Canola são similares às do Trigo, requerendo solos bem drenados, pouco compactados, férteis e com pH acima de 5,5 ideal 6, para que ocorra um bom desenvolvimento radicular, essencial para altos rendimentos. As áreas a serem introduzidas com a cultura devem ser livres de resíduos de determinados herbicidas aplicados a culturas anteriores como a soja e o milho, as áreas devem ser livres de doenças como a canela-preta (Leptosphaeria maculans) e a esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum), e não apresentar infestação por nabo ou nabiça (Raphanus raphanistrum) (EMBRAPA TRIGO, 2007).
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS
Visando o aumento de produtividade e rendimento econômico, existem alguns critérios que devem ser considerados no momento de implantação da cultura contribuindo de maneira decisiva para o sucesso do sistema de produção.
Inicialmente, deve-se levar em consideração à distância de áreas de canola infectada com canela-preta na safra anterior, sendo esse fator, mais importante do que o número de anos desde o último cultivo de canola na área, pois a resteva de canola, principalmente a da última safra libera ascósporos de Leptosphaeria maculans que podem ser levados pelo vento até 8 km infectando lavouras logo após sua emergência, por isso é indicado que a semeadura da cultura se situe a uma distancia de pelo menos 1 km de áreas que tiveram canola infestada com canela-preta na safra anterior.
Os resíduos de herbicidas no solo também devem ser considerados, principalmente os utilizados na cultura do milho e soja convencional. Por isso, para que não ocorra risco de fitotoxidade por herbicidas na cultura, recomenda-se a semeadura da Canola em sucessão ao cultivo da soja R, sendo o risco de fitotoxidade por Glifosato muito menor, porém, em anos de baixa precipitação pluviométrica entre a época de aplicação de herbicidas em milho e soja e a semeadura da Canola podem ocorrer problemas de fitotoxidade devido à lenta degradação dos herbicidas no solo.
As pragas de solo também podem interferir na produtividade, principalmente pela redução da população de plantas, por isso, deve-se evitar o cultivo em áreas infestadas com corós e grilos, os danos são visíveis em áreas com a presença de 5 corós (Diloboderus abderus) por m², pois ainda não existem resultados sobre controle químico na região.
Outro fator a ser considerado no momento da implantação da Canola é o plano de rotação de culturas, lembrando que a canola somente pode retornar na mesma área após dois anos, a rotação com canola apresenta diversas vantagens no controle de doenças, melhor eficiência no uso de nutrientes, principalmente o nitrogênio proveniente da decomposição rápida da biomassa da Canola e a facilidade de semeadura (ver item Rotação de Culturas).
Origem das sementes
Recomenda-se a utilização de sementes híbridas registradas, pois possuem elevado teto produtivo, e por serem registradas possuem maior confiabilidade de serem livres de doenças. Geralmente sementes híbridas importadas tem apresentado elevada sanidade, as quais evitam a introdução de patógenos como o mofo branco, as manchas de alternaria e a canela-preta, pois geralmente essas sementes já vem tratadas com fungicidas do país de origem (TOMM, 2007).
Não se recomenda utilizar sementes colhidas em lavouras de híbridos (geração F2 em diante) pois propiciam uma lavoura com baixo estande e com desenvolvimento e maturação desuniforme.
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS
A utilização de variedades de polinização aberta proporciona maturação mais desuniforme quando comparada a híbridos, além disso, tem se observado no Paraná que o rendimento obtido com híbridos geralmente supera o rendimento obtidos com outras cultivares (CARRARO & BALBINO, 1993; CARRARO & BALBINO, 1994 Apud TOMM, 2007).
É indicado que se utilize híbridos resistentes a canela-preta, pois, é considerada a forma mais econômica de evitar prejuízos causados por essa doença, contudo, devendo utilizar híbridos desenvolvidos e indicados para a região sul do Brasil e Paraguai, que podem chegar a 100% em genótipos susceptíveis, pois variedades e híbridos de canola considerados resistentes a canela-preta na Europa e América do Norte são altamente susceptíveis ao grupo de patogenicidade da canelapreta existente no Brasil e Paraguai. Além disso, cultivares desenvolvidas para outras regiões não se adaptam as latitudes das regiões produtoras no Brasil.
Variedades
Atualmente existe 17 cultivares de canola registrados no MAPA, contudo os mais utilizados são os híbridos Hyola. Abaixo, cultivares de canola registrado atualmente.
Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.br/php/snpc/cultivarweb/cultivares_registradas.php?
A seguir são apresentadas as principais características de híbridos e variedades observadas de 2002 a 2006 segundo a EMBRAPA TRIGO (2007).
PFB-2 É uma variedade selecionada pela Embrapa Trigo e cultivada no RS e SC desde 1986. Por
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS ser uma variedade, ou seja, de polinização aberta, apresenta maturação menos uniforme que os híbridos, aumentando as perdas na colheita. Porém, essa cultivar apresenta uma alternativa economia para a cobertura de solo no inverno, precedendo o cultivo de milho, em razão do baixo custo da semente e da possibilidade de produção da semente para consumo próprio como cultura de cobertura. Variedade susceptível à canela-preta.
HYOLA 401
Híbrido utilizado em muitos países devido a elevada estabilidade de rendimento em ambientes muito diversos (América do Norte, Oriente Médio, Ásia e América do Sul).
Início da floração: 4 a 74 dias. Período de floração: 19 a 3 dias. Emergência até a colheita: 107 a 135 dias. É o híbrido mais precoce cultivado no Brasil. Altura da Planta: 86 a 126 cm. Característica que, aliada a arquitetura compacta, possui grande resistência ao acamamento, permite colheita rápida e proporciona menor passagem de palha por dentro da colhedora. Híbrido susceptível a canela-preta.
HYOLA 420
Híbrido com período de floração e ciclo mais longo que Hyola 401. Início da floração: 64 a 70 dias. Período de floração de 24 a 47 dias. Dá emergência até a colheita: 116 a 150 dias. Altura de plantas: 116 a 130 cm. Susceptível à canela-preta.
HYOLA 43
Híbrido com resistência à canela-preta (proveniente da Brassica Sylvestris). Início da floração: 51 a 6 dias. Período de floração com duração de20 a 49 dias. Dá emergência até a colheita: 119 a 150 dias. Altura de plantas: 84 a 110 cm. É indicada para áreas com risco de ocorrência da canela-preta.
HYOLA 61
Híbrido com resistência poligênica à canela-preta, com excelente desempenho tanto sob deficiência hídrica como sob frios intensos
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Início da floração: 53 a 7 dias. Floração dura de 28 a 52 dias. Dá emergência até a colheita 123 a 155 dias. Esse genótipo apresentou grande estabilidade de rendimento quando cultivado em condições variadas, como ás observadas na safra 2006 sob baixa precipitação e altas temperaturas no Mato Grosso do Sul, até condições de elevada umidade e geadas, como no RS. Altura de plantas: 78 a 129 cm.
HYOLA 432
Híbrido com resistência a canela-preta (proveniente da Brassica sylvestris). Inicio da floração; 47 a 73 dias. Duração da floração: 29 a 50 dias. Dá emergência até a colheita: 119 a 134 dias. Apresenta amplo período de floração, característica desejável quando ocorrem períodos de estiagem ou geadas durante a floração, pois novas camadas de flores são emitidas compensando aquelas que são abortadas pela ação do frio intenso.
Altura de plantas: 89 a 129 cm. Indicada para áreas com risco de ocorrência de frio intenso e de canela-preta.
HYOLA 60
Híbrido com resistência a canela-preta (proveniente da Brassica sylvestris). Possui período de floração e ciclo mais longo entre todos os híbridos recomendados.
Início da floração: 59 a 79 dias Floração dura de 24 a 53 dias. Dá emergência até a colheita: 128 a 160 dias. Seu longo período de floração se mostrou muito eficaz na manutenção de elevado rendimento de grãos ao ocorrerem geadas durante a floração.
Altura de plantas: 91 a 163 cm. Especialmente indicada para áreas com risco de ocorrência de geadas. Dos híbridos em cultivo comercial é o mais sensível ao fotoperíodo. Portanto, para que posso expressar seu potencial de rendimento superior aos mais precoces, indica-se semear esse híbrido o mais cedo possível após a colheita de lavouras mais precoces de soja ou milho. É altamente sensível a resíduos de herbicidas utilizados em soja e em milho.

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Variedades tolerantes a herbicidas
Embora em outros países as variedades e os híbridos tolerantes a herbicidas ocupem a maior parte da área semeada, seu cultivo no Brasil e no Paraguai não se encontra liberado, principalmente pela justificação de que nos países onde se utilizavam esses cultivares, realiza-se apenas uma safra por ano, enquanto no Brasil e no Paraguai, a canola participa de sistemas de produção, nos quais já se empregam variedades de milho e de soja tolerantes a determinados herbicidas, inviabilizando o uso de genótipos de canola tolerantes aos mesmos herbicidas, provocando dificuldades e aumento nos custos de controle de plantas voluntárias de canola nos cultivos de verão e vice-versa, em lavouras de canola (TOMM, 2005).
Zoneamento agrícola e exigências climáticas
A colza é uma planta de clima temperado a frio e de altitudes acima de 700 metros, se desenvolve melhor em temperaturas em torno de 20º C, no ciclo vegetativo a faixa de temperatura varia de 13 a 22º C. Os danos por frio ocorrem no estádio de plântulas com temperaturas entorno de 3 a 4º C em nível de solo, sendo mais severo, levando a morte completa das plântulas quando ocorre geadas sem que ocorra um período de frio antecedente a geada de pelo menos 3 dias, o qual é referido com aclimatação, tornando-as mais resistentes à geada. Durante o florescimento temperaturas acima de 27º C causam o abortamento das flores e síliquas em início de formação, por isso, deve-se evitar semeaduras em épocas tardias e locais que apresentam temperatura elevada no período de florescimento. Nas demais fases a cultura apresenta boa tolerância às geadas.
Segundo Tomm (2007), geadas tem menor efeito sobre o rendimento de grãos do que de sobre outras espécies cultivadas no inverno. Pois, embora a geada cause o abortamento de flores, o longo período de floração, típico da cultura, que varia de 20 dias em híbridos precoces, e até mais de 45 dias em híbridos de ciclo longo, permite compensar a perda de flores. Geada tardia pode provocar prejuízo se a cultura recém terminou a floração e os grãos estão na fase leitosa.
Rotação de culturas
No cultivo da canola é essencial que se faça rotações com culturas de outras famílias, principalmente, para o controle de doenças como o mofo-branco e a canela-preta, controle mais eficiente de plantas daninhas como o nabo ou nabiça, e melhor dinâmica de nutrientes do solo.
Tomm (2007) indica, sempre que possível adotar a sequencia de culturas, soja – canola – milho – trigo. Cultivando a canola posteriormente a soja R, existem menos riscos de fitotoxidade por herbicidas. A biomassa da canola se decompõe rapidamente, o que beneficia o milho semeado posteriormente com um grande aporte de nitrogênio, lembrando que o milho deve ser semeado sempre após no mínimo 20 dias depois da colheita da canola, além disso, a canola diminui o inóculo de fungos patogênicos que atacam a cultura do milho como a mancha de diplódia (Stenocarpella macrospora) e a cercosporiose (Cercospora zeae-maydis). Durante o cultivo da canola o controle de plantas daninhas como o azevém e aveia é de baixo custo quando comparado a cultura do trigo em que se utilizam herbicidas mais caros para o controle de gramíneas, portanto nessa fase, deve-se reduzir a infestação por essas plantas.
No ano de cultivo de trigo após a safra de milho, se torna de fácil controle plantas daninhas como o nabo, que podem a vir prejudicar a safra de canola no ano seguinte, portanto é nessa fase que se deve fazer um controle eficiente dessas plantas. A infestação do trigo por fungos como o Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS
Fusarium graminearum e Septoria nodorum tende a ser menor quando se cultiva canola no inverno anterior, pois ocorre a quebra do ciclo desses patógenos. A próxima cultura que será a soja novamente, utilizará de um bom residual de nutrientes deixados pela cultura anterior (trigo).
Preparo do solo
É aconselhável em solos compactados que se realize escarificação, Tomm (2007), sugere que a escarificação seja feita no ano anterior à implantação da cultura, contudo, para que ocorra boa germinação e emergência uniforme é necessário que o solo seja uniforme e sem a presença de torrões devido ao tamanho minúsculo da semente, que pode ser resolvido com uma gradagem no local. A COOPERBIO sugere que em restevas bem descompactadas a realização de uma simples gradagem antes do plantio é suficiente.
Tecnologia de semeadura
A densidade populacional indicado para a cultura é de aproximadamente 40 plantas / m², distribuídas o mais uniformemente possível. É aconselhável que se utilize o menor espaçamento disponível na semeadora, contudo, segundo Tomm (2007), experiências com semeadoras com discos alveolados, equipadas com sulcadores (botinhas) utilizando espaçamento de até 45 cm, foram bem-sucedidas.
Para o plantio da canola é necessário a adaptação de um kit apropriado em cada linha da semeadora devido ao tamanho das sementes, pois 1000 sementes pesam apenas 3 a 6 gramas. Os discos de distribuição utilizados possuem apenas uma linha de furos, mais um rolete interno com alça específica, mais um anel corredor de folga que permite ajustar a pressão sobre o disco alveolado, evitando vazamentos e desperdícios de sementes, bem como facilitando a regulagem da densidade de semeadura (TOMM, 2007).
Um bom estande de plantas é essencial para uma boa produtividade, populações excessivas geram plantas com caules finos e susceptíveis ao acamamento, reduzindo o rendimento de grãos, baixas populações podem ser compensadas com facilidade, porém com distribuição uniforme. Rendimentos de até 1800 kg ha-¹ foram obtidos em lavouras coma até 15 plantas / m². Porém, recomenda-se uma população de 40 plantas / m² afim de assegurar um bom stande e compensar danos causados por insetos além de proporcionar rápida cobertura do solo diminuindo a presença de plantas daninhas.
A profundidade da semente no solo é outro fator decisivo no stande final, indica-se utilizar roda limitadora de profundidade para que a semente fique a uma profundidade de 1 a 2 cm, e uma roda compactadora para garantir o contato do solo com a semente, proporcionando uma emergência mais uniforme.
Assim como a profundidade, a distribuição correta do fertilizante também influencia no estande final, o contato do fertilizante com a semente pode queimá-la, pela retirada de água da semente pelo processo de osmose devido ao efeito salino de alguns adubos, fazendo com que a semente não germine. Por isso, nunca se deve misturar o fertilizante junto com a semente no mesmo sulco de plantio, ou na mesma profundidade.
E, para garantir uma boa germinação e estande final, nunca semear canola em solo seco, apenas quando se observa previsões de precipitação logo após a semeadura.
Adubação
A cultura da canola é considerada uma planta muito exigente em nutrientes, principalmente em nitrogênio, o qual requer em maiores quantidades que outras culturas, como o trigo por exemplo, porém sua utilização de fósforo é mais eficiente. É uma cultura que responde a adubação nitrogenada e fosfata como nenhuma outra cultura.
O enxofre é outro nutriente determinante para o cultivo de canola, devido ao seu alto teor de óleo e proteína nos grãos. Para produzir uma tonelada de grãos é necessário que a cultura absorva aproximadamente 20 kg de S ha-¹.
O potássio é requerido em menor quantidade que outras culturas, devido a sua baixa translocação para a semente. O boro é o micronutriente mais requerido pela canola, sendo importante para assegurar a boa formação das semente, porém a deficiência de zinco e cobre também afetam a produtividade. Nitrogênio
Segundo Tomm (2007), na cultura da canola é indispensável a aplicação de nitrogênio em cobertura para a obtenção de bons rendimentos.
Conforme SBCS (2004) apud Tomm (2007), deve-se aplicar de 30 a 60 kg ha-¹ de nitrogênio para a expectativa de rendimento de grãos de 1500 kg ha-¹. O ajuste da dose de nitrogênio deve ser feito em função do teor de matéria orgânica do solo como mostra no quadro abaixo.
Adaptado de Tomm (2007).
Para a expectativa de rendimento superior a 1500 kg de grãos ha-¹, recomenda-se adicionar aos valores da tabela 20 kg de N ha-¹, por tonelada de grão adicional. Pois, quando há distribuição
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS uniforme de plantas, com a aplicação de N até 120 kg ha-¹ tem se observado incremento no rendimento de grãos e não tem ocorrido acamamento (TOMM, 2007), por isso, antes de elevar a dose de N é ideal que se verifique o estande final de plantas e não elevar a dose quando ocorre desuniformidade na lavoura.
Do total de nitrogênio a ser aplicado na cultura, indica-se a aplicação de pelo menos 15 kg ha-¹ no momento da semeadura e o restante em cobertura, no momento em que as plantas apresentarem 4 folhas verdadeiras (imagem abaixo), aplicações tardias não são recomendadas (TOMM, 2007).
Enxofre
A deficiência de enxofre causa alta taxa de abortamento de flores, a planta produz síliquas pequenas, mal formadas, apresentando engrossamento.
A aplicação de enxofre é realizada conforme análise de solo, se o resultado da análise apresentar disponibilidade de S menor que 10 mg / dm³ recomenda-se a aplicação de 20 kg de S ha-¹. A correção do teor de S pode ser obtida com a aplicação de gesso agrícola (13% de S), aproximadamente 154 kg ha-¹ alguns dias antes da semeadura dependendo da umidade do solo e da temperatura, ou se pode adotar o uso de fertilizantes que supram 20 kg de S ha-¹ durante o plantio. A utilização de sulfato de amônio na adubação de cobertura pode suprir a demanda de enxofre pela planta (TOMM, 2007).
Fósforo e potássio
A adubação fosfata e potássica, segundo a SBCS (2004) apud Tomm (2007), é realizada segundo a interpretação da análise de solo, onde é possível recomendar a quantidade de P205 e K20 em kg ha-¹ conforme a tabela abaixo.
Adaptado de Tomm (2007).
Quantidade recomendadas para expectativa de rendimento de grãos de 1500 kg ha-¹. Para maiores rendimentos deve-se acrescentar aos valores recomendados pela tabela, 20 kg P2O5 ha-¹ e
15 kg K2O ha-¹ por tonelada adicional de grãos. Contudo, Tomm (2007), ressalta que, a aplicação de 20 kg de N ha-1, mais 20 kg de S ha-1, mais 40 kg de N ha-1, em cobertura estão entre as recomendações que dão o melhor resultado econômico, pois em solos que apresentam elevados rendimentos de grãos de soja e de milho, não tem sido observadas deficiências de fósforo e potássio na cultura da canola.
Controle de plantas daninhas
Segundo a COOPERBIO, as principais plantas daninhas que infestam os cultivos de canola no Sul do Brasil são: o nabo ou nabiça (Raphanus raphanistrum L.), cipó-de-inverno (Polygonum convolvulus L.), gorga (Spergula arvensis L.), corriola (Ipomoeia spp.), língua-de-vaca (Rumex spp.), serrralha (Sonchus oleaceus L.), picão-branco (Galinsoga parviflora Cav.), azevém (Lolium multiflorum Lam.) e aveia (Avena sp.).
Por possuir um crescimento inicial lento até o estádio de roseta, a presença de plantas daninhas nessa fase é considerado um fator limitante de produção, após, a cultura cobre o solo não ocorrendo mais problemas de infestação. Em áreas muito infestadas se recomenda diminuir o espaçamento para 20 cm entre fileiras e aumentar a densidade para 6,3 kg de sementes há-1.
Além da redução do rendimento da canola, as plantas daninhas causam sérios problemas na colheita da cultura, pois ocorre aumento na relação matéria verde/grão que entra na colhedora, ocorrendo o embuchamento do cilindro da máquina, entupimento do saca-palhas além de
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS trepidações e aumento significativo do teor de umidade nas sementes colhidas.
Não existem herbicidas registrados para a cultura da canola no estado do Paraná, segundo a
SEAB. Porém Vargas et al. (2011) concluem, conforme a tabela abaixo, que, os herbicidas graminicidas como o Poast, Select e Veredict, não afetaram o rendimento de grãos quando utilizados em pós-emergência, sendo necessário fazer capina manual para eliminar as espécies daninhas de folhas largas que não são controladas por esse tipo de mecanismo de ação ou indicam a possibilidade de uso do mesmo sem a capina manual.
Pragas e Doenças
Doenças
Segundo Tomm (2006), a principal doença com importância econômica na cultura da canola é o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) sendo também comum em outras culturas. Ainda não existem perspectivas para canola resistente ao mofo branco.
Fungos:
Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum): como já citado, é uma das principais doenças da canola. Plantas infestadas com essa doença foram coletadas pela primeira vez em 1993 quando as plantas atingiam as fases de plena floração e a maturação fisiológica, ano em que ocorreu um dos mais graves “surtos” da doença (CARDOSO, et al. 1996).
Os sintomas das plantas infectadas são caracterizados por murchas das plantas e posterior queda foliar, podridão mole nos tecidos infectados, com a presença de micélios brancos com ou sem a presença de escleródios. Na etapa de colonização os tecidos
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS apresentam coloração marrom, nesta fase a parte interna e externa não apresenta alteração da consistência, posteriormente com a maturação fisiológica esses tecidos colonizados apresentam coloração cinza, ausência de micélios e internamente os caules e hastes se tornam ocos, além disso, a maturação é acelerada prejudicando a formação do grão (CARDOSO, et al. 1996).
Devido a grande capacidade de sobrevivência do fungo no solo (de até 10 anos), o controle do mesmo é dificultado, além de ficar no solo pode se hospedar em outras culturas e sementes.
Uma das medidas de controle para o patógeno mais recomendados é usar sementes de boa procedência sem contaminação (EMBRAPA TRIGO, 2007). Cardoso et al. (1996), também recomenda uma boa rotação de culturas com gramíneas, pois deve-se levar em conta que o fungo é polífago.
Também se pode realizar tratamentos químicos durante a fase da instalação da doença, sendo difícil um produto que consiga anular a infecção por total.
Mancha de alternária (Alternaria brassicae; A. raphani; A. alternata): no inicio da cultura a infestação pela mancha de alternária pode causar em plântulas o dampin-off e necrose dos cotilédones e hipocótilos, já em plantas adultas os sintomas típicos são formações de lesões circulares, zonadas de cor marrom a cinza ou marrom escura de dimensões variadas, suas nervuras se apresentam deprimidas e as síliquas deprimidas, puntiformes, necróticas, pardas ou negras (CARDOSO, et al. 1996). Desenvolvimento do fungo em temperaturas de aproximadamente 28ºC e orvalho se disseminando principalmente pelo vento.
Como forma de controle da doença, a Embrapa Trigo (2007), recomenda a utilização de sementes de boa qualidade para manter um bom estande de plantas, também recomenda não plantar por no mínimo 3 anos em locais que foram infestados por alternaria e controlar plantas daninhas que podem ser vetores.
Canela-preta (Leptosphaeria maculans, forma conídica Phoma lingam): perdas com essa doença se agravam ainda mais se as condições de desenvolvimento da mesma forem condições favoráveis como elevadas temperaturas e tempo seco, pode causar perdas severas de até 50% na lavoura, com sintomas como lesões circulares a irregulares nas folhas e cotilédones com coloração branco-sujo a amarelo claro com um grande número de estruturas negras puntiformes que correspondem aos picnídios, já os caules geralmente são infectados de maneira pouco agressivas causando pequenas lesões ou cancros nas áreas basais dos mesmos, esses cancros impedem a nutrição das plantas, reduz o ciclo da cultura e causa rompimento prematuro das síliquas (CARDOSO, et al. 1996). A doença se dissemina a curta distância por esporos produzidos pelos picnídios


Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS através de respingos da chuva, e a longa distância se dissemina por ascósporos produzidos nos peritécios localizados nos restos culturais infectados. Um trabalho da Embrapa Trigo (2007) mostra a variação na produção de acordo com a distância das culturas infectadas:
Adaptado de Embrapa Trigo (2007).
4 a 6 folhas
Segundo a Embrapa Trigo (2007) a principal forma de controle da doença é através de genótipos resistentes, produzir longe de áreas com palhadas infectadas (o vento pode levar a doença até 8 km), e podem-se aplicar fungicidas na cultura quando as plantas têm de
Outras doenças fungicas de pouca importância: Ferrugem branca (Albugo sp.) Oídio (Oindium balsamii) e Rhizoctonia (Rhizoctonia solani)
Bactérias:
Podridão negra das crucíferas (Xanthomonas campestris pv. campestris): é uma das doenças importantes nas brássicas no geral, causa lesões foliares em forma de “V” circundada por um halo amarelado, invade a planta através de ferimentos nas folhas e por hidatódios, invadindo a planta sistemicamente por nervuras primárias e secundárias das folhas se deslocando para caules e raízes, tendo como condições ideais tempo chuvoso e quente podendo até infectar a semente (CARDOSO, et al. 1996).
Segundo a Embrapa Trigo (2007) a geada pode favorecer a entrada da doença, pois rompe as células foliares. O principal controle da doença se dá por adquirir sementes livres de patógenos e realizar rotações de culturas com não brássicas.
Viroses:
Foram coletadas plantas com viroses como: vírus do mosaico do pepino, vírus do mosaico do nabo e vírus do mosaico da couve flor. Não há relatos de perdas significativas causadas por vírus na canola, mas como medida de prevenção deve-se evitar cultivos em áreas próximas a outras brássicas e a cucurbitáceas, e sempre evitar a presença de grandes quantias de insetos transmissores de viroses (CARDOSO, et al. 1996).
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS
Pragas
Traça das crucíferas (Plutella xylostella): pode ser citada como uma das mais importantes pragas para o Rio Grande do Sul, atacando folhas causando desfolhas e se a população estiver em grande número ira atacar a epiderme das síliquas e hastes (DOMICIANO e SANTOS, 1996).
A mariposa é pequena com coloração parda e os machos possuem a margem posterior da asa anterior branca, seus ovos são microscópicos de coloração esverdeada postos isoladamente ou em grupos de dois ou três em ambas as faces das folhas.
As lagartas quando eclodem penetram no interior do tecido da folha e se alimentam do parênquima, após passam a comer a epiderme da folha e ao final de nove a dez dias atingem a fase de pupa, e com 7 a 14 dias eclodem. Populações baixas atacam somente as folhas, mas uma grande população ataca as síliquas (DOMICIANO e SANTOS, 1996).
Segundo a Embrapa trigo (2007) para o controle da praga se recomenda o uso de inseticidas fisiológicos levando em consideração o nível de dano econômico de 200 a 300 larvas por m².
Pulgões (Myzus persicae e Brevicoryne brassicae): Geralmente o ataque de pulgões ocorre durante a floração, mas podem ocorrer também durante o desenvolvimento da planta, se localizando na face inferior das folhas e cotilédones, causando enrolamento das folhas e em condições severas levam a morte da planta (EMBRAPA TRIGO, 2007).
Pragas secundárias:
Percevejos: Em anos com pouco frio se nota a presença de percevejos como: percevejo verde pequeno (Piezodorus guildinii), percevejo verde (Nezara viridula) e do percevejo marrom (Euschistus heros) todos oriundos de áreas de soja. Seu controle é essencial no inicio da formação das síliquas para evitar grandes perdas (EMBRAPA TRIGO, 2007).
Vaquinha (Diabrotica speciosa): ataca principalmente o inicio da cultura da canola consumindo os pecíolos e folhas novas da mesma, tendo como fase critica de ataque o período da emergência até a fase que a planta apresenta três folhas (DOMICIANO e SANTOS, 1996). A Embrapa Trigo (2007) recomenda tratamento de sementes como a principal forma de controle dessa praga.
Formigas: controlar na fase inicial da cultura infestações por formigas como as saúvas e quenquéns.

Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS
Corós: Evitar plantar em áreas infestadas por corós, pois qualquer forma de controle contra tal inseto é de difícil execução.
inseticidas liberados para o Brasil e mais especificamente para o Paraná
Lagartas (Helicoverpa zea; Hellula sp; Ascia spp): pragas secundárias não causando tanto dano a cultura. Em relação aos insetos pode-se observa que falta estudo no Brasil para definir mais especificamente as pragas chaves da cultura, também se sente uma grande deficiência em encontrar
Também se pode afirmar que insetos que causam desfolha são prejudiciais à cultura da canola, causando reduções significativas na produção como se observa na tabela abaixo adaptada da Embrapa Trigo (2007):
Colheita e armazenamento
Segundo a COOPERBIO a colheita pode ser umas das etapas mais criticas da cultura da canola, uma vez que nem todas as síliquas se formam e amadurecem ao mesmo tempo e a maturação ocorre de baixo para cima na haste principal e nos ramos secundários, sendo assim podem ocorrer de as síliquas se abrirem (pois os frutos da canola possuem deiscência) e ocorrer grandes perdas pela queda das sementes maduras, por esse motivo a colheita deve ser realizada com as primeiras debulhas das síliquas, pois quanto mais se retarda a colheita mais perdas ocorrem.
Para se colher a canola deve-se observar a cor dos grãos localizados no topo do caule principal da planta, quando 40 – 60% dos grãos mudarem a cor de verde para marrom, neste ponto a planta atingiu sua maturação fisiológica com cerca de 35% de umidade, nesse momento deve-se realizar o corte e enleiramento das plantas caso se opte por esse modelo de colheita (EMBRAPA TRIGO, 2007).
O enleiramento consiste no corte e “amontoa” das plantas com alta umidade até o mais perto possível de 10% de umidade, sendo 10% o ideal para a colheita. Essa técnica ainda é pouco usada na América do Sul, mais apresenta grandes vantagens, pois diminui a debulha natural e a debulha pela colhedora das síliquas, reduzindo a perda. O enleiramento é realizado com equipamentos apropriados acoplados em tratores ou em automotrizes. Pode-se também realizar a colheita direta sem o enleiramento, sempre levando em
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS consideração a cor predominante dos grãos. Após a maturação fisiológica observar a perda de umidade e colher com no máximo 18% de umidade, preferindo horas menos quentes para diminuir a debulha das síliquas pela plataforma. Para realizar adequadamente a colheita a colhedora deve ser “preparada” adequadamente, devendo ser primeiramente vedada com silicone ou outros materiais, também se observou que utilizar uma mangueira 1/2” adaptada logo após as navalhas na largura de toda a plataforma de corte reduz a perda de sementes ocasionada pela inclinação da plataforma, o molinete deve ter sua velocidade um pouco acima do deslocamento da máquina, pois velocidades muito altas aumentam a debulha dos síliquas, o corte deve ser feito de maneira a se reduzir o máximo possível o aumento de caules pois estes causam embuchamento, o cilindro deve ter uma velocidade de 400 a 600 rpm e a velocidade da colheitadeira deve ser menor que a usada em cereais para se reduzir a debulha (EMBRAPA TRIGO, 2007).
Após a realização da colheita é recomendado deixar a área por vinte dias no mínimo sem cultivo de milho ou soja, devido ao efeito alelopático da palhada da canola, maior sobre a soja do que sobre o milho.
Para um armazenamento se recomenda uma umidade de 10 a 9%, sendo que para armazenamentos em longos períodos é recomendado uma umidade de 9%.
Canola em números
A Colza era a terceira oleaginosa mais produzida no mundo perdendo apenas para a palma e a soja, mas sempre teve o problema de ser tóxica aos humanos devido ao alto teor de ácido erúcico e glucosinolatos, mas foi modificada pelo Canadá e passou a se chamar Canola tendo uma produção de 57 milhões de toneladas no mundo (em 2008) (CARVALHO, 2009).
Segundo a Embrapa Trigo (2013) sua produção se encontra em 61,56 milhões de toneladas na safra de 2011/2012, com uma estimativa de 59,30 milhões de toneladas para a safra de 2012/2013 outros dados importantes podem ser observados na tabela abaixo:
O cultivo da canola no Brasil vem crescendo principalmente no Paraná, juntamente com esse
Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS aumento de produção está se aumentando a demanda do óleo da canola no Brasil sendo justificado pelo seu baixo teor de gorduras saturadas que são inferiores ao óleo de soja e girassol, mas mesmo com esse incentivo de demanda o cultivo da canola é dificultado no Brasil pela alta burocracia de importações de sementes vindas de fora do país (CARVALHO, 2009).
As principais regiões produtoras no Brasil e sua respectiva produção podem ser observadas na tabela abaixo:
Dentre essas regiões se destaca o Paraná tendo como principais polos produtores segundo a Conab (2010), as seguintes regiões:
Detalhadamente pode-se dividir a produção de canola no Paraná por região como se observa na tabela abaixo adaptada da Embrapa Trigo (2013):

Trabalho apresentado na disciplina de Culturas de Inverno pelos acadêmicos: Wilson R. Mayer e Rodrigo Zapahowski. UFFS
Em relação ao custo de implantação pode-se observar a tabela abaixo:
Adaptada de CONAB (2010).
Tomm et al.(2009) afirma que o custo para aquisição da semente representam apenas 6,3% do custo, sendo o mesmo para praticamente em todos os híbridos. Sempre se deve levar em conta a aquisição de sementes que possuam alguma resistência a doenças como a canela preta, isso diminui o uso de agroquímicos.




domingo, 24 de dezembro de 2017

Colheita da Canola



Manejo de colheita

Visa reduzir ao máximo as perdas antes e durante a colheita para obter o máximo rendimento de grãos. O atraso na colheita determina grandes perdas.
  • Para determinar o ponto de colheita tome como base a cor dos grãos e não o aspecto das plantas.
  • Verificar a cor dos grãos das síliquas localizadas no topo do caule principal das plantas. Quando 40-60% dos grãos mudaram da cor verde para marrom as plantas atingiram o ponto de maturação fisiológica. O teor de umidade dos grãos neste estádio geralmente está em torno de 35 %. Realizar o Corte-enleiramento imediatamente após atingir a maturação fisiológica das plantas.

Corte-enleiramento

  • Cortar e enleirar as plantas quando 40 a 60% dos grãos começam a alterar a cor. Considera-se que ocorreu a troca de cor quando pelo menos a metade dos grãos já passaram de verde para a cor marrom e preto. Os grãos verdes devem estar firmes o suficiente para não quebrarem quando rolados entre os dedos polegar e indicador. Na maioria das áreas as plantas de canola estarão no ponto adequado para Corte-enleiramento durante o período de apenas 3 a 5 dias. A partir do Corte-enleiramento a cultura vai secando e estará pronta para colheita em 8 a 15 dias, dependendo das condições ambientais.
  • A operação de Corte-enleiramento (Figura 1) é realizada com equipamento auto-propelido ou acoplado a um trator. Existem modelos para acoplar na parte frontal do trator (acionado por motores hidráulicos), ou acoplado ao lado de trator (Figura 1).
  • Após um certo número de dias, que varia em função das temperaturas e da umidade ambiental desde o Corte-enleiramento, o teor de umidade dos grãos estará próximo de 10% de umidade, que é a umidade de referência na comercialização e também indicada para armazenamento de curto prazo. Realizar a colheita das plantas enleiradas o mais próximo possível da umidade de 10%.
Foto: Gilberto Omar Tomm
Figura 1. Área cortada-enleirada com o equipamento da figura 2.
Fotos: Gilberto Omar Tomm
      




Figura 2. Equipamento para corte-enleiramento de canola (e cereais), fabricado no Canadá, acionado pela tomada de força de trator e com o levante do molinete acionado por hidráulico (as mesmas duas tubulações empregadas no levante hidráulico de semeadoras).

Dessecação

A dessecação não é indicada.
  • Híbridos com ciclo mais curto, como Hyola 401 e Hyola 420 possuem maturação uniforme e dispensam dessecação.
  • Determinados herbicidas usados na dessecação podem deixar resíduos nos grãos, conforme verificado em estudos realizados pelo autor em Passo Fundo.
  • Quando usados incorretamente, os dessecantes podem aumentar a presença de grãos verdes e elevar o teor de clorofila no óleo onerando a clarificação no processamento industrial.
  • A dessecação causa amassamento de plantas, aumenta o custo de produção e pode aumentar as perdas.

Colheita direta

Ponto para colheita direta
  • A cor predominante dos grãos é o melhor indicador. A cor da planta ou dos caules são maus indicadores, pois os grãos secam antes das hastes e demais partes das plantas secarem.
  • A partir da maturação fisiológica, determinar diariamente o teor de umidade dos grãos, para identificar o momento de iniciar a colheita, pois, em dias quentes e secos, a secagem dos grãos e a deiscência ocorre rapidamente.
  • Iniciar a colheita quando o teor de umidade dos grãos estiver no máximo em 18 %. A partir deste ponto, se existe previsão de chuvas e ventos, colher a canola, passar os grãos por pré-limpeza e secagem o mais rapidamente possível;
  • Colher primeiro as áreas livres de plantas daninhas para reduzir a disseminação de sementes de invasoras.
  • Ao se evitar as horas mais quentes e secas do dia (colhendo pela manhã e ao fim da tarde.) reduzem-se perdas por debulha na plataforma. Entretanto, o elevado peso da massa verde que precisa passar pela colhedora torna mais difícil a separação dos grãos. Assim, no RS, frequentemente é preferível colher nas horas mais quentes do dia.
  • Realizar a regulagem da colhedora com muita atenção. Ajustar várias vezes durante o dia, pois as variações temperatura e umidade alteram o teor de umidade da palha e dos grãos. As perdas podem ser maiores que 10 % se a regulagem ou as peneiras não forem adequadas. Cálculo por regra de três simples indica que cada 23 grãos de canola perdidos por m2 de área colhida correspondem à perda aproximada de um kg/ha.

Regulagem da colhedora

Evitar a debulha na plataforma, pois causa grandes perdas. Consultar o catálogo do fabricante da máquina.
  • Vedar a base dos elevadores e todos os locais da colhedora (e dos veículos usados no transporte), onde podem vazar grãos, com fita crepe, com silicone ou outro material.
  • Eventualmente a retirada do arco divisor da lateral da plataforma pode reduzir perdas por debulha.
  • Uma adaptação realizada ao prender uma mangueira de 1/2", com os próprios parafusos da colhedora, em toda a largura da plataforma de corte, logo atrás das navalhas, tem se mostrado eficiente para reduzir as perdas causadas pela queda de grãos ao solo devido à inclinação em direção à barra de corte.
  • Usar peneiras apropriadas (2 a 4 mm).
  • Molinete: reduzir o número de "aspas”, recuar e ajustar a altura do molinete para que só as "aspas" se introduzam no cultivo. Ajustar a velocidade para que seja pouco superior à de deslocamento da colhedora.
  • Altura da barra de corte: deve cortar as plantas logo abaixo dos primeiros ramos produtivos. Isto é, se deve reduzir tanto quanto possível o volume de caules colhidos, os quais aumentam o risco de embuchamento da colhedora, o consumo de combustível e tendem a aumentar a umidade e impureza da massa de grãos.
  • Caracol: ajustar a velocidade e a altura para que não causem muita debulha de síliquas.
  • Velocidade do ventilador: regular para que permita a limpeza da massa de grãos e evite perdas.
  • Velocidade do cilindro: deve se menor do que a usada para cereais (400 - 600 rpm).
  • Abertura do côncavo: deve ser maior que aquela usada em trigo.
  • A velocidade de deslocamento na colheita de canola deverá ser menor do que aquela usada para cereais para reduzir o risco de perdas por debulha.
  • Em terrenos com grande declive a massa de plantas e grãos tende a se concentrar em uma área restrita na lateral das peneiras reduzindo a eficiência da separação e aumentando as perdas de grãos. Nestes casos realizar a colheita subindo e descendo o declive com o ajuste correspondente da velocidade do ar pode reduzir as perdas de grãos aumentar a eficiência de eliminação de impurezas.

Limpeza e vedação de equipamentos na colheita e tranporte

Objetivo: Minimizar os vazamentos e perda de grãos durante a colheita, o transporte e a entrega da produção.
  • Limpar a colhedora quando passar para outras áreas de lavoura e outras culturas para evitar a disseminação de sementes de canola. Isso diminuirá a ocorrência de plantas voluntárias e a proliferação de doenças e pragas.
  • Armazenar e transportar a produção em armazéns, carretas agrícolas e caminhões secos, limpos e bem vedados.



sábado, 16 de dezembro de 2017

Doenças da Canola


Canela-preta

Esta doença, denominada blackleg ou phoma stem canker em inglês, é causada por duas espécies de LeptosphaeriaLeptosphaeria maculans (Fuckel) Ces. & De Not. [anamorfo Phoma lingam (Tode) Desm], em sua forma virulenta, e Leptosphaeria biglobosa Shoemaker & H. Brun (anamorfo Phoma wasabiae Yokogi), em sua forma menos agressiva. Constitui uma das doenças mais importantes da canola no mundo, ocorrendo na América (Canadá, EUA, México, Brasil, Argentina e Paraguai), na Europa, na Austrália e em alguns países da África. Na Austrália, chegou a inviabilizar o cultivo de canola. Atualmente, a redução média de produtividade é de 10%, embora possa alcançar de 30% a 50%. Os primeiros registros no Brasil datam de 1993, no Paraná. A severidade da doença foi elevada em lavouras dos híbridos Hyola 401 e Hyola 420 na região noroeste do RS na safra 2000, e danos foram maiores em lavouras com plantas debilitadas por geadas, ocorridas logo após a emergência das plantas, ou com injúrias relacionadas a resíduos de herbicidas.
A doença ocorre em várias situações climáticas, em diferentes variedades e com diversas práticas culturais. O nível de danos está relacionado à estrutura da população do patógeno. Isolados mais agressivos (de L. maculans, antigamente referenciados como “grupo A” ou PG [Patogenicity Group]2, PG3 e PG4 ) causam danos superiores a 50%. Isolados menos agressivos (de L. biglobosa, também conhecidos como “grupo B” ou PG1) infectam plantas no final do ciclo, causando danos inferiores a 2%. No Brasil, foram identificados isolados das duas espécies (PG3 e PG1).
O patógeno pode infectar todos os órgãos aéreos da canola. Nas fases iniciais de desenvolvimento, o tombamento causa falhas de germinação ou morte de plântulas. Os sintomas em cotilédones e folhas consistem em lesões circulares a irregulares, de coloração branco-sujo a amarelo-claro (Figura 1), que progridem para infecção sistêmica dos tecidos. Isolados de L. maculans causam cancros na base da haste (cancros da coroa, Figura 2), enquanto que isolados de L. biglobosa causam lesões marrom-claras com margem escura na porção superior da haste (chamadas lesões de phoma ou de caule). Cancros da coroa causam maiores danos, pois impedem a nutrição adequada da planta, reduzem o ciclo da cultura e ocasionam a maturação e rompimento prematuro das síliquas, com perda de grãos, podendo causar, também, apodrecimento de raízes.
O patógeno é disseminado pela semente, sendo essa via importante na infestação de novas áreas. No Canadá, até 2% de sementes de canola apresentaram colônias de L. maculans. Durante a fase assexual, picnídios (pequenas estruturas negras puntiformes) são formados sobre as lesões, liberando massas rosadas de esporos. A fase sexual ocorre tanto em cancros quanto em restos culturais (Figura 3), com a produção de peritécios e liberação de ascosporos, capazes de viajar pelo ar a longas distâncias. No outono ou inverno, respingos de chuva disparam a liberação de esporos dos restos culturais. Lesões visíveis em cotilédones e folhas jovens desenvolvem-se após duas semanas do início da infecção. Destas lesões, o patógeno migra pelo sistema vascular até a coroa, onde causa cancro, ou causando lesões no caule (Figura 4).
Desenvolvimento tanto de lesões no caule quanto de cancros na coroa é mais rápido em regiões com alta temperatura no período do florescimento até a colheita, o que ocorre na Austrália e no Canadá. Esporos produzidos em picnídios são responsáveis por infecções secundárias a curta distância, sendo disseminados por respingos de chuva.
Como medidas de controle, indica-se: resistência genética, manejo de restos culturais, rotação de culturas e uso de sementes sadias.
  • Cultivares resistentes: na Austrália, cultivares ou híbridos com reação moderadamente suscetível (MS) são considerados adequados para uso em regiões de baixa precipitação pluvial, e aqueles com, pelo menos, reação moderadamente resistente (MR) são indicados para áreas de média a alta precipitação pluvial. No Brasil, foram introduzidos híbridos de canola resistentes desenvolvidos na Austrália (ver o item “Sementes” desta publicação). Nove genes maiores controlando a resistência à L. maculans (Rlm1 – Rlm9) estão caracterizados. Em várias situações, o patógeno quebrou a resistência após três a quatro anos de uso de novos híbridos resistentes. Por isso, as demais medidas de controle cultural, descritas a seguir, devem ser usadas em conjunto.
  • Pelo menos um ano de rotação de culturas é necessário em áreas onde houve ocorrência de canela preta, ou até a decomposição de restos culturais infectados.
  • Implantação de lavoura de canola distante de área afetada pela doença no ano anterior. Na Austrália, a pressão da doença cai marcadamente a partir de 200 m de distância e continua a declinar até 500 m, e parece não haver vantagem em aumentar o isolamento a partir desta distância.
  • Para não introduzir o patógeno em áreas isentas, ou para evitar sua reintrodução após rotação ou uso de híbridos resistentes, indica-se o uso de sementes: a) de genótipos resistentes; b) produzidas em áreas adversas para ocorrência de canela preta; e c) submetidas à análise de sanidade.
A aplicação de fungicida na parte aérea da canola, no estádio de 2 a 4 folhas, é prática frequente na Europa, mas só é viável em lavouras com potencial para altos rendimentos. Vários produtos são indicados no Canadá, na Austrália e na França. No Brasil, não há registro de fungicidas para controle da doença.
Foto: Gilberto Omar Tomm
Figura 1. Sintoma de infecção foliar de Phoma lingam (forma anamórfica de Leptosphaeria maculans), mostrando pequenos pontos negros em seu interior (picnídios).
Foto: Gilberto Omar Tomm
Figura 2. Sintoma típico de canela preta na base de caule de planta de canola, geralmente mais visível a partir da floração.
Foto: Paulo Kurtz / Leila Costamilan
Figura 3. Peritécios de Leptosphaeria maculans (estruturas pretas) em restos culturais de canola.

Figura 4. Ciclo de vida de Leptosphaeria maculans, agente causal de canela preta em plantas de canola.

Mofo branco

Doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, o qual infecta mais de quatrocentas espécies de plantas daninhas e de culturas dicotiledôneas, entre as quais soja, girassol e feijão, além de canola. É relatada causando danos nos EUA, no oeste do Canadá (redução média de produtividade entre 10% e 15%) e na Austrália, onde danos acima de 20% foram registrados. No Brasil, foi considerada a principal doença fúngica da canola entre 1997 e 2002. Tem potencial de causar danos em lavouras da região Sul e em áreas de temperatura amena do Cerrado, onde a canola integra sistemas de produção com a cultura de soja, o que poderia ameaçar a estabilidade do sistema de exploração agrícola desta última. Além de provocar redução quantitativa na produção de sementes ou grãos, a doença influi negativamente na produção e na qualidade de óleo de canola.
A colonização ocorre entre a fase de elongação e a fase de maturação fisiológica, mas os sintomas não são visíveis até o desenvolvimento das síliquas. A doença causa murcha de plantas afetadas, com queda foliar e podridão seca dos tecidos colonizados. Caules e ramos laterais colonizados apresentam cor palha ou marrom, sem perda de consistência (Figura 5). Em condições de alta umidade, micélio branco denso desenvolve-se nestas lesões, com presença ou não de estruturas escuras, de resistência, chamadas escleródios. Em infecções severas, as síliquas também são atingidas. Na maturação fisiológica, os tecidos colonizados apresentam aspecto seco, de coloração cinza, e ausência de micélio. Plantas doentes mostram aceleração na maturação, aspecto seco ou amarelado e as síliquas contêm sementes chochas.
O patógeno é introduzido em áreas novas por sementes contaminadas (tanto internamente quanto com a presença de escleródios no lote de sementes) e permanece na área formando novos escleródios na cavidade de caules e hastes. Estes tecidos tornam-se secos e quebradiços, o que facilita a liberação do patógeno. Os escleródios permanecem viáveis no solo por vários anos, e podem infectar plantas de canola de duas formas: germinando diretamente e formando micélio, ou desenvolvendo apotécios, dos quais são liberados ascosporos. Estes viajam em correntes aéreas, infectando plantas distantes em até 150 m, usando como substrato tecidos florais mortos ou em senescência (pétalas), depositados sobre folhas ou presos em intersecções de ramos laterais (Figura 6). A infecção é favorecida por longos períodos de temperatura amena (entre 10 ºC e 12 ºC por 10 a 14 dias).
Não há método de controle completamente efetivo. Devido à capacidade de sobrevivência em solo, sementes e em múltiplos hospedeiros, o controle é dificultado. O manejo da doença deve ser integrado, com uso de várias práticas, para evitar entrada de inóculo em áreas livres ou, após a instalação da doença, para diminuir o inóculo inicial. Indica-se:
  • rotação de culturas com espécies não suscetíveis, como gramíneas, por no mínimo quatro anos. Os benefícios desta prática podem ser reduzidos se houver mofo branco ou apotécios no solo em lavouras próximas;
  • usar semente sadia, produzida em campos sem doença, e sem a presença de escleródios no lote;
  • evitar sucessões canola/culturas suscetíveis (como soja ou feijão) em áreas onde a doença foi observada;
  • realizar semeadura direta em solo com cobertura uniforme de palha oriunda de cultura não hospedeira de mofo branco (ex.: gramíneas). Esta prática dificulta a dispersão de ascosporos e favorece a ação de micro-organismos antagônicos ao patógeno;
  • controlar plantas daninhas suscetíveis (“folhas largas”) e plantas voluntárias de canola ("guachas ou tigueras").
Não há cultivares ou híbridos de canola completamente resistentes a mofo branco. O Mofo Branco, é doença fúngica de solo, influenciada por rotação de cultivos e pelo sistema de produção estabelecido. Estudos recentes identificaram linhagens chinesas com resistência poligênica promissora à Sclerotinia na China (TIEDMANN, 2011) cuja eficiência em ambientes favoráveis à doença na Austrália foi comprovada (BARBETTI et al., 2012). Assim, nos próximos anos a alternativa mais eficaz para o controle de Sclerotinia, continuará sendo o emprego de fungicidas (TIEDMANN, 2011). Segundo Falak et al. (2011), no Canadá, a aplicação foliar de fungicidas apresenta sucesso variável apesar de critérios de previsão da ocorrência de Sclerotinia e do uso de fungicidas avançados. A Pioneer registrou em 2008, o híbrido 45S51, e em 2010, o 45S52. Testes em larga escala durante quatro anos compararam o controle genético com aquele de fungicidas e indicaram severidade da Sclerotinia menor que 50% a campo em 45S51 comparado com variedades não resistentes. O controle com 45S51 foi inferior ao dos fungicidas a campo, mas 45S52 foi notavelmente superior. O melhor controle à Sclerotinia foi obtido pela aplicação de fungicidas em híbridos com maior resistência genética (FALAK et al., 2011).
No Canadá, cultivares que produzem flores com pouca ou nenhuma pétala apresentaram menores índices de infecção que cultivares com flores normais. Entretanto, esta linha de pesquisa foi abandonada devido ao menor rendimento destes genótipos, comparativamente àqueles com pétalas normais (Com. pessoal Dr. Greg Buzza a Gilberto O. Tomm em 16/4/2003).
Na Austrália e no Canadá, indica-se uso de fungicidas de forma preventiva, quando as plantas estiverem entre 20% e 30% de florescimento, mas apenas em lavouras com perspectivas de altos rendimentos de grãos (entre 2.300 e 2.700 kg/ha, no caso do Canadá). Não há fungicidas registrados para uso em canola, no Brasil, e o controle químico de mofo branco com fungicidas está sendo avaliado.
Controle biológico, com aplicação de agentes microbianos, e transgenia também estão sendo investigados, mas os resultados ainda não são precisos.
Foto: Gilberto Omar Tomm
Figura 5. Caule de planta de canola com tecidos mortos pela infecção de Sclerotinia sclerotiorum, presença de escleródios (estruturas pretas no interior do caule morto) e micélio branco, típico do fungo.

Figura 6. Ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum, causador de mofo branco em plantas de canola.

Podridão negra das crucíferas

É uma das mais destrutivas doenças das brassicáceas, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. campestris. Tem distribuição mundial e pode ser encontrada na maioria das lavouras de canola, no Brasil.
Infecta folhas, caules, hastes e síliquas, em qualquer fase de desenvolvimento das plantas. Os sintomas caracterizam-se por manchas foliares circundadas por halo amarelo, evoluindo para lesões em formato de “V”, a partir da margem foliar (Figura 7). Tecidos vasculares infectados tomam coloração negra ou marrom-escura, e a planta murcha.
Condições climáticas favoráveis para a doença incluem temperatura alta (entre 28 ºC e 30 ºC) e períodos chuvosos na fase de desenvolvimento da cultura. A bactéria penetra pincipalmente por gotículas de água exsudadas por hidatódios localizados nas margens foliares, causando o sintoma típico nas bordas das folhas. Ferimentos e aberturas naturais são outros locais de infecção (Figura 8), que pode ser favorecida por geadas, pois a bactéria é nucleadora de gelo, e o rompimento dos tecidos, pelo efeito do congelamento, favorece a penetração de X. campestrispv. campestris.
Não há cultivares de canola com resistência à doença. Como medidas de controle, indica-se:
  • empregar somente sementes com sanidade comprovada, pois a principal fonte primária de inóculo é sementes infectadas;
  • fazer rotação com culturas não hospedeiras (das diversas espécies brassicaceas, como nabo-forrageiro) até decomposição dos restos culturais da safra anterior;
  • controlar plantas daninhas da família das brassicáceas (como a nabiça) e plantas voluntárias de canola durante o período de rotação de culturas;
  • Incorporar restos culturais após a colheita, se não for área sob sistema plantio direto.
Foto: Gilberto Omar Tomm
Figura 7. Sintoma de podridão negra das crucíferas em folha de canola (manchas foliares em formato de V, a partir da margem foliar).

Figura 8. Ciclo de vida de Xanthomonas campestris pv. campestris, agente causal da podridão negra das crucíferas em plantas de canola.

Mancha de alternária

Esta doença, também conhecida como black spotdark leaf spot ou Alternaria blight, em inglês, é causada por várias espécies do gênero AlternariaAlternaria brassicae (Berk.) Sacc., A. brassicicola (Schwein.) Wiltshire, A. raphani J.W. Groves & Skolko e A. alternata (Fr.) Keissl., cada uma delas com vários outros hospedeiros dentro da família das brassicáceas. Tem distribuição mundial e, quando severa, afeta tanto a produção de grãos quanto a qualidade do óleo, diminuindo seu conteúdo entre 15% e 36%. Os danos no rendimento variam entre 42% e 63%, no Canadá, e são da ordem de 40% na Índia, onde é uma das principais doenças da canola. No Brasil, a doença diminuiu a produção de sementes no Estado de São Paulo, causou danos no Rio Grande do Sul e esteve amplamente distribuída no Estado do Paraná entre 1997 e 2002.
A doença pode afetar plantas de canola em qualquer estádio de desenvolvimento. A transmissão ocorre por sementes infectadas, causando tombamento de plântulas ou pequenas manchas escuras em cotilédones e hipocótilos. Em estádios iniciais, a infecção pode rapidamente se instalar e resultar em níveis severos da doença e, finalmente, morte de plantas. Nas folhas, formam-se manchas arredondadas com halo amarelado, com aspecto de alvo devido à presença de estruturas escuras concêntricas dentro da mancha. Estas manchas podem medir entre 1 mm e 20 mm e, em grande quantidade, levam à murcha e à morte de folhas, podendo causar aborto de flores. Manchas escuras arredondadas e deprimidas são formadas em caules e em síliquas, acelerando a secagem e causando abertura das mesmas e queda de grãos antes da colheita. Nestes casos, é comum observar-se plântulas de canola recém-emergidas quando da colheita da safra.
Os esporos produzidos nestes tecidos são disseminados pelo vento e a doença alastra-se com o molhamento proveniente de clima úmido na primavera (Figura 9). O patógeno sobrevive em restos culturais e libera esporos no ar. Temperaturas amenas (entre 17 ºC a 24 ºC) e alta umidade são favoráveis para o desenvolvimento da doença, que progride mais rapidamente em lavouras com menores espaçamentos entre linhas e com doses de nitrogênio superiores a 80 kg/ha.
Como medidas de controle, indica-se:
  • usar sementes com boas qualidades fisiológica e sanitária, de procedência confiável, para evitar introdução do patógeno em áreas isentas ou reintrodução, após rotação de culturas. Armazenamento a 35 ºC, por certo período, ou imersão em água a 50 ºC, por 30 min, são alternativas que eliminam inóculo de sementes. Não há fungicidas registrados para uso em semente de canola ou para aplicação em lavouras, no Brasil;
  • fazer rotação com culturas não hospedeiras (eliminando as brassicáceas) até decomposição de restos culturais contaminados;
  • controlar plantas voluntárias de canola e plantas daninhas, no período de rotação de culturas.

Figura 9. Ciclo de vida de Alternaria spp., agente causal da mancha de alternaria em plantas de canola.


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