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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Cultura do Amendoim (Arachis hypogaea L.)



Planta herbácea anual, da família Leguminosae, cujas sementes contêm ao redor de 25% de proteína e 45 a 50% de óleo comestível. A espécie é cultivada em diversos países ao redor do mundo, nos hemisférios norte e sul, tanto por pequenos agricultores familiares como por produtores com alto nível tecnológico. Em alguns países asiáticos, a produção de amendoim destina-se para óleo, utilizado em culinária. Em países ocidentais, inclusive o Brasil, o produto é utilizado prioritariamente como alimento, no mercado de confeitaria.

A planta de amendoim tem como característica peculiar a produção de frutos subterrâneos. A flor, uma vez fertilizada, emite um pendão ou esporão (ginóforo) que cresce em direção ao solo, penetrando-o. O ovário fertilizado, localizado na ponta do esporão, desenvolve-se nessas condições, sob a superfície do solo, formando a vagem.

A espécie, típica de climas quentes, adapta-se a uma ampla faixa climática em regiões tropicais e subtropicais, com exceção das excessivamente úmidas, e desenvolve-se bem em regiões ou estações de cultivo em que as temperaturas mínimas não fiquem abaixo de 15ºC. Com nível adequado de fertilidade, os solos de textura leve e bem drenados são os preferíveis para o seu cultivo, porém pode ser cultivado também em solos com certo teor de argila.

Cultivares

Estes são os cultivares IAC atualmente recomendados para plantio:

IAC Tatu ST: Indicado para cultivos familiares, em sistema semi-mecanizado; a planta é de porte ereto, tipo Valência, ciclo de 90 a 110 dias, vagens com três a quatro sementes de tamanho pequeno e película vermelha; potencial produtivo: até 4.500 kg ha-1 de vagens; em São Paulo, atende a uma demanda de pequena escala, nicho de mercado para amendoins comercializados em casca ou descascados crús.

IAC 503: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, moderadamente resistente a doenças foliares, ciclo de 140 dias; vagens com duas sementes alongadas de tamanho médio a grande, sementes de cor castanho claro; potencial produtivo de até 6.500 kg ha-1 de vagens; as sementes possuem a característica “alto oleico” (ao redor de 80% deste ácido graxo, responsável por propiciar ao produto um “período de prateleira” mais longo).

IAC 505: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, moderadamente resistente a doenças foliares, ciclo de 130 a 140 dias; vagens com duas sementes de tamanho médio (padrão comercial Runner), película castanho claro; potencial produtivo: até 6.500 kg ha-1; este cultivar destaca-se pelo teor de óleo mais alto que outros cultivares (cerca de 50%), tornando-o atraente tanto para o mercado de alimentos como para projetos voltados para a produção de óleo; as sementes possuem a característica “alto oleico”.

IAC OL 3: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, ciclo de 130 dias, com melhor ajuste do que os anteriores nas áreas de renovação de cana; vagens com duas sementes de tamanho médio a grande, película de cor rosada; potencial produtivo: até 7.000 kg ha-1; as sementes possuem a característica “alto oleico”.

IAC OL 4: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, o ciclo  de 125-130 dias, permite melhor ajuste do seu cultivo nas áreas de renovação de cana; vagens com duas sementes de tamanho médio (padrão Runner), película de cor rosada; potencial produtivo: até 7.000 kg ha-1; as sementes possuem a característica “alto oleico”.

Para efeitos de previsão de custos e lucratividade, a produtividade média esperada para o cultivar IAC Tatu ST situa-se entre 3.500 e 4.000 kg ha-1  de vagens, nas condições do estado de São Paulo. Para os cultivares rasteiros aqui relacionados, a média de produtividade a ser considerada situa-se entre 4.500 e 5.000 kg ha-1.

Plantio

As sementes de amendoim são vulneráveis a infecções por fungos de solo na sua germinação e emergência; assim, é imprescindível o seu tratamento com fungicidas. A melhor época para o plantio, nas condições climáticas do estado de São Paulo é entre outubro e novembro. O cultivar IAC Tatu ST pode ser plantado em uma segunda época (fevereiro-março), mas a cultura fica sujeita a estiagem no final do ciclo; não se recomenda o plantio de cultivares rasteiros nesta época.

Controle de pragas

O tripes-do-prateamento, (Enneothrips flavens Moulton) é a praga de maior expressão econômica da cultura no estado de São Paulo; a lagarta-do-pescoço-vermelho (Stegasta bosquella Chambers) também é frequente e pode causar danos significativos às plantas; ambas atacam os brotos (folhas jovens) prejudicando o crescimento da planta.

O tripes pode ser controlado quimicamente através do tratamento das sementes com tiametoxan ou imidacloprid e, após 30 dias da semeadura, com pulverizações foliares de neonicotinoides ou organofosforados, a cada 15 dias. Sem o tratamento das sementes, as pulverizações devem iniciar-se aos 10-15 dias após a semeadura.

Quando as condições permitem, o controle de tripes pode ser realizado através de monitoramento do inseto por amostragens de folíolos, avaliando-se a infestação para determinar a necessidade de aplicação do inseticida. Neste caso, em cultivares eretos, recomenda-se a pulverização quando 30% de folíolos apresentarem o inseto e, em cultivares rasteiros, quando a infestação for de 40%. 

No caso da lagarta do pescoço vermelho, o controle químico é feito com inseticidas à base de piretróides ou organofosforados. No controle por monitoramento, recomenda-se realizar a pulverização quando o nível de infestação atingir uma lagarta a cada 5 ponteiros amostrados.

Outros insetos que podem eventualmente causar danos à parte aérea são cigarrinhas, ácaros e outras espécies de lagartas, controlados, quando no seu aparecimento, com inseticidas apropriados. Infestações de larvas de Diabrotica e percevejos (castanho e preto) podem causar danos às raízes ou às vagens e sementes em formação, no solo. Os danos causados pelas larvas de Diabrotica podem ser prevenidos através do controle dos insetos adultos, via foliar. O percevejo-preto pode causar prejuízos significativos, pois danifica os grãos em formação. Em regiões ou ambientes em que a sua ocorrência é frequente, deve-se monitorar o inseto  escavando o solo a 30 cm em diversas áreas ao longo da cultura, quando esta estiver na fase de enchimento de grãos; encontrando-se 2 insetos, recomenda-se a aplicação de clorpirifós no solo, em jato dirigido. 

Colheita

Na época da maturação, e conhecendo-se o ciclo do cultivar, monitorar constantemente o campo e amostrar plantas observando as vagens e grãos para definir o melhor momento da colheita. Para o cultivar IAC Tatu ST e outros do tipo Valência, efetuar o arranquio das plantas quando 70% das vagens apresentarem o característico manchamento escuro em seu interior. Para cultivares rasteiros, iniciar o arranquio quando 60% das vagens apresentarem escurecimento da endoderme (superfície da casca logo abaixo da epiderme).

Em culturas tecnificadas, o arranquio e enleiramento das plantas são realizados através de máquinas arrancadoras/invertedoras. Em plantios familiares, efetuar o corte da raiz abaixo das vagens com uma lâmina tracionada por animal ou trator, enleirando as plantas manualmente, com as vagens voltadas para cima. As plantas devem permanecer enleiradas ao sol até secagem completa, quando não há secagem artificial. Havendo secagem artificial, o período de secagem no campo é menor, o suficiente para permitir o despendoamento com a máquina recolhedora.

A secagem artificial pode ser feita em secadores tipo silo ou carretas com fundo perfurado. Em ambos os casos o ar é forçado entre as vagens depositadas a granel no compartimento de secagem.

Rotação de culturas

O amendoim é eficiente em aproveitar a adubação residual da cultura anterior, além de ser praticamente autossuficiente em nitrogênio via fixação simbiótica. A cultura também é conhecida pela sua tolerância a diversas espécies e raças de nematóides, contribuindo para reduzir a população desses patógenos em áreas infestadas. Em São Paulo, o seu cultivo  é conduzido  predominantemente em rotação com cana-de-açúcar e pastagens. O seu plantio nas áreas de renovação de cana propicia à cultura principal, entre outros benefícios, a redução da infestação de plantas daninhas, além de deixar resíduos de nutrientes no solo, contribuindo para reduzir os custos de implantação dos canaviais. No caso do plantio em rotação com a cana, é necessário que os cultivares de amendoim sejam de ciclo compatível com a duração do período de renovação do canavial.

Controle preventivo da aflatoxina

A aflatoxina é uma substância tóxica cancerígena para seres humanos e animais, que pode estar presente no amendoim e seus derivados; ela é produzida por fungos do gênero Aspergillus e Penicillium que sobrevivem naturalmente no solo e podem infectar o amendoim e produzir a toxina, tanto antes como depois da colheita, e durante o armazenamento.

As infecções por esses fungos, quando o amendoim ainda está no solo, são especialmente favorecidas por períodos de estiagem durante a fase de maturação das vagens; assim, regiões muito propensas a estresse hídrico devem ser evitadas; em contrapartida, o uso de irrigação propicia condições favoráveis para a produção de amendoim com qualidade, além das práticas preventivas a serem seguidas.

Para a produção de amendoins isentos desta toxina, diversas medidas devem ser adotadas: a) controlar pragas e doenças das plantas, para produzir vagens sadias e resistentes a esses fungos; b) colher o amendoim quando estiver plenamente maduro e, após o arranquio das plantas, enleirá-las com as vagens voltadas para cima, sem contato com o solo; c) secar o amendoim colhido até que a umidade dos grãos seja reduzida para 8%; d) em sistemas tecnificados, o uso de secadores artificiais é a prática recomendada; em pequenas produções familiares, a secagem das vagens, depois de retiradas das plantas, pode ser feita eficientemente em terreiro; e) nunca ensacar, empilhar ou armazenar amendoim com mais de 8% de umidade; f) após o descascamento, proceder a seleção dos grãos, retirando os danificados, chochos, imaturos ou de má aparência.

Para maior garantia da sanidade do produto, recorrer a laboratórios especializados em análise de aflatoxina; para os consumidores, adquirir preferentemente produtos que contenham selo ou certificado de qualidade.  













sábado, 17 de dezembro de 2016

Mecanização no Amendoim

Equipamentos para a colheita mecanizada do amendoim

Como o amendoim forma suas vagens abaixo da superfície do solo, a colheita necessita de um maior número de operações quando comparadas as demais grandes culturas em que geralmente é feita uma única operação. No Brasil a colheita totalmente mecanizada é utilizada apenas nas lavouras do Estado de São Paulo, onde os produtores são mais tecnificados. Nos estados produtores do Nordeste, a maior parte do amendoim produzido é proveniente de pequenos produtores com pouco uso da mecanização, principalmente na colheita.
Arranquio, enleiramento, cura e recolhimento das vagens feitos manualmente ou de forma semimecanizada
Os pequenos produtores, na maioria das situações, fazem o arranquio e despencamento manuais. Entretanto, atualmente existem alguns equipamentos disponíveis para auxiliar os pequenos produtores no arranquio. A Embrapa Algodão avaliou diversas enxadas acopladas a um implemento à tração animal, com a finalidade de auxiliar no arranquio do amendoim (SILVA et al., 1999a). O implemento consiste em uma armação de um pequeno arado, o qual se acopla uma enxada do tipo facão ou aiveca, para efetuar o arranquio do amendoim. Este equipamento reduz a mão de obra necessária para o arranquio de 12 dias/homem para 2 dias/homem. Em estudo feito por Silva et al. (1999a) com vários tipos de enxadas, verificaram que o arrancador com enxada tipo facão e asa de andorinha foram os que demandaram menor força, potência e energia para a operação de afofamento da terra, para o arranquio das plantas de amendoim e consequentemente demandaram menores custos. O arrancador com a enxada do tipo facão foi o único tratamento que não alterou a configuração das fileiras de plantas de amendoim.
Assim, o arranquio do amendoim feito pelos pequenos produtores pode ser feito de forma totalmente manual ou com o auxílio de um equipamento dotado de uma lâmina à tração animal ou mecânica, a qual tem a finalidade de cortar as raízes previamente ao arranquio, fazendo também um afrouxamento do solo, o que proporciona redução das perdas (GODOY et al., 1984). Alguns produtores têm utilizado um implemento tracionado por trator, que possui duas lâminas cortantes em forma de V aberto que cortam quatro linhas por vez.
Após o arranquio é feito o enleiramento manual, amontoando as plantas em fileiras com as vagens para cima, de maneira a favorecer o processo de cura ou secagem em condições de campo. Após o processo de cura e secagem, faz-se a retirada das vagens ou despencamento, o qual pode ser efetuado manualmente batendo-se um feixe de amendoim seco contra a borda de um balaio de bambu ou com auxílio de trilhadeiras estacionárias. Em seguida, as vagens do amendoim são peneiradas, ensacadas e, conforme o grau de umidade, continuam a secar em terreiro.
Arranquio, enleiramento, cura e recolhimento das vagens mecanizados
Atualmente, os produtores mais tecnificados vêm utilizando a colheita mecanizada em todas as etapas do processo de colheita, o que tem ocasionado redução da necessidade de mão de obra, diminuindo significativamente o custo de produção, além de aumentar significativamente o rendimento operacional e proporcionar melhora na qualidade do produto, uma vez que a operação é mais rápida, reduzindo o tempo que o produto fica exposto às intempéries do clima no campo. Na colheita mecanizada, a operação de colheita do amendoim inicia-se com o arranquio e enleiramento, passando pelo processo de cura em condições de campo e finalizando com o recolhimento das vagens.
Para o arranquio e enleiramento são utilizados os equipamentos denominados de arrancadores-invertedores, que fazem as duas operações simultaneamente (Figura 1). Este equipamento possui lâminas cortadoras em forma de “V”, onde atrás de cada lâmina existem diversas hastes. Em seguida às hastes, a máquina apresenta uma esteira elevadora das plantas acionada pela tomada de potência do trator (TDP). O arranquio ocorre com as lâminas cortadoras penetrando no solo a uma profundidade de aproximadamente 5 cm abaixo das vagens da planta com a finalidade de cortar as raízes e proporcionar o afofamento do solo ao redor das vagens. As hastes contidas na parte posterior das lâminas conduzem as plantas com as vagens e o solo para a esteira elevadora que, dotada de movimento, separa o solo das plantas. Estas são conduzidas até a parte superior da esteira e caem sobre um dispositivo que realiza o enleiramento das plantas na superfície do solo, deixando as plantas voltadas para cima (SILVA et al., 2009).
Foto: Raimundo Estrela Sobrinho
Figura 1. Representação esquemática de um arrancador-enleirador de amendoim.
Após a secagem ao sol ou cura, é feito o recolhimento e despencamento das vagens mecanizado (Figura 2). O equipamento utilizado com esta finalidade é acoplado na barra de tração do trator e acionado pela tomada de potência. Na parte dianteira existe uma plataforma recolhedora que recolhe as plantas enleiradas do solo por meio de dedos com molas e as conduz a uma esteira elevadora, a qual por sua vez, conduz as plantas para o mecanismo de batimento ou despencamento constituído pelo cilindro batedor e pelo côncavo (SILVA et al., 2009). O cilindro batedor trabalha a baixas rotações, normalmente de 400 rpm a 600 rpm, e o côncavo é constituído de uma tela perfurada em formato de um losango onde ocorre a separação das vagens das demais partes da planta. Após a separação, as vagens passam por um sistema de limpeza composto por peneiras vibratórias e ar, de maneira semelhante às colhedoras de grãos e cereais, sendo que, em seguida, as vagens são conduzidas a uma caçamba graneleira própria onde são armazenadas ou podem ser ensacadas com auxílio de um operador. Atualmente, a maioria dos equipamentos de recolhimento possui uma caçamba basculante para armazenamento do amendoim em vagem e para o esvaziamento da mesma; cilindros hidráulicos externos acionados pelo trator levantam a caçamba e fazem o descarregamento nos veículos utilizados no transporte.
Fotos: Odilon R.R.F. Silva
Figura 2. Equipamentos utilizados no recolhimento e despencamento do amendoim em sistema totalmente mecanizado.
Quando a colheita mecanizada é feita com recolhedoras que fazem o armazenamento das vagens de amendoim a granel, a produção é transportada por meio de carretas graneleiras ou transbordos tracionados por trator. Por sua vez, quando a recolhedora utilizada faz o ensaque, o amendoim em vagem ensacado fica distribuído no campo, e se utilizam carregadeiras usadas para colheita de cana-de-açúcar para o carregamento dos sacos em caminhões que transportam do campo até as unidades de recebimento ou armazenamento (BOLONHEZI et al., 2005).
Quando o processo de “cura” ou secagem natural no campo não é suficiente para que as vagens atinjam a umidade adequada de armazenamento, é necessária a secagem artificial. Dessa forma, o amendoim em vagem é recebido na unidade de armazenamento, onde é feita a pré-limpeza com a finalidade de eliminação de resíduos mais grosseiros, como terra, pedras e pedaços de plantas, e o mesmo é destinado à secagem artificial. A secagem normalmente é feita em “carretas secadoras”, as quais apresentam um fundo falso perfurado, para insuflação de ar previamente aquecido. O aquecimento do ar de secagem proporciona a redução da umidade relativa e, por isso, ao atravessar a massa de vagens na carreta, ocorre a secagem das vagens.
Máquinas para descascamento do amendoim
O descascamento do amendoim pode ser feito manualmente ou com equipamentos de acionamento manual ou totalmente mecanizado. O descascamento manual é extremamente demorado, requerendo elevada quantidade de mão de obra. Assim, as formas predominantes de descascamento utilizadas pelos pequenos produtores são por meio de pequenas máquinas de acionamento manual ou motorizado, e os grandes produtores utilizam máquinas de grande porte motorizadas.
A Embrapa Algodão desenvolveu alguns equipamentos visando a aumentar a capacidade de trabalho do pequeno produtor rural e reduzir os custos, principalmente da operação de descascamento do amendoim (SILVA et al., 1999b). O equipamento de descascamento possui um chassi feito com cantoneiras de ferro para sustentação do mecanismo descascador, o qual é composto de um côncavo, confeccionado com barras chatas e redondas de ferro, que formam uma tela curva e um semicilindro formado por barras chatas de ferro dotadas de fileiras de grampo galvanizado de cerca, com a função de promover a quebra das vagens, sendo este acionado por uma alavanca manual (Figura3). O descascamento ocorre pela fricção das vagens no côncavo, provocada pelo movimento alternado semicircular do semicilindro, induzindo à quebra das cascas das vagens, e estas, juntamente com as sementes, fluem através das malhas do côncavo, caindo sobre uma lona de pano ou de plástico. A alimentação é feita por um operador, que coloca as vagens de forma contínua e uniforme, em uma espécie de moega, que é continuação do côncavo. Por se tratar de um equipamento simples, o mesmo não dispõe de dispositivo de separação da casca das sementes, necessitando, assim, que esta operação seja feita de forma manual, com o auxílio de uma peneira e do vento para a abanação e, consequentemente, da limpeza dos grãos. Em testes de avaliação, o equipamento apresentou capacidade operacional média de 83 a 113 kg/hora de trabalho efetivo, com eficiência de descascamento entre 95% a 96% e quebra das sementes abaixo de 6%, dependendo das condições de umidade das vagens do amendoim.
A partir do equipamento de acionamento manual, a Embrapa Algodão também desenvolveu um equipamento com o mesmo princípio de funcionamento com acionamento motorizado. Entretanto, o equipamento com acionamento motorizado possui um sistema de separação das cascas dos grãos, o qual é feito por meio de um ventilador exaustor que succiona o ar na parte de baixo do côncavo, e, como as cascas são mais leves que os grãos, succiona as mesmas e ocorre a remoção.
Foto: Odilon R.R.F. Silva
Figura 3. Equipamento de descascamento do amendoim de acionamento manual.
As máquinas de grande porte utilizadas em unidades de beneficiamento são constituídas basicamente por dois sistemas, sendo um de descascamento ou batimento e outro de separação e limpeza (Figura 4A). O sistema de descascamento é constituído de um cilindro batedor de barras e um côncavo em forma de peneira (Figura 4B). A ação do cilindro sobre as vagens quebra as mesmas e faz com que tanto as sementes como os fragmentos de vagens (cascas) atravessem a peneira do côncavo. Em seguida, as cascas são separadas das sementes por meio da força do ar produzido por um ventilador. As sementes por apresentarem peso maior que as cascas não são carregadas pelo ar e são conduzidas para outro mecanismo de separação e limpeza ou então ensacadas.
Foto: Valdinei Sofiatti
Figura 4. Equipamento utilizado no descascamento do amendoim (A) e mecanismo de descascamento do equipamento constituído por cilindro e côncavo (B).







terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Manejo de plantas daninhas na Cultura do Amendoim


Manejo de plantas daninhas

O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do amendoim deve visar não somente a maior produtividade da cultura, mas também a conservação do solo e a preservação do seu potencial produtivo. Nem sempre a eliminação total das plantas daninhas significa o lucro máximo, pois o investimento requerido para altos percentuais de controle pode trazer menor retorno. Por isso, deve-se analisar caso por caso a relação custo de controle versus benefício. Além disso, a presença de plantas daninhas no momento da colheita dificulta o arranquio e inversão das plantas, a secagem/cura do amendoim no campo, o que pode ocasionar a contaminação por aflatoxinas. Os principais métodos de controle de plantas daninhas são descritos a seguir.

Controle cultural

Respeitadas as exigências culturais de cada cultivar, recomenda-se buscar o mais rápido fechamento das entrelinhas, para possibilitar maior sombreamento do solo reduzindo o crescimento das plantas daninhas. A rotação de culturas também deve ser uma prática adotada, pois além de suas múltiplas vantagens, impede a seleção natural de certas espécies de plantas daninhas, que são controladas pela aplicação de herbicidas nas culturas de rotação. Vale ressaltar que o controle cultural apenas reduz a incidência de plantas daninhas e deve ser utilizado juntamente com outros métodos de controle para que a produtividade da cultura não seja prejudicada.

Controle mecânico

O controle mecânico das plantas daninhas pode ser feito com uso de enxada ou cultivador à tração animal ou mecânica na entrelinha da cultura. Quando se utiliza o cultivador na entrelinha da cultura, normalmente é necessário o retoque com enxada para eliminação das plantas daninhas dentro das linhas de plantio. Quando se utiliza o cultivador mecânico, usam-se preferencialmente ponteiros do tipo “asa-de-andorinha”, pois, esse modelo apresenta a vantagem de efetuar uma capina superficial, sem remover grande quantidade de solo, e sem formar sulcos profundos nas entrelinhas, evitando-se danos ao sistema radicular da cultura. Para que não ocorra redução na produtividade da cultura, é necessário mantê-la sem a interferência das plantas daninhas no período compreendido entre 10 e 60 dias após a emergência, dependendo da cultivar e das espécies infestantes.

Controle químico

Atualmente o controle químico das plantas daninhas é o método mais utilizado principalmente entre os médios e grandes produtores. Quando empregados corretamente, respondem com eficiência e segurança aos objetivos visados. Caso contrário, poderão causar sérios prejuízos não somente à cultura, como também ao homem e ao meio ambiente. Para se obter máxima eficiência com o controle químico de plantas daninhas, é fundamental que o equipamento de aplicação esteja em perfeitas condições de uso, sem vazamentos, com bicos apresentando vazão uniforme, além de estar adequadamente regulado e calibrado.
Os herbicidas utilizados na cultura do amendoim podem ser aplicados nas modalidades de aplicação descritas abaixo.
OBS: Para o uso de Herbicidas, devem procurar o Agrônomo da região.

Herbicida de pré-plantio incorporado (PPI)
Os herbicidas de pré-plantio incorporado são aplicados antes da semeadura do amendoim, pois são produtos que, por suas características físico-químicas, necessitam ser incorporados mecanicamente ao solo, evitando-se, com isso, redução em sua eficiência agronômica. A incorporação deverá ser realizada logo após a aplicação, usando-se grade niveladora de discos, regulada para trabalhar numa profundidade de 10 cm a 15 cm.
Herbicidas de pré-emergência (PRÉ)
Os herbicidas de pré-emergência são aqueles aplicados após a semeadura do amendoim. Por ocasião da aplicação, o solo deve apresentar-se com umidade e destorroado, para que ocorra uma perfeita distribuição do herbicida na sua superfície. Para proporcionar um controle eficiente das plantas daninhas com herbicidas residuais de solo que não apresentam atividade em pós-emergência, recomenda-se efetuar a semeadura, seguida da aplicação dos produtos, imediatamente após a última gradagem, evitando a emergência das plantas daninhas antes da aplicação do herbicida.
Herbicidas de pós-emergência (PÓS)
Uma característica importante desses herbicidas é a sua seletividade à cultura, pois a aplicação é realizada após a emergência das plantas daninhas e da cultura. Para obtenção de melhores resultados, é necessária a observação de alguns fatores importantes, tais como as condições climáticas por ocasião da aplicação e o estágio de desenvolvimento das plantas daninhas.
Em condições de estresse biológico das plantas daninhas, deve-se evitar a aplicação de herbicidas de pós-emergência, pelo fato das mesmas não se encontrarem em plena atividade fisiológica e, assim, a atuação do herbicida pode ficar prejudicada. Os estágios iniciais de desenvolvimento das plantas daninhas (entre duas e quatro folhas) são os mais susceptíveis à ação dos herbicidas de pós-emergência e, portanto, devem ser as épocas preferenciais de aplicação (Figura 1).
Foto: Taís de Moraes Falleiro Suassuna
Figura 1. Controle de plantas daninhas com herbicida pós-emergente, em lavoura de amendoim. Mogeiro, PB., 2008.
Manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas
O uso continuado de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação pode contribuir para o aumento de população de plantas daninhas a ele resistentes. Como prática de manejo e resistência de plantas daninhas, deverão ser aplicados herbicidas com diferentes mecanismos de ação, devidamente registrados para a cultura. Não havendo produtos alternativos, recomenda-se a rotação de culturas que possibilite o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação.





quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Doenças do Amendoim

Doenças

O amendoim é afetado por várias doenças que podem reduzir a produção, caso medidas de controle não sejam implementadas em tempo hábil. Aqui são fornecidas algumas informações necessárias ao reconhecimento das principais doenças de origem biótica associadas à cultura do amendoim no Brasil, assim como formas de manejá-las, visando a um controle mais racional e eficaz.
Mancha-castanha
A mancha-castanha é uma das doenças mais importantes da cultura do amendoim no Brasil. A mancha-castanha pode reduzir a produtividade da cultura em até 50%, como resultado da desfolha precoce provocada principalmente em cultivares suscetíveis plantadas em regiões onde as condições ambientais são favoráveis ao desenvolvimento de epidemias. É causada pelo fungo Passalora arachidicola (teleomorfo: Mycosphaerella arachidi), que é transportado pelo vento e sobrevive em restos de culturas do ano anterior, e cujo desenvolvimento é favorecido por alta umidade relativa do ar e temperaturas entre 20 oC a 24 oC. Os sintomas da doença são lesões nas folhas de cor castanha, com bordos irregulares e circundadas por um halo de coloração amarelada (Figuras 1 e 2). Os primeiros sintomas da doença são visíveis por volta dos 40 dias após o plantio, sendo, geralmente, a primeira doença que ocorre na cultura. O manejo da doença é realizado principalmente por meio de rotação de culturas, utilização de cultivares com algum nível de resistência à doença, e uso de fungicidas no tratamento de sementes ou por meio de pulverizações na parte aérea da planta de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 1. Detalhe dos sintomas avançados de mancha-castanha (lesões com halos amarelados) em folíolos de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 2. Sintomas de mancha-castanha em folíolos de amendoim.
Pinta-preta
A pinta preta, assim como a mancha castanha, é uma das doenças mais importantes da cultura do amendoim. Essa doença reduz a área foliar e provoca a queda prematura das folhas, podendo causar perdas totais. Mais tardia e mais agressiva que a mancha castanha, a pinta preta é causada pelo fungo Passalora personata (teleomorfo:Mycosphaerella berkeley), que, assim como a agente causal da mancha castanha, pode ser transportado pelo vento e sobreviver em restos de culturas do ano anterior, sendo favorecido por alta umidade do ar e temperaturas entre 20 oC a 24 oC. Os sintomas da doença são lesões escuras bem definidas e halo amarelado na face superior (menor do que o observado na mancha castanha – Figura 3) ou indistinto (Figura 4), podendo ocorrer lesões também em outras partes da planta. Ocorre intensa esporulação do patógeno na face inferior da folha (Figuras 5 e 6). O manejo da doença é feito por meio de rotação de culturas, utilização de cultivares com algum nível de resistência à doença, e uso de fungicidas no tratamento de sementes ou por meio de pulverizações na parte aérea da planta. Existe variação genética em genótipos de amendoim (Figuras 7 e 8), sendo a escolha de cultivares com maiores níveis de resistência uma das principais táticas no manejo da doença. As cultivares IAC Caiapó, IAC 503 e IAC 505 possuem boa resistência genética.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 3. Sintomas de pinta-preta (várias lesões com halo de menor intensidade) em folíolos de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 4. Sintomas avançados de pinta-preta (com halo indistinto) na face superior de folíolo de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 5. Sintomas de pinta-preta na face inferior de folíolos de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 6. Detalhe de intensa esporulação dePassalora personata na face inferior de folíolo de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 7. Diferentes níveis de resistência à pinta-preta de linhagens de amendoim: suscetível (D), intermediária (C) e resistente (E).
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 8. Linhagem de amendoim extremamente suscetível (D) e resistente (E) à pinta-preta.
Ferrugem
O principal dano causado pela ferrugem é a redução da área foliar em plantas de amendoim. Ao contrário da mancha-castanha e da pinta-preta, a ferrugem não causa a queda das folhas, porém, o agente causal da doença se dispersa mais rápido do que os agentes causais da mancha-castanha e pinta-preta. A ferrugem é causada pelo fungo Puccinia arachidis, que pode ser transportado pelo vento e sobreviver em plantas voluntárias. Ao contrário dos agentes causais da mancha-castanha e da pinta-preta, o agente causador da ferrugem sobrevive em restos de culturas apenas por poucos dias e necessita de umidade do ar e temperaturas elevadas (entre 20 oC e 30 oC) para se desenvolver. Os sintomas iniciais da doença são pequenos pontos amarelados na face superior da folha (Figura 9), com correspondentes pontos de coloração amarela mais escura na face inferior (Figura 10). Com a maturidade, esses pontos passam da cor amarelada para marrom avermelhada, lembrando uma superfície enferrujada (Figura 11). O manejo da doença pode ser implementado por meio de rotação de culturas, uso de cultivares com algum grau de resistência à doença e pulverizações com fungicidas na parte aérea da planta).
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 9. Sintomas iniciais de ferrugem na face superior de folíolos de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 10. Sintomas iniciais de ferrugem na face inferior de folíolos de amendoim.
Foto: Raul Porfírio de Almeida
Figura 11. Sintomas avançados de ferrugem na face superior de folíolos de amendoim.
Verrugose
Essa doença causa a seca das plantas e redução de produtividade, podendo se tornar um problema fitossanitário sério, com maiores perdas, quando ocorre nos estágios iniciais da cultura. A verrugose é causada pelo fungo Sphaceloma arachidis, que pode sobreviver de um ano para o outro em plantas oriundas de sementes deixadas durante a colheita ou restos de culturas do ano anterior. É mais comum quando ocorre ataque por tripes. Os principais sintomas dessa doença são cancros ou verrugas, que ocorrem na parte aérea da planta (Figura 12), principalmente na haste (Figuras 13 e 14), nas nervuras e folhas (Figuras 15 e 16), causando deformações na planta (Figura 17). A verrugose pode ser manejada por meio de rotação de culturas, controle da população de tripes na lavoura de amendoim e por meio de pulverizações de fungicidas na parte aérea da planta.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 12. Planta de amendoim com sintomas de verrugose.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 13. Sintomas iniciais de verrugose na haste principal de planta de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 14. Sintomas avançados de verrugose na haste principal de planta de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 15. Verrugose em folíolos e na haste de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 16. Verrugose na haste principal, nervuras e folíolos de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 17. Deformação de plantas de amendoim com verrugose.
Mancha em “V”
Essa doença reduz a área foliar de plantas de amendoim, principalmente no início do ciclo da cultura. A mancha em “V” é causada pelo fungo Leptosphaerulina crassiasca, que sobrevive de um ano para outro em plantas deixadas durante a colheita ou em restos de culturas do ano anterior, sendo o seu desenvolvimento favorecido por alta umidade relativa do ar e temperaturas entre 20 oC e 30 oC. Os sintomas da doença são manchas a partir do ápice em forma de “V”, com o vértice voltado para base da folha, circundado por um halo amarelado (Figuras 18 e 19). A mancha em “V” pode ser manejada por meio da rotação de culturas e eliminação de restos de culturas e plantas voluntárias.
Foto: Raul Porfírio de Almeida
Figura 18. Sintomas iniciais de mancha em “V” em folíolos de amendoim.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 19. Sintomas avançados de mancha em “V” em folíolos de amendoim.
Mofo-branco
Em algumas regiões produtoras de amendoim, é considerada a principal doença da cultura, responsável por perdas acima de 50%. Um complicador dessa doença é o fato de seu agente causal, Sclerotinia sclerotiorum, causar doença em uma gama diversificada de hospedeiros, o que torna muito difícil o manejo por meio de práticas culturais, como rotação de culturas, muito utilizadas no manejo de outras doenças que acometem a planta de amendoim. O fato de esse fungo produzir estruturas de resistência (escleródios) que podem sobreviver no solo por períodos superiores a 10 anos é outro agravante. O fungo causador da doença é favorecido por alta umidade relativa do ar e temperaturas entre 18 oC e 20 oC. Os principais sintomas da doença são lesões em todas as partes da planta de amendoim com crescimento de um micélio branco sobre as lesões, podendo, em estágios mais avançados da doença, ser observados escleródios sobre os tecidos afetados da planta.
Murcha de Sclerotium
Assim como o mofo-branco, a murcha de Sclerotium é um problema fitossanitário de difícil manejo. O agente causal da doença, Sclerotium rolfsii, também causa doença em um grande número de espécies cultivadas, e, semelhante ao fungo causador do mofo-branco, produz estruturas de resistência (escleródios) que podem se manter viáveis no solo por longos períodos de tempo, o que dificulta a utilização de práticas culturais, como a rotação de culturas, no manejo da doença. O desenvolvimento de S. rolfsii é favorecido por altas umidades relativas e temperaturas entre 25 oC e 30 oC. A doença é caracterizada por podridões, geralmente no colo da planta, com crescimento de micélio branco sobre as lesões. As hastes afetadas ou toda a planta desenvolvem murcha (Figura 20) e em seguida secam. Em estágios avançados da doença, pode ocorrer o desenvolvimento de escleródios inicialmente brancos e posteriormente escuros sobre as lesões.
Foto: Nelson Dias Suassuna
Figura 20. Planta de amendoim sadia (D) e com sintomas de murcha (E) por causa do ataque de Sclerotion rolfsii.
Podridão de Rhizoctonia
É o principal problema em pré e pós-emergência de plântulas de amendoim. Essa doença é causada pelo fungo Rhizoctonia solani, que é favorecido por alta umidade do solo e temperaturas amenas. Os principais sintomas são lesões de coloração marrom-escura no colo da planta, abaixo da superfície do solo. O agente causal da doença pode sobreviver no solo na forma de estruturas de resistência (escleródios) ou matéria orgânica, podendo ser disperso para outras áreas de cultivo por meio de sementes contaminadas. O manejo da doença pode ser realizado por meio de tratamento de sementes com fungicidas .
Mancha-barrenta
É uma doença de importância secundária que pode ocorrer no terço final de ciclo de cultivo do amendoim, reduzindo a área foliar da planta neste estágio vegetativo. A mancha-barrenta é causada pelo fungo Phoma arachidicola, que sobrevive em restos de culturas, e pode ser disperso pelo vento e por respingos de chuva. O desenvolvimento do agente causal da mancha-barrenta é favorecido por alta umidade relativa do ar e temperaturas entre 20 oC e 24 oC. Os principais sintomas da doença são pequenas manchas pardas irregulares nos folíolos da planta, inicialmente de coloração mais clara (Figuras 21 e 22) que podem coalecer, tornando-se escurecidas (Figura 23). Os folíolos afetados aparentam estar sujo de barro, o que originou o nome da doença. A doença pode ser controlada por meio de rotação de culturas e aplicações de fungicidas na parte aérea da planta. Geralmente os fungicidas utilizados no controle da mancha-castanha e da pinta-preta também são eficazes no controle da mancha-barrenta.
Foto: Raul Porfírio de Almeida
Figura 21. Sintomas iniciais de mancha-barrenta em folíolos de amendoim.
Foto: Raul Porfírio de Almeida
Figura 22. Sintomas iniciais de mancha-barrenta em folíolos de amendoim.
Foto: Taís de Moraes Falleiro Suassuna
Figura 23. Sintomas avançados de mancha-barrenta em folíolos de amendoim.

Tabela 1. Fungicidas químicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle da mancha-castanha (1), causada por Passalora arachidicola, pinta-preta (2), causada por Passalora personata, ferrugem (3), causada por Pucccinia arachidis, verrugose (4), causada por Sphaceloma arachidis, podridão de Rhizoctonia (8), causada por Rhizoctonia solani, e mancha-barrenta (9), causada por Phoma arachidicola.
Doença Produto comercial Ingrediente ativo (grupo químico) Dose do produto comercial
Intervalo Unidade
1,2 Abacus epoxiconazole (triazol) + piraclostrobina (estrobirulina) 0,25 0,3 L/ha
1,4 Agrinose oxicloreto de cobre (inorgânico) 4,5 6,0 kg/ha
1,2 Amistar WG azoxistrobina (estrobilurina) 80 120 g/ha
1,2,4,9 Bravonil 500 clorotalonil (isoftalonitrila) 2,5 3,5 L/ha
1,2 Bravonil 720 clorotalonil (isoftalonitrila) 1,5 2,0 L/ha
1,2,4,9 Bravonil 750 WP clorotalonil (isoftalonitrila) 1,5 2,0 kg/ha
8 Captan 750 TS captana (dicarboximida) - 200 g/kg de sementes
1,2 Caramba 90 metconazol (triazol) 0,5 0,75 L/ha
2,4 Cerconil SC clorotalonil (isoftalonitrila)+tiofanato metílico (benzimidazol) - 2,5 L/ha
1,2,4 Cobox oxicloreto de cobre (inorgânico) 2,0 2,5 kg/ha
1,2,4 Cobre Atar BR óxido cuproso (inorgânico) 1,0 2,0 kg/ha
1,2,4 Cobre Atar MZ óxido cuproso (inorgânico) 1,0 2,0 kg/ha
1,2 Comet piraclostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
1 Condor 200 SC bromuconazol (triazol) - 750 mL/ha
1,2 Constant tebuconazol (triazol) - 0,5 L/ha
1,2,4 Contact hidróxido de cobre (inorgânico) 2,0 3,0 kg/ha
1,4 Cupravit Azul BR oxicloreto de cobre (inorgânico) 3,0 4,0 kg/ha
1,2 Cuprogarb 500 oxicloreto de cobre (inorgânico) 2,0 2,5 kg/ha
1,2,4,9 Cuprozeb mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato)+ oxicloreto de cobre (inorgânico) - 200 g/100 L
1,2,4 CUP001 oxicloreto de cobre (inorgânico) 2,0 2,5 kg/ha
1,2,4,9 Daconil 500 clorotalonol (isoftalonitrila) 2,5 3,0 L/ha
1,4 Dacostar 500 clorotalonil (isoftalonitrila) 2,5 3,5 L/ha
1,4,9 Dacostar 750 clorotalonil (isoftalonitrila) 1,7 2,4 kg/ha
1 Dithane NT mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato) - 2,0 kg/ha
1 Echo clorotalonil (isoftalonitrila) 1,5 2,0 L/ha
1 Echo WG clorotalonil (isoftalonitrila) 1,25 1,5 kg/ha
1,2 Elite tebuconazol (triazol) - 0,5 L/ha
1,2 Envoy epoxiconazol (triazol) + piraclostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
1,2,4 Flare difeconazol (triazol) - 0,35 L/ha
1,2 Folicur PM tebuconazol (triazol) - 0,5 kg/ha
1,2 Folicur 200 EC tebuconazol (triazol) - 0,5 L/ha
2,4 Fungitol Verde oxicloreto de cobre (inorgânico) - 220 g/100 L
1,2,4 Garant hidróxido de cobre (inorgânico) 2,0 3,0 kg/ha
1,2,4 Garant BR hidróxido de cobre (inorgânico) 2,0 3,0 kg/ha
1 Icarus 250 EC tebuconazol (triazol) - 400 mL/ha
1,2 Ichiban clorotalonil (isoftalonitrila) 1,5 2,0 L/ha
1,2 Isatalonil clorotalonil (isoftalonitrila) - 2,7 kg/ha
1,2 Isatalonil 500 SC clorotalonil (isoftalonitrila) - 2,5 L/ha
1,4,9 Mancozeb Sipcam mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato) 1,0 2,0 kg/ha
1 Manzate 800 mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato) - 2,0 kg/ha
8 Maxim fludioxonil (fenilpirrol)+metalaxil-M (acilalaninato) - 200 ml/100 kg sementes
- Maxim XL fludioxonil (fenilpirrol)+metalaxil-M (acilalaninato) - 100 ml/100 kg sementes
1,2,3 Nativo tebuconazol (triazol)+trifloxistrobina (estrobilurina) 0,6 0,75 L/ha
1,2 Opera epoxiconazol (triazol)+piraclotrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
1,2 Opera Ultra metconazol (triazol)+piraclostrobina (estrobilurina) 0,5 0,6 L/ha
1,2 Pilarich clorotalonil (isoftalonitrila) 1,5 2,0 L/ha
1,2 Pladox epoxiconazol (triazol)+piraclostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
1 Pronto WG clorotalonil (isoftalonitrila) 1,25 1,5 kg/ha
1,2 Prospect epoxiconazol (triazol)+piraclostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
1,2,4 Remexane 850 PM oxicloreto de cobre (inorgânico) 2,0 2,5 kg/ha
1,2,4 Reconil oxicloreto de cobre (inorgânico) 3,0 4,0 kg/ha
1,2,4 Recop oxicloreto de cobre (inorgânico) 2,0 2,5 kg/ha
1,2,4 Score difeconazol (triazol) - 0,35 L/ha
1,2 Shake epoxiconazol (triazol)+piraclostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
8 Spectro difeconazol (triazol) - 33,4 ml/100 kg sementes
1,2 Stratego 250 EC propiconazol (triazol)+triflostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
4 Sulficamp enxofre (inorgânico) - 600 g/100 L de água
1,2 Envoy epoxiconazol (triazol) + piraclostrobina (estrobilurina) - 0,6 L/ha
7,8 Terraclor 750 WP quintozeno (cloroaromático) - 300 g/100 kg sementes
1,2,4 Tilt propiconazol (triazol) - 0,5 L/ha
1,2 Triade tebuconazol (triazol) - 0,5 L/ha
1,2,4 Vanox 500 SC clorotalonil (isoftalonitrila) 2,5 3,5 L/ha
1,2 Vantigo azoxistrobina (estrobilurina) 80 120 g/ha
7,8 Vitavax-Thiram WP carboxina (carboxanilida)+tiram (dimetilditiocarbamato) 250 400 g/100 kg sementes







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