segunda-feira, 28 de maio de 2018

Pragas do Eucalipto e seu Controle

Introdução

No Brasil, o registro de insetos associados aos cultivos florestais de eucalipto é vasto e inclui várias pragas. As perdas ocasionadas por insetos-praga são de grande importância. Em grande parte, isto é devido às extensas monoculturas predominantes no sistema produtivo estabelecidas com pouca diversidade de espécies, associados a problemas silviculturais.
A introdução de novos insetos-praga, em sua maioria de origem australiana, também contribui significativamente para a redução da produtividade das florestas de eucalipto. Quando introduzida em novas áreas, a praga encontra baixa resistência ambiental, gerada principalmente pelo estabelecimento dos grandes monocultivos e a ausência de inimigos naturais. Nestas condições favoráveis, verifica-se uma rápida explosão populacional e dispersão do organismo invasor.
As principais espécies de insetos-praga de eucalipto estão distribuídas nas seguintes ordens:
Ordem Coleoptera
Nesta ordem estão os insetos conhecidos como besouros, que podem ser classificados como: desfolhadores, broqueadores e serradores.
1. Besouros desfolhadores
Os besouros desfolhadores constituem um grupo de insetos muito importante para a silvicultura brasileira. Estes estão incluídos em diversas famílias, principalmente Chrysomelidae, Curculionidae, Scarabaeidae e Buprestidae.
Dentro deste grupo, Costalimaita ferruginea (Figura 1) é a espécie mais importante para o setor florestal brasileiro. Trata-se de um besouro amarelo que mede de 5 mm a 6,5 mm de comprimento, que utiliza como hospedeiros várias espécies de eucalipto e diversas mirtáceas nativas. Os adultos são ativos ao entardecer e durante a noite. Altas infestações são observadas nos meses de setembro e março, e a desfolha é mais significativa nos primeiros anos de plantio (ANJOS e MAJER, 2003). Além de C. ferruginea, os autores citam como Chrysomelidae desfolhadores as espécies: Sternocolaspis quatuordecimcostataColaspis quadrimaculataMatallactus quindecimguttatusAgathomerus sellatusCacoscelis marginataEumolpus surinamensisMetaxyonycha augustaMyochrous armatus Metriona spp.
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 1. Adulto de Costalimaita ferruginea.
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 2. Adulto de G. scutellatus.
A família Buprestidae apresenta várias espécies de besouros que atacam folhas novas, roem ponteiros e galhos tenros de plantas jovens de muitas essências florestais. Dentro desta família, são citados por Silva et al. (1968) como desfolhadores, os besouros: Psiloptera argyrophora, P. attenuata, P. hoffmanni, P. pardalis, Lampetis cupreosparsa, L. dives, L. doncheri, L. instabilis L. solieri.
Os “bicudos”, como são chamados os besouros da família Curculionidae, são muito frequentes como desfolhadores do eucalipto. Diferem-se dos outros por possuírem rosto comprido e antenas geniculadas-clavadas (ANJOS e MAJER, 2003). Várias espécies foram observadas desfolhando eucalipto no Brasil, tais como: Gonipterus gibberus, G. scutellatus, Asynonychus cervinus, Naupactatus longimanus, N. xanthographus, N. bipes, N. condecoratus, N. elegans, Lasiopus cilipes, Miremorphus eucalypti, Phaops andamantina, Rhigus tribuloides, Cyphus luridus, Heilipus fallax, Hoplopactus injucundus Hypsonotus sp. Todos estes desfolhadores são nativos do Brasil, com exceção de G. gibberus G. scutellatus (Figura 2), que são de origem australiana.
Dentro da família Scarabaeidae a espécie de besouro desfolhador mais frequente em eucalipto, no Brasil, é Bolax flavolineatus. Além desta, as espécies Geniates barbatus, Leucothryreus niveicollis Philoclaenia tricostata também foram observadas (ANJOS e MAJER, 2003).
2. Besouros broqueadores e serradores
Além dos besouros desfolhadores, outros grupos, os broqueadores e serradores, também são pragas de eucaliptos, porém de menor importância para os plantios no Brasil. Os principais representantes desses grupos são: Platypus sulcatus (Coleoptera: Platipodidae), Phoracantha semipunctataP. recurva, (Coleoptera: Cerambycidae), Achryson surinamum (Coleoptera: Cerambycidae) e Mallodon spinibarbis(Coleoptera: Cerambycidae), Oncideres djeani e O. impluviata (Coleoptera: Cerambycidae).
O gênero Phoracantha tem 40 espécies que atacam preferencialmente Mirtáceas (WANG, 1995). Phoracantha semipunctata (Coleoptera: Cerambycidae) é o broqueador de eucalipto mais conhecido em todo o mundo. Tem sua origem na Austrália, mas está largamente distribuída em vários continentes, como África do Sul, América do Norte e do Sul, sudeste da Europa e Oriente Médio (LAURENCE e BRITTON, 1991). No Brasil, P. semipunctata foi relatada pela primeira vez em 1956 no Rio Grande do Sul e, atualmente, se encontra em vários estados brasileiros (RIBEIRO e ZANÚNCIO, 2001).
Os adultos de P. semipunctata têm cerca de 3 cm de comprimento e um par de antenas longas que ultrapassam o comprimento do corpo, o que é característica da família. Os danos são causados pelas larvas, que se alimentam broqueando o tecido subcortical. No último instar, perfuram o lenho e constroem a câmara pupal. P. semipunctata broqueia madeira em pé (ainda no campo) ou cortada e empilhada no campo ou pátios de fábricas e serrarias. Os prejuízos incluem a morte ou depreciação da madeira, inviabilizando seu uso ou exportação e ainda aumentando a susceptibilidade para o ataque de outras pragas (RIBEIRO e ZANÚNCIO, 2001).
Ordem Hemiptera
Os principais insetos-praga de eucaliptos incluídos nesta ordem são os psilídeos e o percevejo bronzeado.
1. Psilídeos
São insetos saltadores, semelhantes a pequenas cigarrinhas, pertencentes à Ordem Hemiptera, superfamília Psylloidea (HODKINSON, 1988). Dentro deste grupo, são conhecidas em todo o mundo cerca de 2.500 espécies (BURCKHARDT, 1994), sendo que a maioria dos insetos da família Psyllidae é de origem australiana e se desenvolve em eucaliptos ou outras Mirtáceas. Dentro desta família, o gênero Ctenarytaina tem a mais ampla distribuição natural, indo desde a Índia e sudeste da Ásia até a Austrália, Nova Zelândia e algumas ilhas do Pacífico (BURKCHARDT, 1994). Algumas espécies de Ctenarytaina têm sido introduzidas em outros continentes juntamente com seu hospedeiro, o eucalipto (TAYLOR, 1997).
No Brasil, são encontradas quatro espécies: Ctenarytaina spatulata, Ctenarytaina eucalypti, Blastopsylla occidentalis Glycaspis brimblecombei.


Ctenarytaina spatulata (Figura 3)

Ctenarytaina spatulata Taylor é originária do sudeste da Austrália, tendo sido introduzida na Nova Zelândia, Estados Unidos (Califórnia) e Uruguai. Confirmada sua presença no Brasil em 1998 (BURCKHARDT et al., 1999, SANTANA et al., 1999), tem sido frequentemente encontrada em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Utiliza como hospedeiros diversas espécies de eucalipto, mas prefencialmente E. grandis, E. saligna, E. robusta e E. urophylla (SANTANA, 2003).
No Brasil, esta espécie apresenta várias gerações por ano, com picos populacionais nos meses mais frios e secos. Causa deformação e diminuição do tamanho das folhas e brotações novas, morte dos ponteiros, perda de dominância apical, entortamento do fuste e propicia o aparecimento de fumagina, o que prejudica a fotossíntese (SANTANA, 2003). No Paraná, está associada à seca dos ponteiros de E. grandis.
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 3. Ctenarytaina spatulata.


Ctenarytaina eucalypti (Figura 4)

Ctenarytaina eucalypti Maskell é um inseto originário do sudeste da Austrália, sendo introduzido em vários países da Europa e América. A primeira ocorrência de C. eucalypti, no Brasil, foi relatada por Burckhardt et al. (1999), em mudas de E. dunnii, no Município de Colombo, PR, a partir de prospecções realizadas pela Embrapa Florestas. Ataca várias espécies de eucalipto, dentre elas: Eucalyptus globulus, E. maidenii, E. bicostata, E. dunnii e E. nitens (BURCKHARDT et al., 1999).
Ataca folhas jovens e brotações tenras, geralmente nos dois primeiros anos, sugando a seiva do parênquima foliar, provocando distorções e seca de brotos e folhas jovens; deformações de toda a planta; superbrotamento lateral; deformações do limbo foliar e caule; retardamento no crescimento da planta; morte da gema apical; perda de mudas; excreção de grande quantidade de cera e “honeydew” que se acumulam sobre as folhas, promovendo o desenvolvimento de fungos causadores da fumagina (CADAHIA, 1980; SANTANA et al., 1999).
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 4. Ctenarytaina eucalypti.


Blastopsylla occidentalis (Figura 5)

Blastopsylla occidentalis Taylor é uma espécie originária do oeste e sul da Austrália. Foi observada ela primeira vez no Brasil em 1997, no Estado de Goiás, utilizando como hospedeiros Eucalyptus urophylla e híbridos de E. urophylla com E. grandis (BURCKHARDT et al, 1999). Outros hospedeiros citados na literatura são: E. microtheca, E. rudis, E. gomphocephala, E. camaldulensis, E. microneura, E. nicholsii E. spathulata (MEZA DURÁN; BALDINI URRUTIA, 2001).
Provocam o atrofiamento das plantas jovens, senescência de folhas e queda prematura de folhas novas, distorção e manchas em folhas e talos. Estes danos podem contribuir para a perda de vigor em toda a extensão do eucalipto afetado (SATCHELL, 1999). Em plantas atacadas, observa-se a presença de numerosas ninfas e adultos em ápices e folhas de plantas jovens, além das ninfas secretarem abundante penugem branca (filamentos algodonosos), chegando a cobrir os ápices e folhas. As folhas e brotos atacados murcham, ficam retorcidos e deformados, com coloração cinza enegrecido (HODKINSON, 1991; BURCKHARDT et al., 1999; MEZA DURÁN; BALDINI URRUTIA, 2001).
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 5. Blastopsylla occidentalis.


Glycaspis brimblecombei (Figura 6)

O psilídeo de concha (Glycaspis brimblecombei Moore) é de origem australiana e utiliza como hospedeiro espécies do gênero Eucalyptus, preferencialmente E. camaldulensis e E. tereticornis, porém ataca várias outras espécies (BRENNAN et al., 2001). Em junho de 1998 foi introduzido nos EUA, em 2000 foi observada no México, e em 2002 foi detectada no Chile (DAHLSTEN, 2003).
No Brasil, G. brimblecombei foi detectada pela primeira vez em junho de 2003, em São Paulo, e agora se encontra espalhada por quase todo o Brasil, onde seu hospedeiro é plantado (SANTANA et al., 2003).
O inseto causa redução, enrolamento e deformação do limbo foliar; indução do aparecimento de fumagina, redução da área fotossintética, devido à presença das conchas e fumagina; queda prematura de folhas (maduras); superbrotamento ou “envassouramento”; seca de ponteiros; redução no crescimento das árvores; morte de brotos apicais, ramos e da planta como um todo.
Nas plantas atacadas, observa-se a presença de conchas (cones brancos) na superfície das folhas; folhas com aspecto molhado e pegajoso, devido aos excrementos açucarados expelidos pelos insetos (honeydew); descoloração e deformação das folhas; presença de fumagina (SANTANA, 2004a; SÁ e WILCKEN, 2004).
Foto:Francisco Santana
Figura 6. Glycaspis brimblecombei.
2. Percevejo bronzeado
O nome científico deste inseto é Thaumastocoris peregrinus Carpintero & Dellapé, 2006 (Hemiptera, Thaumastocoridae). Originário da Austrália, sua presença foi registrada pela primeira vez no Brasil em maio de 2008, em São Francisco de Assis, RS (WILCKEN, 2008).
Trata-se de um inseto raspador/sugador, de aproximadamente 3,0 mm de comprimento quando adulto, com corpo achatado, cor marrom clara e tipicamente gregário (Figura 7). Os ovos são de cor preta e normalmente encontrados agrupados nas irregularidades das folhas das árvores, assemelhando-se a machas enegrecidas, que contribuem para o reconhecimento das plantas infestadas (JACOBS e NASER, 2005; CARPINTERO e DELLAPÉ, 2006) (Figura 8). No período ninfal apresentam cinco ínstares e o seu ciclo de vida é de aproximadamente 35 dias, podendo variar em função das condições climáticas (Figura 9). A sobreposição de gerações é verificada ao longo do ano e grandes quantidades de ninfas e adultos podem ocorrer nas folhas de eucalipto (NOACK e ROSE, 2007; BOUVET e VACCARO, 2007).
Altas infestações desse percevejo podem causar redução considerável na taxa fotossintética, acarretando a queda de folhas e, em alguns casos extremos, a morte das árvores. No entanto, existe a possibilidade das árvores atacadas se recuperarem, emitindo novas brotações. Os sintomas associados ao dano são, inicialmente, o prateamento das folhas que, com o tempo, evolui para o bronzeamento (Figura 10). Esses sintomas alteram nitidamente a coloração da copa das árvores, possibilitando sua identificação à distância.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 7. Adulto do percevejo bronzeado.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 8. Folhas com massas de ovos.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 9. Ninfa do percevejo bronzeado.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 10. Árvore atacada.
Ordem Hymenoptera
Os principais representantes desta ordem são: formigas cortadeiras, vespa-da-galha e microvespa-do-eucalipto-citriodora.
1. Formigas cortadeiras
As formigas cortadeiras, conhecidas desde o século 16 e já relatadas pelo jesuíta José de Anchieta, em 1560 (MARICONI, 1970), são consideradas até hoje como o principal problema entomológico das florestas brasileiras. No Brasil, estes insetos pertencem principalmente aos gêneros Atta, com dez espécies e três subespécies e Acromyrmex, com 20 espécies e nove subespécies (DELLA LUCIA e VILELA, 1993).
O gênero Atta se caracteriza por operárias que apresentam três pares de espinhos dorsais e gáster liso sem tubérculos, com tamanho variando de 12 mm a 15 mm de comprimento (Figura 11). O ninho apresenta uma sede aparente, constituída por um monte de terra solta (Figura 12).
Ilustração: Sérgio Ricardo Martins Guimarães
Figura 11. Representação esquemática de operárias de Atta.
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 12. Ninho inicial de saúva Atta sexdens piriventris.
As operárias de Acromyrmex são menores, com 8 mm a 10 mm de comprimento, possuem quatro ou cinco pares de espinhos no dorso do tórax e numerosos tubérculos na superfície dorsal do gáster (Figura 13). Os ninhos, geralmente, não apresentam terra solta ou sede aparente (Figura 14).
Ilustração: Sérgio Ricardo Martins Guimarães


Figura 13. Representação esquemática de operárias de Acromyrmex.
Foto: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 14. Aspecto externo (monte de cisco) de um ninho de quenquém Acromyrmex crassispinus.
As formigas cortadeiras atacam quase todas as espécies de plantas cultivadas, podendo causar desfolha total e até a morte das plantas (Figuras 15 e 16). Os maiores prejuízos ao eucalipto ocorrem nos dois primeiros anos após o plantio, podendo causar a mortalidade das plantas se o ataque ocorrer nos primeiros três meses.
Foto: Wilson Reis Filho
Figura 15. Mudas de E. grandis cortadas por formigas do gênero Atta.
Foto: Wilson Reis Filho
Figura 16. Mudas de E. grandis cortadas por formigas do gênero Atta.
Segundo Anjos et al. (1998), há estudos indicando que cerca de 75% dos custos e tempo gastos no manejo integrado de pragas em florestas plantadas ou 30% dos gastos totais até o terceiro ciclo eram destinados ao manejo integrado de formigas. O desfolhamento causado por formigas pode reduzir a produção de madeira no ano seguinte em um terço e, se isto ocorrer no primeiro ano de plantio, a perda total do ciclo pode chegar a 13% da colheita. Em ecossistemas tropicais, as formigas consomem em média 15% da produção florestal.
Para o controle de formigas, são utilizados principalmente produtos químicos na forma de iscas. No entanto, o manejo adequado dos plantios juntamente com o monitoramento é fundamental para o sucesso deste controle. Na Tabela 1 são listadas as principais espécies de saúvas e quenquéns e sua distribuição no território nacional de acordo com Della Lucia et al. (1993).
Tabela 1. Distribuição geográfica no Brasil das principais espécies dos gêneros Acromyrmex e Atta. Adaptado de Della Lucia et al. (1993).
EspécieNome ComumDistribuição Geográfica
Acromyrmex aspersusquenquém-rajadaSP, BA, ES, RJ, MT, PR, SC e RS
Acromyrmex coronatosquenquém de árvoresSP, PR, CE, BA, ES, MG, RJ, MT, GO, SC e RS
Acromyrmex heyeriformiga-de-montePR, SC RS e SP
Acromyrmex landolti balsaniboca-de-ciscoSP, MG, SC, GO e MS
Acromyrmex landolti fracticorniboca-de-ciscoAM, PA e RO
Acromyrmex ladolti landoltiboca-de-ciscoAM, PA e RO
Acromyrmex laticepsquenquém mineiraSP, AM, PA, MA, MG, MT, GO, RO, BA e SC
Acromyrmex nigerquenquémSC, SP, CE, MG, RJ, ES, PR, AM, PA e RO
Acromyrmex octospinosusquenquém-da-amazôniaAM, PA, e RO
Acromyrmex rugosusformiga mulatinhaMS, RS, SP, PA, MA, PI, CE, RN, PB, PE, SE, BA, MG, MT e GO
Acromyrmex striatusformiga de rodeioSC, RS
Acromyrmex subterraneusquenquém capixabaCE, MG, ES, SP, BA, RJ
Acromyrmex subterraneusquenquém mineiraSP, AM, CE, RN, MG, RJ, MT, RO, SC e RS
Atta bisphaericasaúva-mata-pastoSP, RJ, MG, ES e MT
Atta capiguarasaúva pardaSP, MT e MG
Atta cephalotessaúva da mataAM, RO, RR, PA, AP, MA, PE, BA
Atta levigatacabeça de vidroSP, AM, RR, PA, MA, CE, PE, AL, BA, MG, RJ, MT, ES, GO e PR
Atta sexdens piriventrissaúva limão sulinaSP, PR, SC e RS
Atta sexdens rubropilosasaúva limãoSP, MG, ES, RJ, MT, GO e PR
Atta sexdens sexdenssaúva limão do norteAM, AC, RO, RR, PA, AP, MT, GO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA e MG
Atta vollenweiderisaúvaRS e MS
2. Vespa-da-galha
A vespa da galha, Leptocybe invasa (Hymenoptera, Eulophidae) é uma espécie australiana que foi detectada no Brasil em 2008, em mudas de eucalipto no nordeste da Bahia. O inseto adulto é uma micro vespa de coloração marrom escuro brilhante de aproximadamente 1,2 mm de comprimento (WILCKEN e BERTI FILHO, 2008).
Os danos da praga ao eucalipto estão associados à formação de galhas na nervura central de folhas, em pecíolos e ramos finos de mudas e brotações novas das árvores. Altas infestações podem deformar folhas e brotações, reduzindo o crescimento das árvores.
Entre as espécies de eucaliptos suscetíveis à praga estão incluídas: E. botryoides, E. bridgesiana, E. camaldulensis, E. globulus, E. dunnii, E. grandis, E. saligna, E. robusta, E. tereticornis, E. viminalis, E. pulverulenta, E. rudis, E. cinerea E. nicholii (FAO, 2007).
3. Vespas do citriodora
A microvespa-do-eucalipto-citriodora, Epichrysocharis burwelli Schauff (Hymenoptera: Eulophidae), foi constatada em março de 2003, no Estado de Minas Gerais, atacando plantações de Corymbia citriodora(Hook) Hill e Jonhson (anteriormente denominado Eucalyptus citriodora ), destinadas à produção de óleos essenciais. Com base na deposição de folhas caídas no solo de uma região no Estado do Espírito Santo, estimou-se que o inseto tenha sido introduzido no Brasil no ano de 2002. O inseto já foi encontrado também em vários outros estados da região Sudeste e Sul do País (ANJOS et al., 2004).
Conforme caracterizado por Schauff e Garrison (2000) e Anjos e Zacaro (2006), o adulto (Figura 17A) apresenta coloração geral que varia de preta ao marrom-escura e, algumas vezes, tendendo para marrom-amarelada, com antenas amarelas-palha e envergadura variando de 0,9 mm a 1,4 mm.
A infestação desta microvespa nas folhas de C. citriodora promove o necrosamento e a queda prematura das folhas, reduzindo a quantidade e a qualidade da produção de óleo essencial (ANJOS e ZACARO, 2006). Segundo Schauff e Garrison (2000), este inseto infesta ambas as faces das folhas, construindo numerosas galhas, podendo chegar a mais de 40 galhas/cm-².
Os danos são caracterizados inicialmente por pequenas galhas globosas, com menos de um milímetro de diâmetro, coloração inicialmente verde (Figura 17B), mudando para cinza-claro e depois marrom (Figura 17C), após a emergência dos adultos. Os furos de saída dos insetos (Figura 17D) funcionam como porta de entrada para patógenos que fazem aumentar a necrose do limbo foliar e provoca a deiscência precoce das folhas; as árvores assumem um aspecto sapecado e de copas ralas. Nos locais onde ficam os cecídios necrosados, as vesículas de óleo desaparecem completamente e isto significa que a produção da essência oleosa pode ficar seriamente comprometida. Ainda não existem dados oficiais, mas as informações da indústria dão conta de que a perda na produção de óleo pode variar de 30% a 80% nas folhas provenientes de plantações atacadas (ANJOS et al., 2004).
Fotos A e D: Francisco Santana; Fotos B e C: Dalva Luiz de Queiroz
Figura 17. Epichrysocharis burwelli sobre folhas de Corymbia citriodora. Colombo, 2004. A. Adulto; B. galhas iniciais; C. galhas velhas; D. orifício de emergência de adultos.
Ordem Isoptera
Os representantes desta ordem são insetos sociais conhecidos como cupins ou térmitas. No Brasil, estão registradas aproximadamente 290 espécies de cupins, mas apenas entre 10% a 20% têm alguma importância econômica (CONSTANTINO, 2002). São pragas em plantações florestais, alimentando-se exclusivamente de celulose, que é obtida principalmente em árvores adultas ou mudas.
As principais famílias de cupins associadas às florestas de eucaliptos são:
a) Rhinotermitidae – As espécies dessa família pertencem aos gêneros Heterotermes e Coptotermes, e são conhecidas por cupins do cerne. Atacam preferencialmente o cerne das árvores.
b) Termitidae – A maioria das espécies de cupins que ocorrem no Brasil pertence a essa família. Os principais gêneros são CornitermesNasutitermesSyntermes e Anoplotermes. São conhecidos por cupins das mudas, por atacarem principalmente as raízes e/ou região do colo das mudas de eucalipto.
Os danos mais comuns são o descorticamento de raízes e o anelamento do caule na região do colo, associado principalmente aos cupins da família Termitidae, e o broqueamento do cerne, causado predominantemente por Coptotermes (WILCKEN e RAETANO, 1998).
Ordem Lepidoptera
Nesta ordem estão os insetos conhecidos como borboletas e mariposas, as quais na fase jovem são denominadas de lagartas.


Os lepidópteros de maior importância para os plantios de eucaliptos são aqueles denominados desfolhadores. São considerados lepidópteros desfolhadores aquelas espécies que, em sua fase jovem, se alimentam de folhas. Algumas espécies ocorrem desde o norte do país até o Rio Grande do Sul, como é o caso de Eacles imperialis magnifica (Lepidoptera: Saturniidae). Outras possuem uma distribuição mais restrita, como Glena spp. (Lepidoptera: Geometridae) ou intermediária como Eupseudosoma aberrans(Lepidoptera: Arctiidae), Sabulodes caberata caberata (Lepidoptera: Geometridae) e Sarcina violascens(Lepidoptera: Lymantriidae).



As lagartas desfolhadoras que atacam o eucalipto no Brasil são todas nativas, polífagas e normamente utilizam plantas da família Myrtaceae como hospedeiras. A espécie Thyrinteina arnobia (Lepidoptera: Geometridae) é citada como o lepidóptero desfolhador mais importante no Brasil.



Segundo Santos et al. (1993), as principais lagartas desfolhadoras do eucalipto no Brasil são: Apatelodes sericea Schaus, 1896; Automeris spp. Walker, 1855; Blera varana Schaus; Dirphia rosacordis (Walker, 1855); Eacles imperialis magnifica Walker, 1856; Eupseudosoma aberrans Schaus, 1905; Eupseudosoma involuta (Sepp, 1852); Euselasia apisaon Dalman, 1823; Fulgurodes sartinariaGlena unipenaria unipenariaGlena bisulcaOiketicus kirbi Lands-Guilding, 1827; Oxydia apidania Cramer; Oxydia vesulia Cramer, 1779; Psorocampa denticulata Schaus; Sabulodes caberata caberata Guenée, 1857; Sarcina violascens (Herrich-Schaeffer, 1856); Thyrinteina arnobia (Stoll, 1782) e Thynrinteina lecoceraea Rindge, 1961.

Ordem Orthoptera
Os insetos representantes desta ordem são: paquinhas, grilos, esperanças, gafanhotos e taquarinhas. Dentro deste grupo, os grilos têm merecido atenção, face à ocorrência frequente e importância dos danos ocasionados em plantios novos de eucaliptos de diversas regiões do País, sobretudo, em mudas de até 40 dias após o plantio. Trata-se de um grupo de insetos extremamente polífago que se alimenta de uma grande diversidade de plantas e pequenos animais. São de hábitos noturnos, encontrados normalmente na superfície do solo. Durante o dia, ocultam-se sob detritos e galerias subterrâneas.
A única espécie comumente citada na cultura do eucalipto é Gryllus assimilis , no entanto, a diversidade deve ser maior. O gênero Gryllus L., 1758 (Figura 18) é extremamente problemático do ponto de vista taxonômico. Há problemas de espécies crípticas ou muito pouco diferenciadas, problemas de material-tipo perdidos, tipos com localidade imprecisa, descrições originais extremamente incompletas, entre outros.
Os sintomas associados aos danos de grilos, em mudas de eucaliptos, se caracterizam inicialmente por raspagens superficiais na casca do caule (Figura 19), posteriormente essa manifestação do dano pode evoluir para o anelamento do caule, mastigação profunda (Figura 20) e posterior corte da planta (Figura 21). O corte das mudas normalmente é observado a uma altura média de 1,5 cm do solo.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 18. Inseto adulto.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 19. Sinais de mastigação superficiais.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 20. Sinais de mastigação profundo.
Foto: Leonardo Rodrigues Barbosa
Figura 21. Corte de caule.
Manejo integrado de pragas
As populações de insetos são reguladas por forças físicas, nutricionais e biológicas que, em condições normais, contrabalançam a enorme capacidade reprodutiva dos insetos, que poderiam atingir populações enormes, caso estas forças fossem retiradas.
Os insetos destrutivos fazem parte dos ecossistemas florestais e têm impacto significativo na produtividade e outros valores da floresta, no entanto, estes impactos adversos podem ser evitados ou mantidos abaixo dos níveis de dano econômico, através de medidas ecológicas, compatíveis com o manejo florestal e integradas às outras atividades que conduzem a floresta ao seu objetivo final, seja ele a produção de madeira, celulose, papel, benefício paisagístico ou ambiental (WATERS e STARK, 1980).
Quando se discute o manejo de pragas, é necessário lembrar que existe mais de um milhão de espécies de insetos, mas apenas um pequeno percentual é considerado praga, devido aos prejuízos que acarretam. Embora a maior parte do trabalho dos entomologistas concentre-se em eliminar estas pragas, é indiscutível o papel benéfico de muitos insetos para o homem (PYLE et al., 1981).
Na floresta, os insetos benéficos encontra-se separados em dois grandes grupos principais: a) predadores - que se alimentam externamente e devoram suas presas e b) parasitóides - que vivem sobre o hospedeiro ou dentro dele e, gradualmente, o consome. Os parasitóides usualmente são capazes de se alimentar e completar seu ciclo de vida em um único hospedeiro, enquanto o predador alimenta-se de vários indivíduos, movendo-se livremente para procurar outras presas (THOMPSON, 1943).
A manipulação das forças biológicas se constitui numa das ferramentas mais poderosas do Manejo Integrado de Pragas (MIP), tanto na agricultura como na silvicultura, e envolve um grande número de técnicas. No que se refere aos aspectos biológicos do MIP, estas técnicas podem ser sintetizadas em três linhas: o uso de técnicas culturais, o controle biológico e o uso de plantas resistentes (VINSON, 1999).
Os estudos de resistência de plantas se aproximaram do MIP em 1950, focados nas estratégias de defesas das plantas e seus efeitos nos insetos herbívoros e, em menor extensão, nos efeitos dos insetos sobre as plantas. Mais recentemente, estes estudos incluíram as interações entre plantas e o terceiro nível trófico, observando a interação tritrófica da perspectiva de cada componente (VINSON, 1999).
As técnicas culturais compreendem o manejo da cultura, englobando todas as práticas que a beneficiam e que, de maneira indireta, influenciam na dinâmica populacional dos insetos, tais como capina, roçagem, desbastes, adubação, etc.
Controle biológico é um fenômeno natural que regula o número de plantas e animais com a utilização de inimigos naturais (agentes de mortalidade biótica) mantendo-se as populações (excluindo o homem) em estado de equilíbrio com o ambiente (BOSCH et al., 1973), flutuando dentro de certos limites (BERTI FILHO, 1990). Uma vez que os insetos perfazem um total de 80% (talvez 1 milhão a 1,5 milhão de espécies) de todos os animais terrestres, a inibição parcial de controle biológico natural geraria consequências inimagináveis. O homem poderia não sobreviver à intensa competição por comida e fibra e ele enfrentaria problemas relacionados à saúde devido a doenças transmitidas por insetos. Nestes termos, o controle biológico, então, é de grande importância e, provavelmente, crítico à sobrevivência humana (BOSCH et al. 1973).
O controle biológico, quando aplicado adequadamente a um problema de praga, pode prover uma solução relativamente permanente, harmoniosa e econômica. Mas por ser o controle biológico uma manifestação da associação natural de tipos diferentes de organismos vivos, i.e., parasitoides e patógenos com os hospedeiros e predadores com as presas, o fenômeno é dinâmico, sujeito às perturbações causadas por fatores como mudanças no ambiente, processos adaptativos e limitações dos organismos envolvidos em cada caso (HUFFAKER e MENSAGEIRO, 1964 apud Bosch et al., 1973).
O controle biológico na área florestal
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um conjunto de métodos e processos que, tomados de modo harmônico e integrado, levando em consideração os aspectos econômicos, sociais e ambientais, promovem o declínio de populações de insetos indesejáveis. Dentre os componentes do MIP, certamente o biológico é o mais utilizado e juntamente com a resistência de plantas e práticas silviculturais, formam os três pilares do MIP (BERTI FILHO, 1990; KOGAN, 1998).
O controle biológico tem como vantagens:
  1. ausência de efeitos colaterais adversos, ao contrário dos pesticidas químicos;
  2. pode atingir alto nível de controle;
  3. custo muito baixo após a implantação;
  4. não prejudica o homem, animais e organismos benéficos;
  5. manutenção da capacidade de reproduzir;
  6. a praga normalmente não desenvolve resistência ao inimigo natural (BERTI FILHO, 1990).
Apesar destas vantagens, apresenta limitações tais como:
  1. não elimina totalmente a praga;
  2. o nível de controle pode não ser satisfatório, necessitando outras medidas;
  3. necessita de conhecimentos técnicos e mão-de-obra especializada;
  4. pode ser demorado, normalmente sempre mais que o químico (BERTI FILHO, 1990).
O controle biológico clássico no Brasil iniciou-se em 1921, com a importação de Prospaltella berlesi(Aphelinidae) dos Estados Unidos para o controle de Pseudaulacaspis pentagona no pessegueiro (BERTI FILHO, 1990). Os sucessos alcançados nos primeiros programas incentivaram vários pesquisadores e instituições a investirem no controle biológico, sendo publicados mais de 1.400 trabalhos nas últimas duas décadas na área de entomopatógenos (ALVES, 1998), com ênfase aos bioinseticidas virais e bacterianos.
Na área florestal, vários projetos que enfatizam o controle biológico podem ser referenciados, tais como:
  1. O uso de Trichogramma sp. (Hymenoptera) no controle de lagartas desfolhadoras de Eucalyptus spp. Em 1982, foram liberados 168 mil indivíduos de Trichogramma soaresi na tentativa de controlar um foco de Blera varana Schaus em Eucalyptus cloeziana F. Muell. no Estado de Minas Gerais (BERTI FILHO, 1990).
  2. Programa de controle de lagartas desfolhadoras do eucalipto com uso de predadores, como Podisus nigrolimbatus Spínola (Hemiptera: Pentatomidae) e P. connexivus Bergroth (ZANÚNCIO et al., 1993).
  3. O controle da vespa-da-madeira Sirex noctilio Fabricius com a introdução do nematóide Deladenus siricidicola Bedding, seu principal inimigo natural, e posteriormente os parasitóides Megarhyssa nortoni(Cresson) e Rhyssa persuasoria (L.). O parasitóide Ibalia leucospoides Hochenwald foi introduzido naturalmente junto com a praga (IEDE e PENTEADO, 2000). A vespa-da-madeira foi observada no Brasil pela primeira vez em 1988 (IEDE e PENTEADO, 1988) e no ano seguinte foi iniciado o programa de controle.
Além destes, muitos trabalhos individuais ou em grupos têm apresentado alternativas ao controle de pragas florestais, com a identificação de inimigos naturais, testes de eficiência para predadores, parasitóides e microorganismos, principalmente vírus e bactérias. Dentro do controle biológico de formigas cortadeiras, principal praga florestal no Brasil, podem ser citados os trabalhos de Alves e Sosa Gomez (1983); Anjos et al. (1993); Della Lucia et al. (1993); Silva e Diehl-Fleig (1995) e Specht et al. (1994).
Uso de insetos parasitóides no manejo de pragas de florestas
Os parasitoides pertencem às ordens Hymenoptera, Diptera, Coleoptera, Lepidoptera e Strepsiptera. Estima-se que mais de 500 mil espécies de Hymenoptera são parasitoides (GODFRAY, 1994; BOSCH et al., 1973).


Os parasitoides diferem de outros organismos parasitas, em que adultos e suas progênies são parasitas e vários indivíduos de diferentes gerações podem ocorrer no mesmo hospedeiro, normalmente não matando este. No caso dos parasitoides, apenas as larvas são parasitas, sendo os adultos de vida livre (VINSON e IWANTSH, 1980).



Parasitoides atacam e se desenvolvem em todas as fases do hospedeiro (ovo, larva ou ninfa, pupa e adulto) e seu relacionamento com o hospedeiro varia de monófago a polífago. Pode se desenvolver dentro do hospedeiro e assim ser chamado de endo-parasitoide ou pode se desenvolver fora, somente com as peças bucais inseridas no corpo do hospedeiro, sendo chamado de ectoparasitoide. Quando uma única larva completa seu desenvolvimento em um determinado hospedeiro, a espécie é denominada endoparasita solitário e quando várias larvas se desenvolvem em um único hospedeiro denomina-se endoparasita gregário (GODFRAY, 1994).

Principais espécies de hemípteros predadores utilizados em florestas
Os principais hemípteros predadores utilizados no controle de pragas florestais são: Podisus connexivusBergroth, 1891, Podisus nigrolimbatus Spínola, 1852, Podisus sculptus Distant, 1889, Supputius cincticepsStal, 1860, Alcaeorrhynchus grandis e Montina confusa (ZANÚNCIO et al., 1993).

Estes predadores podem ser mantidos em criações de laboratório e liberados em campo no início do surto da praga, evitando que esta alcance níveis de danos econômicos.

Fatores que afetam o sucesso do controle biológico
A interação entre o parasitoide e a praga envolve vários processos e fatores dos quais depende o sucesso ou não do parasitismo. Dentre eles, a localização do habitat do hospedeiro, localização do hospedeiro, aceitação do hospedeiro e por fim a susceptibilidade do hospedeiro e suas defesas químicas ou físicas (VINSON e IWANTSH, 1980).


Além da interação com o hospedeiro, o parasitóide enfrenta a competição, pois a maioria deles necessita do corpo inteiro do hospedeiro para se desenvolver e, no caso de espécies solitárias, apenas um exemplar emerge do hospedeiro, mesmo que este tenha sido parasitado por mais de um indivíduo da mesma espécie ou de espécie diferente. Neste caso, o mais adaptado elimina os demais. Esta eliminação pode ocorrer por ataque físico, ou por supressão fisiológica causada por toxinas, competição por oxigênio ou nutrientes. Por outro lado, a susceptibilidade do hospedeiro depende da presença ou ausência de toxinas, inócuas a este, mas tóxicas ao parasitoide. Assim, um hospedeiro pode ficar imune a certo parasitoide se alimentado em determinada planta, como exemplo o Microbracon gelecheae, que morre quando seu hospedeiro se alimenta em tabaco, antes de ser parasitado (VINSON e IWANTSH, 1980).


Podem ocorrer interações com outros organismos, como por exemplo, o hospedeiro pode ser infectado por doenças e estas afetarem também o parasitoide, ou mesmo o hospedeiro morrer antes que este complete o seu desenvolvimento. As condições ambientais também podem afetar o desempenho do parasitoide de maneira favorável. Por exemplo, um hospedeiro pode ser susceptível em um ambiente (temperaturas altas) e não susceptível ao mesmo parasitoide em temperaturas baixas. Além de afetar a sobrevivência, as condições ambientais podem afetar a biologia do inseto, alterando o tamanho, o tempo de desenvolvimento, a fecundidade, a longevidade e até a proporção sexual (VINSON e IWANTSH, 1980).






terça-feira, 22 de maio de 2018

Calagem na Cultura do Eucalipto

Calagem

A maioria dos solos brasileiros, notadamente aqueles em que estão ocorrendo a expansão da eucaliptocultura, como os solos sob cerrados ou sob condições subtropicais do Sul do País, apresentam características de acidez, toxidez de Al e/ou Mn e também baixos níveis de Ca e Mg. Para incorporação destes solos ao processo produtivo é imprescindível a correção desses problemas através da prática da calagem que é a maneira mais simples para atingir este objetivo.
Além do mais, o calcário é um insumo relativamente barato, abundante no País, essencial para o aumento da produtividade, de tecnologia de produção simples e, sobretudo, poucas práticas agrícolas dão retornos tão elevados no curto prazo. Normalmente, é recomendada a aplicação de calcário dolomítico, que contém além do Ca, maior concentração de Mg.
Recomendação de calagem
De uma forma geral, as espécies de eucaliptos plantadas no Brasil são tolerantes à acidez do solo. A calagem tem como objetivo maior elevar os teores de Ca e Mg nos solos do que a correção do pH propriamente dita. Normalmente, as quantidades recomendadas elevam o pH a valores próximos de 5,5.
Três métodos são recomendados para determinar a quantidade de calcário a ser aplicado. Um método é baseado nos “Teores Trocáveis de Alumínio” no solo, o outro na “Saturação por Bases” e também há o método baseado no “Índice SMP”, conforme mostrados a seguir:
1) Teores de Alumínio Trocável do Solo
Segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), este método é utilizado principalmente neste estado e na região dos Cerrados (Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso). Nesse método, as doses de calcário são calculadas visando neutralizar o Al trocável e/ou fornecer cálcio e magnésio, quando os teores desses nutrientes estiverem abaixo de 2 cmolc/dm-³.
A fórmula para o cálculo é dada a seguir:
NC = Y x Al + [X – (Ca + Mg)]
Em que:
NC : Necessidade de calagem (t/ha-¹ de um calcário com PRNT de 100%);
Y : 1 (para solos arenosos, com menos de 150 g kg-¹ ou 15% de argila);
Y : 2 (para solos de textura média, entre 150 e 350 g kg-¹ ou 15 e 35% de argila);
Y : 3 (para solos argilosos, com mais de 350 g kg-¹ ou > 35% de argila);
X : 2 (para a maioria das culturas);
X : 3 (para o eucalipto);
X : 4 (para o cafeeiro).

Observações:
  1. Na fórmula acima, se a soma dos teores de Ca + Mg do solo já estiverem acima de 2 cmolc/dm-³ (ou 20 mmolc/dm-³), considera-se a parte entre os colchetes igual a zero. Em outras palavras, se a operação dentro dos colchetes fornecer um valor negativo, deve ser considerada como zero.
  2. Na prática, não é aconselhável aplicar doses muito elevadas de calcário para o eucalipto pois, além de se tornar onerosa, ela pode interferir na estrutura do solo e na microfauna. Assim, o ideal é aplicar no máximo 2 t/ha-¹ . Caso seja necessária uma aplicação maior, por exemplo, 4 t/ha-¹ , é aconselhável dividir em duas aplicações. A primeira aplicação antes ou durante o plantio e a segunda quando as plantas estiverem com 30 a 36 meses de idade, isto é, junto com a adubação de manutenção.
2) Método de Saturação por Bases
Método utilizado no Estado de São Paulo (IAC, 1996), Paraná e, em alguns casos, na região dos Cerrados. Baseia-se na estreita correlação existente entre o nível de acidez do solo (pH) e V%, ou seja, quanto maior o pH, maior o V%.
Desta forma, calculando-se as doses de calcário para elevar V% até valores adequados, automaticamente se estará elevando o pH do solo e eliminando-se as consequências indesejáveis do excesso de acidez (deficiência de Ca e Mg e toxidez de Al).
Quando o solo apresenta V% abaixo do desejado, os cálculos da dose de calcário a aplicar são feitos pela seguinte fórmula:
NC = [(V2 – V1)/100] x T
Em que:
NC: necessidade de calagem (t/ha-¹ de um calcário com PRNT de 100%);
V2 : saturação por bases desejada;
V1 : saturação por bases atual;
T : capacidade de Troca Catiônica do Solo (CTC ) (em cmolc/dm-³).

Observação: Em geral, recomenda-se a calagem quando a saturação por bases do solo encontra-se mais de 10% abaixo do recomendável para as culturas. Caso contrário, não há necessidade de aplicação ou as doses são muito baixas, dificultando uma distribuição homogênea.
3) Método do Índice SMP
Utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se na correlação existente entre o índice SMP e a acidez potencial do solo (H + Al).
Quanto mais baixo o índice SMP, maior a quantidade de H+Al do solo e, portanto, maior a quantidade de calcário a ser aplicada para atingir o pH adequado neste solo.
Estudos apurados, realizados com os vários tipos de solo da região, permitiram relacionar o índice SMP com a dose de calcário a ser aplicada para atingir um pH adequado (5,5; 6,0 ou 6,5, dependendo da cultura). Desta forma, com o valor do índice de SMP fornecido no resultado de análises do solo, basta consultar tabelas, as quais já possuem os valores de calcário a aplicar, em termos de t/ha-¹.
Observação: Segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do RS e SC (1994), em algumas situações específicas, o Índice SMP fornecido no laudo analítico pode não indicar adequadamente a quantidade de corretivo necessária. Por exemplo, em solos pouco tamponados, principalmente os arenosos, o Índice SMP pode não indicar a necessidade de calagem, embora o pH do solo esteja em nível inferior ao desejado. Neste caso, indica-se a quantidade de corretivo com base nos teores de Al trocável e de matéria orgânica do solo.
Cuidados importantes nas recomendações de calagem
  • Todos os métodos de recomendação de calagem fornecem resultados para um calcário com PRNT de 100%;
  • Caso o calcário adquirido tenha um PRNT diferente de 100%, é necessário fazer a correção da dose a ser aplicada;
  • Para isso, multiplica-se a dose recomendada por um fator calculado do seguinte modo:

    = [100/PRNTcom]

    Em que:

          f : fator de correção da dose recomendada;
          PRNTcom = : Poder relativo de neutralização total da fonte comercial.

    Supondo-se uma dose recomendada de 2,0 t/ha-¹ e um calcário comercial com 80% de PRNT, tem-se os seguintes cálculos:
    f = [100/80] = 1,25
    A dose a ser aplicada será igual a 2,0 t/ha-¹ x 1,25 = 2,5 t/ha-¹.
  • Todos os métodos de recomendação baseiam-se em uma profundidade de incorporação de calcário de 20 cm. Caso o calcário seja incorporado numa profundidade maior ou menor que esta, será necessário aumentar ou reduzir proporcionalmente a dose, conforme exemplos a seguir:
    • Incorporação a 10 cm: dose recomendada x 0,5;
    • Incorporação a 30 cm: dose recomendada x 1,5;
    • Incorporação a 40 cm: dose recomendada x 2,0.

Épocas de aplicação

Identificada a necessidade de se fazer correções no solo, o próximo passo é determinar a época mais adequada para aplicar o calcário e o fertilizante. A calagem para a cultura do eucalipto pode ser realizada antes ou durante o plantio e a adubação depende da espécie utilizada, do solo, da idade das plantas e da intensidade da colheita. Quando o solo é muito ácido (p.ex.: pH abaixo de 4,0) ou apresenta baixos teores de Ca e Mg, a aplicação de calcário antes do plantio e durante a rotação da cultura é necessária.
Normalmente, a adubação é realizada em duas etapas. A primeira, chamada de adubação fundamental, é feita antes ou no momento do plantio, utilizando nitrogênio, fósforo e potássio. A segunda, chamada de adubação de manutenção, é realizada quando as árvores têm entre três a 3,5 anos de idade. Muitas vezes é recomendada, para solos de baixa capacidade de troca de cátions, a aplicação em cobertura de cloreto de potássio em três a cinco vezes para se evitar perdas por lixiviação. Em solos com altos teores de cálcio e magnésio, a adubação de manutenção é realizada apenas com o cloreto de potássio.


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