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domingo, 17 de março de 2024

Exigências climáticas para a Ervilha

 

Exigências climáticas

Um bom desenvolvimento da cultura da ervilha esta relacionado, entre outros fatores, as condicoes climaticas favoraveis. Por ser uma cultura adaptada a climas temperados, o seu desenvolvimento vegetativo e favorecido por temperaturas compreendidas entre entre 13 oC e 18 oC e umidade relativa entre 60% a 70%; a umidade relativa do ar nao afeta diretamente a producao, entretanto acima de 80% pode propiciar o aparecimento de doencas, como aumento da incidencia do fungo Ascochyta pisi, alem de prejudicar a qualidade dos graos.

E uma planta bem tolerante a baixas temperaturas, sendo que as sementes germinam a partir de 4 oC, embora geadas possam prejudicar seu cultivo, principalmente na fase de

florescimento e durante a formacao de vagens (Figura 11). A produtividade e prejudicada em temperaturas acima de 27 oC, podendo ainda afetar a qualidade dos graos, favorecendo a conversao dos acucares em amido.

Assim, o cultivo da ervilha adapta-se melhor na regiao Sul do pais, em regioes serranas ou de planalto e em microclimas de temperatura amenas com altitude superior a 500 m. No Planalto Central, seu cultivo e realizado durante o inverno sob condicoes de irrigacao, principalmente nas fases iniciais do seu desenvolvimento.

Vagens de ervilha com danos causados por geada.

A ervilha e considerada uma das culturas cujo desenvolvimento mais fielmente responde ao sistema de unidades termicas ou graus-dia. Nesse conceito, a taxa de desenvolvimento da planta e condicionada pela temperatura do ar no ambiente de cultivo.

Outros fatores ambientais com potencial efeito no ciclo da cultura nao sao considerados no calculo de graus-dia.

Em linhas gerais, a necessidade de graus-dia de crescimento da ervilha e na ordem dos 700 a 850 graus-dia para as cultivares precoces, 850 a 1.000 para as cultivares semiprecoces e mais do que 1.000 graus-dia para as cultivares tardias.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Cultivares de Ervilhas

 

Cultivares

As características que influem na escolha da cultivares para cada tipo varietal devem estar relacionadas ao sistema de cultivo utilizado e principalmente a finalidade a que se destinam.

Assim, deve-se levar em consideração a arquitetura e o porte da planta (determinado ou indeterminado), coloracao das vagens (claras ou escuras), textura do cotyledons (lisos amilaceos ou enrugados doces) e cor do cotiledone que, com raras exceções quando utilizados na alimentação humana, sao verdes.

As cultivares utilizadas para a produção de ervilha seca possuem grãos redondos e lisos, que sao utilizados partidos ou inteiros; nesse ultimo caso, visando o enlatamento (apos reidratacao). Graos pequenos (140 g/100 a 160 g/100 graos), de tamanho uniforme e com baixa porcentagem de descoloração são os ideais para a industria.

A cultivar mais plantada no pais e a ‘Mikado’. Essa cultivar (originaria da Holanda) possui um ciclo aproximado de 110 dias e foi introduzida e avalia-da nas condições brasileiras durante vários anos pela Embrapa Hortaliças. E bastante produtiva, apresenta otima qualidade industrial (tamanho, boa reidratação e menor porcentagem de descoloramento dos grãos); e, entretanto, suscetivel ao oidio, uma das principais doenças que ocorrem em nossas condições. A Embrapa Hortaliças desenvolveu e liberou varias cultivares visando o encantamento Tais como: ‘Amelia’, ‘Dileta’, ‘Flavia’, ‘Kodama’, ‘Luiza’, ‘Maria’, ‘Marina’ e ‘Vicosa’.

Para o segmento de ervilha verde enlatada utilizam-se cultivares de granos rugosos. Visando atender este seguimento do mercado, a Embrapa Hortalicas disponibilizou ao mercado, as cultivares ‘Axe’, ‘Forro’, ‘Frevo’, ‘Pagode’ e ‘Samba’. Estas cultivares sao indicadas especialmente para a agroindustria de graos verdes enlatados ou congelados, sem a necessidade de reidratação antes de serem processadas.

A cultivar ‘Axe’ pode ainda ser utilizada na produção de ervilha verde debulhada. Outras cultivares de origem estrangeira tem sido utilizadas por algumas (poucas) empresas aqui no pais que atuam neste segmento.

Existem outras cultivares de ervilha verde que são utilizadas para a produção de ervilha debulhada, geralmente utilizada por pequenos agricultores e comercializadas em feiras.

A diferenca basica entre as cultivares de sementes lisas e rugosas e sua composição química. As semen-tes lisas (que e uma caracteristica dominante) apresentam teores mais elevados de amido e menor teor de sacarose quando comparadas com as sementes rugosas que apresentam um excesso de sacarose. Durante a maturação das sementes, ocorre inicialmente maior acumulo de açúcares e menor sintese de amido; logo em seguida, o conteúdo de açúcar cai bruscamente e o teor de amido aumenta.

Em cultivares de sementes lisas, o primeiro estagio e bem mais curto; sendo que nas sementes rugosas, o acumulo de acucar e significante. Com a redução do teor de açúcar durante a maturação, as sementes das cultivares de ervilha verde apresentam fenotipos caracterizados por enrugamento (sementes rugosas). Estas diferenças de composição química e formato das sementes podem influenciar a qualidade fisiológica e sanitária. Por exemplo, as sementes das cultivares de ervilha verde, por possuírem maior teor de açúcar, sao mais suscetíveis ao ataque de fungos durante a germinação e estabelecimento de plântulas.

No segmento de ervilha-vagem a cultivar mais utilizada no Brasil e a ‘Torta de Flor Roxa’, que apresenta porte indeterminado, com plantas entre 1,2 metros a 1,5 metros, uni florais e tegumento das sementes pigmentado e cotilédones amarelos (Figura 9). O comprimento das vagens e de 10 cm a 14 cm e a largura e de 2 cm a 3 cm. O ciclo e de aproximadamente 100 dias com inicio de colheita aos 70 dias. A maioria das cultivares e suscetível ao oídio; entretanto, a cultivar ‘MK 13’ apresenta resistencia a esta doenca. As cultivares de ervilha do tipo forrageira são indicadas para adubação verde e cobertura do solo, preferencialmente antecedendo gramineas, ou para alimentacao animal como pasto, silagem ou racao. Apresentam caracteristicas importantes para a conservacao e fertilidade do solo, sendo cultivada no inverno. Representa também opção vantajosa devido ao rápido crescimento inicial, precocidade, grande massa verde, uniformidade, redução da utilização de fertilizantes a base de nitrogênio nas culturas subsequentes e redução dos custos de produção e dos impactos ambientais. A aptidão dos grãos para a formulação de ração animal, principalmente para suinos, pode ser mais uma alternativa de utilização, por apresentar altos niveis de proteina bruta. Nesse segmento, a Embrapa Hortaliças desenvolveu em parceria com a Embrapa Trigo, a cultivar forrageira ‘BRS Sulina’ (Figura 10), indicada para adubação verde e para cobertura de solo, no inverno. ‘BRS Sulina’ apresenta um rapido crescimento inicial, precocidade e uniformidade, reduzindo assim o uso de herbicidas dessecantes em sistema de plantio direto.

Campo de produção de sementes da cultivar BRS Sulina.


terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Botânica da Ervilha

 

Botânica

A ervilha e uma leguminosa pertencente a família Fabaceae, subfamilia Faboideae (sin. Papilionoideae), a tribo Vicieae (sing. Fabeae), ao genero Pisum e a especie Pisum sativum L. O genero Pisum possui grande variabilidade genetica, presente nas variedades comerciais e nos materiais dos bancos de germoplasma. Dentro deste genero, sao relatadas sete es-pecies: P. arvense, P. elatius, P. formo-sum, P. fulvum, P. humile, P. jomardie e P. sativum. Entretanto, alguns autores reconhecem apenas duas especies, P. arvense L. (ervilha forrageira) e P. sativum L. (ervilha verde). No entanto, todos os tipos são classificados dentro da especie P. sativum, onde se incluem também as ervilhas forrageiras.

Importação de ervilha no Brasil entre os anos 2011-2015.

A ervilha e uma especie diploide (2n=2x=14), anual de inverno, herbacea e com germinacao hipogea (Figura 2). Apresenta habito de crescimento determinado ou indeterminado (Figura 3), possui hastes finas formadas por nos e entrenos. As folhas são compostas distribuídas de forma alternada, formadas por 2 a 3 pares de foliolos ovalados, de margem inteira ou sinuado-dentados na parte superior, na base das folhas dispõem-se duas estipulas arredondadas e podem ser encontradas em três formas: afila, semiafila e normal (Figura 4). Suas inflorescências estão distribuídas de forma alternada ao longo do caule, e podem ter uma ou mais brácteas, de forma e dimensões variáveis que surgem nas axilas foliares. Ate o surgimento da primeira inflorescência, o numero de nos e constante, característica utilizada para a caracterizacao de precocidade de cultivares.

Etapas da germinação de sementes de ervilha.

Campos de produção de ervilha de crescimento indeterminado (A) e determinado (B).

Tipos de folhas de ervilha: afila (A); semi-afila (B); normal (C)

A flor da ervilha e composta por cinco pétalas, sendo a maior delas denominada de estandarte. As petalas menores sao as asas, e na parte anterior da flor se encontram as duas pétalas que formam a quilha. Ja o calice verde e formado por cinco sepalas unidas, duas atras do estandarte, duas opostas as asas e uma anterior e oposta a quilha. O gineceu e constituído pelo pistilo e um ovário e o androceu e formado por dez estames. O pistilo e formado por um único carpelo e um ovário que contem duas fileiras de óvulos inseridos em duas placentas paralelas. As flores podem encontrar-se solitárias ou em grupo de 3 ou 4 e apresentam uma coloração branca ou violácea (Figura 5).

Flores de ervilha de coloração branca (A) e violacea (B).

E uma especie autogama, cleistogamica, com polinização ocorrendo aproximadamente 24 horas antes da abertura da flor (antese). A germinação do tubo polínico pode levar de 8 a 12 horas e a fertilizacao de 24 a 28 horas apos a polinizacao. Seu estigma fica receptivo ao pólen alguns dias antes da antese ate um dia apos o murchamento da flor. O polen, por sua vez, e viavel desde o momento da deiscencia das anteras. Apos o pro-cesso da fecundação, desenvolve-se o fruto que consiste em uma vagem de forma, tamanho, coloração e textura variáveis.

Suas sementes maduras sao globulares, podendo ser lisas ou rugosas, e o tegumento pode ser tanto hialino quanto colorido e seu embrião formado por dois cotilédones e um hipocótilo bem desenvolvido. Os cotilédones podem ser encontrados nas cores amarela ou verde e nas texturas lisa ou enrugada. O ciclo vegetativo da ervilha, dependendo da cultivar e das condições climáticas necessárias para o seu desenvolvimento, e de 90 a 140 dias. Em função do fotoperíodo, são estabelecidos tres distintos grupos varietais de ervilha:

Precoces – Se caracterizam pelo aparecimento das primeiras flores entre o 6o e o 9o entrenó e sao normal-mente indiferentes ao fotoperiodo.

Semi Precoces – As primeiras flores deste grupo varietal aparecem entre o 9o e o 11o entrenó e são medianamente sensíveis ao fotoperíodo.

A ervilha-vagem (também conhecida como “ervilha torta”), (Figura 6), nao apresenta pergaminho, devido a presença de dois genes com interação não alélica localizados nos cromossomos 4 e 6. O genotipo duplo-dominante (PPVV) apresenta esclerênquima nas vagens e o duplo recessivo proporciona ausencia total de fibras. As demais combinacoes (ppVV e PPvv) possuem areas irregulares de tecido esclerenquimatoso distribuido nas paredes das vagens e, por esse motivo, nao sao comestiveis.

As cultivares utilizadas para a produção de ervilha seca possuem sementes redondas e lisas, que podem ser utilizadas partidas ou inteiras, e neste caso, visando o enlatamento apos a reidratacao (Figura 7a). Ja as cultivares utilizadas para producao de graos verdes, destinados ao enlatamento possuem geralmente sementes rugosas e elevado teor de acucar (Figura 7b). No caso dos graos imaturos destinados ao congelamento, a coloração verde escura e a mais desejável.

A ervilha forrageira (P. sativum subsp. arvense) apresenta caules flexuosos, estriados, delicados, simples ou quase simples; suas folhas sao paripinadas apresentando gavinhas,

ramos, geralmente terminais; possui entre 1 - 3 pares de foliolos ovalados, mucronados, de margem inteira ou sinuado-dentados na sua parte superior.

A coloração de suas flores e um vermelho-violáceas, podendo ser encontradas solitarias ou geminadas sobre pedunculos axilares aristados; sua corola geralmente e rosa-violácea com alas violaceo-purpúreas (Figura 8).

Os frutos são vagens oblongas, que podem, de acordo com a sua forma, apresentar terminacao obtusa, curvada ou fortemente em forma de pico; apresentam sementes lisas, esfericas, ovaladas ou rugosas (cilindricas, comuns), verdes (normal, palido,amarelo), creme, marrons ou com manchas de cor castanha-purpura.

Como na maioria das dicotiledôneas, as reservas do endosperma sao direcionadas para o embriao, se acumulando nos cotiledones, sendo assim denominadas exalbuminous.

Detalhe de uma planta de ervilha forrageira.


Produção de ervilha da cultivar ‘Torta de Flor Roxa’.

Sementes de ervilha lisas (A) e rugosas (B).



terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Importância do Cultivo da Ervilha

 

O provável centro de origem da ervilha ( Pisum sativum L.) é o Oriente Médio com sua distribuição natural alcançando o nordeste da India e Afeganistão. A Etiópia e tida também como centro de origem secundário. A cultura e bem significativa para a historia, existindo vários relatos de ervilha na Biblia, alem de ter sido de grande importância para pesquisas de Gregor Mendel, criador da genetica moderna. Atualmente, as ervilhas continuam tendo enorme importância, principalmente na nutricao humana, por ser um excelente alimento, contendo em sua composição elevados teores de proteínas, vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina e niacina), minerais (ferro, calcio, potassio e fosforo), alem dos carotenoides luteina, β-caroteno e violaxantina.

O teor do aminoácido lisina faz com que seja, em termos nutricionais, um bom complemento dos cereais.

Apresenta ainda uma maior digestibilidade (90%) quando comparada ao feijão (73%). A India e o maior produtor mundial, com um volume anual com cerca de 35% da produção, seguida da China, com cerca de 23%.

Esses dois países atingem produtividades de ate 9 t/ha. A Uniao Europeia (U.E.) e responsável por aproximadamente 16% e os E.U.A. por cerca de 10% da producao mundial. Na U.E., a Franca e o maior produtor, com cerca de 5% do total mundial. As maiores produtividades desta cultura são obtidas na Belgica, Paises Baixos e Franca (14 t/ha -18 t/ha).

No Brasil, a ervilha e consumida principalmente na forma de grãos secos reidratados e enlatados ou como ervilha partida (dry pea); como ervilha verde / fresca (green pea ou garden pea ) debulhada, enlatada ou congelada; como ervilha de vagem comestível (sugar pea) achatada (snow pea) ou arredondada (snap pea) . Existe ainda a ervilha forrageira que e destinada ao consumo animal (gado leiteiro principalmente) ou utilizada como adubo verde (ou cobertura do solo). Ate a decada de 1980, quase toda a ervilha consumida no Brasil era importada acarretando uma evasão anual de divisas na ordem de sete milhões de dólares. Atualmente, toda a demanda poderia ser atendida pela producao nacional, gracas as pesquisas realizadas pela Embrapa Hortaliças, juntamente com as empresas de pesquisa e extensão rural dos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul e as industrias de processamento, através do desenvolvimento de cultivares adaptadas e técnicas de cultivo.


A produção de ervilha (seca ou verde) destinada a industria tem sido realizada na forma de contrato entre o produtor e a empresa, onde sao estabelecidos a area a ser cultivada, a epoca de plantio, a cultivar, os insumos e as demais atribuições relacionadas a produção, entrega e preço do produto.

A partir da decada de 1990, as agroindústrias passaram a importar grãos de ervilha novamente, e dependendo da taxa cambial, este produto e produzido aqui no pais ou e importado.

Dados mostram que a importação de ervilha tem sido relativamente alta nos últimos anos, chegando em 2015 ao volume importado de 41 mil toneladas, representando um valor de 23 milhoes de dolares (Figura 1).

Em 2010, a area cultivada com ervilhas no Brasil foi de, aproximadamente, 2.575 ha, com producao de 5.963 toneladas. Apesar da expansao da producao de ervilha no pais nos últimos anos, a participação do Brasil no mercado mundial de ervilhas ainda e inexpressiva, apresentando consideráveis oscilações em termos de area cultivada e de produção ao longo dos anos. Assim, e de extrema importância a melhoria de tecnologia de produção e ou incentivos que favoreçam o aumento dessa produção no pais. As informacoes que seguem visam apresentar aspectos importantes relacionados a produção de ervilha nas condições tropicais do Brasil.


domingo, 10 de maio de 2020

Botânica da Cultura da Ervilha


Introdução
Oprovável centro de origem da ervilha ( Pisum sativum L.) é o Oriente Médio com sua distribuição alcançando o nordeste da Índia e Afeganistão
A Etiópia é tida também como centro de origem secundário. 
A cultura é bem significa-tiva para a história, existindo vários relatos de ervilha na Bíblia, além de ter sido de grande importância para pesquisas de Gregor Mendel, criador da genética moderna. Atualmente, as ervilhas continuam tendo enorme importância, principalmente na nutrição humana, por ser um excelente ali-mento, contendo em sua composição elevados teores de proteínas, vitami-nas do complexo B (tiamina, riboflavi-na e niacina), minerais (ferro, cálcio, potássio e fósforo), além dos carote-noides luteína, β-caroteno e violaxan-tina. O teor do aminoácido lisina faz com que seja, em termos nutricionais, um bom complemento dos cereais. Apresenta ainda uma maior digesti-bilidade (90%) quando comparada ao feijão (73%). A Índia é o maior pro-dutor mundial, com um volume anual com cerca de 35% da produção, se-guida da China, com cerca de 23%. Esses dois países atingem produtivi-dades de até 9 t/ha. A União Européia (U.E.) é responsável por aproximada-mente 16% e os E.U.A. por cerca de 10% da produção mundial. Na U.E., a

França é o maior produtor, com cer-ca de 5% do total mundial. As maio-res produtividades desta cultura são obtidas na Bélgica, Países Baixos e França (14 t/ha -18 t/ha).

No Brasil, a ervilha é consumida principalmente na forma de grãos se-cos reidratados e enlatados ou como ervilha partida (dry pea); como ervilha verde / fresca (green pea ou garden pea ) debulhada, enlatada ou congela-da; como ervilha de vagem comestí-vel (sugar pea) achatada (snow pea) ou arredondada (snap pea) . Existe ainda a ervilha forrageira que é desti-nada ao consumo animal (gado leitei-ro principalmente) ou utilizada como adubo verde (ou cobertura do solo). Até a década de 1980, quase toda a ervilha consumida no Brasil era impor-tada acarretando uma evasão anual de divisas na ordem de sete milhões de dólares. Atualmente, toda a de-manda poderia ser atendida pela pro-dução nacional, graças às pesquisas realizadas pela Embrapa Hortaliças, juntamente com as empresas de pes-quisa e extensão rural dos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul e as indústrias de processamento, através do desenvolvimento de cultivares adaptadas e técnicas de cultivo. A produção de ervilha (seca ou verde) destinada à indústria tem sido realiza-da na forma de contrato entre o pro-dutor e a empresa, onde são estabe-lecidos a área a ser cultivada, a épo-ca de plantio, a cultivar, os insumos e as demais atribuições relacionadas a produção, entrega e preço do pro-duto. A partir da década de 1990, as agroindústrias passaram a importar grãos de ervilha novamente, e depen-dendo da taxa cambial, este produto é produzido aqui no país ou é importa-do. Dados mostram que a importação de ervilha tem sido relativamente alta nos últimos anos, chegando em 2015 ao volume importado de 41 mil tone-ladas, representando um valor de 23 milhões de dólares (Figura 1).

Em 2010, a área cultivada com ervilhas no Brasil foi de, aproximada-mente, 2.575 ha, com produção de 5.963 toneladas. Apesar da expansão da produção de ervilha no país nos úl-timos anos, a participação do Brasil no mercado mundial de ervilhas ainda é inexpressiva, apresentando conside-ráveis oscilações em termos de área cultivada e de produção ao longo dos anos. Assim, é de extrema importân-cia a melhoria de tecnologia de produ-ção e ou incentivos que favoreçam o aumento dessa produção no país. As informações que seguem visam apre-sentar aspectos importantes relacio-nados à produção de ervilha nas con-dições tropicais do Brasil.

Figura 1. Importação de ervilha no Brasil entre os anos 2011-2015.

Botânica

A ervilha é uma leguminosa pertencente à família Fabacea, subfa-mília Faboideae (sin. Papilionoideae),

à tribo Vicieae (sing. Fabeae), ao gê-nero Pisum e à espécie Pisum sativum L. O gênero Pisum possui grande va-riabilidade genética, presente nas va-riedades comerciais e nos materiais dos bancos de germoplasma. Dentro deste gênero, são relatadas sete es-pécies: P. arvense, P. elatius, P. formo-sum, P. fulvum, P. humile, P. jomardie e P. sativum. Entretanto, alguns autores reconhecem apenas duas espécies, P. arvense L. (ervilha forrageira) e P. sativum L. (ervilha verde). No entanto, todos os tipos são classificados den-tro da espécie P. sativum, onde se in-cluem também as ervilhas forrageiras.

A ervilha é uma espécie diploide (2n=2x=14), anual de inverno, herbá-cea e com germinação hipógea (Figu-ra 2). Apresenta hábito de crescimento determinado ou indeterminado (Figura

3), possui hastes finas formadas por nós e entrenós. As folhas são com-postas distribuídas de forma alterna-da, formadas por 2 a 3 pares de fo-líolos ovalados, de margem inteira ou sinuado-dentados na parte superior, na base das folhas dispõem-se duas estípulas arredondadas e podem ser encontradas em três formas: áfila, se-mi-áfila e normal (Figura 4). Suas inflo-rescências estão distribuídas de forma alternada ao longo do caule, e podem ter uma ou mais brácteas, de forma e dimensões variáveis que surgem nas axilas foliares. Até o surgimento da pri-meira inflorescência, o número de nós é constante, característica utilizada para a caracterização de precocidade de cultivares.

Figura 2. Etapas da geminação de sementes de ervilha.

Figura 3. Campos de produção de ervilha de crescimento indeterminado (A) e determinado (B).

Figura 4. Tipos de folhas de ervilha: áfila (A); semi-áfila (B); normal (C)

A flor da ervilha é composta por cinco pétalas, sendo a maior delas denominada de estandarte. As péta-las menores são as asas, e na parte anterior da flor se encontram as duas pétalas que formam a quilha. Já o cá-lice verde é formado por cinco sépa-las unidas, duas atrás do estandarte, duas opostas às asas e uma anterior e oposta à quilha. O gineceu é constituído pelo pistilo e um ovário e o an-droceu é formado por dez estames. O pistilo é formado por um único carpelo e um ovário que contém duas fileiras de óvulos inseridos em duas placen-tas paralelas. As flores podem encon-trar -se solitárias ou em grupo de 3 ou 4 e apresentam uma coloração branca ou violácea (Figura 5).

Figura 5. Flores de ervilha de coloração branca (A) e violácea (B).

É uma espécie autógama, cleis-togâmica, com polinização ocorrendo aproximadamente 24 horas antes da abertura da flor (antese). A germina-ção do tubo polínico pode levar de 8 a 12 horas e a fertilização de 24 a 28 horas após a polinização. Seu es-tigma fica receptivo ao pólen alguns dias antes da antese até um dia após o murchamento da flor. O pólen, por sua vez, é viável desde o momento da deiscência das anteras. Após o pro-cesso da fecundação, desenvolve-se o fruto que consiste em uma vagem de forma, tamanho, coloração e textu-ra variáveis. Suas sementes maduras são globulares, podendo ser lisas ou rugosas, e o tegumento pode ser tanto hialino quanto colorido e seu embrião formado por dois cotilédones e um hipocótilo bem desenvolvido. Os coti-lédones podem ser encontrados nas cores amarela ou verde e nas texturas lisa ou enrugada. O ciclo vegetativo da ervilha, dependendo da cultivar e das condições climáticas necessárias para o seu desenvolvimento, é de 90 a 140 dias. Em função do fotoperíodo, são estabelecidos três distintos grupos va-rietais de ervilha:

Precoces – Se caracterizam pelo aparecimento das primeiras flores entre o 6º e o 9º entrenó e são normal-mente indiferentes ao fotoperíodo.

Semiprecoces – As primeiras flores deste grupo varietal aparecem entre o 9º e o 11º entrenó e são me-dianamente sensíveis ao fotoperíodo.

Tardias – Neste grupo, as pri-meiras flores aparecem entre o 11º e o 13º entrenó, respondendo positiva-mente à ação dos dias longos (fotope-ríodo), assim como ocorre um efeito quantitativo das baixas temperaturas.

Alguns autores consideram que o ciclo da ervilha é composto por cin-co fases: (1) germinação/emergência; (2) crescimento vegetativo; (3) flo-ração; (4) vingamento e desenvolvi-mento das vagens, e (5) maturação dos grãos.

A ervilha-vagem (também conhe-cida como “ervilha torta”), (Figura 6), não apresenta pergaminho, devido a presença de dois genes com interação não alélica localizados nos cromosso-mos 4 e 6. O genótipo duplo-dominan-te (PPVV) apresenta esclerênquima nas vagens e o duplo recessivo pro-porciona ausência total de fibras. As demais combinações (ppVV e PPvv) possuem áreas irregulares de tecido esclerenquimatoso distribuído nas pa-redes das vagens e, por esse motivo, não são comestíveis.

As cultivares utilizadas para a produção de ervilha seca possuem sementes redondas e lisas, que po-dem ser utilizadas partidas ou inteiras, e neste caso, visando o enlatamento após a reidratação (Figura 7a). Já as cultivares utilizadas para produção de grãos verdes, destinados ao enlata-mento possuem geralmente sementes rugosas e elevado teor de açúcar (Figura 7b). No caso dos grãos imaturos destinados ao congelamento, a colora-ção verde escura é a mais desejável.

A ervilha forrageira (P. sativum subsp. arvense) apresenta caules fle-xuosos, estriados, delicados, simples ou quase simples; suas folhas são paripinadas apresentando gavinhas, ramos, geralmente terminais; possui entre 1 - 3 pares de folíolos ovalados, mucronados, de margem inteira ou sinuado-dentados na sua parte supe-rior. A coloração de suas flores é um vermelho-violáceas, podendo ser en-contradas solitárias ou geminadas so-bre pedúnculos axilares aristados; sua corola geralmente é rosa-violácea com alas violáceo-purpúreas (Figura 8).

Os frutos são vagens oblongas, que podem, de acordo com a sua for-ma, apresentar terminação obtusa, curvada ou fortemente em forma de pico; apresentam sementes lisas, es-féricas, ovaladas ou rugosas (cilíndri-cas, comuns), verdes (normal, pálido, amarelo), creme, marrons ou com manchas de cor castanha-púrpura.

Como na maioria das dicotiledôneas, as reservas do endosperma são direcionadas para o embrião, se acumulando nos cotilédones, sendo assim denominadas exoalbuminosas.

Figura 6. Produção de ervilha da cultivar ‘Torta de Flor Roxa’.

Figura 7. Sementes de ervilha lisas (A) e rugosas (B).

Figura 8. Detalhe de uma planta de ervilha forrageira.



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