domingo, 29 de dezembro de 2019

Pragas da Cultura do Gergelim



As principais pragas do gergelim são: lagarta-enroladeira, pulgão, mosca-branca, cigarrinha-verde, vaquinha-amarela e saúvas (ARAÚJO; SOARES, 2001).

Lagarta-enroladeira (Antigastra catalaunalis) – É a principal praga da cultura, exigindo controle sistemático em grandes lavouras ou em áreas tradicionais de cultivo. Ataca o cultivo entre o décimo quinto dia de emergência das plântulas até o amadurecimento das cápsulas. No estágio inicial do ataque, ocorre atrofiamento de ramos e folhas. As larvas (Figura 1A) dobram o limbo foliar no sentido longitudinal, tecem teias e alimentam-se da face dorsal das folhas, de brotos, flores, cápsulas imaturas e sementes (Figura 1B e 1C). O inseto adulto é uma mariposa que mede 8 mm de largura e 15 mm de envergadura. Em grandes infestações, as mariposas fazem galerias no ápice da planta e nos frutos. Seu controle é feito pela eliminação das ervas daninhas e com o uso dos inseticidas deltamethrin ou carbaryl antes da frutificação.

Fotos: Marenilson Batista da Silva    Lúcia Helena A. Araujo
Figura 1. Lagarta-enroladeira e danos na planta e frutos.

Pulgão (Aphis sp.) - Os pulgões ocorrem em cultivos irrigados. O ataque inicial é feito em reboleiras. Formam colônias na face inferior das folhas (Figura 2), que se tornam brilhosas por causa da excreção da “mela” proveniente da sucção do açúcar. O açúcar serve de substrato para o desenvolvimento da fumagina, que impede a fotossíntese. Eles são transmissores de viroses. Para seu controle, recomenda-se o uso de inseticidas sistêmicos, estritamente necessários para não eliminar a população de inimigos naturais.

Foto: Sergio Cobel da Silva
Figura 2. Colônia de pulgões em folhas de gergelim.

Mosca-branca (Bemisia argentifolii) – Os danos são causados tanto pelo inseto adulto como pelas ninfas, que se estabelecem em colônias na face inferior das folhas (Figura 3). Altas infestações da praga definham a planta, provocando a “mela”, também ocasionando o aparecimento da fumagina. Os adultos são transmissores de viroses causadas por Nicotiana 10 vírus. Para seu controle, é preciso eliminar as plantas daninhas, fazer barreiras com milho ou sorgo forrageiro e usar inseticidas para adultos e ninfas, com detergentes neutros (160 mL/20 L de água) ou óleos (0,5% a 0,8%) ou sabões para redução do número de ninfas em pulverizações dirigidas à parte inferior da folha. Não repetir o mesmo princípio ativo, nem usar misturas de produtos, pois essa prática promove resistência ao inseticida. Vários inimigos naturais têm sido associados ao complexo de espécies de mosca-branca, como os do gênero Chrysoperla, Hippodamia, Coleomegilla e Cycloneda.

Foto: Lúcia Helena A. Araujo
Figura 3. Adulto de mosca-branca.

Cigarrinha-verde (Empoasca sp.) - Ao sugar a seiva, o inseto inocula uma toxina que compromete o desenvolvimento da planta e sua produção. As plantas atacadas apresentam as folhas de coloração verde amarelada, com bordas enroladas para baixo e os ramos tenros, estiolados. A cigarrinha-verde é transmissora de viroses e da filoidia do gergelim, especialmente quando existem lavouras de feijão-macaçar e malváceas (guaxumas e vassourinhas) infectadas com viroses em áreas próximas ao plantio. O controle químico é feito com inseticidas sistêmicos à base de demeton-metílico, thiometon ou pirimicarb.

Saúvas (Atta spp.) - Cortam folhas e ramos tenros, podendo destruir completamente as plantas na sua fase inicial de desenvolvimento. O controle químico por meio de iscas tóxicas granuladas é muito utilizado, mas deve ser evitado em dias chuvosos e solos úmidos. As iscas devem ser distribuídas em porções ou dentro de porta-iscas, ao lado dos carreiros ativos. É importante que se efetue vistoria frequente na área. Ressalta-se que o gergelim é conhecido tradicionalmente pelo controle de formigas cortadeiras. Esse efeito vem sendo estudado na Universidade de São Carlos, onde se constatou que a sesamina contida na semente de gergelim atua contra os fungos que servem de alimento para as formigas. Há mais de dez anos, trabalhos de pesquisas vêm sendo conduzidos pelo Professor João Batista Fernandes, do Departamento de Química daquela universidade, a fim de se obter um inseticida e fungicida natural a partir do extrato extraído de folhas e sementes de gergelim, mamona e plantas cítricas para o controle da formiga cortadeira. Peres Filho e Dorval (2003) observaram que iscas granuladas à base de farinhas de folhas de gergelim (15%) apresentam-se como alternativa de controle de Atta sexdans rubropilosa; porém, estudos ainda devem ser conduzidos com o objetivo de aumentar a eficiência do produto e diminuir o tempo necessário para atingir o nível máximo de controle.

Foto: Felipe M. Guimarães
Figura 4. Plantas de gergelim atacadas por saúvas.




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