quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Pragas do Feijoeiro e Seu Controle



Pragas do Feijoeiro

Ao cultivo do feijoeiro pode estar associada uma série de espécies de artrópodes e moluscos, que podem causar reduções no rendimento do feijoeiro que varia de 11 a 100%, dependendo da espécie da praga, da cultivar plantada e da época de plantio.
Dentre as principais pragas com ocorrência generalizada nas regiões produtoras incluem a mosca-branca, as vaquinhas, a cigarrinha-verde e os carunchos.
Pragas principais com ocorrência regional incluem o ácaro-branco, a larva-minadora, a lagarta das folhas, os tripes, a lagarta-elasmo, a lagarta rosca, as lesmas, as lagartas-das-vagens e os percevejos.
Como pragas ocasionais e de ocorrência localizada tem-se o ácaro rajado, a bicheira-do-feijoeiro, a broca-das-axilas, a broca-da-vagem, o gorgulho-do-solo e o tamanduá-da-soja. 



Tecnologias de manejo integrado de pragas do feijoeiro (MIP-Feijão), se bem implementadas, podem reduzir, em média, 50% a aplicação de químicos, sem aumentar o risco de perdas de produção devido ao ataque de pragas. O MIP-Feijão leva em consideração o reconhecimento das pragas que realmente causam danos à cultura, a capacidade de recuperação das plantas aos danos causados pelas pragas, o número máximo de indivíduos dessas pragas que podem ser tolerados antes que ocorra dano econômico (nível de controle), e o uso de inseticidas seletivos de forma criteriosa. Desta forma, espera-se produzir feijão mais eficientemente, minimizando os custos, diminuindo o impacto ambiental dos produtos químicos e garantindo a sobrevivência dos inimigos naturais das pragas (insetos benéficos).

O feijoeiro, durante toda sua fase de desenvolvimento e mesmo após a colheita, está sujeito ao ataque de inúmeras pragas. Dependendo da espécie da praga, da cultivar utilizada, da época de semeadura e da região de cultivo, as perdas podem chegar a 100%.

As principais pragas que atacam o feijoeiro, nas safras das "águas" e da "seca", na região sul de Minas Gerais são: cigarrinha-verde, percevejos, ácaro-branco, lesmas e carunchos.


Cigarrinha-verde


A cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) pode ser considerada a praga mais importante da cultura do feijoeiro na região sul do Estado de Minas Gerais, por causar sérios prejuízos na produção, principalmente na safra da "seca", quando é verificada sua maior ocorrência.

As ninfas e os adultos desse inseto são mais facilmente encontrados na face inferior das folhas e nos pecíolos. Apresentam coloração verde, semelhante à da folha do feijoeiro, e os adultos medem cerca de 3 mm (Figura 1). É um inseto ágil que se locomove com rapidez em movimentos laterais característicos.
Em populações elevadas causam encarquilhamento e amarelecimento das bordas das folhas, afetando o desenvolvimento normal das plantas, que ficam de tamanho reduzido. O comprimento e número de vagens e o peso dos grãos também são afetados. Quando o ataque ocorre na fase inicial de desenvolvimento da cultura e durante a floração, o dano é mais elevado e, dependendo da população da praga, pode haver perda total da produção. 
Como medida de controle é recomendável evitar o plantio de cultivares muito sensíveis, como a 'Jalo', por exemplo. Na maioria dos casos, a única alternativa é a utilização de produtos químicos, entre os quais os inseticidas sistêmicos, aplicados no ato da semeadura, têm sido os mais eficientes (Tabela 1).

cigarrinha verde


Percevejos



As espécies de percevejos que atacam a cultura do feijoeiro são Neomegalotomus parvusNezara viridula e Piezodorus guildini. Os percevejos podem ser observados nas lavouras, após a floração, atacando as vagens e afetando a qualidade dos grãos.

O adulto de N. parvus é de cor marrom-clara e mede cerca de 11 mm. As ninfas são semelhantes a formigas. Já o N. viridula é de coloração verde-escura, com a face central verde-clara, e na fase adulta mede de 13 mm a 17 mm. As ninfas são de coloração escura, com manchas vermelhas, e têm o hábito de permanecer agrupadas sobre a planta. Com aproximadamente 10 mm de comprimento, os adultos de P. guildini têm coloração verde-clara, com uma linha transversal grossa de cor escura com fundo avermelhado. As ninfas apresentam o abdome volumoso e são pretas e vermelhas nos primeiros instares, quando permanecem agrupadas. A partir do terceiro instar começam a se dispersar e adquirem coloração verde. 
Os percevejos causam danos expressivos, mesmo em baixas populações, podendo reduzir significativamente a produção, por provocar o abortamento de grande número de grãos e a malformação de vagens. Os grãos atacados ficam pequenos, enrugados, chochos e mais escuros, e o poder germinativo das sementes é reduzido. Os percevejos transmitem a mancha-de-levedura, causada pelo fungo Nematospora corylli, que deprecia acentuadamente a qualidade do grão. Como medida de controle é recomendada a aplicação de produtos químicos (Tabela 1).

Ácaro-Branco 


A ocorrência de ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) é maior na safra da "seca", podendo causar severos prejuízos ao rendimento da cultura. É um inseto praticamente invisível a olho nu, e sua coloração vai de branco a verde-claro, com o tegumento brilhante. 

A infestação inicial ocorre em reboleiras, o que faz que as folhas do feijoeiro enrolem para cima. Posteriormente, a face inferior da folha torna-se bronzeada, e a superior, verde-escura. Em altas infestações, as folhas tornam-se coriáceas e quebradiças, e o ataque pode atingir as vagens que ficam bronzeadas e retorcidas.

Lesmas


As lesmas (Vaginulus sp) podem se tornar praga de grande importância em determinadas situações, como em áreas de plantio direto e em lavouras de feijoeiros plantados entre pés de café, um sistema bastante comum na região sul de Minas Gerais.

A lesma é um molusco de corpo achatado e úmido, de coloração parda e com 5 cm a 7 cm de comprimento. Para o seu desenvolvimento necessita de alta umidade; assim, é na safra das "águas" que ocorre seu ataque. Podem viver até 18 meses. De hábito noturno, escondem-se durante o dia sob pedras, restos culturais e no solo. No período de seca, ficam inativas, enterrando-se no solo.
O ataque das lesmas começa nas bordas da cultura e, posteriormente, progride para o interior. As lesmas jovens consomem totalmente as folhas, deixando somente os talos; já as mais desenvolvidas consomem toda a folha e podem cortar as plantas rente ao solo. Segundo dados de pesquisa, uma lesma ativa por metro quadrado pode causar redução de 20% das plantas e de 16% no rendimento. 
O controle das lesmas pode ser realizado com iscas contendo produtos químicos.

Carunchos


O caruncho-do-feijão, Zabrotes subfasciatus, é considerado a principal praga de feijão armazenado nas regiões tropicais, podendo também ser encontrado em regiões de clima temperado e frio.

Os carunchos afetam o poder germinativo das sementes e depreciam a qualidade do grão devido à presença de furos e ovos dos insetos adultos e de larvas no interior dos grãos. Os feijões do grupo manteiga, tipo Jalo, por exemplo, são os mais afetados. Quando não se faz o controle dessa praga, o produto armazenado pode ser totalmente perdido.
O controle químico com fosfeto de alumínio tem se mostrado eficiente. Em pequenas quantidades, o armazenamento dos grãos dentro de garrafas tipo pet é também uma boa forma de evitar o ataque e desenvolvimento dessa praga.

Tabela 1. Inseticidas e acaricidas indicados para a cultura do feijoeiro.
Nome técnico
Nome comercial
Dose
Pragas controladas
Cigarrinha-verde
Percevejos
Ácaro-Branco
Carunchos
AbamectinaVertimec0,3-0,6 L ha-1 
X
AcephateOrthene 750 BR0,2-0,5 L ha-1
X
Orthene 750 BR para sementes1,0 kg/100 kg sementes
X
BetacyflutrinTurbo0,1 L ha-1
X
Bulldock125SC0,05 L ha-1
X
BifenthrinBrigade 25 CE0,2-0,25 L ha-1
X
CarbarylSevin 480 SC1,9-2,5 L ha-1
X
Carbaryl Fersol 480 SC2,0-2,3 L ha-1
X
Carbaryl Fersol Pó 7515-20 kg ha-1
X
Sevin 850 SC1,2-1,5 L ha-1
X
CarbofuranRalzer 50 GR20 kg ha-1
X
Ralzer 350 GR2,0 L/100 kg sementes
X
Furadan 50 G20 kg ha-1
X
Diafuran 5020 kg ha-1
X
CarbosulfanMarzinc 250 TS GrDA1,5-2,0 kg/100 kg sementes
X
ClorpirifósVexter0,8 L ha-1
X
Lorsban 480 BR0,8-1,5 L ha-1
X
X
Clorpirifós0,8 L ha-1
X
Fersol 480 CE
X
CufluthrinBaytroid CE0,2 L ha-1
X
DeltamethrinDeltaphos0,35-0,50 L ha-1
X
DimetoatoTiomet 400 CE0,32-0,64 L ha-1
X
DisulfotonSolvirexGR1001,5 kg ha-1
X
EsfenvalerateSumidan 25 CE0,4 L ha-1
X
EtonfeproxTrebon 300 CE0,5 L ha-1
X
FenitrothionSumithion 500 CE1,0-1,5 L ha-1
X
X
FenpropathrinDanimen300CE0,1-0,2 L ha-1
X
Meothrin 6000,1-0,2 L ha-1
X
Fosfeto de alumínioGastoxin1-3 pastilhas/m3
X
X
ImidaclopridGaucho0,2 kg/ 100 kg sementes
X
Gaucho FS0,25 L/100 kg sementes
X
Provado0,15 kg ha-1
X
Confidor 7000,15 kg ha-1
MetamidofósStron0,5-1,0 L ha-1 
X
Hamidop 6000,5-1,0 L ha-1
X
Metafós0,5-1,0 L ha-1
X
Metamidofós0,5-1,0 L ha-1
X
Metasip0,5-1,0 L ha-1
X
Faro0,5 L ha-1
X
Tamaron BR0,5 L ha-1
X
X
MonocrotophosAgrophos 4000,75-1,25 L ha-1
X
Azodrin0,75-1,25 L ha-1
X
Nuvacron 4000,75-1,25 L ha-1
X
Paration metílicoFolisuper 6000,45-0,67 L ha-1
X
BR Folidol 6000,45-0,67 L ha-1
X
PhorateGranutox20-30 kg ha-1
X
Granutox 150 G7-10 kg ha-1
X
ProfenofósCuracron0,6-0,8 L ha-1
PyridaphenthionOfunack400CE1,25 a 1,5 L ha-1
X
X
Nuvacron 4001,5 L ha-1
X
TerbufósCounter 50 G40 kg ha-1
X
Counter 150 G13 kg ha-1
X
TetradifonTedion 801,2-2,5 L ha-1
X
ThiaclopridCalypso0,2 L ha-1
X
ThiamethoxanCruiser 700 WS0,1-0,15 kg/100 kg sementes
X
Actara 250 WG0,1-0,2 kg ha-1
X
TriazophosHostathion 4000,8-1,0 L ha-1
X
X
ThiodicarbBR Futur 3002,0 L/100 kg sementes
X
TriclorfonDipterex 5001,6 L ha-1
X












Um comentário:

  1. Preciso saber como fazer para que as pragas no feijão seja combatido o mais rápido possível sem ter prejuízo na lavoura toda?

    ResponderExcluir

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *