A mecanização do feijoeiro, independente do sistema de cultivo empregado, não apresenta maiores problemas nas operações agrícolas realizadas antes da colheita e no beneficiamento dos grãos. São utilizados equipamentos convencionais a outras culturas, como a do arroz, do milho e da soja, para preparo do solo, semeadura, tratos culturais e limpeza e classificação dos grãos. Entretanto, para mecanizar a colheita do feijoeiro diversos fatores relacionados ao sistema de cultivo, à área de plantio e à planta (ocorrência de planta acamada, maturação desuniforme, baixa altura de inserção e fácil deiscência de vagens) têm dificultado o emprego de colhedoras convencionais.
Diversos métodos são usados na colheita do feijoeiro, os quais variam em função do sistema de cultivo, do tipo de planta e do tamanho da lavoura.
O arranquio mecanizado das plantas de feijão é pouco utilizado no Brasil, devido ao elevado percentual de perda de grãos provocado por essa operação. Os equipamentos, até então disponibilizados no mercado nacional, eram providos de facão ou de barra giratória que arrancavam as plantas ao trabalharem abaixo da superfície do solo. Recentemente, foi disponibilizado no mercado um equipamento mais eficiente para ceifar as plantas sobre o solo, acionado pelo trator ou pela colhedora convencional.
Com o surgimento de grandes lavouras em monocultivo, a colheita tem sido feita por processos semi-mecanizados (arranquio manual das plantas e trilhamento com recolhedora trilhadora); mecanizado indireto em duas operações (ceifamento das plantas com ceifadora e trilhamento com recolhedora trilhadora) e mecanizado direto em uma operação com colhedora automotriz apropriada.
As colhedoras automotrizes convencionais apresentam desempenho insatisfatório no feijoeiro em relação à perda e à danificação de grãos. Porém, uma melhoria no desempenho dessas máquinas tem sido obtida ao equipá-las com plataformas de corte flexíveis e com mecanismos para diminuir a danificação e a mistura de terra nos grãos.
Para que a ceifadora de plantas ou a recolhedora trilhadora ou a colhedora automotriz tenha desempenho satisfatório, proporcionando baixo percentual de perdas de grãos e boa capacidade de trabalho, é necessária a adoção de diversos procedimentos nas fases de instalação, condução e colheita do feijoeiro. O terreno para a instalação da lavoura deve estar adequadamente preparado para receber as sementes e os adubos. Após o preparo, o solo deve ficar sem valetas, buracos, raízes e plantas daninhas para facilitar o trabalho da colhedora. A semeadura deve ser feita para se obter espaçamentos uniformes entre plantas. Velocidade de operação da semeadora inferior a 6 km/h e o uso de mecanismos apropriados e bem regulados para dosar sementes e adubos e para movimentar o solo contribuem para a melhoria da qualidade do plantio. A lavoura deve ser conduzida para controlar plantas daninhas, doenças ou pragas e ser adubada na época recomendada, de forma a favorecer a colheita. A colheita feita fora de época afeta a produção da lavoura por aumentar a percentagem de perda de grãos. Quando o feijoeiro é deixado por um longo período no campo após a maturação, ocorrem perdas de grãos pela deiscência das vagens, seja natural ou provocada pela operação de arranquio das plantas, principalmente em regiões de clima quente e seco. Retardamento na colheita também deprecia os grãos, que ficam expostas por mais tempo ao ataque de pragas. A uniformidade de maturação das plantas e das vagens é um fator de extrema importância para que a colheita seja processada em ótimas condições. Fatores relacionados ao solo, à topografia do terreno, ao ambiente, às práticas culturais, às doenças, à disponibilidade de água para as plantas e ao hábito de crescimento das cultivares causam desuniformidade na maturação do feijoeiro.
Conforme a colheita, o beneficiamento do feijão também constitui-se numa operação de grande importância, pois os métodos de colheita não proporcionam um produto final limpo e padronizado em condições de ser comercializado. É necessário que o produto colhido passe por um processo de limpeza para melhorar a pureza, germinação e vigor. O beneficiamento é feito, geralmente, por dois equipamentos principais: a máquina de ar e peneira e a máquina densimétrica que possui mais recursos para separar impurezas de tamanho e densidade próximos da semente. Após o beneficiamento, o feijão armazenado, destinado ao plantio ou ao consumo, deve receber tratamentos especiais para evitar sua depreciação.
Sistemas de colheita
Na região sul do Estado de Minas Gerais, a colheita do feijão é feita pelos sistemas manual, semimecanizado e mecanizado.
Na colheita manual, o arranquio, o recolhimento e a trilha são manuais, gastando-se, em média, de 10 a 12 serviços. No processo mais comum, as plantas são arrancadas com cerca de dois terços das vagens totalmente maduras, com teor médio de umidade no grão por volta de 18%. Para evitar grande deiscência das vagens, deve-se arrancá-las preferencialmente pela manhã e colocá-las no campo, em montes ou "bandeiras", para que, ao final de um ou dois dias, sejam transportadas para terreiro, onde irão completar a secagem ao sol e serem submetidas à bateção, ou trilha, com varas flexíveis. Após a separação da palhada, o feijão é finalmente abanado em peneiras manuais. Nesse sistema devem ser utilizados terreiros de alvenaria ou realizar a bateção sobre encerado ou lona plástica, para evitar que o grão adquira coloração indesejável no mercado.
O sistema de colheita mais utilizado hoje no sul de Minas é o semi-mecanizado, no qual, o arranquio e o ajuntamento são feitos manualmente, e a trilha, mecanicamente. O arranquio é feito de maneira igual ao sistema anterior e, dependendo do tipo de trilha, o ajuntamento pode se dar em montes, ou bandeiras, ou em leiras. As bandeiras são utilizadas quando o material, depois de colhido e ser secado em terreiro, é transportado para ser trilhado com trilhadora estacionária ou batedora de grãos. As bandeiras também são utilizadas quando se vai realizar a bateção no campo com a batedora de grãos, a qual, nesse caso, é acoplada à tomada de força do trator e vai de bandeira em bandeira realizando a trilha das plantas secas sobre encerado ou lona plástica, para evitar perdas. O ajuntamento é feito em leiras quando se utiliza uma recolhedora-trilhadora - máquina tracionada por trator que passa sobre as leiras, recolhendo e trilhando as plantas.
O sistema de colheita mecanizada, em que todas as operações são realizadas com máquinas, ainda é pouco utilizado na região sul de Minas Gerais. Esse tipo de colheita pode ser realizado com duas máquinas, arrancadora-enleiradora ou ceifadora e recolhedora-trilhadora, ou com uma única máquina, automotriz ou combinada. Com o aumento do grau de mecanização, o início das operações de colheita deve ser antecipado, e as exigências com relação à uniformidade da lavoura são maiores, já que as perdas podem ainda ser elevadas. Há que se considerar também o alto custo dessas máquinas, o que torna o investimento viável apenas em lavouras de maior porte. Como forma de minimizar as perdas, cabe lembrar que deve ser dada atenção especial à adequada regulagem do equipamento a ser empregado.
Embora seja fácil identificar o ponto de maturação de uma vagem isolada, a determinação do momento de se iniciar as operações de colheita de uma lavoura de feijão é uma tarefa que requer muita atenção do produtor, pois pode colocar a perder boa parte de sua produção. As operações não devem ser iniciadas nem precoce nem tardiamente, pois em ambas as situações as perdas são elevadas.
Independentemente do sistema de colheita adotado, a umidade do grão de feijão colhido deve ser uniformizada próxima a 13% - índice de umidade requerido para comercialização ou mesmo para armazenamento temporário, por impedir ou retardar o desenvolvimento de fungos e de carunchos.
A complementação da secagem, se necessária, poderá ser feita naturalmente, à sombra ou ao sol. Nesse último caso, para se evitar o escurecimento do grão - uma das principais causas de deságio do produto - deve-se fazer o revolvimento constante dos grãos de feijão. O emprego de secadores é também viável, desde que as temperaturas não ultrapassem 38oC, pela mesma razão.
Antes de ser destinado ao mercado ou ao armazém, o feijão deve ser submetido ao expurgo com fosfina (fosfeto de alumínio), para controle do caruncho, à base de três pastilhas para cada 15 sacos do produto.
O material a ser expurgado deve ser coberto com lona impermeável e, após 120 horas da distribuição das pastilhas, ser lentamente descoberto.
No manuseio do produto, deve-se usar luvas e máscara. Após o tratamento, o feijão pode ser prontamente utilizado, pois o produto não deixa qualquer tipo de resíduo.
O local de armazenamento do feijão deve ser seco, ventilado e completamente limpo, livre de quaisquer resíduos de outras safras, mesmo que de outras culturas.
A sacaria não deve ficar em contato direto com o piso, e as janelas, portas e outras aberturas devem ser protegidas com telas.
Depois de acomodada no local definitivo, a sacaria pode receber polvilhamento externo com inseticida de ação protetora, como produtos à base de deltamethrine.
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