segunda-feira, 7 de maio de 2018

Sistemas de plantio para o Eucalipto


Considerações gerais

O plantio é uma das operações mais importantes para o sucesso da implantação de florestas. A adoção do sistema adequado requer uma definição clara de objetivos e usos potenciais dos produtos e subprodutos que se espera da floresta.
O sucesso de um plantio e a obtenção de povoamentos produtivos e com madeira de qualidade deve ser pautado por práticas silviculturais tais como: a escolha e limpeza da área, controle de pragas e doenças, definição do método de plantio e tratos culturais. 
O plantio se caracteriza pela colocação da muda no campo. Pode ser (a) mecanizado, ou semi mecanizado e (b) manual, dependendo da topografia, recursos financeiros e disponibilidade de mão-de-obra e/ou equipamentos.
  1. O plantio mecanizado ou semi-mecanizado aplica-se onde o relevo é plano, possibilitando o uso de plantadoras tracionadas por tratores. As plantadoras, normalmente, fazem o sulcamento, distribuem o adubo e efetivam o plantio. No sistema semi-mecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizadas e o plantio propriamente dito é manual. 
  2. O plantio manual é recomendado para áreas declivosas ou em situações onde não é viável o uso de máquinas agrícolas. 
Os plantios de eucaliptos realizados no Sul do Brasil, em sua maioria, adotam o sistema manual, em função da rusticidade da espécie, da disponibilidade de mão-de-obra e, em muitas situações, pelas condições de relevo. 
Alguns fatores importantes devem ser definidos previamente ao plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio, as operações de manejo, os tratos culturais e a adubação das mudas. Constituem-se operações básicas para a implantação de um maciço florestal o preparo de solo e o plantio.

Preparo do solo

Os principais tópicos associados ao preparo do solo são:
1. Planejamento do plantio
No planejamento definem-se as vias de acesso e o dimensionamento/posicionamento dos talhões, ações que facilitarão as operações de plantio, tratos culturais, operações de proteção, principalmente controle de fogo e as operações de retirada da madeira. 
Observe-se que o dimensionamento/posicionamento dos talhões assume importância estratégica, pois as operações de colheita (derrubada e retirada da madeira) são responsáveis por mais de 30% do custo da madeira produzida e colocada no pátio da fábrica.
2. Construção de estradas 
A construção das vias de acesso deve considerar a distância máxima do arraste ou transporte da madeira no interior da floresta, que por razões técnicas e econômicas não devem ultrapassar 150 m. Assim, os talhões devem ser dimensionados com a largura máxima de 300 m e com comprimento variando de 500 a 1.000 m. 
A definição do tamanho do talhão é importante também para a proteção da floresta em caso de incêndio. Por exemplo, em áreas declivosas, a distância de arraste não deve exceder 50 m. 
3. Aceiros
Os aceiros separam os talhões e servem de ligação às estradas de escoamento da produção. Podem ser internos (com largura de 4 a 5 m) ou de divisa (com largura de 15 m). A cada quatro ou cinco talhões recomenda-se ainda que se estabeleça aceiros internos de 10 m de largura. É desejável que os aceiros possuam leitos carroçáveis, com aproximadamente 60% da largura. 
A área total ocupada por aceiros, considerando áreas planas ou suavemente onduladas, deve ser da ordem de 5% da área útil.
4. Limpeza 
A limpeza da área para plantio corresponde às operações de derrubada, remoção e enleiramento da vegetação/resíduos da exploração. 
Na limpeza recomenda-se retirar apenas o material lenhoso aproveitável, como por exemplo, a lenha (energia ou carvão) e madeira para serraria, moirões etc., sendo que o restante do material, considerado como resíduo da exploração, deve permanecer no campo como uma importante reserva de nutrientes a ser reciclada.
Dependendo da densidade da vegetação a ser retirada e do relevo local (observe-se os aspectos legais), pode-se utilizar equipamentos e/ou máquinas pesadas. 
5. Preparo do solo propriamente dito 
As áreas destinadas ao cultivo de espécies florestais devem receber cuidados especiais, visto que delas dependerão, em grande parte, o resultado econômico da atividade. 
O principal objetivo do preparo da área é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo. Como condições adequadas pode-se considerar a redução da competição por plantas daninhas, melhoria das condições físicas do solo (ausência de compactação) e a presença de resíduos da exploração (folhas e galhos devidamente trabalhados para não prejudicarem as operações que demandam uso de máquinas).
Estes resíduos são importantes na manutenção da matéria orgânica no solo e consequentemente na ciclagem e disponibilização de nutrientes às plantas. Alguns fatores importantes devem ser definidos antes do plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio e suas características.  
6. Espaçamento 
O espaçamento influenciará as taxas de crescimento, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as práticas de manejo e consequentemente os custos de produção. 
O espaçamento ou densidade de plantio é provavelmente uma das principais técnicas de manejo que visa a qualidade e a produtividade da matéria-prima. Deve ser definido em função dos objetivos do plantio, considerando-se que a influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que em altura.
O planejamento da densidade de plantio também deve visar à obtenção do máximo de retorno por área. Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as árvores não aproveitarão todos os recursos como água, nutrientes e luz disponíveis e, por consequência, haverá menor produção por unidade de área. Mas, por outro lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo de volume e na própria qualidade das árvores. 
Normalmente os plantios são feitos sob espaçamentos variando entre 3x1,5m, 3x2m, 3x2,5m, 2,5x2,5m e 3x3m, os quais favorecem os tratos culturais mecânicos.
Empresas integradas destinam a madeira dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes do povoamento, com porte mais expressivo, são utilizadas para a fabricação de serrados ou para a laminação. 
Em síntese, tem-se:
  • Espaçamentos maiores (densidade baixa): menor produção em volume individual, menor custo de implantação, maior número de tratos culturais, maior conicidade de fuste e desbastes tardios. 
  • Espaçamentos menores (densidade alta): maior produção em volume por hectare, rápido fechamento do dossel, menor número de tratos culturais, menor conicidade do fuste e exigem desbastes precoces.
Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima para fins de fabricação de papel e celulose ou serraria e laminados.


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