terça-feira, 22 de maio de 2018

Calagem na Cultura do Eucalipto

Calagem

A maioria dos solos brasileiros, notadamente aqueles em que estão ocorrendo a expansão da eucaliptocultura, como os solos sob cerrados ou sob condições subtropicais do Sul do País, apresentam características de acidez, toxidez de Al e/ou Mn e também baixos níveis de Ca e Mg. Para incorporação destes solos ao processo produtivo é imprescindível a correção desses problemas através da prática da calagem que é a maneira mais simples para atingir este objetivo.
Além do mais, o calcário é um insumo relativamente barato, abundante no País, essencial para o aumento da produtividade, de tecnologia de produção simples e, sobretudo, poucas práticas agrícolas dão retornos tão elevados no curto prazo. Normalmente, é recomendada a aplicação de calcário dolomítico, que contém além do Ca, maior concentração de Mg.
Recomendação de calagem
De uma forma geral, as espécies de eucaliptos plantadas no Brasil são tolerantes à acidez do solo. A calagem tem como objetivo maior elevar os teores de Ca e Mg nos solos do que a correção do pH propriamente dita. Normalmente, as quantidades recomendadas elevam o pH a valores próximos de 5,5.
Três métodos são recomendados para determinar a quantidade de calcário a ser aplicado. Um método é baseado nos “Teores Trocáveis de Alumínio” no solo, o outro na “Saturação por Bases” e também há o método baseado no “Índice SMP”, conforme mostrados a seguir:
1) Teores de Alumínio Trocável do Solo
Segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), este método é utilizado principalmente neste estado e na região dos Cerrados (Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso). Nesse método, as doses de calcário são calculadas visando neutralizar o Al trocável e/ou fornecer cálcio e magnésio, quando os teores desses nutrientes estiverem abaixo de 2 cmolc/dm-³.
A fórmula para o cálculo é dada a seguir:
NC = Y x Al + [X – (Ca + Mg)]
Em que:
NC : Necessidade de calagem (t/ha-¹ de um calcário com PRNT de 100%);
Y : 1 (para solos arenosos, com menos de 150 g kg-¹ ou 15% de argila);
Y : 2 (para solos de textura média, entre 150 e 350 g kg-¹ ou 15 e 35% de argila);
Y : 3 (para solos argilosos, com mais de 350 g kg-¹ ou > 35% de argila);
X : 2 (para a maioria das culturas);
X : 3 (para o eucalipto);
X : 4 (para o cafeeiro).

Observações:
  1. Na fórmula acima, se a soma dos teores de Ca + Mg do solo já estiverem acima de 2 cmolc/dm-³ (ou 20 mmolc/dm-³), considera-se a parte entre os colchetes igual a zero. Em outras palavras, se a operação dentro dos colchetes fornecer um valor negativo, deve ser considerada como zero.
  2. Na prática, não é aconselhável aplicar doses muito elevadas de calcário para o eucalipto pois, além de se tornar onerosa, ela pode interferir na estrutura do solo e na microfauna. Assim, o ideal é aplicar no máximo 2 t/ha-¹ . Caso seja necessária uma aplicação maior, por exemplo, 4 t/ha-¹ , é aconselhável dividir em duas aplicações. A primeira aplicação antes ou durante o plantio e a segunda quando as plantas estiverem com 30 a 36 meses de idade, isto é, junto com a adubação de manutenção.
2) Método de Saturação por Bases
Método utilizado no Estado de São Paulo (IAC, 1996), Paraná e, em alguns casos, na região dos Cerrados. Baseia-se na estreita correlação existente entre o nível de acidez do solo (pH) e V%, ou seja, quanto maior o pH, maior o V%.
Desta forma, calculando-se as doses de calcário para elevar V% até valores adequados, automaticamente se estará elevando o pH do solo e eliminando-se as consequências indesejáveis do excesso de acidez (deficiência de Ca e Mg e toxidez de Al).
Quando o solo apresenta V% abaixo do desejado, os cálculos da dose de calcário a aplicar são feitos pela seguinte fórmula:
NC = [(V2 – V1)/100] x T
Em que:
NC: necessidade de calagem (t/ha-¹ de um calcário com PRNT de 100%);
V2 : saturação por bases desejada;
V1 : saturação por bases atual;
T : capacidade de Troca Catiônica do Solo (CTC ) (em cmolc/dm-³).

Observação: Em geral, recomenda-se a calagem quando a saturação por bases do solo encontra-se mais de 10% abaixo do recomendável para as culturas. Caso contrário, não há necessidade de aplicação ou as doses são muito baixas, dificultando uma distribuição homogênea.
3) Método do Índice SMP
Utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se na correlação existente entre o índice SMP e a acidez potencial do solo (H + Al).
Quanto mais baixo o índice SMP, maior a quantidade de H+Al do solo e, portanto, maior a quantidade de calcário a ser aplicada para atingir o pH adequado neste solo.
Estudos apurados, realizados com os vários tipos de solo da região, permitiram relacionar o índice SMP com a dose de calcário a ser aplicada para atingir um pH adequado (5,5; 6,0 ou 6,5, dependendo da cultura). Desta forma, com o valor do índice de SMP fornecido no resultado de análises do solo, basta consultar tabelas, as quais já possuem os valores de calcário a aplicar, em termos de t/ha-¹.
Observação: Segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do RS e SC (1994), em algumas situações específicas, o Índice SMP fornecido no laudo analítico pode não indicar adequadamente a quantidade de corretivo necessária. Por exemplo, em solos pouco tamponados, principalmente os arenosos, o Índice SMP pode não indicar a necessidade de calagem, embora o pH do solo esteja em nível inferior ao desejado. Neste caso, indica-se a quantidade de corretivo com base nos teores de Al trocável e de matéria orgânica do solo.
Cuidados importantes nas recomendações de calagem
  • Todos os métodos de recomendação de calagem fornecem resultados para um calcário com PRNT de 100%;
  • Caso o calcário adquirido tenha um PRNT diferente de 100%, é necessário fazer a correção da dose a ser aplicada;
  • Para isso, multiplica-se a dose recomendada por um fator calculado do seguinte modo:

    = [100/PRNTcom]

    Em que:

          f : fator de correção da dose recomendada;
          PRNTcom = : Poder relativo de neutralização total da fonte comercial.

    Supondo-se uma dose recomendada de 2,0 t/ha-¹ e um calcário comercial com 80% de PRNT, tem-se os seguintes cálculos:
    f = [100/80] = 1,25
    A dose a ser aplicada será igual a 2,0 t/ha-¹ x 1,25 = 2,5 t/ha-¹.
  • Todos os métodos de recomendação baseiam-se em uma profundidade de incorporação de calcário de 20 cm. Caso o calcário seja incorporado numa profundidade maior ou menor que esta, será necessário aumentar ou reduzir proporcionalmente a dose, conforme exemplos a seguir:
    • Incorporação a 10 cm: dose recomendada x 0,5;
    • Incorporação a 30 cm: dose recomendada x 1,5;
    • Incorporação a 40 cm: dose recomendada x 2,0.

Épocas de aplicação

Identificada a necessidade de se fazer correções no solo, o próximo passo é determinar a época mais adequada para aplicar o calcário e o fertilizante. A calagem para a cultura do eucalipto pode ser realizada antes ou durante o plantio e a adubação depende da espécie utilizada, do solo, da idade das plantas e da intensidade da colheita. Quando o solo é muito ácido (p.ex.: pH abaixo de 4,0) ou apresenta baixos teores de Ca e Mg, a aplicação de calcário antes do plantio e durante a rotação da cultura é necessária.
Normalmente, a adubação é realizada em duas etapas. A primeira, chamada de adubação fundamental, é feita antes ou no momento do plantio, utilizando nitrogênio, fósforo e potássio. A segunda, chamada de adubação de manutenção, é realizada quando as árvores têm entre três a 3,5 anos de idade. Muitas vezes é recomendada, para solos de baixa capacidade de troca de cátions, a aplicação em cobertura de cloreto de potássio em três a cinco vezes para se evitar perdas por lixiviação. Em solos com altos teores de cálcio e magnésio, a adubação de manutenção é realizada apenas com o cloreto de potássio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *