segunda-feira, 30 de abril de 2018

Produção de sementes de Eucalipto


Para o estabelecimento de uma plantação florestal bem formada, deve-se escolher mudas provenientes de sementes de boa procedência, exigindo-se dos viveiristas atestados de fitossanidade e os resultados analíticos do grau de pureza e germinação. Estes cuidados decorrem do fato de que o uso de sementes de boa qualidade favorecerá a obtenção de florestas produtivas. 
Existem diversos fornecedores que comercializam sementes certificadas, variando a tecnologia de produção e o grau de melhoramento das árvores produtoras de sementes.
Classes de sementes
Sementes de eucalipto apresentam dimensões e peso muito reduzidos, sendo que, com um grama, dependendo da espécie, pode-se formar mudas suficientes para plantar até um hectare de eucalipto, usando-se espaçamentos convencionais. 
O número de sementes viáveis varia de 150 a 1.000 por grama, dependendo da espécie, do grau de melhoramento e da recombinação efetiva na população base de melhoramento (FERREIRA, 2001). 
Os lotes de sementes são classificados dentro das espécies pelo grau de melhoramento das matrizes, indo desde Área de Coleta de Sementes (ACS), selecionadas pelo fenótipo, até Pomar de Sementes de Mudas Testado (PSMt), comprovadamente produtivas, tendo sido avaliadas pela superioridade genética em várias gerações de seleção. Essa classificação diferencia a qualidade da semente, caracterizada pelo número de sementes viáveis por grama, pelo potencial genético de produtividade e pelo maior número de árvores tolerantes à seca, ao frio e às doenças.
A Lei n° 10.711/03 e o Decreto Federal n° 5.153/04 definem as classes das sementes em função das unidades de produção que, especificamente para os eucaliptos, em ordem crescente de aprimoramento genético, são: Área de Coleta de Sementes (ACS), Área de Produção de Sementes (APS) e Pomar de Sementes (PS). 
As três classes de semente e/ou de material propagativo (ACS, APS e PS) podem agregar, na descrição, indicação da geração de melhoramento às quais foram submetidas (Fn com n = 1,...,n). Por exemplo, F2 indica uma geração mais avançada que F1, informando que a população foi melhorada por duas gerações de seleção, e assim sucessivamente. 
Cada geração pode significar ganhos de produtividade entre dez e 20% (ELDRIDGE et al., 1994), muito embora o ganho efetivo por geração seja de aproximadamente 5%. 
Como exemplo de ganho genético obtido em um ciclo de melhoramento, um plantio comercial formado a partir de sementes de segunda geração, nas mesmas condições de solo e clima de outro plantio efetuado com sementes da geração anterior, deve produzir ao menos 5 a 6 m³/ha-¹.ano-¹ a mais de matéria-prima, o que permitiria antecipar o corte em um ano, sem perda de produtividade, em uma rotação de doze anos (PALUDZYSZYN F° et al., 2006).
Classes de sementes - Área de Coleta de Sementes (ACS)
É uma população plantada, caracterizada, onde são colhidas sementes e/ou outro material de propagação, podendo pertencer a uma das seguintes categorias:
  • Área Alterada de Coleta de Sementes sem Matrizes Marcadas (ACS-AS);
  • Área Alterada de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas, com critério de seleção informado (ACS-AM);
  • Área de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas, com critério de seleção informado (ACS-MS).
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 1. ACS-MS da cultivar BRS 8801 de  E. benthamii (Colombo-PR).
Classes de sementes - Área de Produção de Sementes (APS)
É uma população selecionada, isolada contra pólen externo, onde são selecionadas matrizes, com desbaste dos indivíduos indesejáveis e manejo intensivo para produção de sementes, com critério de seleção individual informado.
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 2. APS da cultivar BRS 9402 de E. dunnii (Ponta Grossa-PR).
Classes de sementes - Pomar de Sementes (PS)
É uma população planejada, estabelecida com matrizes superiores, isolada contra pólen externo, com delineamento de plantio e manejo adequado para a produção de sementes, podendo ser:
  • Pomar de Sementes por Mudas (PSM) - é formado a partir de teste de progênies com desbaste dos indivíduos não selecionados;
  • Pomar Clonal de Sementes (PCS) - é estabelecido por meio de propagação vegetativa de indivíduos superiores;
  • Pomar Clonal para Produção de Sementes Híbridas (PCSH) - é constituído de uma ou duas espécies ou de clones selecionados de uma mesma espécie, estabelecido por meio de propagação vegetativa;
  • Pomar de Sementes Testado (por mudas: PSMt; por clones: PCSt) - são oriundos de mudas formadas por sementes (PSMt) ou por clonagem (PCSt), cujas matrizes remanescentes foram selecionadas com base em testes de progênies para uma região bioclimática específica. Os pomares testados devem apresentar ganhos genéticos comprovados em relação ao pomar não testado.
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos 

Figura 3. PSM da cultivar BRS 290 de E. grandis (São Carlos-SP).
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
 
Figura 4. PCS em formação de E. grandis.
Sistema de produção
Os sistemas de produção de sementes florestais contemplam as classes de sementes certificadas e não-certificadas. No sistema de produção de sementes não-certificadas, existem as seguintes categorias: identificada, selecionada, qualificada e testada. No sistema de produção de sementes certificadas, estão previstas as seguintes categorias: selecionada, qualificada e testada.
A semente selecionada é obtida de matrizes selecionadas em Áreas de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas (ACS-MS). As principais diferenças entre esta categoria e a categoria qualificada é a falta de isolamento contra pólen externo. É a categoria de entrada no processo de certificação.
A semente qualificada é obtida de matrizes selecionadas em populações selecionadas, isoladas contra pólen externo e manejadas para produção de sementes. Inclui sementes produzidas em Áreas de Produção de Sementes (APS), Pomar Clonal de Sementes (PCS) e Pomar de Sementes por Mudas (PSM). Material de propagação de árvores selecionadas também pode ser incluído nessa categoria.
A semente testada é obtida de matrizes selecionadas geneticamente, com base em testes de progênies instalados na região bioclimática, onde a semente será considerada testada, ou outros testes aprovados pela Entidade Certificadora ou Certificador. Incluem sementes obtidas em Pomar Clonal de Sementes Testado (PCSt), Pomar de Sementes por Mudas Testado (PSMt). Material de propagação de árvores testadas geneticamente também pode ser incluído nessa categoria.



quinta-feira, 26 de abril de 2018

Variedades de Eucalipto Indicadas para plantio e clones


O eucalipto, na fase de desenvolvimento inicial, é altamente sujeito a danos por baixas temperaturas, notadamente de geadas de forte intensidade. Essa característica permite diferenciar as espécies cultivadas quanto à aptidão climática em regiões tropicais e subtropicais. Poucos ou inexistentes eventos de temperaturas negativas aliadas a maior fertilidade natural dos solos e a melhor distribuição das chuvas anuais fazem da região Sudeste a preferida para os plantios comerciais. Nessa região, concentra-se 66% da área plantada de eucalipto no País (ABRAF, 2009) na qual predominam plantios com mudas clonais (95% da área) obtidas de clones de E. urograndis.
Seguindo a mesma tendência no uso de mudas clonais, verifica-se a expansão dos plantios no Centro-Oeste, Norte, Nordeste e mesmo na região Sul. Nessa última, nas áreas situadas em altitudes mais elevadas, localizam-se plantios a partir de mudas formadas por sementes das espécies que apresentam dificuldades para clonagem. Além desses, na tomada de decisão para a formação de mudas e/ou para a aquisição no mercado, inúmeros fatores devem ser observados tanto na propriedade como na vizinhança.
Na propriedade, devem ser consideradas como fundamentais as características dos solos quanto à composição física (teores de argila-areia), ao equilíbrio de nutrientes e ao histórico do uso, como indicador de degradação e compactação. Portanto, não é nada fácil a escolha de espécies e muito menos a de clones. Ressalta-se que o uso de clones nas empresas de base florestal resulta de investimentos em pesquisa e em plantios-piloto em áreas com solos cujas características físicas e químicas foram mapeadas e agrupadas para serem exploradas sob uma mesma forma de manejo.
Assim, como exemplo, um mesmo clone pode produzir maior teor de lignina, característica essa desfavorável ao processo de produção de celulose-papel, em solos arenosos devido à menor retenção de umidade no solo. No caso da produção ser destinada para fins energéticos (lenha, carvão) em plantios manejados para regeneração da floresta após o corte, deve ser observada a capacidade de rebrota das espécies e dos clones.
Fora da propriedade rural, recomenda-se recorrer a consultores antes da aquisição de mudas clonais e/ou por sementes, bem como observar o desenvolvimento de plantios em condições assemelhadas de solos e clima. Outros indicadores, como o uso da madeira, a logística local e a proximidade do mercado consumidor devem ser observados.
As espécies indicadas para áreas sujeitas a geadas de forte intensidade são E. benthamii (comprovadamente resistente) e E. dunnii (resistência parcial) (Tabela 1). Para áreas situadas em regiões acima do paralelo 24º Sul, de clima predominantemente tropical, as mais indicadas são E. grandisE. urophyllaE. saligna, e E. cloeziana para plantios com mudas formadas a partir de sementes de pomares e áreas de produção de sementes.
Tabela 1. Indicação de espécies de acordo com as condições do ambiente e finalidade de uso.
Localização da Propriedade Agrícola
Uso da Madeira
Eucalipto Indicado
Comportamento da Espécie
Em regiões sujeitas a geadas severas e frequentes
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal) e serraria
E. dunnii
Apresenta rápido crescimento e boa forma das árvores, com dificuldades na produção de sementes.
Em regiões sujeitas a geadas severas e frequentes
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal)
E. benthamii
Boa forma do fuste, intensa rebrota, fácil produção de sementes. Requer volume alto de precipitação pluviométrica anual.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal), celulose de fibra curta, construção civil e serraria
E. grandis
Maior crescimento e rendimento volumétrico das espécies. Aumenta a qualidade da madeira com a duração do ciclo.
Em regiões livres de geadas severas
Uso geral
E. urophylla
Crescimento menor que E. grandis, boa regeneração por brotação das cepas.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos, laminação, móveis, estruturas, caixotaria, postes, escoras, mourões, celulose
E. saligna
Madeira mais densa quando comparada aoE. grandis; menos suscetível à deficiência de boro.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos, serraria, postes, dormentes mourões estruturas, construção civil
E. camaldulensis
Árvores mais tortuosas; recomendada para regiões com deficiência hídrica anual elevada.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos, serraria, postes, dormentes, mourões, estruturas, construção civil
E. tereticornis
Tolerante à deficiências hídricas, boa regeneração por brotação das cepas.
Em regiões livres de geadas severas
Serraria, laminação, marcenaria, dormentes, postes, mourões
Corymbia maculata
(ex - E. maculata)
Apresenta crescimento inicial lento. Indicada para regiões com elevada deficiência hídrica.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal), construção civil, uso rural e sistemas agrossilvopastoris
E. cloeziana
Excelente forma do fuste, durabilidade natural, alta resistência a insetos e fungos.
Fonte: Paludzyszyn Filho, E.
Plantios de mudas formadas por sementes híbridas das espécies, E. grandis E. urophylla, podem ser realizados nas regiões tropicais, observando-se as informações de pesquisa e os testes locais. Para plantios de mudas clonais, recomendam-se testes prévios para a observação do crescimento e definição do uso da matéria-prima, além da garantia do fornecedor de mudas, quanto à aptidão para as condições locais.
Qual a espécie de eucalipto mais plantada no Brasil?

É o Eucalyptus grandis. A maior área de plantio com esta espécie e seus híbridos está no Brasil e em outros países da América Central e do Sul. Tem sido extensivamente plantado na Índia, África do sul, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, Uganda e Ceilão. Pequenas áreas também têm sido plantadas nos Estados Unidos (Califórnia, Flórida e Havaí).


segunda-feira, 23 de abril de 2018

Importância e Aspectos Ambientais do Eucalipto


A relevância da cultura do eucalipto em nosso País é inquestionável e vem contribuindo de forma crescente para a geração de emprego e renda no meio rural e urbano, inclusive com participação expressiva em nossa balança comercial, destacando-se nesse contexto a celulose e o papel como principais produtos destinados ao mercado externo. Já se passaram praticamente 50 anos desde o início dos primeiros plantios comerciais e, nesse intervalo de tempo, avanços nas técnicas silviculturais, no melhoramento genético e nos processos tecnológicos colocaram o Brasil em posição de grande destaque frente aos demais países que cultivam o eucalipto para atender as necessidades energéticas, a fabricação de celulose e papel, a manufatura de painéis, a obtenção de produtos serrados e a produção de madeira roliça para os mais diversos fins. Cabe também mencionar a enorme produção de carvão vegetal para uso como combustível e redutor no parque siderúrgico nacional, algo singular entre as nações que produzem aços e ferroligas.
Face a essa importância e consciente de seu compromisso na condução de trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, assim como na transferência de tecnologia, a Embrapa procurou reunir o conhecimento acumulado e repassá-lo de forma prática a todos os interessados por meio de textos organizados e ilustrados, sem se prender ao rigor das publicações científicas. Assim, estudantes, produtores e profissionais poderão ampliar sua visão geral sobre os mais diversificados temas associados à eucaliptocultura. Além disso, são apresentadas literaturas complementares aonde o leitor poderá aprofundar-se na pesquisa que for de seu especial interesse.
Foto: Luciane C. Jaques
Figura 1. Plantio de E. dunnii.

O Brasil possui a segunda maior área florestal do mundo, atrás apenas da Rússia (FAO, 2010), atualmente totalizando 463,3 milhões de hectares, sendo 456,1 milhões de hectares de florestas naturais (MMA/SFB, 2013) e  7,2 milhões de hectares  de florestas plantadas (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013), com predominância dos eucaliptos.
O setor de florestas plantadas, englobando principalmente os gêneros Eucalyptus e Pinus, num crescente desempenho no cenário socioeconômico brasileiro, vem contribuindo com a produção de bens e serviços, agregação de valor aos produtos florestais e para a geração de empregos, divisas, tributos e rendas. Ele tornou-se importante vetor de desenvolvimento sustentável graças ao tratamento responsável que dispensa em termos econômicos, ambientais e sociais. Grande parte desse sucesso deve-se ao empreendedorismo das indústrias de base florestal, à estruturação de fortes cadeias produtivas, aos investimentos em pesquisa, à formação de profissionais capacitados, à disponibilidade de terras e de mão de obra e às condições edafoclimáticas favoráveis ao crescimento das árvores. Para tanto, foi necessário desenvolver uma das mais avançadas silviculturas de florestas plantadas do mundo, a partir do cultivo de espécies desses gêneros. Complementarmente às vantagens citadas, tem havido um crescente interesse de investidores nacionais e internacionais em formar ativos florestais e de participar dessa bem sucedida atividade econômica brasileira.
Utilizado como um indicador de desempenho econômico do setor de florestas plantadas no Brasil, o valor bruto da produção florestal (VBPF) representa a receita bruta total gerada na cadeia produtiva florestal nacional (tabela 1).
Tabela 1. Estimativa do Valor Bruto da Produção Florestal para os principais segmentos da cadeia produtiva do setor de florestas plantadas, em 2012 (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
SEGMENTOS
R$ (BRL bilhões)1
PARTICIPAÇÃO (%)
Celulose e Papel
30,2
53,7
Madeireira processada mecanicamente2
5,8
10,3
Painéis de madeira industrializada
6,5
11,6
Siderurgia a carvão vegetal
2,3
4,1
Móveis
11,4
20,3
Total
56,3
100,0
1 Inclui apenas produtos derivados das florestas plantadas.
2 Estimativa Pöyry Silviconsult. Inclui madeira serrada, produtos de maior valor agregado (PMVA), laminados e compensados.
Fonte: BRACELPA, ABIPA, AMS, Pöyry Silviconsult e Brasil Móveis.
O valor da produção dos setores de celulose e papel e de painéis reconstituídos de madeira em 2012 alcançou R$ 30,2 bilhões e R$ 6,5 bilhões, respectivamente, com destaque para setor de papel e celulose que foi o que mais contribuiu para o VBPF nacional. Os setores de madeira processada mecanicamente e de móveis alcançaram VBPF de R$ 6,5 bilhões e R$ 11,4 bilhões, representando um aumento de 11,5 % e 10,7 %, respectivamente, em relação aos valores do ano anterior (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
Os tributos arrecadados pelos segmentos associados ao setor de florestas plantadas em 2012, calculados com base no VBPF, segundo o Anuário Estatístico da  ABRAF (2013), foi R$ 7,6 bilhões, representando uma participação de 0,5 % do total de tributos arrecadados pela União (R$ 1,6 trilhão).
No âmbito social, as atividades da cadeia produtiva do setor de florestas plantadas promovem a geração de empregos e renda na área rural e, ao fixarem as populações no campo, auxiliam na redução do êxodo rural. A estimativa total de empregos gerados (primário e processamento industrial) no segmento de florestas plantadas, em 2012, de acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), foi aproximadamente 4,4 milhões, incluindo os diretos (0,6 milhão), indiretos (1,3 milhão) e os empregos resultantes do efeito-renda (2,4 milhões).
Uma ou mais espécies de eucalipto são cultivadas em aproximadamente 100  países tropicais e subtropicais, mas são poucas aquelas efetivamente plantadas comercialmente. Provavelmente, não mais de vinte espécies e algumas outras poucas resultantes da hibridação interespecífica vêm sendo utilizadas, em escala comercial, nesses países. Valores estimados por GIT Forestry Consulting (2010), no final de 2009, indicaram uma área de 20,6 milhões de hectares de florestas plantadas com eucaliptos na Ásia (40,8 %), América (36,4 %), África (11,6 %), Europa (6,3 %) e Oceania (4,8 %). Uma substancial parte da celulose de espécies folhosas usadas na fabricação de papel para impressão e escrita é proveniente de plantações de eucalipto formadas pelos maiores produtores mundiais, principalmente Brasil, Índia, China, Austrália, Uruguai, Chile, Portugal e Espanha. A tendência do comércio internacional de celulose de eucalipto continua motivando o estabelecimento de plantações no mundo, cuja base existente atualmente é próxima dos 25 milhões de hectares.
A produtividade do eucalipto nesses países é grandemente variável em função das condições ambientais, da espécie utilizada, origem ou procedência do propágulo vegetal e seu grau de melhoramento, tipo de manejo e controle dos fatores do meio. Contudo, o eucalipto vêm desempenhando uma importante função de floresta de substituição, para a produção sustentada de madeira para múltiplas finalidades,  reduzindo significativamente a pressão de consumo sobre as florestas naturais de todo o mundo.
No Brasil e no mundo, espécies de eucalipto têm sido preferencialmente utilizadas devido ao seu rápido crescimento, capacidade de adaptação às diversas regiões ecológicas e pelo potencial econômico de utilização diversificada de sua madeira.
O estabelecimento de florestas plantadas no Brasil, notadamente com espécies de eucalipto, vem ocorrendo desde o início do século passado, mas teve o seu grande impulso no período de 1966 a 1988, com a provisão dos incentivos fiscais. Em 2005, segundo a FAO (2007), o Brasil detinha a nona colocação entre as nações com as maiores áreas de florestas plantadas, totalizando cerca de 5,4 milhões de hectares para a produção de madeira e outros 6,5 milhões de hectares (STCP, 2009) para a obtenção de produtos florestais não-madeireiros. Em 2009, o Brasil passou para a sétima posição mundial em termos de área de florestas plantadas (CONSUFOR, 2009), alcançando 7,2 milhões de hectares em 2012, principalmente com espécies de eucalipto (70,8 %), pínus (22,0 %) e outras espécies (7,2 %), segundo o Anuário Estatístico da ABRAF (2013).
O setor de florestas plantadas está presente em mais de um mil municípios brasileiros (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013), sendo que o plantio do eucalipto está em franca expansão na maioria dos estados brasileiros com tradição silvicultural deste gênero ou, mais recentemente, em estados considerados como novas fronteiras da silvicultura, com crescimento médio anual de 7,5 % no período de 2005 a 2010 (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2011). Em 2011, entretanto, pela primeira vez em dez anos, houve a estagnação da área plantada em torno de 6,5 milhões de hectares, decorrente principalmente da restrição à aquisição de terras por empresas brasileiras com maioria de capital estrangeiro e dos longos prazos demandados pelos órgãos estaduais aos processos de licenciamento ambiental (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2012).
O aumento da área plantada com eucalipto no Brasil tem sido resultante de seu rápido crescimento em ciclo de curta rotação, alta produtividade florestal decorrente das tecnologias de ponta aplicadas à produção e novos investimentos das empresas que utilizam a sua madeira como matéria prima nos processos industriais. O modesto crescimento da área plantada observado em 2012, segundo o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), é decorrente da lenta recuperação do comércio mundial e dos preços internacionais dos produtos florestais, além da restrição à aquisição de terras por empresas brasileiras com maioria de capital estrangeiro, resultando na postergação de projetos da indústria de base florestal e de investidores independentes.
Principalmente nos últimos vinte anos, a eucaliptocultura tem contribuído muito para o destaque crescente do setor florestal na economia brasileira e no mercado internacional de produtos florestais. Deve-se ressaltar, no entanto, que o excelente desempenho da eucaliptocultura no Brasil decorre não só das condições edafoclimáticas favoráveis presentes, da qualidade do material genético usado e do manejo apropriado, mas também dos esforços integrados e desenvolvidos pelas universidades, instituições de pesquisas e empresas privadas e públicas do setor.
Do ponto de vista ambiental, as florestas plantadas destacam-se como um dos principais recursos atuais no combate às causas das mudanças do clima, devido à sua alta capacidade de fixar o carbono atmosférico. As florestas plantadas também estão sendo cada vez mais utilizadas para reabilitar ou proteger áreas degradadas afetadas pela erosão ou pelas atividades da pecuária extensiva e da mineração, além da agregação de vários benefícios econômicos. Os benefícios ambientais compreendem também a melhoria da fertilidade do solo, a reciclagem de nutrientes e a proteção de bacias hidrográficas e da biodiversidade. O eucalipto atende a todas essas funções altamente benéficas ao meio ambiente, pois sequestra uma significativa quantidade de carbono da atmosfera (nove a dez toneladas anuais de carbono por hectare, segundo a SBS, 2010), sendo uma fonte potencial de produção de fibras e de bioenergia.
O Brasil possui uma área territorial de aproximadamente 851 milhões de hectares (MMA/SFB, 2013), dos quais 54,4 % (463,3 milhões de hectares) correspondem à área florestal total. Desta, 456,1 milhões de hectares são florestas naturais, compondo os diversos e importantes biomas característicos, muitos deles apresentando espécies ameaçadas de extinção, como o Cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica, dentre outros, que devem ser protegidas. Por essa razão, o desenvolvimento das regiões que contenham tais biomas deve ser conduzido de forma responsável, preservando-os adequadamente e reabilitando tais áreas de forma equilibrada entre a produção econômica do agronegócio e a sustentabilidade socioambiental.
O reflorestamento de pequenas e médias propriedades rurais com espécies de eucalipto também é de interesse público, pois evita o êxodo rural e o desemprego, garantindo uma fonte de renda adicional aos produtores, além de possibilitar os inúmeros benefícios citados anteriormente, principalmente a redução da pressão sobre as florestas naturais remanescentes.
É importante notar que os programas de plantio florestal podem ser implementados por municipalidades, isoladamente, ou em parceria com o poder público estadual ou federal. Dessas parcerias, também podem participar o setor privado, desde que este conte com o suprimento de matéria-prima florestal necessária à produção ou com os benefícios que ela indiretamente proporciona. Existem interessantes exemplos dessas parcerias ou iniciativas em andamento no Brasil. O crescimento dos programas de fomento e o respeito que os fomentados alcançaram em algumas empresas florestais são exemplos distintos e que servem para mostrar como a evolução da eucaliptocultura, por exemplo, se deu em todas as direções: a econômicas, a social e a ambiental. Empresas  filiadas à Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, em 2012, alcançaram o índice (média entre empresas) de 13,5 % de florestas plantadas em áreas fomentadas; 17,4 % em áreas arrendadas e 69,2 % em áreas próprias das empresas (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).           
Os estados e a União apresentam, por outro lado, condições plenas de estabelecer uma política envolvendo a agricultura familiar e a empresarial em um processo dinâmico de parceria sustentável, socioambientalmente justa e economicamente viável, o que implementaria significativamente o programa de florestas plantadas, imprescindível ao atendimento da demanda de madeira prevista nas diversas regiões potenciais à eucaliptocultura.
A biomassa florestal ainda é a principal fonte de energia, como a lenha e o carvão, nos países em desenvolvimento. Em 2012, a participação da biomassa na geração de energia elétrica foi 7 % (EPE/BEN, 2012). Além do bagaço de cana-de-açúcar, o licor negro e os resíduos florestais são as principais fontes usadas na geração de energia elétrica no Brasil. Atualmente, segundo o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), a biomassa de base florestal representa 15,8 % da geração de energia elétrica a partir da biomassa, sendo que o biogás, a casca de arroz, o capim elefante, e o óleo de palma representaram apenas 1,8 % desse total em 2012.  Segundo estimativas da FAO, a madeira para fins energéticos no Brasil representou 62 % do volume total (aproximadamente 204 milhões de metros cúbicos) consumido em 2009. Somente o setor agropecuário brasileiro consumiu neste mesmo ano mais de 20 milhões de metros cúbicos de madeira, para fins energéticos (17 % do total da matriz energética da agropecuária), de acordo com  Brito (2011).
A estimativa da oferta potencial anual de madeira (em toras) das florestas plantadas (eucalipto, pínus e teca), para fins industriais em 2012, de acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), foi 271,5 milhões de m3, sendo 207,8 milhões de m3 de madeira de eucalipto (76,5 %), 62,7 milhões de m3 de madeira de pínus (23,1 %) e 1,0 milhão de m³ de madeira de teca (0,4 %), concentrada principalmente nas regiões Sudeste e Sul. O Brasil consome toda a produção de madeira em tora proveniente das florestas plantadas, que é destinada ao processamento industrial, nos diversos segmentos do mercado interno. Segundo o IBGE, em 2012, a produção anual de toras de florestas plantadas totalizou 193,9 milhões de m³, sendo 67,4 % destinados ao uso industrial, 28,3% à produção de lenha e 4,3 % ao carvoejamento. Em 2012, o consumo estimado foi 182,4 milhões m³ de toras de florestas plantadas, sendo 71,6 % provenientes de eucalipto; 26,1 % de pínus e 2,3 % de outras espécies. Deste total, o segmento de celulose e papel foi o principal consumidor (35,1 %), seguindo-se a lenha industrial (24,5 %), indústria madeireira (19,0 %), siderurgia a carvão vegetal (12,7 %), painéis reconstituídos (7,1 %) e demais setores (1,5 %)(ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
A produção média anual histórica das florestas plantadas, no período de 2002 a 2012, foi 152,6 milhões de m3 de madeira, com um crescimento médio anual de 4,5 % no período (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013). Atualmente, as florestas plantadas com eucaliptos somam 5,1 milhões de hectares, representando apenas 0,6 % do território nacional. O potencial brasileiro para a expansão da produção agrícola é muito grande e um dos únicos do mundo. Considerando a estimativa de 366 milhões de hectares de terras agricultáveis atualmente (43 % do território nacional), as florestas plantadas com eucaliptos representam apenas 1,4 % desse total, mostrando o grande potencial de sua expansão para áreas com vocação florestal, principalmente ocupando áreas degradadas e marginais.
Estimativas obtidas por simulação de cenários pelo setor florestal brasileiro indicam que será necessário reflorestar outros sete milhões de hectares, para atender a demanda prevista de madeira, alcançando assim uma área total de 14 milhões de hectares em 2020. Dentre as poucas espécies arbóreas aptas ao atendimento dessa demanda de madeira estão os eucaliptos, que vêm sendo utilizados comercialmente há quase um século na silvicultura brasileira.
A preocupação mundial com o esgotamento das reservas fósseis e o agravamento do efeito estufa indicam a necessidade de fontes energéticas alternativas. A madeira proveniente de reservas naturais vem sendo explorada de modo irracional, gerando impactos ambientais adversos como a perda de biodiversidade, a erosão e o decréscimo da fertilidade do solo. Manejar corretamente as florestas naturais, evitando o seu corte abusivo e, ao mesmo tempo, atendendo à demanda por produtos de origem florestal é um grande e constante desafio. Neste contexto, é possível observar que as fontes renováveis de madeira, apesar dos altos custos de obtenção, riscos de intermitência, distribuição desigual e estágio tecnológico inferior às demais fontes em uso, apresentam aspectos positivos como a sustentabilidade dos sistemas e baixa emissão de gases de efeito estufa.
A expansão da área de florestas plantadas no País, suprindo especialmente as crescentes necessidades energéticas, que vem sendo constatadas nos diversos segmentos do agronegócio brasileiro, é preponderante. Essa demanda ainda vem sendo atendida de forma expressiva por vegetação nativa oriunda de biomas quase sempre ameaçados e sem perspectivas de sustentabilidade. Plantações de eucaliptos apresentam produtividades de madeira muito maior que aquela vegetação original do Cerrado ou outro bioma brasileiro e podem devidamente substituir a fonte de florestas nativas.
Apesar da crescente participação da madeira nos diversos segmentos consumidores do setor, o que tem contribuído para a redução gradativa do consumo das florestas nativas, e considerando a expectativa de crescimento de futuras demandas das florestas plantadas, há necessidade de cumprir um programa anual de plantio da ordem de 700 mil hectares, o que significaria praticamente duplicar a área plantada em 2011 ou 2012.
A Sociedade Brasileira de Silvicultura-SBS vem sistematicamente ressaltando tal necessidade anual de plantio, distribuindo-o segundo a seguinte demanda por segmento: 170 mil hectares para celulose e papel, 130 mil hectares para madeira sólida, 250 mil hectares para siderurgia a carvão vegetal e 80 mil hectares para energia. O Programa Nacional de Florestas-PNF, estimou um défice acumulado de aproximadamente 1,2 milhão de metros cúbicos de madeira de eucalipto e pínus, no período de 2004 a 2008, decorrente do não cumprimento da meta ideal de plantio anual de 630 mil hectares.
O agronegócio, um dos principais sustentáculos da economia nacional, vem participando efetivamente no PIB nacional, com valores entre 21,8 % e 26,4 %, no período de 1994 a 2011 (CEPEA, 2012). No total das exportações brasileiras realizadas no período de 1990 a 2010, o agronegócio contribuiu com a média anual de 40 % (MAPA, 2010), gerando saldos externos importantes à dinamização da economia interna e às reservas cambiais. Os produtos florestais, por sua vez, representaram em 2011, segundo dados do Serviço de Comércio Exterior/Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-AgroStat Brasil, a quarta posição mais importante na pauta de exportações do agronegócio (9,1 % do total), perdendo apenas para os complexos: soja (25,9 %), sucroalcooleiro (22,0 %) e carnes (13,8 %) (CONAB, 2012).
Em 2012, o segmento de celulose consumiu 35,2 % de toda a madeira produzida no Brasil, enquanto os setores de siderurgia a carvão vegetal, serrados, painéis de madeira industrializada e de compensados consumiram, respectivamente, 38,6 %, 16,4 %, 7,1 %  e 2,7 % do total da madeira produzida. Com exceção da lenha, carvão vegetal e painéis de madeira industrializada, cujo consumo está concentrado principalmente no mercado interno, os demais produtos, predominantemente a celulose obtida de florestas plantadas com eucalipto, destinam-se prioritariamente ao mercado externo. Também, uma boa parte dos produtos secundários (móveis, papéis, pisos, molduras, ferro e aço nas diversas formas) é exportada, ressaltando a importância do mercado internacional para o setor florestal brasileiro (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
O Brasil está entre os principais produtores mundiais de celulose e papel, sendo uma referência internacional nesse setor, decorrente não só dos altos níveis de produtividade de madeira alcançados, mas pelo uso de práticas silviculturais ambientalmente sustentáveis. Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel, o Brasil é o 3º maior produtor mundial de celulose (fibra curta de eucalipto) entre os produtores integrados e o 9º maior produtor mundial de papel (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013). A participação brasileira nesse promissor mercado internacional, segundo a BRACELPA (2010), é ainda muito modesta, com boas perspectivas de o País se tornar um líder mundial permanente, bastando o estabelecimento de ações empresariais e governamentais que garantam o seu progresso com sustentabilidade e responsabilidade. De acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), as exportações de produtos das florestas plantadas em 2012 atingiram USD 7,5 bilhões (3,1 % do total das exportações brasileiras), mas registrando uma queda de 6,2 % em relação às exportações de 2011. A Argentina, Alemanha  e China foram os principais importadores de papel, compensados e celulose, respectivamente, enquanto os Estados Unidos da América do Norte lideraram as importações de painéis e madeira serrada. No período de 2002-2012, a produção nacional de celulose aumentou em média 5,7 % a.a. e as respectivas exportações cresceram de USD$ 1,2 bilhão para USD$ 4,7 % bilhões, nesse período (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013). Apesar das exportações de celulose terem decrescido em relação a 2011, resultante da retração da demanda europeia e norte-americana e da queda do preço internacional, a participação brasileira nesse competitivo mercado internacional de celulose aumentou de 9,6 % para  21 %, entre 2000 e 2011, segundo a ABRAF (2012). Em 2012, a produção e o consumo internos de papel totalizaram dez e 9,60 milhões de toneladas, respectivamente, e as exportações somaram USD$ 1,9 bilhão, com um crescimento de 118 % (2,50 % a.a.) entre 2002 e 2012 (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
A alta produtividade de madeira obtida atualmente por empresas florestais verticalizadas e TIMO-Timber Investment Management Organizations (média nacional de 40,1 m3/ ha. ano-1), no ciclo de corte de aproximadamente sete anos, com menores custos e maiores taxas de retorno do investimento, confere grande atratividade à eucaliptocultura no agronegócio, garantindo alta competitividade de seus produtos nos mercados interno e externo. O principal diferencial é que 100 % da produção brasileira de celulose e papel são oriundos de florestas plantadas, que são recursos renováveis. Isso coloca o Brasil em níveis elevados de competitividade em relação ao mercado global, uma vez que muitos países ainda usam florestas naturais para produzir celulose e papel.
Diferentemente de outros setores da economia brasileira que se mostram como  potenciais ao mercado internacional, a indústria nacional de base florestal, principalmente celulose e papel, já está consolidada nesse promissor mercado como uma forte  competidora global. Contudo, conforme alerta a ABRAF (2012), erros estratégicos sucessivos, visões políticas de curto prazo, políticas econômicas equivocadas, legislação complexa e regras fiscais anacrônicas vêm ocasionado a redução da competitividade e a tendência à estagnação desse setor, com significativas perdas para a economia brasileira.
Os investimentos correntes previstos para o período 2013-2017, pelas empresas associadas à ABRAF, são estimados em aproximadamente R$ 6 bilhões, visando à ampliação da base florestal e da produção industrial, principalmente com vistas ao aumento das exportações, concentrando-os nas operações de plantio (40,7 %), indústria (32 %), colheita e transporte (12,3 %), estradas (4,9 %), pesquisa e desenvolvimento (4,2 %), terras (1,8 %)  e outras áreas (4,1 %) (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
As expectativas do segmento de celulose estão voltadas também aos planos de expansão da base florestal, tendo como fundamentos os investimentos em tecnologias de plantio florestal que, segundo projeções da BRACELPA, deverá ampliar sua capacidade de produção para 22 milhões de toneladas anuais até 2020, um incremento de 57 % na atual produção anual (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2012). Há também boas perspectivas de investimentos para os demais setores (painéis de madeira, siderurgia a carvão vegetal, madeira processada, móveis e produtos de maior valor agregado) nos próximos anos, visando não só a consolidação das regiões florestais e industriais já existentes, mas também expandi-las às regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil.
O carvão de eucalipto tem sido uma importante fonte de energia alternativa ao carvão mineral e mesmo ao carvão vegetal de matas nativas usados no setor siderúrgico brasileiro. Segundo o Balanço Energético Nacional de 2011, aproximadamente 25 % da oferta de energia provém da biomassa, com a lenha e carvão vegetal representando 9,7 % da oferta de energia interna no Brasil (EPE, 2012). A siderurgia a carvão vegetal no país é realizada por grandes siderúrgicas integradas produtoras de aço sob diversas formas, que dispõem de suas próprias florestas plantadas com eucalipto à produção de carvão vegetal utilizado na redução do minério de ferro, além de siderúrgicas independentes produtoras de ferro gusa. A vantagem dos produtores brasileiros de ferro gusa, ao usar o carvão vegetal para essa finalidade, é que os seus concorrentes no mercado internacional utilizam o coque como redutor, um combustível não renovável e grande causador de poluição ambiental. Sendo um redutor renovável e de baixa poluição ambiental, o carvão de eucalipto tem sido cada vez mais empregado para tal finalidade – cerca de 65 % do carvão vegetal consumido no Brasil – contribuindo também para a ampliação das áreas plantadas e para a preservação das florestas nativas remanescentes e, assim, para o aumento da fixação do carbono. O aumento gradativo da oferta de carvão de eucalipto em substituição ao carvão mineral, mediante a ampliação da área plantada, poderá contribuir significativamente para o aumento da produção nacional do “aço verde”, colaborando ainda para a redução de emissões de gases de efeito estufa, fortemente associados às mudanças climáticas globais. De acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), as grandes consumidoras de carvão vegetal – indústrias independentes ou integradas de produção de ferro-gusa e ferro-ligas – estão aumentando a eficiência do processo de carbonização da madeira e do processo industrial, com a finalidade de aprimorar a sustentabilidade ambiental, econômica e social da produção de carvão vegetal e siderúrgica.
A lenha é ainda uma importante fonte de energia para as indústrias, comércio e domicílios rurais. Segundo o Anuário Estatístico da  ABRAF (2013), o Brasil produziu 52,2 milhões de m3 de lenha oriunda de florestas plantadas em 2012, sendo que as regiões Sul e Sudeste representaram 92,5 % do total. No período de 2002 a 2012, o consumo nacional anual de lenha cresceu a uma taxa de 1,2 %, principalmente pelas regiões Sudeste e Sul (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013). Nos estados com clima mais quente, a lenha consumida é predominantemente oriunda de florestas plantadas com eucalipto, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, representando 93 % do total de lenha consumida em 2011 (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2012). Diante desse cenário otimista com crescente demanda de madeira para energia, as florestas de eucaliptos mostram-se como fontes potencialmente econômicas ao atendimento das necessidades dos diversos segmentos consumidores.
A madeira de eucaliptos e pínus é a matéria-prima para a produção de painel de partícula de madeira (aglomerado-MDP e OSB) e painel de fibra de madeira (chapa de fibra, MDF e chapa isolante). Nos últimos vinte anos, o crescimento das indústrias de painéis reconstituídos de madeira no Brasil têm ocorrido a uma taxa maior que aquela mostrada pelas indústrias do comércio internacional, motivado pela crescente demanda do setor moveleiro que utiliza amplamente esses produtos ( ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2012). De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira-ABIPA, no período de 2002 a 2012, a produção anual de painéis de madeira industrializada aumentou de 3,1 milhões de toneladas para 7,3 milhões de toneladas, com um crescimento médio anual de 8,9 %. Por sua vez, o consumo de painéis de madeira industrializada acompanhou a taxa de crescimento da produção, no mesmo período, com um crescimento médio anual 9,9 % (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013). Nos últimos anos, tem-se observado um aumento expressivo do faturamento das indústrias desse setor não só decorrente de sua modernização tecnológica, do apelo à sustentabilidade do uso de fontes alternativas à madeira de florestas nativas, mas também devido ao crescimento dos setores da construção civil e imobiliário (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2012). A substituição do uso de compensados pelos painéis de madeira industrializada na produção moveleira tem interferido significativamente no desenvolvimento do setor. Os estímulos governamentais à elevação da competitividade do setor moveleiro brasileiro em 2012, como a isenção do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), beneficiaram toda a cadeia moveleira, que faturou R$ 35,1 bilhões em 2011, 11,4 % maior que o faturamento de 2010. Da mesma forma, as políticas públicas voltadas ao setor habitacional (Programa Minha Casa Minha Vida) e a elevação da renda média da população brasileira também contribuíram para o aumento da demanda por produtos à base de painéis de madeira industrializada (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013). Com o aumento da capacidade nominal de produção nacional instalada previsto para os próximos anos e a expansão de linhas e unidades fabris, visando garantir o abastecimento  interno e produzir excedentes para a exportação de móveis, surgem perspectivas favoráveis para a ampliação da área plantada com eucaliptos e pínus, como fonte de matéria-prima ao setor.      
A experiência e conhecimentos acumulados ao longo dos anos reconhecidamente posicionam a eucaliptocultura brasileira como a atividade agrária que mais tem respeitado o meio ambiente, como comprovam os 4,3 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) existentes nos imóveis rurais do setor de florestas plantadas (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2012) e os 8,6 milhões de hectares já certificados por órgãos reconhecidos internacionalmente, segundo informação  do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal - FSC Brasil (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013; MMA/SFB, 2013).  As empresas florestais privadas brasileiras que dependem da madeira para os seus projetos industriais são as que mais conservam em suas propriedades as florestas nativas, situação nem sempre observada, infelizmente, em outras atividades da agropecuária.
As florestas plantadas com eucaliptos, presentes nas mais diversas regiões do mundo e localizadas em diferentes altitudes, tipos de solo e regimes de chuva, continuam sendo objeto de acalorados debates, suscitando muitas controvérsias com respeito aos impactos ambientais por elas causados. De acordo com Vital (2007), entretanto, assertivas generalistas devem ser analisadas com ressalva, dado que, de acordo com as análises elaboradas em seu trabalho, os impactos ambientais das florestas de eucalipto dependem, fundamentalmente, das condições prévias ao plantio – i) bioma de inserção; ii) regime hídrico; iii) tipo de solo; iv) declividade do terreno; v) distância das bacias hidrográficas – e das técnicas agrícolas empregadas (densidade do plantio, métodos de colheita, presença ou não de corredores biológicos e atividades consorciadas). As florestas plantadas com eucalipto podem não abrigar uma biodiversidade da magnitude das florestas naturais, mas, pelo fato delas manterem associadas a elas, por força da legislação brasileira, áreas de proteção ambiental e de reservas naturais com diversos tipos de ecossistemas, e em face da colheita ser feita de forma sustentável, os impactos ambientais são significativamente minimizados.
Assim, o eucalipto e o sub-bosque presentes nesses plantios formam corredores para as áreas de preservação, criando habitat para a fauna, oferecendo condições de abrigo, alimentação e reprodução para várias espécies. Quando manejados adequadamente, os plantios de eucalipto promovem inúmeras vantagens ao meio ambiente e à sociedade em geral, recuperando solos exauridos pelo cultivo e queimadas; controlando a erosão; contribuindo para a regulação do fluxo e da qualidade dos recursos hídricos e para a estabilização do solo; absorvendo ainda significativa quantidade de carbono da atmosfera, diminuindo assim a poluição e o aquecimento global pelo efeito estufa.
O pleno conhecimento da legislação pertinente ao uso da propriedade rural é essencial para que as atividades produtivas sejam realizadas dentro da legalidade vigente. Nesse sentido, o domínio do quadro normativo integra o planejamento da produção antes mesmo do plantio de qualquer espécie ou cultura. Registre-se também que, eventualmente, poderá ser necessária a readequação ambiental da propriedade rural para que esta possa ser considerada em um escopo de certificação florestal com vistas ao atendimento de demandas postas pelo mercado quanto à sustentabilidade dos meios de produção da matéria-prima de origem florestal.
O cultivo do eucalipto, como qualquer outra cultura, está condicionado ao atendimento de limitações administrativas impostas pela legislação vigente. Dentre os diversos diplomas legais pertinentes ao estabelecimento de plantios florestais, inclusive o eucalipto, cita-se, pela sua importância, o Código Florestal Brasileiro (instituído pela Lei nº 12.651/2012). O Decreto nº 7.830/2012 regulamenta alguns dispositivos do Código Florestal como, por exemplo: os procedimentos para inscrição de cada imóvel rural no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e os requisitos para a regularização de passivos ambientais por meio da adesão de proprietários e possuidores ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).
Conforme disposto no Código Florestal, uma propriedade rural é basicamente composta pelas seguintes três partes: a Área de Preservação Permanente (APP), a Reserva Legal (RL) e a Área de Uso Alternativo do solo (AUA), onde a supressão da vegetação nativa pode ser autorizada pela autoridade competente. Em princípio, a vegetação que existe na APP não pode ser suprimida, a não ser nos casos de utilidade pública e interesse social previstos na legislação. A título de exemplo, APP é uma área localizada nas seguintes situações fáticas: em um raio de 50 m no entorno de nascentes,  em terrenos com declividade superior a 45° e às margens de cursos d`água (iniciando-se com faixas marginais de 30 m para cursos d`água com largura inferior a 10 m). A RL é uma parcela da área total de uma propriedade rural, cuja vegetação deve ser conservada, sendo possível ser autorizada a sua utilização por meio de um Plano de Manejo Florestal Sustentável submetido ao órgão ambiental estadual competente. A RL deve ter, no mínimo, a seguinte extensão: Na Amazônia Legal, 80 % e 35 % da área total de propriedades rurais cobertas por fitofisionomias florestais ou por Cerrado, respectivamente; 20 % em propriedades localizadas em outras regiões do país. Quando a vegetação que deve compor uma APP inexistir, mesmo que parcialmente, a mesma deve ser recomposta segundo estabelecido em lei.
De forma análoga, quando for necessário recompor a vegetação que deve integrar a RL, mesmo que parcialmente, permite-se o uso temporário de espécies exóticas (incluindo, portanto, espécies de eucalipto), plantadas de forma intercalada com espécies nativas, com o propósito de recompor o ecossistema.
Registre-se também que, em muitos estados da federação, há legislação complementar e que também deve ser observada, adicionalmente à legislação federal. Por esse motivo, e na medida em que estas notas introdutórias consideram apenas a legislação federal vigente, recomenda-se uma consulta ao escritório regional mais próximo do órgão ambiental estadual competente.

Aspectos históricos da eucaliptocultura no Brasil

Há controvérsias sobre a data exata da primeira introdução do eucalipto no Brasil. Segundo Edmundo Navarro de Andrade, considerado o “pai da eucaliptocultura brasileira”, a princípio, tinha-se como certo que os primeiros exemplares haviam sido plantados no Rio Grande do Sul, em 1868, por Frederico de Albuquerque e que, no final deste mesmo ano, Pereira da Cunha plantara alguns exemplares na Quinta da Boa Vista, nas áreas do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Entretanto, conforme relata Andrade (1939), um exemplar de Eucalyptus globulus teria sido plantado no Município de Amparo, em São Paulo, entre os anos de 1861 e 1863, pelo vigário José Honório da Silva e, portanto, com data mais antiga que àquela anteriormente suposta. Entre os anos de 1824 a 1829, por sua vez, o Frei Leandro do Sacramento teria plantado e catalogado dois exemplares de Eucalyptus gigantea, no Museu Botânico do Rio de Janeiro, de acordo com Andrade (1939). Com referência ainda ao plantio isolado de exemplares de eucaliptos no Brasil, por outro lado, conforme relatam Ferreira e Santos (1997), os mais antigos foram feitos com as espécies E. robusta E. tereticornis, pelo Imperador Dom Pedro I, também no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1825. Praticamente, até o princípio do século XX, o eucalipto foi plantado primordialmente como árvore decorativa ou com finalidade de quebra-ventos, pelo seu extraordinário desenvolvimento ou por supostas propriedades sanitárias.
Ferreira (1989) afirma, entretanto, que os primeiros plantios ocorreram de fato em 1868, no Rio Grande do Sul, mas por iniciativa de Joaquim Francisco de Assis Brasil, um dos primeiros brasileiros a demonstrar interesse pelo gênero. Deve-se à ex-Companhia Paulista de Estradas de Ferro, contudo, a sistematização do cultivo dos eucaliptos e a série enorme de experiências, com base técnicas e científicas, desenvolvidas por Edmundo Navarro de Andrade, a partir de 1903, com o objetivo de suprir as necessidades de lenha, postes e dormentes dessa Companhia.
Até 1966, haviam sido plantados não mais de 700 mil hectares de eucaliptos em todo o Brasil, sendo que 80 % desse total concentravam-se em São Paulo. Na década de 1950, segundo Barrichello (1995), foi que se cogitou sobre o uso dos eucaliptos, em escala, como matéria-prima para produção de celulose e chapas. Nessa época, a atividade florestal brasileira passou a mostrar contornos mais definidos e a exigir estudos visando o aumento da produtividade e a melhoraria da qualidade da matéria-prima.
A área com florestas cultivadas até 1966 era, contudo, insuficiente para atender o emergente programa de industrialização pretendido. Havia a necessidade, portanto, do estabelecimento de diretrizes que contemplassem os segmentos de base florestal. Nos últimos 40 anos, diversos mecanismos e inovações nas esferas políticas, institucionais e científicas possibilitaram o aumento da área plantada e da produtividade  das florestas cultivadas.
Foram determinantes para isso, por exemplo, a edição do Código Florestal em 1965 e a promulgação da Lei dos Incentivos Fiscais, que perdurou de 1966 a 1988, com os recursos recolhidos ao Fundo de Investimento Setorial-FISET Reflorestamento e aplicados mediante a aprovação de projetos apresentados ao ex-Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal-IBDF (atual Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA). Desse momento até 1983, a área plantada, predominantemente com espécies dos gêneros Eucalyptus Pinus, totalizou 5,3 milhões de hectares, com investimentos da ordem de US$ 2,7 bilhões, resultando na geração de 400 mil empregos diretos. Os Estados que mais usufruíram desses recursos foram Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. Esse período foi considerado um marco na silvicultura brasileira, dado os efeitos positivos produzidos ao setor.
As significativas taxas de crescimento das plantações florestais obtidas durante o período dos incentivos fiscais favoreceram e estimularam a pesquisa florestal, o ensino, o surgimento de inovações tecnológicas, a produção industrial, promovendo o desenvolvimento socioeconômico do país. Com o término dos incentivos fiscais, em 1988, as empresas passaram a arcar com os custos de seus reflorestamentos ou com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, com prazos inadequados de financiamento, mesmo para as espécies de rápido crescimento, pagando juros incompatíveis com a atividade e sujeitando-se a níveis de garantias e carências que agiram como desestímulo à atividade. Como consequência, houve um decréscimo da área plantada, acentuadamente no período de 1988 a 1995. Exceção disso ocorreu naqueles feitos independentes dos investimentos das indústrias de papel e celulose e de siderúrgicas a carvão vegetal.
A eucaliptocultura brasileira encontrou bases sólidas para o seu desenvolvimento, inicialmente motivada pelo potencial de uso da madeira de algumas espécies como fonte de biomassa para combustível (lenha, principalmente) e pelo sucesso de seu apropriado emprego como matéria-prima para a fabricação de celulose e papel. Excetuando-se usos tais como postes, dormentes, estacas e mourões principalmente, a madeira de eucaliptos mostrava, nas décadas de 1960 e 1970, sérias restrições de usos mais nobres como serraria e móveis, devido aos defeitos de rachaduras e empenamentos comumente apresentados. O uso da madeira oriunda de florestas plantadas, como fonte de matéria-prima para tais finalidades, entretanto, começava a ser visto como medida racional e vantajosa do ponto de vista econômico e ecológico, pois estaria poupando muitas florestas naturais do corte inevitável ao abastecimento dos centros consumidores. Adicionalmente, a crescente demanda de madeira para o atendimento dos diversos setores produtivos já era preocupante, nessa época.
Além do mencionado Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, a eucaliptocultura pode consolidar-se também graças ao Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), criado pelo Governo Federal em meados da década de 1970, o qual privilegiou os setores siderúrgico e de celulose e papel, beneficiando tanto o mercado interno como o externo, caracterizado por um ciclo industrial com forte apoio do BNDES, cuja política industrial enfatizava a substituição das importações. A expansão da eucaliptocultura, contudo, demandaria a ampliação do conhecimento e de novas e diferenciadas tecnologias, resultantes da nova política setorial estabelecida, orientada ao crescimento com escala operacional adequada e gestão eficiente que, alinhada a uma dinâmica de abertura e consolidação de mercados, possibilitou ao Brasil tornar-se líder mundial no comércio de inúmeros produtos florestais, notadamente a produção de fibras de madeira. Nesse primeiro ciclo silvicultural brasileiro, foram ocupadas áreas degradadas principalmente dos estados margeando à costa atlântica, próximas às regiões mais urbanizadas e ricas do Sul e Sudeste.
O novo ciclo estabelece-se nas regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e extremo Sul, com adoção de novas tecnologias de produção florestal, aprimoramento dos processos de colheita e transporte florestais, com a estratégia de estabelecimento de corredores de exportação para os oceanos Atlântico e Pacífico.
Após esse fértil período da silvicultura brasileira, no segundo semestre de 2008, o Brasil foi afetado por uma crise financeira internacional, que teve origem nos Estados Unidos da América do Norte. Em períodos de crises como essa, há uma redução nas demandas de investimento e consumo, a fim de preservar a saúde financeira das instituições, o que infelizmente tem como efeito final um menor nível de emprego. Apesar da inevitável redução de custos e de investimentos, o setor de base florestal brasileiro não perdeu o foco na necessidade de retomar o crescimento, rapidamente.  A área florestal plantada até o final de 2012, com 7,2 milhões de hectares (70,8 % com eucalipto), deverá dobrar em 2020, em função da crescente e futura demanda de madeira no Brasil.
Até o final de 2012, a área plantada com eucaliptos somava aproximadamente 5,1 milhões de hectares, sendo os seguintes estados os maiores produtores desse gênero (tabela 2): Minas Gerais (28,2 %), São Paulo (20,4 %), Bahia (11,9 %), Mato Grosso do Sul (11,5 %), Rio Grande do Sul (5,6 %), Espírito Santo (4,0 %) e Paraná (3,9 %), perfazendo 85 % do total da área plantada (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
Tabela 2. Área plantada com eucaliptos no Brasil pelos principais estados produtores, em 2012.
ESTADO
ÁREA (1.000 HECTARES)
PARTICIPAÇÃO (%)
Minas Gerais
1.439,0
28,2
São Paulo
1.041,7
20,4
Bahia
605,5
11,9
Mato Grosso do Sul
587,3
11,5
Rio Grande do Sul
284,7
5,6
Espírito Santo
203,3
4,0
Paraná
197,8
3,9
Maranhão
173,3
3,4
Pará
159,7
3,1
Tocantins
109,0
2,1
Santa Catarina
106,6
2,1
Mato Grosso
60,0
1,2
Amapá
49,5
1,0
Goiás
38,1
0,7
Piauí
27,7
0,5
Outros Estados
18,8
0,4
Total
5.102,0
100,0
Fonte: Anuário Estatístico da ABRAF (2013).
Aproximadamente 75 % das áreas florestas plantadas (eucalipto e pínus) no Brasil pertencem a empreendimentos verticalizados predominantemente dos setores de papel, celulose, siderurgia a carvão vegetal e painéis de madeira, representando os segmentos das empresas verticalizadas e  das TIMO - Timber Investment Management Organizations. Com especial referência ao eucalipto, o setor de celulose e papel concentra 72,5 % da área plantada, seguidos pelos setores de siderurgia a carvão vegetal (19,5 %), painéis de madeira industrializada (7,3 %) e produtores independentes (0,7 %)(ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA ABRAF, 2013).
Dados do Censo Agropecuário de 1995/96 mostraram que os plantios de eucalipto nos principais estados produtores concentravam-se em áreas superiores a um mil hectares, tais como ocorriam em Minas Gerais (83 %), São Paulo (63 %), Espírito Santo (79 %), exceção feita para Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde predominavam em áreas inferiores a 50 hectares (52 % e 46 %, respectivamente).
Os plantios anuais de eucaliptos realizados pelas indústrias associadas à Associação Brasileira de Empresas Florestais-ABRAF cresceram 124 % (em média, 15,5 % a.a.), no período de 2001 a 2008, reduzindo-se drasticamente em 2009, como decorrência da crise econômica mundial de 2008. Em 2010 e 2011, retornaram aos níveis dos programas realizados anteriormente à referida crise, mas declinaram em 2012 (tabela 3). As principais razões da desaceleração do crescimento da área de plantios, de acordo com a ABRAF (2013) foram: (i) as restrições impostas pelo governo brasileiro para a compra de terras por grupos nacionais que possuam composição majoritária de capital estrangeiro; (ii) a reduzida atividade econômica nos países da União Europeia e nos Estados Unidos da América do Norte, países importadores de produtos florestais ou da cadeia de base florestal plantada; (iii) a redução da competitividade no mercado internacional dos produtos da cadeia produtiva brasileira de base florestal; e (iv) a excessiva burocratização e os longos prazos requeridos pelos órgãos ambientais nos processos de licenciamento ambiental de novos projetos florestais e industriais no país.
Tabela 3. Evolução da área anual plantada com eucalipto (em 1.000 hectares), das empresas associadas da ABRAF, no período de 2001 a 2012.
200120022003200420052006200720082009201020112012
179183206230267341356401226351349300
Fontes: Anuário Estatístico da ABRAF (2011, 2012, 2013).

Medidas de curto prazo tomadas pelo Governo Federal, tais como a redução da taxa de juros e do custo da energia e a desoneração tributária podem ter evitado um desempenho ainda mais fraco do setor de florestas plantadas, em 2012, mas, de acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF (2013), o retorno do crescimento da economia brasileira ainda depende de medidas estruturais que promovam a redução dos custos de produção e incentivem o investimento, além do crescimento via consumo interno e políticas anticíclicas, aumentando a produtividade necessária à retomada da competitividade dos produtos nacionais e, consequentemente, da expansão econômica.
Apesar das atuais condições estruturais brasileiras e da economia internacional, a conjuntura atual ainda proporciona oportunidades ao país para consolidar-se como uma das principais potências da indústria mundial de base florestal. Para tanto, as instituições privadas devem articular-se para garantir a remoção de barreiras institucionais ao desenvolvimento do setor, priorizando a melhoria dos processos industriais e silviculturais,  além de investir na inovação tecnológica.



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