quinta-feira, 26 de abril de 2018

Variedades de Eucalipto Indicadas para plantio e clones


O eucalipto, na fase de desenvolvimento inicial, é altamente sujeito a danos por baixas temperaturas, notadamente de geadas de forte intensidade. Essa característica permite diferenciar as espécies cultivadas quanto à aptidão climática em regiões tropicais e subtropicais. Poucos ou inexistentes eventos de temperaturas negativas aliadas a maior fertilidade natural dos solos e a melhor distribuição das chuvas anuais fazem da região Sudeste a preferida para os plantios comerciais. Nessa região, concentra-se 66% da área plantada de eucalipto no País (ABRAF, 2009) na qual predominam plantios com mudas clonais (95% da área) obtidas de clones de E. urograndis.
Seguindo a mesma tendência no uso de mudas clonais, verifica-se a expansão dos plantios no Centro-Oeste, Norte, Nordeste e mesmo na região Sul. Nessa última, nas áreas situadas em altitudes mais elevadas, localizam-se plantios a partir de mudas formadas por sementes das espécies que apresentam dificuldades para clonagem. Além desses, na tomada de decisão para a formação de mudas e/ou para a aquisição no mercado, inúmeros fatores devem ser observados tanto na propriedade como na vizinhança.
Na propriedade, devem ser consideradas como fundamentais as características dos solos quanto à composição física (teores de argila-areia), ao equilíbrio de nutrientes e ao histórico do uso, como indicador de degradação e compactação. Portanto, não é nada fácil a escolha de espécies e muito menos a de clones. Ressalta-se que o uso de clones nas empresas de base florestal resulta de investimentos em pesquisa e em plantios-piloto em áreas com solos cujas características físicas e químicas foram mapeadas e agrupadas para serem exploradas sob uma mesma forma de manejo.
Assim, como exemplo, um mesmo clone pode produzir maior teor de lignina, característica essa desfavorável ao processo de produção de celulose-papel, em solos arenosos devido à menor retenção de umidade no solo. No caso da produção ser destinada para fins energéticos (lenha, carvão) em plantios manejados para regeneração da floresta após o corte, deve ser observada a capacidade de rebrota das espécies e dos clones.
Fora da propriedade rural, recomenda-se recorrer a consultores antes da aquisição de mudas clonais e/ou por sementes, bem como observar o desenvolvimento de plantios em condições assemelhadas de solos e clima. Outros indicadores, como o uso da madeira, a logística local e a proximidade do mercado consumidor devem ser observados.
As espécies indicadas para áreas sujeitas a geadas de forte intensidade são E. benthamii (comprovadamente resistente) e E. dunnii (resistência parcial) (Tabela 1). Para áreas situadas em regiões acima do paralelo 24º Sul, de clima predominantemente tropical, as mais indicadas são E. grandisE. urophyllaE. saligna, e E. cloeziana para plantios com mudas formadas a partir de sementes de pomares e áreas de produção de sementes.
Tabela 1. Indicação de espécies de acordo com as condições do ambiente e finalidade de uso.
Localização da Propriedade Agrícola
Uso da Madeira
Eucalipto Indicado
Comportamento da Espécie
Em regiões sujeitas a geadas severas e frequentes
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal) e serraria
E. dunnii
Apresenta rápido crescimento e boa forma das árvores, com dificuldades na produção de sementes.
Em regiões sujeitas a geadas severas e frequentes
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal)
E. benthamii
Boa forma do fuste, intensa rebrota, fácil produção de sementes. Requer volume alto de precipitação pluviométrica anual.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal), celulose de fibra curta, construção civil e serraria
E. grandis
Maior crescimento e rendimento volumétrico das espécies. Aumenta a qualidade da madeira com a duração do ciclo.
Em regiões livres de geadas severas
Uso geral
E. urophylla
Crescimento menor que E. grandis, boa regeneração por brotação das cepas.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos, laminação, móveis, estruturas, caixotaria, postes, escoras, mourões, celulose
E. saligna
Madeira mais densa quando comparada aoE. grandis; menos suscetível à deficiência de boro.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos, serraria, postes, dormentes mourões estruturas, construção civil
E. camaldulensis
Árvores mais tortuosas; recomendada para regiões com deficiência hídrica anual elevada.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos, serraria, postes, dormentes, mourões, estruturas, construção civil
E. tereticornis
Tolerante à deficiências hídricas, boa regeneração por brotação das cepas.
Em regiões livres de geadas severas
Serraria, laminação, marcenaria, dormentes, postes, mourões
Corymbia maculata
(ex - E. maculata)
Apresenta crescimento inicial lento. Indicada para regiões com elevada deficiência hídrica.
Em regiões livres de geadas severas
Fins energéticos (fonte de energia ou carvão vegetal), construção civil, uso rural e sistemas agrossilvopastoris
E. cloeziana
Excelente forma do fuste, durabilidade natural, alta resistência a insetos e fungos.
Fonte: Paludzyszyn Filho, E.
Plantios de mudas formadas por sementes híbridas das espécies, E. grandis E. urophylla, podem ser realizados nas regiões tropicais, observando-se as informações de pesquisa e os testes locais. Para plantios de mudas clonais, recomendam-se testes prévios para a observação do crescimento e definição do uso da matéria-prima, além da garantia do fornecedor de mudas, quanto à aptidão para as condições locais.
Qual a espécie de eucalipto mais plantada no Brasil?

É o Eucalyptus grandis. A maior área de plantio com esta espécie e seus híbridos está no Brasil e em outros países da América Central e do Sul. Tem sido extensivamente plantado na Índia, África do sul, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, Uganda e Ceilão. Pequenas áreas também têm sido plantadas nos Estados Unidos (Califórnia, Flórida e Havaí).


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