sábado, 17 de dezembro de 2016

Mecanização no Amendoim

Equipamentos para a colheita mecanizada do amendoim

Como o amendoim forma suas vagens abaixo da superfície do solo, a colheita necessita de um maior número de operações quando comparadas as demais grandes culturas em que geralmente é feita uma única operação. No Brasil a colheita totalmente mecanizada é utilizada apenas nas lavouras do Estado de São Paulo, onde os produtores são mais tecnificados. Nos estados produtores do Nordeste, a maior parte do amendoim produzido é proveniente de pequenos produtores com pouco uso da mecanização, principalmente na colheita.
Arranquio, enleiramento, cura e recolhimento das vagens feitos manualmente ou de forma semimecanizada
Os pequenos produtores, na maioria das situações, fazem o arranquio e despencamento manuais. Entretanto, atualmente existem alguns equipamentos disponíveis para auxiliar os pequenos produtores no arranquio. A Embrapa Algodão avaliou diversas enxadas acopladas a um implemento à tração animal, com a finalidade de auxiliar no arranquio do amendoim (SILVA et al., 1999a). O implemento consiste em uma armação de um pequeno arado, o qual se acopla uma enxada do tipo facão ou aiveca, para efetuar o arranquio do amendoim. Este equipamento reduz a mão de obra necessária para o arranquio de 12 dias/homem para 2 dias/homem. Em estudo feito por Silva et al. (1999a) com vários tipos de enxadas, verificaram que o arrancador com enxada tipo facão e asa de andorinha foram os que demandaram menor força, potência e energia para a operação de afofamento da terra, para o arranquio das plantas de amendoim e consequentemente demandaram menores custos. O arrancador com a enxada do tipo facão foi o único tratamento que não alterou a configuração das fileiras de plantas de amendoim.
Assim, o arranquio do amendoim feito pelos pequenos produtores pode ser feito de forma totalmente manual ou com o auxílio de um equipamento dotado de uma lâmina à tração animal ou mecânica, a qual tem a finalidade de cortar as raízes previamente ao arranquio, fazendo também um afrouxamento do solo, o que proporciona redução das perdas (GODOY et al., 1984). Alguns produtores têm utilizado um implemento tracionado por trator, que possui duas lâminas cortantes em forma de V aberto que cortam quatro linhas por vez.
Após o arranquio é feito o enleiramento manual, amontoando as plantas em fileiras com as vagens para cima, de maneira a favorecer o processo de cura ou secagem em condições de campo. Após o processo de cura e secagem, faz-se a retirada das vagens ou despencamento, o qual pode ser efetuado manualmente batendo-se um feixe de amendoim seco contra a borda de um balaio de bambu ou com auxílio de trilhadeiras estacionárias. Em seguida, as vagens do amendoim são peneiradas, ensacadas e, conforme o grau de umidade, continuam a secar em terreiro.
Arranquio, enleiramento, cura e recolhimento das vagens mecanizados
Atualmente, os produtores mais tecnificados vêm utilizando a colheita mecanizada em todas as etapas do processo de colheita, o que tem ocasionado redução da necessidade de mão de obra, diminuindo significativamente o custo de produção, além de aumentar significativamente o rendimento operacional e proporcionar melhora na qualidade do produto, uma vez que a operação é mais rápida, reduzindo o tempo que o produto fica exposto às intempéries do clima no campo. Na colheita mecanizada, a operação de colheita do amendoim inicia-se com o arranquio e enleiramento, passando pelo processo de cura em condições de campo e finalizando com o recolhimento das vagens.
Para o arranquio e enleiramento são utilizados os equipamentos denominados de arrancadores-invertedores, que fazem as duas operações simultaneamente (Figura 1). Este equipamento possui lâminas cortadoras em forma de “V”, onde atrás de cada lâmina existem diversas hastes. Em seguida às hastes, a máquina apresenta uma esteira elevadora das plantas acionada pela tomada de potência do trator (TDP). O arranquio ocorre com as lâminas cortadoras penetrando no solo a uma profundidade de aproximadamente 5 cm abaixo das vagens da planta com a finalidade de cortar as raízes e proporcionar o afofamento do solo ao redor das vagens. As hastes contidas na parte posterior das lâminas conduzem as plantas com as vagens e o solo para a esteira elevadora que, dotada de movimento, separa o solo das plantas. Estas são conduzidas até a parte superior da esteira e caem sobre um dispositivo que realiza o enleiramento das plantas na superfície do solo, deixando as plantas voltadas para cima (SILVA et al., 2009).
Foto: Raimundo Estrela Sobrinho
Figura 1. Representação esquemática de um arrancador-enleirador de amendoim.
Após a secagem ao sol ou cura, é feito o recolhimento e despencamento das vagens mecanizado (Figura 2). O equipamento utilizado com esta finalidade é acoplado na barra de tração do trator e acionado pela tomada de potência. Na parte dianteira existe uma plataforma recolhedora que recolhe as plantas enleiradas do solo por meio de dedos com molas e as conduz a uma esteira elevadora, a qual por sua vez, conduz as plantas para o mecanismo de batimento ou despencamento constituído pelo cilindro batedor e pelo côncavo (SILVA et al., 2009). O cilindro batedor trabalha a baixas rotações, normalmente de 400 rpm a 600 rpm, e o côncavo é constituído de uma tela perfurada em formato de um losango onde ocorre a separação das vagens das demais partes da planta. Após a separação, as vagens passam por um sistema de limpeza composto por peneiras vibratórias e ar, de maneira semelhante às colhedoras de grãos e cereais, sendo que, em seguida, as vagens são conduzidas a uma caçamba graneleira própria onde são armazenadas ou podem ser ensacadas com auxílio de um operador. Atualmente, a maioria dos equipamentos de recolhimento possui uma caçamba basculante para armazenamento do amendoim em vagem e para o esvaziamento da mesma; cilindros hidráulicos externos acionados pelo trator levantam a caçamba e fazem o descarregamento nos veículos utilizados no transporte.
Fotos: Odilon R.R.F. Silva
Figura 2. Equipamentos utilizados no recolhimento e despencamento do amendoim em sistema totalmente mecanizado.
Quando a colheita mecanizada é feita com recolhedoras que fazem o armazenamento das vagens de amendoim a granel, a produção é transportada por meio de carretas graneleiras ou transbordos tracionados por trator. Por sua vez, quando a recolhedora utilizada faz o ensaque, o amendoim em vagem ensacado fica distribuído no campo, e se utilizam carregadeiras usadas para colheita de cana-de-açúcar para o carregamento dos sacos em caminhões que transportam do campo até as unidades de recebimento ou armazenamento (BOLONHEZI et al., 2005).
Quando o processo de “cura” ou secagem natural no campo não é suficiente para que as vagens atinjam a umidade adequada de armazenamento, é necessária a secagem artificial. Dessa forma, o amendoim em vagem é recebido na unidade de armazenamento, onde é feita a pré-limpeza com a finalidade de eliminação de resíduos mais grosseiros, como terra, pedras e pedaços de plantas, e o mesmo é destinado à secagem artificial. A secagem normalmente é feita em “carretas secadoras”, as quais apresentam um fundo falso perfurado, para insuflação de ar previamente aquecido. O aquecimento do ar de secagem proporciona a redução da umidade relativa e, por isso, ao atravessar a massa de vagens na carreta, ocorre a secagem das vagens.
Máquinas para descascamento do amendoim
O descascamento do amendoim pode ser feito manualmente ou com equipamentos de acionamento manual ou totalmente mecanizado. O descascamento manual é extremamente demorado, requerendo elevada quantidade de mão de obra. Assim, as formas predominantes de descascamento utilizadas pelos pequenos produtores são por meio de pequenas máquinas de acionamento manual ou motorizado, e os grandes produtores utilizam máquinas de grande porte motorizadas.
A Embrapa Algodão desenvolveu alguns equipamentos visando a aumentar a capacidade de trabalho do pequeno produtor rural e reduzir os custos, principalmente da operação de descascamento do amendoim (SILVA et al., 1999b). O equipamento de descascamento possui um chassi feito com cantoneiras de ferro para sustentação do mecanismo descascador, o qual é composto de um côncavo, confeccionado com barras chatas e redondas de ferro, que formam uma tela curva e um semicilindro formado por barras chatas de ferro dotadas de fileiras de grampo galvanizado de cerca, com a função de promover a quebra das vagens, sendo este acionado por uma alavanca manual (Figura3). O descascamento ocorre pela fricção das vagens no côncavo, provocada pelo movimento alternado semicircular do semicilindro, induzindo à quebra das cascas das vagens, e estas, juntamente com as sementes, fluem através das malhas do côncavo, caindo sobre uma lona de pano ou de plástico. A alimentação é feita por um operador, que coloca as vagens de forma contínua e uniforme, em uma espécie de moega, que é continuação do côncavo. Por se tratar de um equipamento simples, o mesmo não dispõe de dispositivo de separação da casca das sementes, necessitando, assim, que esta operação seja feita de forma manual, com o auxílio de uma peneira e do vento para a abanação e, consequentemente, da limpeza dos grãos. Em testes de avaliação, o equipamento apresentou capacidade operacional média de 83 a 113 kg/hora de trabalho efetivo, com eficiência de descascamento entre 95% a 96% e quebra das sementes abaixo de 6%, dependendo das condições de umidade das vagens do amendoim.
A partir do equipamento de acionamento manual, a Embrapa Algodão também desenvolveu um equipamento com o mesmo princípio de funcionamento com acionamento motorizado. Entretanto, o equipamento com acionamento motorizado possui um sistema de separação das cascas dos grãos, o qual é feito por meio de um ventilador exaustor que succiona o ar na parte de baixo do côncavo, e, como as cascas são mais leves que os grãos, succiona as mesmas e ocorre a remoção.
Foto: Odilon R.R.F. Silva
Figura 3. Equipamento de descascamento do amendoim de acionamento manual.
As máquinas de grande porte utilizadas em unidades de beneficiamento são constituídas basicamente por dois sistemas, sendo um de descascamento ou batimento e outro de separação e limpeza (Figura 4A). O sistema de descascamento é constituído de um cilindro batedor de barras e um côncavo em forma de peneira (Figura 4B). A ação do cilindro sobre as vagens quebra as mesmas e faz com que tanto as sementes como os fragmentos de vagens (cascas) atravessem a peneira do côncavo. Em seguida, as cascas são separadas das sementes por meio da força do ar produzido por um ventilador. As sementes por apresentarem peso maior que as cascas não são carregadas pelo ar e são conduzidas para outro mecanismo de separação e limpeza ou então ensacadas.
Foto: Valdinei Sofiatti
Figura 4. Equipamento utilizado no descascamento do amendoim (A) e mecanismo de descascamento do equipamento constituído por cilindro e côncavo (B).







terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Manejo de plantas daninhas na Cultura do Amendoim


Manejo de plantas daninhas

O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do amendoim deve visar não somente a maior produtividade da cultura, mas também a conservação do solo e a preservação do seu potencial produtivo. Nem sempre a eliminação total das plantas daninhas significa o lucro máximo, pois o investimento requerido para altos percentuais de controle pode trazer menor retorno. Por isso, deve-se analisar caso por caso a relação custo de controle versus benefício. Além disso, a presença de plantas daninhas no momento da colheita dificulta o arranquio e inversão das plantas, a secagem/cura do amendoim no campo, o que pode ocasionar a contaminação por aflatoxinas. Os principais métodos de controle de plantas daninhas são descritos a seguir.

Controle cultural

Respeitadas as exigências culturais de cada cultivar, recomenda-se buscar o mais rápido fechamento das entrelinhas, para possibilitar maior sombreamento do solo reduzindo o crescimento das plantas daninhas. A rotação de culturas também deve ser uma prática adotada, pois além de suas múltiplas vantagens, impede a seleção natural de certas espécies de plantas daninhas, que são controladas pela aplicação de herbicidas nas culturas de rotação. Vale ressaltar que o controle cultural apenas reduz a incidência de plantas daninhas e deve ser utilizado juntamente com outros métodos de controle para que a produtividade da cultura não seja prejudicada.

Controle mecânico

O controle mecânico das plantas daninhas pode ser feito com uso de enxada ou cultivador à tração animal ou mecânica na entrelinha da cultura. Quando se utiliza o cultivador na entrelinha da cultura, normalmente é necessário o retoque com enxada para eliminação das plantas daninhas dentro das linhas de plantio. Quando se utiliza o cultivador mecânico, usam-se preferencialmente ponteiros do tipo “asa-de-andorinha”, pois, esse modelo apresenta a vantagem de efetuar uma capina superficial, sem remover grande quantidade de solo, e sem formar sulcos profundos nas entrelinhas, evitando-se danos ao sistema radicular da cultura. Para que não ocorra redução na produtividade da cultura, é necessário mantê-la sem a interferência das plantas daninhas no período compreendido entre 10 e 60 dias após a emergência, dependendo da cultivar e das espécies infestantes.

Controle químico

Atualmente o controle químico das plantas daninhas é o método mais utilizado principalmente entre os médios e grandes produtores. Quando empregados corretamente, respondem com eficiência e segurança aos objetivos visados. Caso contrário, poderão causar sérios prejuízos não somente à cultura, como também ao homem e ao meio ambiente. Para se obter máxima eficiência com o controle químico de plantas daninhas, é fundamental que o equipamento de aplicação esteja em perfeitas condições de uso, sem vazamentos, com bicos apresentando vazão uniforme, além de estar adequadamente regulado e calibrado.
Os herbicidas utilizados na cultura do amendoim podem ser aplicados nas modalidades de aplicação descritas abaixo.
OBS: Para o uso de Herbicidas, devem procurar o Agrônomo da região.

Herbicida de pré-plantio incorporado (PPI)
Os herbicidas de pré-plantio incorporado são aplicados antes da semeadura do amendoim, pois são produtos que, por suas características físico-químicas, necessitam ser incorporados mecanicamente ao solo, evitando-se, com isso, redução em sua eficiência agronômica. A incorporação deverá ser realizada logo após a aplicação, usando-se grade niveladora de discos, regulada para trabalhar numa profundidade de 10 cm a 15 cm.
Herbicidas de pré-emergência (PRÉ)
Os herbicidas de pré-emergência são aqueles aplicados após a semeadura do amendoim. Por ocasião da aplicação, o solo deve apresentar-se com umidade e destorroado, para que ocorra uma perfeita distribuição do herbicida na sua superfície. Para proporcionar um controle eficiente das plantas daninhas com herbicidas residuais de solo que não apresentam atividade em pós-emergência, recomenda-se efetuar a semeadura, seguida da aplicação dos produtos, imediatamente após a última gradagem, evitando a emergência das plantas daninhas antes da aplicação do herbicida.
Herbicidas de pós-emergência (PÓS)
Uma característica importante desses herbicidas é a sua seletividade à cultura, pois a aplicação é realizada após a emergência das plantas daninhas e da cultura. Para obtenção de melhores resultados, é necessária a observação de alguns fatores importantes, tais como as condições climáticas por ocasião da aplicação e o estágio de desenvolvimento das plantas daninhas.
Em condições de estresse biológico das plantas daninhas, deve-se evitar a aplicação de herbicidas de pós-emergência, pelo fato das mesmas não se encontrarem em plena atividade fisiológica e, assim, a atuação do herbicida pode ficar prejudicada. Os estágios iniciais de desenvolvimento das plantas daninhas (entre duas e quatro folhas) são os mais susceptíveis à ação dos herbicidas de pós-emergência e, portanto, devem ser as épocas preferenciais de aplicação (Figura 1).
Foto: Taís de Moraes Falleiro Suassuna
Figura 1. Controle de plantas daninhas com herbicida pós-emergente, em lavoura de amendoim. Mogeiro, PB., 2008.
Manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas
O uso continuado de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação pode contribuir para o aumento de população de plantas daninhas a ele resistentes. Como prática de manejo e resistência de plantas daninhas, deverão ser aplicados herbicidas com diferentes mecanismos de ação, devidamente registrados para a cultura. Não havendo produtos alternativos, recomenda-se a rotação de culturas que possibilite o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação.





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