As plantas daninhas podem reduzir consideravelmente a produtividade da cultura da alfafa, competindo por água, luz, nutrientes, além de reduzirem a qualidade da forragem e das sementes (PETERS e PETERS, 1992). O período crítico de competição estende-se dos 15 aos 50 dias após a emergência da alfafa (SILVA et al., 2004). Ou seja, esse período corresponde à fase em que as práticas de controle devem ser efetivamente adotadas. Assim, a comunidade infestante que se instalar após esse período não mais terá condições de interferir, de maneira significativa, sobre a produtividade da cultura da alfafa. Entretanto, para se estabelecerem métodos adequados de controle é importante que sejam feitos levantamentos das plantas daninhas presentes na área, pois um mesmo método de controle não apresenta eficácia em controlar todas as espécies existentes no local.
As principais plantas daninhas que infestam a cultura da alfafa, conforme listadas na Figura 1, são: cabelo-de-anjo (Cuscuta spp.), serralha (Sonchus oleraceus), nabiça (Raphanus raphanistrum), guanxuma (Sida rhombifolia), carrapicho-rasteiro (Acanthospermum australe), carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum), mentrasto (Ageratum conyzoides), caruru (Amaranthus spp.), picão-preto (Bidens spp.), capim-braquiária (Brachiaria decumbens), marmelada (Brachiaria plantaginea), capim-colchão (Digitaria spp.), tiririca (Cyperus spp.), grama-bermuda (Cynodon dactylon), trapoeraba (Commelina benghalensis), erva-de-Santa Luiza (Chamaesyce hirta), capimamargoso (Digitaria insularis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), falsaserralha (Emilia sonchifolia), leiteiro (Euphorbia heterophylla), botão-de-ouro (Galinsoga spp.), corda-de-viola (Ipomoea purpurea), joá-de-capote (Nicandra physaloides), mentruz (Lepidium virnicum), poaia-branca (Richardia brasiliensis), beldroega (Portulaca oleracea), pata-de-cavalo (Centella asiatica), agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), erva-detouro (Tridax procumbens), roseta (Soliva pterosperma) e fedegoso (Senna obtusifolia) (BRIGHENTI e CASTRO, 2008).
Dentre as alternativas para o controle eficiente das plantas daninhas em alfafa está o controle químico com herbicidas. Suas principais vantagens são a rapidez na aplicação, a economia de recursos humanos e a eficácia do controle das espécies infestantes. Em contrapartida, esse método exige técnica apurada, acompanhamento de um engenheiro agrônomo, pessoal capacitado e bem treinado, além dos cuidados com a saúde do aplicador e com o meio ambiente. Deve-se tomar cuidado com a frequência e dosagens de aplicação de herbicidas, por afetarem a velocidade de rebrota e a persistência do alfafal.
O número de herbicidas registrados no Brasil para a alfafa é muito limitado. Apenas o diuron é registrado para essa cultura no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esse herbicida é utilizado em alfafais com mais de um ano, em cobertura total, logo após o corte e antes do surgimento de nova brotação nas doses de 1,2 a 2,0 kg i.a./ha (RODRIGUES e ALMEIDA, 1998).
Serão descritos, a seguir, alguns herbicidas utilizados em alfafa em outros países do mundo e que apresentam boa seletividade para a cultura.
Para o controle de espécies daninhas, principalmente as de folhas largas (dicotiledôneas) há o imazethapyr, o imazamox e o paraquat. E para o controle de espécies daninhas de folhas estreitas (gramíneas) há o trifluralin, o fluazifoppbutyl e o clethodim. Entretanto, vale salientar que, como ainda não há registro desses herbicidas no MAPA, não podem ser recomendados para o cultivo da alfafa no Brasil.
No caso do imazethapyr, este herbicida é aplicado em pós-emergência precoce, até quatro folhas das plantas daninhas de folhas largas. Preferencialmente, se aplica esse produto na dose de 100 g i.a./ha quando as plantas da alfafa se encontram com a terceira folha trifoliolada (MELLO et al., 2000; SILVA et al., 2002; SILVA et al., 2004).
Fotos: Alexandre Brighenti
Figura 1. Principais plantas daninhas da cultura da alfafa.
O imazamox é aplicado em condições de pós-emergência da cultura da alfafa e controla espécies daninhas de folhas largas na dose de 28 g i.a./ha (SILVA et al., 2004; MESBAH e MILLER, 2005). É aconselhável sua aplicação 25 dias após a emergência da alfafa, a fim de evitar injúrias mais acentuadas quando da aplicação em estádios iniciais do ciclo da cultura.
O paraquat é um herbicida de contato utilizado em aplicação em pós-emergência das plantas daninhas de folhas largas e de folhas estreitas. É aplicado logo após o corte da alfafa, pois como a coroa fica abaixo do nível do solo, ela não recebe o herbicida, ficando protegida. A dose de Paraquat normalmente aplicada é de 300 g i.a./ha mais o adjuvante não iônico na dosagem de 0,2% v/v (RAINERO et al., 1995). Não é aconselhado aplicá-lo após a rebrota das plantas de alfafa, pois os sintomas de intoxicação são muito acentuados e, em aplicações excessivas, podem afetar a velocidade de rebrota e a persistência do alfafal (Figura 2).
O trifluralin controla espécies daninhas na sua maioria gramíneas, embora também seja eficaz no controle de algumas folhas largas. Em pré-semeadura incorporada, as concentrações são 445 e 600 g i.a./L. Nessa modalidade de aplicação, o solo deve estar bem preparado, preferencialmente seco ou com baixa umidade, livre de torrões, para facilitar a mistura do produto, evitando as perdas, principalmente por volatilização (RODRIGUES e ALMEIDA, 1998). A incorporação é feita por meio de duas passadas de grade niveladora. Em pré-emergência, o trifluralin é aplicado na formulação 600 g i.a./L, logo após a semeadura da alfafa. Nessas condições, o solo deve estar bem preparado, livre de torrões, restos de cultura e em boas condições de umidade. Aplicado em solo seco, há necessidade de chuvas ou irrigação num prazo de cinco dias, caso contrário a eficácia do produto é reduzida. As doses recomendadas são 0,9 a 1,2 kg i.a./ha em pré-semeadura incorporado e 1,8 a 2,4 kg i.a./ha em préemergência (RODRIGUES e ALMEIDA, 1998).
O fluazifop-p-butyl controla espécies daninhas de folhas estreitas nas dosagens de 125 a 187 g i.a./ha (MELLO et al., 2000; SILVA et al., 2004). É aplicado de preferência quando as plantas daninhas encontram-se nos estádios iniciais de crescimento.
O clethodim também é aplicado em pós-emergência para o controle de plantas daninhas gramíneas na dosagem 100 g i.a./ha mais 0,5% v/v de óleo mineral (RAINERO et al., 1995; MELLO et al., 2000).
Quando se opta por um manejo correto de plantas daninhas, é imperativa a orientação de um engenheiro agrônomo. Além disso, o fato de existir apenas um herbicida registrado para a alfafa junto ao MAPA limita de forma considerável as ações técnicas. Nesse caso, o uso de práticas culturais que auxiliem na supressão de plantas daninhas deve ser considerado, pois aumenta o potencial competitivo da cultura. A densidade de semeadura correta da alfafa, as adubações e os tratos culturais recomendados proporcionam condições favoráveis à cultura da alfafa frente à competição exercida pelas plantas daninhas (BRIGHENTI e CASTRO, 2008).
Foto: Reinaldo de Paula Ferreira
Figura 2. Área de alfafa onde se aplicou o paraquat.
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