sexta-feira, 1 de junho de 2018

Doenças da Eucalipto



O eucalipto é atacado por vários patógenos, principalmente fungos, desde a fase de viveiro até os plantios adultos. Esses problemas são observados nas plantações, ocorrendo nos mais variados locais, espécies e épocas do ano.
As doenças do eucalipto são: tombamento de mudas; mofo cinzento; oídio; podridão da raiz; podridão de estacas; cancro do eucalipto; ferrugem; manchas foliares; seca de ponteiros.
As estratégias de controle de doenças em eucalipto podem ser agrupadas em quatro categorias: tratos culturais, químicos, físicos e biológicos. Além destas, existe a seleção de espécies resistentes contra os patógenos e condições edafoclimáticas adversas.

Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.

Introdução

O eucalipto pode ser atacado por vários patógenos, principalmente os fungos, desde a fase de viveiro até de plantio adulto.
As principais doenças são:
Tombamento de mudas
Sintomas e sinais
Lesão necrótica na região do colo da plântula que progride para a murcha, encurvamento e secamento dos cotilédones e posterior morte. Em geral, o tombamento de plântulas ocorre em reboleira.
Causas
A doença decorre do ataque dos fungos dos gêneros Botrytis, Cylindrocladium, Fusarium e Rhizoctonia nas fases de germinação, emergência e pós-emergência, destruindo as plântulas. Os fungos podem ser veiculados em sementes infestadas, substratos e água de irrigação contaminados. As condições de alta umidade no viveiro favorecem ao ataque e disseminação dos patógenos.
Controle
Para o controle desta doença, as seguintes medidas devem ser adotadas:
  1. usar sementes e água de irrigação livres de patógenos;
  2. usar substratos comerciais com boa drenagem;
  3. semear diretamente em tubetes suspensos;
  4. evitar sombreamento excessivo das mudas;
  5. ralear as plântulas o mais cedo possível;
  6. selecionar as mudas para descarte das doentes e mortas;
  7. retirar tubetes sem mudas;
  8. aplicar adubação equilibrada nas mudas;
  9. irrigar de forma a evitar a falta ou excesso de umidade.
Podridão de raízes em mudas
Sintomas e sinais
Os sintomas se caracterizam pelo amarelecimento das folhas, a seca do terço superior do caule e o escurecimento das raízes. Atacam mudas estressadas, por exemplo, quando submetidas ao excesso de umidade no substrato.
Causas
A doença decorre do ataque de fungos dos gêneros Fusarium e de Phytophthora, destruindo as raízes. Os patógenos podem ser veiculados em sementes infestadas, substratos e água de irrigação contaminados.
Controle
As medidas empregadas para o controle do tombamento de mudas também são eficientes para o controle da podridão de raízes.
Podridão de estacas
Sintomas e sinais
Podridão que ocorre em estacas de eucalipto, durante a produção de mudas por estaquia. O patógeno causa o apodrecimento das estacas e miniestacas.
Causas
Essa doença é causada por vários fungos, destacando-se Botrytis, Colletotrichum, Cylindrocladium, Fusarium e Rhizoctonia. Condições inadequadas de higiene e de manejo das estufas, temperatura e umidade elevadas são condições favoráveis à podridão de estacas.
Controle
Efetuar a limpeza e desinfestação das estacas e das estufas com jato de água e produtos à base de cloro.
Mofo-cinzento
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pela morte de plântulas e mudas, além de causar podridão de estacas. Sobre as partes lesionadas ocorre a formação de um mofo acinzentado.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Botrytis cinerea. O patógeno pode penetrar diretamente ou por ferimentos e injúrias causadas por geadas.
Controle
Para o controle dessa doença, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas. Recomenda-se, também, o uso de sombrite ou telado para proteção das mudas muito jovens em épocas de geadas.
Manchas foliares bacterianas
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por manchas foliares de aspecto úmido e translúcido e que se transformam em manchas com lesões necróticas e ressecadas. Como consequência, ocorre intensa desfolha em mudas e em árvores atacadas.
Causas
Essa doença é causada pelas bactérias dos gêneros Pseudomonas e Xanthomonas.
Controle
Para o controle dessa doença em mudas, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas.
Oídio
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pelo recobrimento de um mofo esbranquiçado, pulverulento, sobre a face superior de folhas jovens e brotações em mudas de eucalipto. O ataque do patógeno causa a deformação dos tecidos afetados, ressecamento e queda de folhas.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Oidium eucalypti. O oídio é comum em mudas e minicepas em viveiro, em minijardim onde haja pouco ou nenhum molhamento foliar.
Controle
Garantir um bom molhamento das mudas para dificultar a disseminação e infecção. A aplicação de leite cru (5% a 10%) e de fungicidas promovem um bom controle.
Mancha foliar por Cylindrocladium
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por manchas foliares circulares e de coloração vermelho-arroxeada sobre as folhas. Como consequência, ocorre intensa desfolha em mudas e em árvores atacadas. O patógeno pode causar também lesões necróticas em ramos.
Causas
Essa doença é causada por várias espécies de Cylindrocladium. Este fungo pode causar também um sintoma de canela-preta, que são lesões escuras na base da muda.
Controle
Para o controle dessa doença em mudas, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas. Recomenda-se, em especial, a retirada de folhas e mudas mortas pelo patógeno e, em casos extremos, a aplicação de fungicidas no viveiro. No caso do controle da doença no campo, recomenda-se o plantio de espécies/clones resistentes.

Ferrugem

Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pelo recobrimento de esporos de coloração amarelada, de forma pulverulenta, sobre brotações e folhas jovens de eucalipto. O patógeno coloniza os tecidos produzindo essa esporulação, causando deformação dos tecidos, necrose, hipertrofia e verrugoses em mudas e árvores jovens. Essa doença também é encontrada em outras plantas da mesma família do eucalipto como a goiabeira, pitanga, jabuticabeira, entre outras.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Puccinia psidii. Condições climáticas com temperaturas entre 18 ºC a 25 ºC e umidade relativa alta (acima de 80%) são as mais favoráveis à ocorrência da doença.
Controle
Se possível, utilizar material resistente ao patógeno. No caso de viveiros, aplicar fungicidas em casos extremos.
Cancro
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pelo secamento da copa e morte de árvores jovens em consequência do estrangulamento da base da árvore. O primeiro sintoma é o fendilhamento da casca e seu intumescimento. Outros sintomas visíveis são a formação de cancro no tronco, com depressão e rompimento da casca em fitas e a exsudação de quino.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Cryphonectria cubensis.
Controle
Uso de germoplasmas resistentes (espécies, procedências, híbridos e clones).
Murcha bacteriana por Ralstonia
Sintomas e sinais
A doença se inicia por um avermelhamento ou amarelecimento da copa em árvores com idade entre quatro e oito meses. Posteriormente, desenvolve-se a murcha da folhagem, a queda parcial de folhas e o secamento da copa. Ao cortar-se a planta, pode ser obervada a exsudação de pus bacteriano no caule.
Causas
Essa doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum.
Controle
Como medida de controle, recomenda-se evitar: o plantio de mudas passadas, o dobramento e a compactação da extremidade das raízes no plantio e o preparo de solo para plantio que favoreça o afogamento do coleto. Uso de espécies ou procedências resistentes é outra medida recomendada.
Murcha por Ceratocystis
Sintomas e sinais
A doença se inicia por um amarelecimento e murcha da copa em árvores jovens. Posteriormente, desenvolve-se a queda parcial de folhas e o secamento da copa. Ao se cortar a planta, pode ser observada a descoloração do lenho do caule, de forma radial a partir da medula. Essa doença também pode ser encontrada em mangueira, cacaueiro, figueira, guapuruvu, entre outras espécies florestais.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata. Ferimentos, temperatura e umidade elevadas são condições favoráveis à doença.
Controle
O uso de espécies ou procedências resistentes é uma medida recomendada.
Rubelose do eucalipto
Sintomas e sinais
A doença se inicia com lesões e sinais em galhos e na haste principal de árvores com idade entre dois a cinco anos, causam anelamento e cancros, com posterior morte de galhos e hastes. Sobre as lesões, forma-se um crescimento fúngico de coloração rosa-salmão que dá nome à doença.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Erytricium salmonicolor.
Controle
Uso de germoplasmas resistentes (espécies, procedências, híbridos e clones).
Mancha foliar por Mycosphaerella
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por manchas foliares circulares, anelares ou irregulares, de coloração variando de palha a marrom-clara e marrom-escura sobre as folhas. Essas lesões podem se reunir tomando toda a folha e induzindo à desfolha em mudas e árvores atacadas. A doença ataca geralmente as folhas em fase juvenil.
Causas
Essa doença é causada por várias espécies de Mycosphaerella. Condições climáticas de altas temperaturas e umidade relativa são favoráveis à ocorrência da doença.
Controle
Para o controle dessa doença em mudas, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas. Recomenda-se, em especial, a retirada de folhas e de mudas mortas pelo patógeno e, em casos extremos, a aplicação de fungicidas no viveiro. No caso do controle da doença no campo, recomenda-se o plantio de espécies/ clones resistentes.
Podridão do cerne de árvores vivas
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por uma podridão interna de coloração esbranquiçada ou parda que ocorre mais pronunciadamente na região medular. Externamente, a árvore não apresenta sintomas que auxiliem uma diagnose mais apurada.
Causas
Essa podridão é causada por vários grupos de fungos decompositores de madeira.
Controle
O uso de germoplasmas resistentes (espécies, procedências, híbridos e clones) é uma medida recomendada.
Existem, também, problemas de ordem fisiológica ou origem abiótica como a:
Mortalidade de árvores jovens no campo
Sintomas e sinais
O sintoma se inicia com o amarelecimento da planta, seguido pelo murchamento nas horas mais quentes do dia. Na base da árvore, pode ser observado um intumescimento ou depressão na casca, com surgimento de necrose da casca, na linha do solo. As plantas apresentam-se pouco desenvolvidas e os sintomas terminam com a morte da árvore.
Causas
No caso do afogamento do colo, o problema tem origem no enterrio de parte do caule das mudas e o aterramento da muda no campo, decorrente de descuido nos tratos culturais ou de enxurrada de solo e água (chuvas intensas). No caso do aquecimento excessivo do colo, normalmente no período de verão, ocorrem altas temperaturas na base da muda recém-plantada no campo. Nos dois casos, podem surgir patógenos secundários nos tecidos necrosados, os quais participam do processo de morte da planta.
Controle
Efetuar o plantio das mudas no campo, tão logo finde o inverno, para permitir a formação de um tecido mais resistente para suportar a insolação durante o período de verão. Fazer a proteção da base da planta com cobertura morta, aproveitando resíduos da limpeza de área para plantio como capim e folhagem. Cuidados no preparo de solo da muda e no plantio para evitar o afogamento da muda. Evitar o uso de mudas passadas e com raízes enoveladas. Evitar o entortamento de raízes durante o plantio.
Complexos etiológicos
Sintomas e sinais
Nesta classificação, existem quatro complexos a serem comentados: a seca de ponteiros do Vale do Rio Doce (SPEVRD), a seca de ponteiros de Arapoti (SPEA), a seca de ponteiros por falta de boro e a seca da saia do Eucalyptus viminalis. A SPEVRD e a SPEA apresentam alguns sintomas similares: minicancros e secamento das porções apicais dos ramos e galhos, redução do crescimento e a perda de touças e árvores severamente afetadas. Os sintomas da SPEVRD ocorrem em plantas com mais de um ano, em baixadas e, no caso da SPEA, ocorre em plantas com menos de sete meses, em locais mais altos. Os sintomas da seca de ponteiros por falta de boro são: encarquilhamento de folhas jovens, clorose das bordas do limbo até ocorrer necrose, ramos flácidos sem forma cilíndrica, fendilhamento da casca, formação de cancro e estrangulamento da haste e bifurcação do tronco. Os sintomas da seca da saia são o secamento geral da folhagem e a morte de árvores.
Causas
Em todos esses complexos, existem fatores ambientais adversos que favorecem a ocorrência de distúrbios fisiológicos, predispondo as árvores ao ataque de insetos e a associação de patógenos secundários. No caso da SPEVRD e SPEA, condições locais de alta precipitação pluviométrica predispõem à doença. No caso da seca de ponteiro por boro, existe a falta de disponibilidade desse elemento no solo. No caso da seca da saia, invernos muito chuvosos e solos muito ácidos favorecem o problema.
Controle
O retorno das condições ambientais adequadas normalmente promove a recuperação do desenvolvimento normal das árvores. Existe tolerância das plantas ao problema da SPEVRD e SPEA, a partir do quarto ano. Também há a possibilidade de seleção de clones resistentes ou tolerantes. No caso da seca por falta de boro, a aplicação do elemento no solo durante o plantio pode evitar ou minimizar os danos do problema. Quanto à seca da saia, deve-se evitar o plantio de E. viminalis em áreas frias com registro da doença e plantar outras espécies, como E. dunnii ou E. benthamii.
Gomose e pau-preto
Sintomas e sinais
A gomose é caracterizada pela exsudação e escorrimento de quino (goma) de coloração marrom-escura, em pontos no tronco. O pau-preto é denominado como a generalização do escorrimento de quino por todo o tronco e o seu escurecimento.
Causas
A gomose pode ser uma resposta ao ataque de patógenos, injúrias causadas por ferramentas, animais, insetos, granizo, geada, excesso de temperatura, déficit hídrico, ventos fortes e deficiência mineral (boro). Tem-se a noção de que espécies inadequadas às condições edafoclimáticas costuma expressar o pau-preto e a gomose.
Controle
Como medidas, recomenda-se que se evitem injúrias nas árvores, seja feita uma correção do solo para evitar a deficiência de boro e que se faça o plantio de espécies e clones resistentes e mais adaptados à região que se pretende plantar o eucalipto.
Eventos climáticos adversos
Sintomas e sinais
Existem pelo menos três eventos adversos às plantas: geada, granizo e descargas elétricas. A geada causa desde a queima de ponteiros até a perda total da copa, bronzeamento de folhas, morte de mudas e de árvores jovens. A queda de granizo causa a queda de folhas, descascamento de ramos, hastes e árvores, surgimento de pequenos cancros em ramos e hastes, seca de ramos e morte de árvores. As descargas elétricas causam a queima e quebra de ramos, fendilhamento da casca e do lenho, explosão do tronco e da árvore e morte de árvores.
Causas
Eventos climáticos que ocorrem eventualmente em viveiros e plantações. No caso da geada, ocorre um declínio brusco da temperatura ambiente e congelamento, com ou sem formação de crosta de gelo sobre a planta. Com o granizo ocorre o impacto da chuva de pedras de gelo sobre a planta. As descargas elétricas atuam pela passagem de uma corrente de energia elétrica de alta voltagem (raios).
Controle
Para a geada, proteger as mudas em viveiros e plantar espécies ou procedências tolerantes ou resistentes. Como esses problemas decorrem de eventos climáticos ocasionais e localizados, não existem meios para evitá-los. Somente registrar e acompanhar as ocorrências para não confundí-los com sintomas de doenças.
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