sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Doenças da Erva-Mate



A ocorrência de doenças da erva-mate vem aumentando em função de sua domesticação, do aumento da área plantada e das práticas de manejo utilizadas. Estes problemas são mais graves nos viveiros de mudas, porque neste ambiente as condições são bastante favoráveis ao desenvolvimento de doenças.

As principais doenças são: tombamento ou damping off, mancha-da-folha ou pinta-preta, antracnose. Consideradas de importância secundária, ocorrem podridão-das-raízes, cercosporiose, nematoides, além de outras como fumagina, fuligem, podridão-do-tronco, e queda-de-folhas.

Antracnose
Caracterização da doença e danos
Causada por Colletotrichum sp., é uma doença que ocorre principalmente nas brotações jovens, ápices, folhas e ramos jovens.

Nas sementeiras, geralmente, ocorre a queima do ápice das plântulas, impedindo seu crescimento e provocando seu perfilhamento. Os principais sintomas são manchas escuras, irregulares, incidindo principalmente nas bordas e causando deformações nas folhas jovens.

As condições favoráveis ao desenvolvimento dessa doença são o sombreamento excessivo e a umidade excessiva. Danos causados por insetos e geadas também favorecem a instalação do fungo.

Controle
O controle cultural é feito por meio de seleção de plântulas sadias, desinfestação do substrato e dos recipientes e adubação nitrogenada adequada.

Cercosporiose
Caracterização da doença e danos
Causada por Cercospora sp., é considerada uma doença secundária por sua baixa incidência, sua disseminação bastante lenta e por causar poucos danos à cultura.
Os sintomas são o surgimento de manchas arredondadas, pequenas, bem delimitadas, acinzentadas, com halo escuro, apresentando pequenas pontuações. Essas manchas são mais frequentes em folhas adultas (Figura 1).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 1. Manchas foliares provocadas pelo fungo Cercospora sp.

A condição favorável para o seu aparecimento é o estresse da muda. É muito comum observar tais sintomas em plantas que passaram do ponto de plantio e em mudas pouco desenvolvidas.

Controle
O controle cultural é feito por meio de seleção e descarte das mudas afetadas e do manejo adequado do viveiro.

Fuligem
Caracterização da doença e danos
Causada por Asterina mate, é uma doença de pouca importância econômica, pelos danos causados.
Os sintomas são observados na face ventral das folhas, onde ocorrem manchas superficiais escuras de forma circular que podem se justapor, cobrindo totalmente a folha (Figura 2).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 2. Folhas de erva-mate apresentando sintomas de fuligem.

Controle
As condições favoráveis ao surgimento dessa doença e seu controle cultural são os mesmos da fumagina.

Fumagina
Caracterização da doença e danos
Causada por Meliola sp. e Capnodium sp., que colonizam superficialmente folhas e ramos, é uma doença que não apresenta grande importância econômica na cultura da erva-mate.
Caracteriza-se pela presença de uma crosta espessa e negra cobrindo total ou parcialmente a parte dorsal das folhas e ramos da erveira, prejudicando sua respiração, transpiração e fotossíntese, podendo levá-la à morte. Geralmente, formigas, cochonilhas e pulgões estão associados a esses sintomas (Figura 3).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 3. Folhas de erva-mate apresentando sintomas de fumagina.

As condições favoráveis para o seu aparecimento são ambientes de extrema umidade em ervais muito densos e/ou sombreados e plantas estressadas.

Controle
O controle cultural é feito por meio de melhoria na aeração e ventilação do erval, aumento do espaçamento de plantio, podas adequadas e limpeza da área.

Nematoide
Caracterização da doença e danos
Principalmente os do gênero Meloidogyne podem ocorrer em viveiros de erva-mate, onde não é utilizada a prática de desinfestação do substrato.

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 4. Nematoides em canteiro de erva-mate.

Os sintomas iniciais são a paralisação do crescimento das mudas e o amarelecimento das folhas, ocorrendo, às vezes, murcha e secamento a partir do ápice da muda. Nas raízes, o aparecimento de galhas revela a presença de nematoides.
As condições favoráveis ao surgimento dessa doença são a utilização de substrato não desinfestado, a reutilização de substrato e o estresse da muda ocasionado por excesso de tempo no viveiro.

Controle
O controle cultural é feito por meio da desinfestação do substato e da eliminação de mudas atacadas.

Pinta-preta
Caracterização da doença e danos
É a principal doença da erva-mate, sendo causada pelo fungo Cylindrocladium spathulatum.

Os sintomas aparecem como lesões foliares escuras, arredondadas, às vezes concêntricas, no interior ou nas bordas do limbo. Essas manchas podem alcançar até 2 cm de diâmetro e apresentar abundante frutificação esbranquiçada na face ventral da folha (Figura 5). Ela ocorre basicamente em folhas adultas, provocando sua queda prematura.

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 5. Sintoma típico da pinta-preta na folha da erva-mate.

Os substratos e as instalações infestadas são responsáveis pelas infecções primárias. As plantações próximas e a produção contínua de mudas são as principais causas da disseminação e da multiplicação da doença ao longo do ano. Fatores como excesso de umidade e de sombreamento contribuem para o agravamento da doença. 

Controle
O controle cultural é feito por meio da seleção de plântulas sadias, descartando as mudas atacadas, por meio da desinfestação do substrato e dos recipientes, sempre que se inicia nova produção de mudas. A melhoria das condições de luminosidade e umidade e a manutenção da limpeza nas embalagens contribuem para o controle da doença. Todavia, a coleta das folhas caídas é uma prática muito eficiente para evitar a disseminação da doença no viveiro.

Podridão das raízes
Caracterização da doença e danos
Tanto pode ocorrer nas sementeiras como nas mudas repicadas. Os principais fungos associados são Fusarium sp., Rhizoctonia sp. e Phytium sp.
Os sintomas manifestam-se na parte aérea, na forma de manchas foliares, amarelecimento, queda de folhas, redução do crescimento, murcha e secamento das mudas. Esses sintomas podem ser confundidos com os provocados por repicagem inadequada das mudas ou pela falta de água nos canteiros (Figura 6).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 6. Seca das folhas causada pela podridão-das-raízes.

As condições favoráveis ao aparecimento dessa doença são umidade elevada, composição física do substrato e contaminação de recipientes das mudas e do próprio substrato.

Controle
O controle cultural é feito por meio do manejo correto da água, eliminação das plântulas com sintomas e desinfestação do substrato com água quente.

Podridão-do-tronco
Caracterização da doença e danos
A podridão do tronco da erva-mate é causada por fungos basidiomicetos.
Os ramos podados não emitem brotações, secam, apodrecem e, muitas vezes, matam a planta (Figura 7). Esses sintomas são causados pela dificuldade de cicatrização dos ferimentos causados pela poda, que facilita a penetração de fungos oportunistas. Geralmente, na base do tronco, aparecem frutificações típicas de basidiomicetos (cogumelos).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 7. Podridão-do-tronco.

Essa doença também está associada ao sombreamento excessivo da planta com elevada umidade.
As condições favoráveis ao seu surgimento são as podas drásticas sucessivas e umidade elevada.

Controle
Faz-se o controle cultural evitando podas drásticas, que expõem o tronco aos raios solares, os quais causam rachaduras na casca, permitindo a entrada de patógenos.
Para o controle, aconselha-se pincelar a área cortada com produto impermeabilizante.

Queda-de-folhas
Caracterização da doença e danos
As causas da queda anormal de folhas ainda não estão totalmente esclarecidas.

Os sintomas são variados, podendo ocorrer o amarelecimento e posterior queda das folhas (Figura 8), das totalmente verdes e a das verdes manchadas. Neste caso, observa-se a presença de Cylindrocladium spathulatum, o mesmo que provoca a queda das folhas no viveiro.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 8. Queda-de-folhas em erva-mate.

As condições favoráveis ao surgimento dessa doença são a compactação do solo, as estiagens prolongadas e longos períodos de precipitação pluviométrica.
Há, todavia, situações em que não há explicação com base nos fatores citados.

Controle
O controle é feito com o emprego de cobertura morta e subsolagem dos solos compactados.

Tombamento
Caracterização da doença e danos
É o principal problema fitossanitário das sementeiras, podendo ocorrer na fase de pré ou pós-emergência das plântulas. Os principais fungos associados são: Botrytis sp, Cylindrocladium spathulatum, Rhizoctonia sp., Fusarium sp. e Pythium sp.
Quando o tombamento ocorre na pré-emergência das plântulas, a semente não germina ou até inicia a germinação, mas não chega a emergir. Na pós-emergência, ocorre o estrangulamento da plântula na região do colo, provocando seu tombamento, fato que dá origem ao nome da doença. Esses sintomas geralmente ocorrem em reboleiras, isto porque a doença se expande em todas as direções, formando áreas mais ou menos circulares (Figura 9).

Foto: Albino Grigoletti Júnior

Figura 9. Sintoma de tombamento de mudas de erva-mate em sementeira.

Os principais fatores que favorecem a ocorrência da doença são sementes e substrato contaminados, alta densidade de semeadura e excesso de umidade, de nitrogênio e de sombreamento às mudas.
A presença de restos da polpa dos frutos e outras impurezas na semente favorece o aparecimento de patógenos, inviabilizando-as ou provocando doença nas plântulas. Ocorre um agravamento da doença, quando esses fatores estão associados ao excesso d`água, ao estiolamento provocado pelo sombreamento demasiado e à excessiva adubação nitrogenada.

Controle
O controle cultural é feito por meio da melhoria das condições de semeadura, irrigação e drenagem. O viveiro deve contar, em qualquer fase, com um sistema de drenagem e um substrato que promovam o escoamento rápido do excesso de água. Deve-se evitar o sombreamento excessivo, começando com 70% de sombra na sementeira e, no viveiro, ir diminuindo a sombra para 50% e, gradativamente, até a muda ficar sob pleno sol, com cerca de um ano de idade. Com relação à adubação, o substrato deve ter baixo teor de matéria orgânica, evitando-se altas doses de nitrogênio no substrato e na sementeira. A desinfestação do substrato pode ser feita com produtos químicos ou com água fervente. Deve-se semear até 250 g de sementes por m², para que as plântulas não fiquem adensadas, favorecendo o aparecimento da doença. Deve-se erradicar as plântulas mortas e as sadias nas bordas da reboleira, após o aparecimento da doença.



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