As fortes mudanças de mercado em termos de competitividade, decorrentes da globalização da economia, abertura de mercados, formação do Mercosul, exige do produtor brasileiro a postura de empresário rural: eficiência no gerenciamento da propriedade e no aproveitamento dos recursos destinados a produção.
A reestruturação dos fatores de produção ( terra, capital, trabalho), a escolha das tecnologias, o conhecimento da sua realidade e do meio em que produzem, a busca constante de informações e o controle de receitas e despesas, permitem aos produtores definir escalas de produções que os tornem competitivos.
A competitividade do setor, deve ter como base os seguintes pontos:
- Determinação dos custos de produção por área de lavoura;
- Revisão dos arrendamentos;
- Cultivo restrito à áreas economicamente viáveis;
- Adoção de tecnologias e manejos para redução de custos: Plantio Direto, Pré-germinado, densidade de semeadura, adubação, etc.
- Qualidade total: redução das perdas de colheita, irrigação, mão de obra, etc.
- Análise mercadológica permanente, entre outros.
A determinação do custo de produção, elemento-chave para que se estabeleça a competitividade, e sua análise, oferece uma base consistente e confiável para a projeção dos resultados e para o planejamento, principalmente na decisão de o que, quando e como plantar, além de revelar as operações, áreas e atividades de maior ou menor custo.
Os coeficientes técnicos apresentados a seguir, são para os sistemas de cultivo convencional e mínimo que, respectivamente, são realizados em cerca de 53% e 32% da área do Estado. Estes sistemas diferem entre si pela realização da operação "dessecação", apenas no cultivo mínimo, e pelo período no qual executam-se as operações de preparo do solo. No cultivo mínimo, estas são realizadas antecipadamente (janeiro/fevereiro ou agosto/setembro), em épocas mais favoráveis.
O sistema convencional proporciona bons rendimentos, no entanto, segundo Vernetti Jr. e Gomes (2000), a época de semeadura do arroz irrigado no RS, é muito estreita e, o atraso na sua execução, tem influência direta no rendimento, devido ao aumento da possibilidade de ocorrência de frio, na floração. Além disso, no sistema convencional de cultivo, considerando-se as precipitações que normalmente ocorrem na época ideal de semeadura e o tipo de solo utilizado para essa cultura, dificilmente se consegue cumprir o cronograma ideal para àquela prática, sendo em determinados anos necessário refazer algumas operações de preparo de solo.
Na tabela 1, pode-se observar os coeficientes técnicos para o cultivo de um hectare de arrroz irrigado no RS. A determinação dos coeficientes técnicos, tem como base levantamento realizado junto à produtores, em dois municípios gaúchos, e as tecnologias desenvolvidas pela pesquisa.
Os coeficientes demonstram a necessidade de insumos, hora- máquina e mão de obra para o cultivo de um hectare de arroz irrigado, com produtividade estimada de 6000 kg ha-1 , de acordo com a tecnologia preconizada.
Na tabela 2 apresenta-se a estimativa do custo médio das operações e insumos utilizados na lavoura de arroz irrigado, em dois municípios do RS, os valores são baseados em informações de produtores, cuja produtividade média para o sistema cultivo mínimo é 10% maior que o sistema convencional. Cabe ressaltar que estes são custos operacionais, nos quais não estão computadosos juros sobre o capital investido, juros de financiamento, taxas e contribuições, benfeitorias (estradas, cercas, instalações agrícolas) e administração.
Existem custos inferiores e superiores aos apresentados na tabela. Nesses casos, as produtividades também podem variar de acordo com os níveis tecnológicos adotados.
O ponto de equilíbrio no sistema convencional e no cultivo mínimo, considerando-se a média (fev/jun de 2002) do preço de comercialização do arroz irrigado no RS, de R$ 16,84/saco de 50 kg, está em 99,34 sacos /ha e 105,34 sacos /ha, respectivamente.
Tabela 1. Coeficientes técnicos para 1 hectare de arroz irrigado no estado do RS. | ||
Operações/insumos
|
Unidade
|
Qt.*/ha
|
Insumos | ||
-Semente |
Kg
|
160
|
-Adubo de base |
Kg
|
200
|
-Adubo coberta |
Kg
|
80
|
-Herbicida | ||
..Glifosate |
L
|
4
|
..Propanil |
L
|
8
|
..Clomazone |
L
|
1
|
-Fungicida(10% da área) | ||
..Benomil |
Kg
|
0,5
|
-Inseticida(20% da área) | ||
..Carbofuran |
Kg
|
15
|
Preparo solo | ||
-Demanche taipas |
Hora/máq.
|
0:50
|
-Aração/Gradagem |
Hora/máq.
|
0:45
|
-Aplainamento |
Hora/máq.
|
1:00
|
-Locação de taipas |
Saco/ha
|
1
|
-Construção de taipas |
Hora/máq.
|
1:30
|
-Drenagem |
Hora/máq.
|
0:20
|
-Limpeza canais |
Hora/máq.
|
1:45
|
-Dessecação |
Aplic. aérea
|
1
|
-Mão de obra |
Dia/hom.
|
0,70
|
Plantio | ||
-Plantio/semeadura |
Hora/máq.
|
1:00
|
-Mão de obra |
Dia/hom.
|
0,30
|
Tratos culturais | ||
-Adub. cobertura |
Aplic. aérea
|
1
|
-Controle pl. daninhas |
Aplic. aérea
|
1,2
|
-Controle doenças |
Aplic. aérea
|
0,1
|
-Mão de obra |
Dia/hom.
|
0,40
|
Irrigação | ||
-Irrigação |
Saco/50kg
|
15
|
-Irrigador |
% produção
|
1,5
|
Colheita | ||
-Colhedora |
% produção
|
7
|
-Graneleiros |
% produção
|
2
|
-Mão de obra |
Dia/hom.
|
0,20
|
-Frete externo |
R$/t
|
6
|
Limpeza/sec/armaz. |
% produção
|
8
|
Arrendamento terra |
Saco/50 kg
|
13
|
* Estabelecido pela média de municípios. Fonte: Dados de pesquisa, Embrapa Clima Temperado |
Tabela 2. Padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam riscos à saúde. | ||
Custo R$/ha
| ||
Operações
|
Convencional
|
Cultivo Mínimo
|
Preparo do solo |
253,73
|
253,73
|
Dessecação |
-
|
55,43
|
Plantio |
21,73
|
21,73
|
Sementes |
105,00
|
105,00
|
Adubo |
74,80
|
74,80
|
Adubação de cobertura |
54,20
|
54,20
|
Controle pl. daninhas/pragas/doenças |
199,50
|
199,50
|
Irrigação |
282,91
|
285,94
|
Colheita |
266,77
|
292,75
|
Secagem/armazenagem |
161,66
|
177,83
|
Arrendamento |
252,60
|
252,60
|
Total |
1.672,90
|
1.733,51
|
Receita (R$ 16,84* X saco 50 kg) |
2.020,80
|
2.222,88
|
Margem Bruta |
347,90
|
449,37
|
Relação custo/benefício |
1,21
|
1,25
|
* Preço médio dos meses fev/jun de 2002, no RS |
FONTE: EMBRAPA
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