sábado, 15 de agosto de 2015

Colheita, Pós-Colheita e Comercialização do arroz de Sequeiro



COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO ARROZ DE SEQUEIRO


As operações de colheita e pós-colheita constituem etapas importantes do processo de produção e, quando malconduzidas, acarretam perdas elevadas de grãos, comprometendo os esforços e os investimentos dedicados à cultura. A colheita pode ser realizada por três métodos: o manual, o semi-mecanizado e o mecanizado. No primeiro, as operações de corte, enleiramento, recolhimento e trilhamento são feitas manualmente; no semi-mecanizado, o corte, o enleiramento e o recolhimento das plantas são, geralmente, manuais, e o trilhamento, mecanizado; no método mecanizado, todas as operações são feitas à máquina. Qualquer que seja o método utilizado, quando o arroz é colhido muito úmido ou tardiamente, com baixo teor de umidade, a produtividade e a qualidade dos grãos são prejudicadas. Para a maioria das cultivares, o ideal é colher o arroz entre 18 a 23% de umidade. No caso da colheita manual, para evitar perdas desnecessárias, recomenda-se, adicionalmente, que o arroz cortado não permaneça enleirado por tempo desnecessário no campo e que se evite o manuseio de feixes muito volumosos de cada vez, para facilitar a operação de trilhamento. Na colheita mecânica, além da regulagem adequada dos mecanismos externos e internos da colhedora, deve-se atentar para a velocidade do molinete, que deve ser suficiente apenas para puxar as plantas para dentro da máquina.



Nas operações de pós-colheita, a secagem pode ser feita por dois processos: o natural e o artificial. O natural, consiste em utilizar o calor e o vento para a secagem; o artificial, com a utilização de equipamentos (secadores) especialmente projetados para esse fim. Para evitar danos ao arroz, quando se destina ao plantio, a temperatura de secagem deve se situar entre 42º C e 45º C. Na secagem de grãos para consumo, a temperatura do ar não deve ultrapassar a 70ºC. No armazenamento, o arroz para ser melhor conservado deve estar limpo e com teor de umidade entre 13% e 14%. Nesta umidade, para a maioria das cultivares, a maturação pós-colheita, isto é, o arroz envelhecido, melhora sua qualidade culinária, ficando seus grãos mais secos e soltos após o cozimento.


MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO


Iniciou-se em meados da década de 80 um processo mundial de abertura econômica ao comércio internacional, que desencadeou transformações no modo de produção, comercialização e consumo dos bens e serviços. Na orizicultura nacional as transformações foram mais acentuadas porque, além desses elementos, ocorreram mudanças relacionadas à consolidação da preferência do consumidor pelo arroz tipo "agulhinha", e o retorno, de forma competitiva, quanto a qualidade e preço do arroz conhecido como de terras altas, produzido na região central do país. 



Para melhor entender os reflexos da nova conjuntura sobre a comercialização do arroz fez-se um breve retrospecto das mudanças tecnológicas e nos hábitos de consumo, e traçou-se um rápido perfil da cultura no país tratando, especificamente, dos atuais instrumentos de comercialização utilizados pelo governo e das estratégias adotadas pelos segmentos da cadeia produtiva. 



A produção brasileira de arroz encontra-se dispersa em todo o território nacional. Existem dois tipos principais de sistemas básicos de produção, o arroz de "terras altas" e o irrigado, permitindo, ainda, a divisão em três pólos produtivos. O primeiro é na região Sul, produzindo arroz irrigado com alta tecnologia, destacando os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina; o segundo abrange as regiões Sudeste e Centro-Oeste, envolvendo São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. 



Observa-se, ainda, uma concentração em pólos de produção, de beneficiamento e de empacotamento em torno de grandes agroindústrias, que estão instaladas nas regiões produtoras, em especial no Rio Grande do Sul, principal fornecedor de arroz para os grandes centros consumidores localizados nas Regiões Sudeste e Nordeste do país mas, diante do constante crescimento da produção e qualidade do arroz produzido no Mato Grosso, aliados aos incentivos fiscais nesse estado, percebe-se uma migração das indústrias do Sul para o Centro-Oeste.



As transações no mercado do arroz são basicamente do tipo "spot". No entanto, nota-se uma preocupação em buscar mecanismos de comercialização complementares que ofereçam maior segurança na negociação do produto. Esta constatação foi baseou-se no crescente número de produtores e indústrias que estão buscando processos alternativos de comercialização, cujos resultados são de pequenos vultos, mas demonstram que há interesse em solucionar os pontos de estrangulamento da cadeia produtiva.



Atualmente o Governo Federal procura adotar uma intervenção mínima que garanta o abastecimento de arroz em quantidade suficiente para o abastecimento interno e, ao mesmo tempo, preços compatíveis com a realidade do setor.



Além dos problemas referentes à tecnologia e condução das culturas, os produtores apontam como principais entraves à comercialização do arroz de terras altas: a) a enorme variação qualitativa dos grãos, tornando o armazenamento dispendioso por requerer o acondicionamento em sacos. Isso ocorre porque os lotes que entram no armazém possuem características e classificações diferentes; b) o baixo grau de confiabilidade nas relações comerciais entre produtores e atacadistas; c) a dificuldade de acesso e/ou indisponibilidade de estrutura própria para a secagem e armazenagem do grão imediatamente após a colheita. 



O segmento atacadista reporta que a constante intervenção governamental se constitui numa dificuldade para a comercialização do arroz. No entanto, ficou claro que o mercado ainda não está preparado para funcionar sem ação governamental. 



Os produtores ainda não dispõem de tecnologias e cultivares que sejam capazes de, a curto prazo, atender as exigências do mercado, verificadas por grãos longos finos, uniformes, inteiros, de pequena pegajosidade e rapidez no cozimento. Algumas metas e ajustes tornam-se fundamentais para que se estabeleça uma maior coordenação entre o produtor e a agroindústria, a exemplo do que ocorre com a soja e outros produtos, cujos sistemas de comercialização são mais desenvolvidos. 



Como conclusões adicionais citam-se: a) o sistema de comercialização do arroz ainda é pouco desenvolvido, encontrando-se vários problemas, como o baixo entrosamento e relacionamento entre o setor atacadista/beneficiador e produtor; b) a produção das regiões produtoras mudam de destino, ou seja os mercados são volúveis; c) os fluxos são bastante variáveis; d) a maior parte do arroz de terras altas é comercializada logo após a colheita.



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