CLIMA+
No Brasil, o arroz de terras altas é uma das culturas mais influenciadas pelas condições climáticas. Em geral, quando as exigências da cultura são satisfeitas, obtêm-se bons níveis de produtividade. Entretanto, quando isso não ocorre, pode-se esperar frustrações de safras, que serão proporcionais à duração e à intensidade das condições meteorológicas adversas. Essa cultura é submetida a condições climáticas bastante distintas, pelo fato de ser semeada em praticamente todos os estados, em latitudes que variam de 5° Norte até 33° Sul.
A duração do dia, definida como o intervalo entre o nascer e o pôr do sol, é conhecida como fotoperíodo. A resposta da planta ao fotoperíodo é denominada fotoperiodismo. Sendo o arroz de terras altas uma planta de dias curtos, (dez horas) tem seu ciclo diminuído, antecipando a floração. O fotoperíodo ótimo é considerado o comprimento do dia no qual a duração da emergência até a floração é mínima.
A temperatura do ar é um dos elementos climáticos de maior importância para o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade da cultura do arroz. Cada fase fenológica tem a sua temperatura crítica ótima, mínima e máxima. Em geral, a cultura exige temperaturas relativamente elevadas da germinação à maturação, uniformemente crescente até à floração (antese) e decrescentes, porém, sem abaixamento bruscos, após a floração.
As características do regime pluvial expressas pela quantidade e a distribuição das chuvas durante o ciclo da planta, são os fatores mais limitantes à produção de grãos.
Do ponto de vista agroclimático existem, basicamente, duas alternativas para se diminuir a influência da deficiência hídrica no arroz de terras altas: a) identificação das épocas de semeadura com menores riscos de ocorrência de deficiência hídrica durante o ciclo e, principalmente, durante a fase reprodutiva da cultura; b) identificação, através do zoneamento agroclimático, das regiões com menores riscos de ocorrência de deficiência hídrica.
Na cultura do arroz de terras altas, a diminuição de água concorre para uma diminuição no rendimento de grãos. Para diminuir os efeitos negativos decorrentes da redução hídrica, torna-se necessário semear em períodos nos quais a fase de florescimento-enchimento de grãos coincide com uma maior demanda pluvial. Para isto, acredita-se que um estudo sobre o balanço hídrico do solo possibilitará caracterizar os períodos de maior e menor quantidade de chuva oferecendo, desta forma, subsídios para a concretização de um zoneamento de risco climático.
As simulações do balanço hídrico associadas a técnicas de geoprocessamento, permitiram identificar no tempo e no espaço, as melhores datas de semeadura do arroz de terras altas nas diferentes regiões do Brasil. Com chance de perda de dois anos em dez, ou seja, 80% de chances de sucesso, evitando-se o veranico na fase de enchimento de grãos, as variáveis a serem consideradas por ordem de importância são: retenção de água no solo e duração do ciclo. Quanto maior a capacidade de armazenamento de água no solo, associado ao ciclo mais curto, menores serão as perdas. O risco de perda se acentua quanto mais tarde for a semeadura, independente do solo e do ciclo da cultura, uma vez que as chances de ocorrerem veranicos nos períodos compreendidos entre janeiro e fevereiro são acentuadas nos seguintes estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. De forma geral, é possível concluir que, para plantios realizados após 20 de dezembro, o risco climático é bastante acentuado para a cultura do arroz de terras altas, exceto em algumas localidades do Estado de Mato Grosso, onde se apresenta uma distribuição pluvial bastante regular. Assim, é possível realizar semeadura do arroz até meados de janeiro em regiões localizadas, principalmente, no Noroeste do Estado de Mato Grosso.
SOLOS+
O solo é um mineral não consolidado influenciado por uma gama de fatores, tais como, o material de origem, a topografia, o clima (temperatura e umidade) e os micro-organismos, que, no decorrer do tempo, atuaram na sua formação. Cada solo se diferencia por suas propriedades e características físicas, químicas, biológicas e morfológicas do material de origem. O manejo apropriado decorre de sua classificação, que destaca suas características gerais e específicas e os agrupa de forma ampla, com base nas características gerais, e em subdivisões, de acordo com suas propriedades específicas. As propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas são critérios distintivos.
A maioria dos solos de cerrado onde o arroz de terras altas é cultivado são Oxissolos e possuem baixa fertilidade. Os valores médios das propriedades químicas dos solos de cerrado em estado natural são: pH 5,2; P 2 mg kg-1 , K < 50 mg mg k-1; Ca c kg-1, Zn e Cu em torno de 1 mg kg-1, matéria orgânica na faixa de 15 a 25 g kg-1 e saturação por bases < 25%. Com base nestes dados, pode-se concluir que os solos de cerrado são ácidos e de baixa fertilidade, o que evidencia o manejo da fertilidade como um dos aspectos mais importantes para a produção das culturas na região.
ADUBAÇÃO+
No processo de modernização e racionalização da agricultura brasileira, o uso de adubação adequada constitui um fator importante para o aumento da produtividade. O custo crescente dos insumos agrícolas exige, cada vez mais, a adoção de métodos e técnicas de cultivo adequados na produção das culturas anuais, como arroz. Estudos realizados pela Embrapa Arroz e Feijão mostram que, em condições de boa umidade, controle de doenças e pragas em nível adequado, a adubação é responsável por aproximadamente 40% do aumento na produtividade das culturas de arroz, feijão, milho, soja e trigo em solo de cerrado. A elevação dos custos dos fertilizantes nos últimos anos é provavelmente irreversível, já que esta elevação é reflexo de preços mais elevados de energia, matéria-prima e transporte. Os fertilizantes passam, assim, a exigir um maior dispêndio nos investimentos das atividades agrícolas, merecendo, portanto, atenção especial com referência ao seu uso com vistas a um melhor aproveitamento pelas culturas.
A baixa fertilidade dos solos de cerrado é bastante conhecida. Esses solos possuem teores extremamente baixos de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e zinco. Além de pouco férteis, os solos de cerrado são extremamente ácidos, o que diminui a disponibilidade de nutrientes para as culturas. Entre os nutrientes essenciais, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os que a planta necessita em maior quantidade. Para a incorporação dos solos de cerrado ao processo produtivo é indispensável o uso adequado de adubação e calagem. O uso adequado de adubação não somente aumenta a produtividade, mas também reduz o custo da produção e propicia maior retorno econômico para os produtores. Ainda, a aplicação de adubação e calagem de acordo com a necessidade da cultura, reduz o risco de degradação do meio ambiente. A quantidade de N recomendada está em torno de 90 kg ha-1 aplicado em duas vezes, metade no plantio e o restante na época do perfilhamento ativo. Se o arroz é plantado após soja, uma redução de 30 kg N ha-1 é recomendada. A aplicação de P depende da análise do solo, quando o teor de P é menor que 5 mg kg-1, a aplicação de 100 a 120 kg P2O5/ha é recomendada. A aplicação de K também é feita com base na análise do solo. Quando o K está na faixa de 25 a 50 mg kg-1, uma aplicação de 80 kg K2O/ha é recomendada. Quando o teor de K é maior de 50 mg kg-1, a aplicação de adubação de manutenção em torno de 50 kg K2O/ha é recomendada. Com relação os micronutrientes, a deficiência de Zn é comumente observada em arroz de terras altas. A deficiência de Zn pode ser corrigida com a aplicação de 5 kg Zn/ha. O pH adequado para o arroz de terras alta está em torno de 5,5.
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