segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Economia da Produção do Milho



Introdução

O desenvolvimento da produção e do mercado do milho devem ser analisados, preferencialmente, sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas agro-industriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena de produtos, porém na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70 e 80% do milho produzido no Brasil. Assim sendo, para uma melhor abordagem do que está ocorrendo no mercado do milho torna-se importante, além da análise de dados relativos ao produto milho "per si", também uma visão, ainda que superficial, do panorama mundial e nacional da produção e consumo da carne de suíno e de frango e de como o Brasil se posiciona neste contexto, para que seja possível o melhor entendimento das possibilidades futuras do milho no Brasil.


Panorama internacional

Produção de milho

Os maiores produtores mundiais de milho são os Estados Unidos, China e Brasil, que, em 2005, produziram: 280,2; 131,1; e 35,9 milhões de toneladas, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Principais países produtores de milho - 2001-2005.
Países/Anos
Produção (1.000 t)
2001
2002
2003
2004
2005
Estados Unidos
241.485
228.805
256.905
299.917
280.228
China
114.254
121.497
115.998
130.434
131.145
Brasil
41.955
35.933
48.327
41.806
34.860
México
20.134
19.299
19.652
22.000
20.500
Argentina
15.365
15.000
15.040
15.000
19.500
Índia
13.160
10.300
14.720
14.000
14.500
França
16.408
16.440
11.991
16.391
13.226
Indonésia
9.347
9.654
10.886
11.225
12.014
África do Sul
7.772
10.076
9.705
9.965
11.996
Itália.
10.554
10.554
8.702
11.375
10.622
Fonte: FAO - Agridata.


De uma produção total, no ano de 2005, de cerca de 708 milhões de toneladas (USDA, 2006), cerca de 75 milhões são comercializadas internacionalmente (aproximadamente 10% da produção total em 2005, com uma expectativa de 11,5% em 2006). Isto indica que o milho destina-se principalmente ao consumo interno. Deve-se ressaltar que, dado seu baixo custo de mercado, os custos de transporte afetam muito a remuneração da produção obtida em regiões distantes dos pontos de consumo, reduzindo o interesse no deslocamento da produção a maiores distâncias, ou em condições que a logística de transporte é desfavorável.
O mercado mundial de milho é abastecido basicamente por três países, os Estados Unidos (46 milhões de t de exportações em 2005), a Argentina (14,0 milhões de t em 2005) e a África do Sul (2,3 milhões de t em 2005). A principal vantagem destes países é uma logística favorável, que pode ser decorrente da excelente estrutura de transporte (caso dos EUA), proximidade dos portos (caso da Argentina) ou dos compradores (caso da África do Sul). O Brasil eventualmente participa deste mercado, porém, a instabilidade cambial e a deficiência da estrutura de transporte até aos portos têm prejudicado o país na busca de uma presença mais constante no comércio internacional de milho.
Os principais consumidores são o Japão (16,5 milhões de t em 2005), Coréia do Sul (8,5 milhões de t em 2005), México (6,0 milhões de t em 2005) e Egito (5,2 milhões de t em 2005). Outros importadores relevantes são os países da Sudeste de Ásia (2,9 milhões de t em 2005) e a Comunidade Européia (2,5 milhões de t em 2005). Nestes dois últimos casos, além das importações ocorre um grande montante de trocas entre os países que compõem cada um destes blocos.
Um fato importante a destacar é que a China vem gradativamente diminuindo seus estoques (formados, em grande parte como política derivada da Guerra Fria), por meio de uma agressiva política de exportação. Como a produção chinesa não tem sido suficiente para atender uma demanda crescente, a China deverá, em uma primeira fase reduzir as exportações e, em uma segunda fase passar de exportadora a importadora líquida de milho, em um curto período de tempo. Essa situação abrirá um mercado de cerca de oito ou nove milhões de toneladas adquiridas anualmente por países asiáticos que tradicionalmente compravam da China.
Para finalizar, está ocorrendo um processo de incremento de produção de etanol a partir do milho, nos Estados Unidos, o que pode incrementar o consumo interno deste cereal e reduzir as quantidades disponíveis para exportação, no país que é responsável por mais de 50% da quantidade comercializada internacionalmente.

Suínos e aves

As principais utilizações do milho no mundo são as atividades de criação de aves e suínos. Existem previsões de que a demanda mundial de carnes continue crescendo e estimativas apontam um consumo superior a 110 milhões de toneladas de carne suína e quase 70 milhões de toneladas de carne de frango, até o ano de 2015 .
A China é o país que mais produz e consome carne suína: aproximadamente 50 milhões de toneladas. O segundo lugar é ocupado pelos Estados Unidos, com cerca de 9,5 milhões de toneladas. O Brasil é o sétimo produtor mundial (Tabela 1.2). O consumo per capita registrado com Brasil, de 12 kg/hab/ano, ainda é baixo quando comparado com o observado na China, Estados Unidos e União Européia, que é de 30, 28 e 42 kg/hab/ano, respectivamente. O crescimento verificado nos últimos anos da China é impressionante, pois, nos últimos anos, foi incorporada à produção uma quantidade quase equivalente ao total de carne suína produzida nos Estados Unidos. Com certeza este crescimento está exercendo uma forte pressão sobre a quantidade demandada de milho para alimentação do rebanho suíno.
Tabela 2. Principais países produtores de carne suína - 2001-2005.
Países/Anos
Produção (1.000 t)

2001

2002

2003

2004

2005
China
42.982
44.358
46.233
48.118
50.095
Estados Unidos
8.691
8.929
9.056
9.312
9.402
Alemanha
4.074
4.110
4.239
4.323
4.505
Espanha
2.989
3.070
3.190
3.176
3.310
Brasil
2.637
2.798
3.059
3.110
3.110
França
2.315
2.346
2.339
2.293
2.257
Vietnã
1.515
1.654
1.795
2.012
2.100
Canadá
1.731
1.858
1.882
1.936
1.960
Polona
1.849
2.023
2.209
1.956
1.923
Dinamarca
1.716
1.759
1.762
1.810
1.800
Total Mundial
92.082

95.249

98.473

100.484

102.523
Fonte: FAO - Agridata.


O custo de produção de carne suína na China (US$ 1,32/kg vivo), entretanto, é mais que o dobro do verificado no Brasil (US$ 0,62/kg vivo) e maior que os observados na União Européia (US$ 1,10/kg vivo) e Estados Unidos (US$0,77/kgvivo). Além disso, os números de animais por km 2 , que são de 50,6 na China; 36,8 na União Européia e 10,2 nos Estados Unidos, são substancialmente maiores que os aproximadamente 4,5 animais por km 2 no Brasil. A alta densidade populacional de suínos traz sérias implicações ambientais, derivadas dos efeitos nocivos causados pela disposição dos dejetos dos animais no meio ambiente, e já afeta as decisões sobre a localização de novos empreendimentos voltados para a criação de suínos. Deve-se registrar que, mesmo no Brasil, estas considerações crescem de importância e tem direcionado a produção para áreas com menor concentração de animais e menor impacto ambiental da disposição dos resíduos, localizadas principalmente na região Centro-Oeste.
Com relação à produção de carne de frango, os Estados Unidos, com aproximadamente 16 milhões de toneladas é o maior produtor mundial, seguido pela China e Brasil (Tabela 1.3). A produção mundial é crescente, porém o crescimento se distribui de maneira mais uniforme entre os principais produtores.

Tabela 3. Principais países produtores de carne de aves. 2001-2005.
Países /Anos
Produção (1.000 t)
2001
2002
2003
2004
2005
Estados Unidos
14.267
14.701
14.924
15.514
16.026
China
9.070
9.275
9.660
9.895
10.149
Brasil
6.208
7.050
7.760
8.668
8.668
México
1.928
2.076
2.116
2.225
2.225
Índia
1.250
1.400
1.600
1.650
1.900
Espanha
1.009
1.191
1.185
1.268
1.320
Reino Unido
1.263
1.272
1.295
1.288
1.309
Indonésia
900
1.083
1.118
1.191
1.245
Japão
1.216
1.229
1.239
1.242
1.240
Federação Russa
862
938
1.030
1.152
1.130
Total Mundial
61.523
64.262
65.874
68.322
69.892
Fonte: FAO - Agridata. 


Panorama nacional

Produção de milho

A produção de milho no Brasil tem se caracterizado pela divisão da produção em duas épocas de plantio (Tabela 1.4). Os plantios de verão, ou primeira safra, são realizados na época tradicional, durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto na região Sul até os meses de outubro/novembro no Sudeste e Centro Oeste (no Nordeste este período ocorre no início do ano). Mais recentemente tem aumentado a produção obtida na chamada "safrinha", ou segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em fevereiro ou março, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná e São Paulo. Verifica-se um decréscimo na área plantada no período da primeira safra, em decorrência da concorrência com a soja, o que tem sido parcialmente compensado pelo aumento dos plantios na "safrinha". Embora realizados em uma condição desfavorável de clima, os plantios da "safrinha" vem sendo conduzidos dentro de sistemas de produção que tem sido gradativamente adaptados a estas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras.

Tabela 4. Produção Brasileira de Milho.
Safra
2001
2002
2003
2004
2005
Produção (1.000 t)
Total
42.290
35.267
47.411
42.192
39.040
1ª Safra
35.833
29.086
34.614
31.617
29.319
2ª Safra
6.457
6.181
12.797
10.574
9.721
Área plantada (1.000 ha)
Total
12.973
12.298
13.226
12.822
12.297
1ª Safra
10.546
9.413
9.664
9.465
9.195
2ª Safra
2.426
2.885
3.563
3.357
3.102
Rendimento (kg.ha -1 )
Total
3.260
2.868
3.585
3.291
3.175
1ª Safra
3.398
3.090
3.582
3.340
3.189
2ª Safra
2.661
2.142
3.592
3.150
3.134
Fonte: CONAB (2006).


A baixa produtividade média de milho no Brasil (3.175 kg por hectare) não reflete o bom nível tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores voltados para lavouras comerciais, uma vez que as médias são obtidas nas mais diferentes regiões, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades.
O milho é cultivado em praticamente todo o território, sendo que 90 % da produção concentraram-se nas regiões Sul (43 % da produção), Sudeste (25 % da produção) e Centro - Oeste (22% da produção). A participação dessas regiões em área plantada e produção vem se alterando ao longo dos anos.
A evolução da produção de milho 1 a safra e 2 a safra, nas principais regiões produtoras e respectivos estados, é mostrada nas Tabelas 5 e 6.

Tabela 5. Produção de milho 1 a safra. Centro-Sul. Brasil. Em 1.000 t.
REGIÃO/UF
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
CENTRO-OESTE
5.733
3.884
4.088
3.852
3.308
MT
891
680
772
678
532
MS
1.204
638
681
539
441
GO
3.517
2.435
2.483
2.476
2.165
DF
120
131
153
159
169
SUDESTE
7.687
8.165
8.865
9.515
9.466
MG
4.153
4.657
5.208
5.903
6.068
ES
129
138
145
125
119
RJ
28
27
22
24
26
SP
3.376
3.344
3.490
3.463
3.251
SUL
19.630
14.391
17.658
14.363
10.926
PR
9.446
7.380
8.140
7.523
6.537
SC
3.947
3.106
4.235
3.340
2.818
RS
6.237
3.906
5.283
3.500
1.571
CENTRO-SUL
33.049
26.441
30.611
27.730
23.701
BRASIL
35.833
29.086
34.614
31.617
27.272
Fonte: CONAB (2006).


Nota-se que a produção obtida na primeira safra (com exceção do ano da safra 2004/05, afetada por problemas climáticos) manteve-se relativamente estável, em que pese a redução da área plantada (e mesmo o deslocamento das melhores áreas e dos agricultores comerciais para a cultura da soja). Este equilíbrio foi conseguido pelo incremento da produtividade agrícola nos principais estados produtores, nos quais, a produtividade média na safra de verão (1 a safra) já é superior a 4500 kg/ha. A produtividade na safrinha (2 a safra), embora menor que da safra normal, tem mostrado tendência de crescimento, demonstrando a maior difusão de tecnologias de produção nesta época de plantio, apesar das restrições climáticas.

Suínos e aves

Diferente do que acontece no mundo, onde a carne suína é a mais consumida, no Brasil a carne mais consumida é a de frango, seguida da carne bovina e suína. A tabela 7 mostra a evolução da produção de carnes no Brasil (os dados diferem dos das tabelas 2 e 3, devido à diferença de fontes).

Tabela 6. Produção de milho na 2 a safra. Brasil. Em 1.000 t.
REGIÃO/UF
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
NORDESTE
121
265
254
219
219
BA
121
265
254
219
219
CENTRO-OESTE
2.502
3.204
5.843
5.503
4.603
MT
953
1.519
2.456
2.768
2.938
MS
970
708
2.359
1.814
998
GO
563
959
1.002
896
636
DF
16
17
27
24
30
SUDESTE
905
729
1.183
1.134
836
MG
75
131
120
98
104
SP
831
598
1.063
1.036
732
SUL
2.929
1.983
5.517
3.669
1.806
PR
2.929
1.983
5.517
3.669
1.806
CENTRO-SUL
6.336
5.916
12.543
10.306
7.246
BRASIL
6.457
6.181
12.797
10.574
7.704
Fonte: CONAB (2006).


No que se refere à carne de frango, este é o segmento do setor de proteínas animais que mais cresce no país, sendo impulsionado pelas exportações. Do total produzido em 2004, cerca de 71% destinaram-se ao mercado interno e 29% foram exportados. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e exportou, em 2004, para 136 diferentes países, sendo que os do Oriente Médio, Ásia e União Européia foram os que mais adquiriram frango brasileiro.
Mais recentemente verifica-se um forte incremento das exportações de carnes bovinas. A evolução das exportações brasileiras de carnes está na Tabela 8. As exportações de bovinos e aves foram as que mais cresceram.
Para atender à crescente demanda por ração animal, estima-se que serão consumidas 42 milhões de toneladas de milho em 2005, representando um acréscimo de 8% em relação ao ano anterior. (Tabela 1.9). Para 2015, estima-se que para atender, primordialmente, o segmento de ração animal, a produção brasileira de milho terá que ser de aproximadamente 55 milhões de toneladas.

Tabela 7. Evolução da produção de carnes no Brasil (em 1.000 t).
Ano
Aves
Suínos
Bovinos
1997
3.891,2
1.010,4
3.334,9
1998
4.196,0
1.119,1
3.397,9
1999
4.681,3
1.237,8
3.806,7
2000
5.082,0
1.348,5
3.899,8
2001
5.566,7
1.588,1
4.330,3
2002
6.068,9
1.881,1
4.699,6
2003
6.226,4
1.917,5
4.977,2
2004
7.060,0
1.867,6
5.922,3
Fonte: IBGE (2006)


Tabela 8. 
Evolução das exportações brasileiras de carnes. Em toneladas.

TIPO
2000
2001
2002
2003
2004
Carne Suína "in natura"
116.006
247.369
449.202
458.031
470.969
Carne Peru "in natura"
42.487
67.952
89.151
110.446
134.338
Carne Frango Industr.
9.349
16.599
24.963
37.730
45.177
Carne Frango "in natura"
906.746
1.249.288
1.599.924
1.922.046
2.424.513
Carne Bovina Industr.
132.242
132.636
160.480
180.406
231.696
Carne Bovina "in natura"
188.657
368.286
430.272
620.118
925.071
Fonte: MDIC/SECEX - ALICE.
Tabela 9. Consumo de milho por segmento. Milhões de t.

Carne
2004
2005
Variação 2005/04 (%)
Frango
13,70
14,60
7
Ovo
2,20
2,30
5
Suínos
7,60
8,40
11
Bovinos
1,05
1,21
15
Outros
1,45
1,49
3
Rações
26,00
28,00
8
Fonte: Sindirações.


Outro aspecto relevante que deve ser destacado é a localização das unidades industriais de suínos e aves. A região Sul ainda concentra a maioria da produção e vem apresentando crescimento dessa atividade. Mais recentemente, a produção de suínos e de frangos na região Centro-Oeste vem mostrando forte expansão, vinculada à crescente produção de soja e milho nessa região. Essa tendência é plenamente justificável em razão do peso que representa o milho e soja no custo final da ração, tanto para aves quanto para suínos. Além disso, o custo de transporte, especialmente no Brasil, onde são precárias as condições de infra-estrutura, onera muito o preço do milho quando transportado a longas distâncias, refletindo na elevação do custo da ração. Assim, há tendência de se consumir o milho o mais próximo possível das áreas de produção.

Mercado do milho

O milho se caracteriza por se destinar tanto para o consumo humano como por ser empregado para alimentação de animais. Em ambos os casos, algum tipo de transformação industrial ou na própria fazenda pode ser necessária. Um resumo de possíveis utilizações do milho pode ser encontrada na Tabela 10. Nas seções seguintes, as principais transformações necessárias para o consumo animal e humano serão exploradas.

Consumo humano

Mesmo para o consumo humano, o milho necessita de alguma transformação. À exceção do consumo quando os grãos estão em estado leitoso, ou "verde", os grãos secos não podem ser consumidos diretamente pelos seres humanos.
O milho pode ser industrializado através dos processos de moagem úmida e seca. Este último é o mais utilizado no Brasil. Deste processo resultam subprodutos como a farinha de milho, o fubá, a quirera, farelos, óleo e farinha integral desengordurada, envolvendo escalas menores de produção e menor investimento industrial. O processamento industrial do milho rende, em média, 5% do seu peso na forma de óleo. Através do processo de moagem úmida o principal subproduto obtido é o amido, cujo nome do produto foi praticamente substituído pela designação comercial de Maizena.

Tabela 10. Os múltiplos uso do milho (planta, espiga e grão) no Brasil.
Destinação
Forma/Produto Final
Uso Animal DiretoSilagem; Rolão; Grãos (inteiro/desintegrado) para aves, suínos e bovinos.
Uso Humano Direto de Preparo CaseiroEspiga assada ou cozida; Pamonha; Curau; Pipoca; Pães; Bolos; Broas; Cuscuz; Polenta; Angus; Sopas; Farofa.
Indústria de RaçõesRações para aves (corte e postura); outras aves; Suínos; Bovinos (corte e leite); Outros mamíferos.
Indústria de Alimentos
Produtos Finais
Amidos; Fubás; Farinhas comuns; Farinha pré-cozidas; Flocadas; Canjicas; Óleo; Creme; Pipocas; Glicose; Dextrose.
IntermediáriosCanjicas; Sêmola; Semolina; Moído; Granulado; Farelo de germe.
Xarope de GlucoseBalas duras; Balas mastigáveis; Goma de mascar; Doces em pasta; salsichas; salames; Mortadelas; Hambúrgueres; Outras carnes processadas; Frutas cristalizadas; Compotas; Biscoitos; Xaropes; Sorvetes; Para polimento de arroz.
Xarope de Glucose com alto teor de maltoseCervejas
Corantes CarameloRefrigerantes; Cervejas; Bebidas alcoólicas; Molhos.
MaltodextrinasAromas e essências; Sopas desidratadas; Pós para sorvetes; Complexos vitamínicos; Produtos achocolatados.
Amidos AlimentíciosBiscoitos; Melhoradores de farinhas; Pães; Pós para pudins; Fermento em pó; Macarrão; Produtos farmacêuticos; Balas de goma.
Amidos IndustriaisPara papel; Papelão ondulado; Adesivos; Fitas Gomadas; Briquetes de carvão; Engomagens de tecidos; Beneficiamento de minérios.
DextrinasAdesivos; Tubos e tubetes; Barricas de fibra; lixas; Abrasivos; Sacos de papel; multifolhados; Estampagem de tecidos; Cartonagem; Beneficiamento de minérios.
Pré-GelatinizadosFundição de peças de metal.
AdesivosRotulagem de garrafas e de latas; Sacos; Tubos e tubetes; Fechamento de caixas de papelão; Colagem de papel; madeira e tecidos.
Ingredientes ProtéicosRações para bovinos; suínos; aves e cães.
Fonte: Jornal Agroceres (1994).


Em Minas Gerais a moagem seca, como no Brasil é o processo mais utilizado. Devido a pequena necessidade de maquinaria, e também à simplicidade destas, as indústrias processadoras de milho por este processo estão espalhadas pelo Estado, sendo geralmente de pequeno porte e quase que totalmente dedicadas ao processamento para consumo local. A tendência recente está na concentração destes produtos em indústrias de maior porte que tem se instalado em Minas Gerais. Como a maioria indústrias é de pequena dimensão e voltada para o abastecimento local, a proximidade do mercado é mais importante do que a localização das fontes de produção de milho.
Além dos produtos derivados da moagem seca, uma série de novos produtos industriais foram acrescentados dentre os destinados ao consumo humano. Os de maior importância são o amido, derivado da moagem úmida, e o óleo de milho. Devido à complexidade de seu processamento, e à necessidade de capital envolvido, estes produtos são oriundos de empresas de grande porte.
Em Minas Gerais a produção de óleo está concentrada na região Triângulo onde se encontra instalado o maior parque agro-industrial, processador de milho e soja, do estado e um dos mais modernos do País. A produção de derivados mais nobres como a glicose e amido ocorre na região do Triângulo (Uberlândia).
Mais recentemente tem aumentado a produção do milho especificamente destinado ao enlatamento. Esta indústria tem evoluído em termos de qualidade, pois mais recentemente, com a disponibilidade de novos materiais adaptados ao país, passou a processar milho do tipo doce. Existe um movimento no sentido da transferência desta indústria, anteriormente localizada principalmente no extremo Sul do Brasil, para as regiões do Triângulo e do Alto Paranaíba onde, com as novas cultivares, é possível a produção durante todo o ano aproveitando a infra-estrutura de irrigação existente.

Consumo animal.

Neste ponto, a cadeia produtiva do milho passa a se inserir na cadeia produtiva do leite, de ovos e da carne bovina, suína e de aves sendo este canal por onde os estímulos do mercado são transmitidos aos agricultores. Mudanças nestas cadeias passam a ser de vital importância como incentivadoras do processo produtivo do milho. Três grandes derivações ocorrem neste item: a) a produção de silagem, para alimentação de vacas em produção de leite e mais recentemente de gado confinado para engorda no período de inverno; b) a industrialização do grão de milho em ração; c) o emprego do grão em mistura com concentrados protéicos para a alimentação de suínos e de aves.
A atividade de produção de milho para silagem tem sofrido forte influência, tanto da necessidade de modernização do setor de pecuária leiteira de Minas Gerais, como do incremento das atividades de confinamento bovino que ocorreram nos últimos anos.
No caso do item b , o processo de transformação é tipicamente industrial, que resulta no fornecimento de rações prontas, principalmente utilizadas na criação de animais de estimação, como cães, gatos, etc.
Na criação de suínos, item c , devido à quantidade relativamente grande de milho necessária, este normalmente é adquirido em grão, ou é parcialmente produzido, pelos criadores para mistura com concentrados na propriedade rural.
Todas estas três derivações têm se desenvolvido consideravelmente em Minas Gerais, com a criação de pólos regionais de consumo de milho, que não necessariamente estão próximos aos locais de produção, (caso da avicultura na região de Pará de Minas e de suinocultura em Ponte Nova). Ao contrario da industrialização de milho para o consumo humano, este setor apresenta grande dinamismo, com grande incremento do número de indústrias processadoras.

Processamento na fazenda

Uma parcela importante do milho produzido no estado destina-se ao consumo ou transformações em produtos destinados ao consumo na própria fazenda. O milho destinado ao consumo humano - principalmente na forma de fubá, farinha ou canjica - tem menor quantitativo, frente ao destinado à alimentação de pequenos animais, geralmente aves e suínos.
Embora este estágio da cadeia do milho possa gerar eventualmente algum excedente para comercialização fora da propriedade agrícola, sua importância no que diz respeito ao abastecimento urbano é hoje muito reduzida. O aumento na eficiência dos sistemas alternativos de produção de aves e suínos, as próprias características dos produtos demandados pelos consumidores urbanos e as quantidades necessárias para atingir escalas mínimas que compensem o transporte para as regiões consumidoras reduziu, e muito, sua capacidade de competição. Sua importância hoje é muito maior na subsistência destas populações rurais do que como fator de geração de renda capaz de promover melhorias substanciais em seu padrão de vida. O desafio que se defronta neste elo da cadeia seria a transformação da capacidade destes agricultores em se integrar em cadeias de processamento de milho mais modernas e competitivas, sem o que sua situação de marginalidade frente ao processo de desenvolvimento do país não será modificada.

Custo de produção

Sistemas de produção de milho

Há uma grande diversidade nas condições de cultivo do milho no Brasil. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem utilização de insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado) até lavouras que utilizam o mais alto nível tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. Independentemente da região, os seguintes sistemas de produção de milho são bastante evidentes:

Produtor comercial de grãos

Normalmente produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, predominando o plantio direto. São os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado.

Produtor de grãos e pecuária

Neste caso o agricultor usa um nível médio de tecnologia, por lhe parecer o mais adequado, em termos de custo de produção. É comum o plantio de milho visando a renovação de pastagens. A região muitas vezes não produz soja e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho médio a pequena, A capacidade gerencial não é tão boa e muitas vezes as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas podem também comprometer o rendimento do milho.
Recentemente, vem sendo implementada a recuperação de pastagens degradadas, que atingem praticamente 50 milhões de hectares. À medida que avance o programa de recuperação, deverá haver aumento na oferta de milho, uma vez que o sistema de integração lavoura-pecuária, utilizando milho, tem se mostrado o mais apropriado para esse fim.

Pequeno produtor

É aquele produtor de subsistência, onde a maior parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso de semente não melhorada. O tamanho da lavoura é pequeno. Essa produção tem perdido importância no que se refere ao abastecimento do mercado.

Produção de milho safrinha

Este tipo de exploração ocupa hoje cerca de três milhões de hectares de milho plantados principalmente nos estados PR, SP, MT, MS e GO. O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O rendimento e o nível tecnológico depende muito da época de plantio. Nos plantios mais cedo o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e deficiência hídrica). A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados. Essa oferta tem sido importante para a regularização do mercado.

Coeficientes técnicos

Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao "produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na condução das lavouras de milho, variando pouco entre as principais regiões produtoras.
Evidentemente não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações inerentes a cada lavoura. Entretanto, especificamente com relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável precisão, identificar um padrão tecnológico que se apresenta como o mais adequado para essas lavouras.
Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando sistema plantio direto (Tabela 11), safra normal usando plantio convencional (Tabela 12) e safrinha (Tabela 13).

Considerações finais

Uma vez que a produção mundial de suínos e aves, principais consumidores de milho, continuará crescendo, a questão que se coloca é a indagação sobre quais regiões reúnem as condições mais favoráveis para suportar esse crescimento.
Certamente haverá um grande peso no sentido de favorecer regiões produtoras de milho que disponham de boa logística de transporte para atender a consumidores situados em uma distância razoável. Este atendimento regional é da maior importância para a sustentabilidade da atividade produtiva, pois provê um escoamento seguro para a produção. Outro fator importante é a disponibilidade de um sistema de armazenamento eficiente, que possibilite aos agricultores realizar a comercialização da produção de forma mais lucrativa ao longo do ano. A disponibilidade de um sistema de comercialização eficiente também é parte deste complexo de aspectos que aumenta a competitividade dos produtores de milho de determinada região. Para finalizar, embora o atendimento à consumidores localizados a distâncias mais curtas possível seja vital, o estabelecimento de um canal de comércio exterior é interessante, tendo em vista que este fornecerá um piso de flutuação dos preços mais estável do que os normalmente verificados nos preços internos.

Tabela 11. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Plantio direto: produtividade 7.000 kg.ha -1).
DESCRIÇÃO
ESPECIFICAÇÃO
UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Calcário
t
0,7
Gesso
t
0,4
Distribuição do calcárioTrator 85 hp + calcariador
hm
0,125
Dessecação � herbicidaGlifosato
l
3
Distribuição herbicidaTrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l
hm
0,3
Mão-de-obra distribuição herbicida
dh
0,25
PLANTIO
SementesHíbridos simples ou triplo
sc.
1
Tratamento de Sementes
Fungicida
l
0,02
Inseticida
l
0,4
Adubação8-28-16 + FTE
kg
300
Plantio / adubação mecânicaTrator 120 hp + plant / adub. 12 linhas
hm
0,8
Transporte Interno plantioTrator 85 hp + carreta 8 t
hm
0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de coberturaUréia
kg
200
Aplic. adubação de coberturaTrator 85 hp + distr. adubo 5 linhas
hm
0,6
Herbicida � Pós
Herbicida 1
l
2,5
Herbicida 2
l
0,8
Aplicação herbicidaTrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X)
hm
0,3
Controle de pragas
Inseticida 1Piretróide
l
0,3
Inseticida 2Fisiológico
l
0,6
Espalhante adesivoÓleo mineral
l
1
Aplicação inseticidaTrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)
hm
0,6
Controle formigas
FormicidaIsca
kg
0,6
COLHEITA
Colheita mecânicaColheitadeira plataforma 4m
hm
0,85
Transporte internoTrator 85 hp + carreta 8 t
hm
0,3
Fonte: Os autores.

Tabela 12. 
Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (plantio convencional: produtividade 7.000 kg/ha.

DESCRIÇÃO
ESPECIFICAÇÃO (*)
UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Calcário
t
0,7
Gesso
t
0,4
Distribuição do calcário
hm
0,125
Gradagem AradoraTrator 120 hp + grade pesada.
hm
1,6
Gradagem NiveladoraTrator 120 hp + grade nivel.
hm
0,4
PLANTIO
SementesHíbridos simples ou triplo
sc
1
Fungicida
l
0,02
Inseticida
l
0,4
Distribuição inseticida manual
dh
0,05
Adubação8-28-16 + FTE-CAMPO
kg
300
Plantio / adubação mecânicaTrator 120 hp + plant / adub. 12 linhas
hm
0,8
Transporte interno plantioTrator 85 hp + carreta 8 t
hm
0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de coberturaUréia
kg
200
Aplic. Adubação de cobertura
hm
0,6
Herbicida � Pós
Herbicida 1
l
2,5
Herbicida 2
l
0,8
Aplicação herbicida - máquinaTrator 85 hp + pulv. barra 2000 l
hm
0,3
Mão-de-obra aplic. herbicida
dh
0,16
Inseticida
Inseticida 1Piretróide
l
0,3
Inseticida 2Fisiológico
l
0,6
Espalhante adesivoÓleo mineral
l
1
Aplicação inseticidaTrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)
hm
0,6
Mão-de-obra aplic. inseticida
dh
0,32
Controle formigas
FormicidaIsca
kg
0,6
COLHEITA
Colheita mecânicaColheitadeira plataforma 4m
hm
0,85
Transporte internoTrator 85 hp + carreta 8 t
hm
0,3
Fonte: Os autores.


Tabela 13. 
Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Safrinha: produtividade 3.000 kg/ha.

DESCRIÇÃO
ESPECIFICAÇÃO (*)
UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Dessecação
Herbicida 1Glifosato
l
1,5
Herbicida 22,4-D
l
0,5
Distribuição herbicidaTrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l
hm
0,15
Mão-de-obra distribuição herbicida
dh
0,25
PLANTIO
SementesHíbridos duplo ou triplo
sc.
1
Adubo4-20-20
kg
200
Plantio / adubaçãoTrator 120 hp + plant / adub. 12 linhas
hm
0,8
Transporte interno plantioTrator 85 hp + carreta 8 t
hm
0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de coberturaUréia
kg
60
Aplic. Adubação
hm
0,5
Inseticida
l
0,6
Aplicação inseticidaTrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)
hm
0,3
Mão-de-obra aplic. inseticida
dh
0,32
COLHEITA
Colheita mecânicaColheitadeira plataforma 4m
hm
0,6
Transporte internoTrator 85 hp + carreta 8 t
hm
0,3
Fonte: Os autores.











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