Produção de Sementes
A semente é o ponto de partida para se ter uma boa lavoura e, conseqüentemente, uma boa produção. Desse modo, uma lavoura destinada à produção de sementes deve obedecer às normas de produção de cada cultura. Essas normas são estabelecidas pelas Comissões Estaduais de Sementes e Mudas - CESMI's e devem ser observadas rigorosamente.
A produção de sementes pode ser feita em cultivo de sequeiro ou irrigado. No caso do cultivo de sequeiro é importante que o plantio seja feito em uma época que possibilite a colheita no final do período chuvoso, quando as chuvas são leves e esparsas. A colheita em período seco é de fundamental importância para uma boa qualidade das sementes. No cultivo irrigado, os turnos de irrigação devem ser escalonados de modo que a última irrigação seja feita no início da maturidade das vagens. Desse modo, a vagem alcança a maturidade em ambiente com baixa umidade, o que assegura uma alta qualidade de grãos.
A região Nordeste, particularmente nos meses secos, apresenta condições excelentes para produção de sementes sob irrigação. Na escolha do local é importante que sejam observados alguns aspectos: a área deve ser bem drenada; o solo deve ser fértil; e não deve estar infestado com ervas daninhas agressivas, que possam se misturar às sementes e serem levadas para outras áreas. É muito importante, também, que o solo esteja livre de doenças, que possam ter seus agentes causais veiculados por sementes e que não possam ser controlados por meio de tratamento dessas sementes. Não é recomendável usar a mesma área repetidas vezes para produção de sementes; é aconselhável adotar um manejo que quebre o ciclo das ervas, pragas e doenças, e possibilite recuperar o nível de fertilidade do solo.
O campo deve ser mantido livre de ervas durante todo o ciclo da cultura, principalmente na época da colheita. Isso reduz a possibilidade de sementes de ervas se misturarem às sementes do caupi e serem disseminadas para outras áreas de produção.
É necessário que seja feito o acompanhamento da lavoura quanto à ocorrência de pragas e doenças e que sejam tomadas medidas necessárias ao controle das mesmas. Isso é importante para que a lavoura seja mantida livre de pragas e doenças importantes e para que não seja comprometido o rendimento da cultura. É importante também que a semente tenha alto padrão fitossanitário.
Plantio
O plantio do feijão-caupi pode ocorrer em:
- Áreas preparadas convencionalmente, onde comumente são utilizados arados e grades de diferentes tipos e dimensões.
- Em áreas preparadas sob cultivo mínimo (reduzido) pela utilização do arado escarificador; apresentam vantagem sobre a anterior do ponto de vista conservacionista.
- Plantio direto; no geral constitui-se em um sistema de implantação de cultura em solo não revolvido e protegido por cobertura morta, proveniente de restos de culturas, coberturas vegetais plantados para essa finalidade e de plantas daninhas controladas por método químico. O plantio direto constitui-se, sob o ponto de vista conservacionista, em um dos mais eficientes métodos de prevenção e controle de erosão, o que justifica a sua utilização.
Um bom plantio é o que distribui, em número, espaço, tempo e profundidade, a quantidade de sementes recomendada. Garante o número e a distribuição ideal de plantas (estande) até o momento da colheita, o que possibilita a obtenção de produtividade e lucros elevados. Muitos fatores podem interferir por ocasião da semeadura, o que afetará o estande desejado e a distribuição espacial das plantas na área, destacando-se:
- Quantidade de sementes e adubo.
- Uniformidade de semeadura.
- Profundidade de semeadura.
- Profundidade da fertilidade.
- Tipo de preparo do solo.
- Presença de torrões.
- Grau de umidade no solo.
- Compactação e encrostamento.
- Tipo de solo.
Época de plantio
A melhor época de plantio para as variedades de feijão-caupi de ciclo médio (71 a 90 dias) é a metade do período chuvoso de cada região. Para as variedades de ciclo superprecoce (55 a 60 dias), o ideal é plantar uns dois meses antes de terminar o período chuvoso. Com isto evita-se que a colheita seja feita em períodos com maior probabilidade de ocorrência de chuvas.
No Nordeste brasileiro, o chamado período das chuvas é caracterizado pela irregularidade das precipitações pluviométricas, tornando a agricultura de sequeiro uma atividade econômica de alto risco, o qual pode ser reduzido pela utilização do plantio escalonado e do sistema policultivar.
O plantio escalonado consiste em distribuir variedades com diferentes características de ciclo de desenvolvimento, em diferentes épocas, dentro do intervalo de tempo mais indicado para plantio da cultura em cada região. Essa prática apresenta algumas vantagens, tais como:
- Diminui os riscos de adversidades climáticas, pois o período crítico das variedades vai ocorrer em épocas diferentes.
- Melhor distribuição das práticas de implantação e condução da lavoura, desde o preparo do solo até a colheita.
- Maior proteção do solo contra erosão, pela cobertura do solo com plantas em diferentes estádios de crescimento.
- Possibilidade de beneficiamento do produto em um maior intervalo de tempo, já que a colheita será escalonada.
- Oportunidade de colocação do produto no mercado em épocas mais adequadas e por um maior período de tempo, aproveitando-se os períodos de maior elevação de preços pagos pelo produto.
No sistema policultivar, a única diferença do anterior é que as variedades de ciclos diferentes são plantadas no mesmo dia ( Freire Filho et al., 1982; Cardoso et al., 1992).
No caso da agricultura irrigada, têm-se uma maior flexibilidade quanto à indicação da melhor época de plantio, a qual deverá ser uma decisão econômica face às oscilações do preço de mercado do produto. No entanto, ressalta-se que se deve levar em consideração o ciclo da variedade, procurando-se aquelas mais precoces, produtivas e indicadas para cultivo irrigado, as quais devem ser plantadas em épocas apropriadas de maneira que o florescimento não coincida com os períodos de altas temperaturas.
Métodos de plantio
O feijão-caupi é cultivado em todo o território brasileiro, principalmente no Nordeste e Norte, onde se encontram os mais variados métodos de plantio, desde o mais rudimentar até a motomecanização com plantadeiras adubadeiras.
Plantadeira manual
É mais utilizado em pequenas propriedades, utilizando-se de enxada ou matraca. Esta última, também conhecida como "tico-tico", permite um maior rendimento de trabalho que a enxada.
Plantio à tração animal
São utilizadas plantadeiras simples, que contêm apenas os depósitos de sementes e de fertilizantes, possuindo dispositivos que permitem colocar o fertilizante em faixa, ao lado e abaixo da semente. Na regulagem da plantadeira deve-se levar em conta o tamanho, número de furos e a espessura da chapa ou do disco, facilitando a obtenção da quantidade de sementes desejada.
Plantio motomecanizado
A regulagem pode ser feita de modo semelhante às plantadeiras de tração animal. Algumas possuem mecanismo para facilitar a obtenção da quantidade de sementes desejada.
Densidade de plantas
Uma das causas da baixa produtividade de grãos do feijão-caupi é a escassez ou excesso do número de plantas por área. A escassez pode ser ocasionada por falhas que ocorrem na linha de plantio, podendo ser conseqüência da má regulagem da plantadeira, utilização de sementes de baixo vigor, danos causados por insetos ou doenças que matam as plantas ou por causa do plantio efetuado com pouca umidade no solo.
A densidade ótima de plantio é definida como o número de plantas capaz de explorar, de maneira mais eficiente e completa, uma determinada área do solo. Para determinada condição de solo, clima, variedade e tratos culturais, há um número ideal de plantas por unidade de área para se alcançar a mais alta produção.
Após alcançada a densidade ótima, os aumentos contínuos do número de plantas por unidade de área reduzem a produtividade de grãos. Este comportamento ocorre sob qualquer condição de manejo a que a cultura estiver submetida. A maior produção de grãos, normalmente, é obtida com uma densidade de plantio em torno de 50 a 60 mil plantas por hectare para variedades de porte ramador e de 70 a 90 mil plantas para as variedades de porte moita (Cardoso et al., 1997a; Cardoso et al., 1997b).
Espaçamento entre fileiras
O número de plantas por área é função do espaçamento entre linhas de plantio e densidade de plantas na linha. O espaçamento de 0,80 a 1,00 m entre linhas em variedades de porte ramador é bastante utilizado. Para as variedades de porte moita o espaçamento mais indicado é o de 0,60 m. A densidade de sementes na linha de plantio é de seis a oito sementes por metro. Esses espaçamentos podem ser ajustados em função da textura do solo.
Plantando-se desta maneira haverá um melhor aproveitamento da energia solar interceptada pelas plantas, principalmente, nas regiões que apresentam grande intensidade luminosa como é o caso da região do Nordeste do Brasil.
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