quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Calagem e adubação para o Centeio


Calagem

Em razão da tolerância de centeio à acidez de solo e seu usual cultivo em rotação com outras culturas, recomenda-se corrigir o pH para valor entre 5,5 e 6,0.

Nitrogênio

A aplicação de nitrogênio (N) é uma das práticas mais seguras em termos de retorno econômico, pois a maioria dos solos apresenta disponibilidade insuficiente desse nutriente em relação à demanda das plantas. A quantidade de fertilizante nitrogenado a aplicar varia principalmente em função do nível de matéria orgânica do solo, da cultura precedente, da região climática e da expectativa de rendimento de grãos, que é função da interação de vários fatores de produção, sendo, por isso, de difícil previsão. Na semeadura, deverão ser aplicados cerca de 10 a 15 kg de N/ha. O restante deve ser suprido em cobertura. Na Tabela 1 consta a quantidade total de N (base+cobertura) a ser aplicada.
A maior parte da absorção de N ocorre entre os estádios de alongamento e espigamento, atingindo cerca de 100% da absorção na antese. Por isso, a época mais apropriada para aplicação de nitrogênio em cobertura é nos estádios de afilhamento e alongamento do colmo. Quando centeio for cultivado sobre resteva de milho, e especialmente quando há muita palha, convém antecipar a aplicação em cobertura, pois poderá ocorrer imobilização de N, bem como temperatura mais baixa do solo, que reduzirá a taxa de mineralização de N.
Nas regiões de clima mais quente e de menor altitude e quando centeio é antecedido por soja, é recomendável, independentemente do nível de matéria orgânica do solo, restringir a aplicação de N para, no máximo, 40 kg/ha (base+cobertura), a fim de evitar danos por acamamento. Já nas regiões mais frias e de maior altitude e quando o potencial de rendimento de grãos é elevado, doses maiores que as indicadas na Tabela 1 podem ser empregadas nas três faixas de nível de matéria orgânica.
Tabela 1. Doses de nitrogênio indicadas para a cultura de centeio – RS e SC.
Teor de matéria orgânica no solo
Cultura antecedente
Leguminosa
Gramínea
---- % ----
----------- kg N/ha -----------
≤ 2,5
40
50
2,6 – 5,0
20
30
>5,0
≤ 10
≤ 10
Para expectativa de rendimento maior do que 2 t/ha, acrescentar, aos valores da tabela, 20 kg de N/ha em cultivo após leguminosa e 30 kg de N/ha após gramínea, por tonelada adicional de grãos de centeio a ser produzida.
Fonte: MANUAL... (2004).

A eficiência agronômica de fertilizantes nitrogenados (ureia, nitrato de amônio e sulfato de amônio) para cereais de inverno é idêntica. Ocasionais diferenças entre fontes resultam de efeitos ambientais (precipitação pluvial, temperatura e volatilização de amônia). Por essa razão, recomenda-se usar a fonte que apresentar menor custo por unidade de N.

Fósforo e potássio

Esses nutrientes devem ser aplicados por ocasião da semeadura, mediante fórmula contendo NPK. Devem ser colocados 2,5 cm ao lado e abaixo da semente. Para solos adequadamente supridos em P e em K, o método de aplicação (na linha ou a lanço) não afeta o rendimento de grãos. As doses de P2O5 e de K2O a aplicar, em função da análise do solo, constam na Tabela 2, estando incluída a adubação de correção para os solos com teor “Muito baixo” e “Baixo”, na razão de 2/3 no primeiro cultivo e 1/3 no segundo cultivo, e integral no primeiro cultivo para o teor “Médio”. As fontes de P podem ser fosfatos solúveis (superfosfatos simples e triplo, DAP ou MAP) ou fosfato natural reativo, devendo-se dar preferência aos produtos solúveis quando o teor de P no solo está abaixo do alto. Já as fontes de K podem ser KCl ou K2SO4, preferindo-se KCl, pelo menor custo.
Tabela 2. Quantidades de fósforo e de potássio a aplicar ao solo para a cultura de centeio - RS e SC.
Teor de P ou de K no solo
Fósforo
(kg P2O5/ha)
Potássio
(kg K2O/ha)
1º cultivo
2º cultivo
1º cultivo
2º cultivo
Muito baixo
110
70
100
60
Baixo
70
50
60
40
Médio
60
30
50
20
Alto
30
30
20
20
Muito Alto
0
≤30
0
≤20
Para expectativa de rendimento maior do que 2 t/ha, acrescentar, aos valores da tabela, 15 kg P2O5/ha e 10 kg K2O/ha, por tonelada adicional de grãos de centeio a ser produzida.
Fonte: MANUAL... (2004).

Micronutrientes e enxofre

Os solos do RS e de SC apresentam, em geral, teores adequados de micronutrientes para produção de cereais de inverno, não havendo necessidade de aplicação destes, exceto quando o potencial de rendimento de grãos é elevado e a análise do solo indicar nível insuficiente. De forma semelhante, a maioria dos solos apresenta teor adequado de enxofre. Mas, no caso de comprovação de deficiência mediante análise de solo (< 5 mg S/dm3), sugere-se aplicar cerca de 20 kg S/ha. Em geral, solos arenosos e com baixo nível de matéria orgânica apresentam maior probabilidade de ocorrência de deficiência de enxofre e também de micronutrientes. Alguns fertilizantes (superfosfato simples, sulfato de amônio, sulfato de potássio) ou fórmulas de fertilizantes NPK com teor baixo ou médio de P2O5 contêm enxofre, fornecendo, portanto, esse nutriente, em quantidades apropriadas às necessidades das plantas.

Centeio para cobertura de solo

Pela ampla adaptação a diferentes tipos de solos e condições climáticas, centeio é excepcional opção para cultivo objetivando cobertura de solo. A decomposição do colmo do centeio é mais lenta que a dos demais cereais de inverno, constituindo vantagem para o sistema plantio direto. A rolagem de plantas pode aumentar o efeito de supressão do desenvolvimento de plantas daninhas de verão, pois palha mantida rente ao solo aumenta a concentração, na eluição pela água da chuva, do ácido hidroxâmico, que é o herbicida natural do centeio. Quando centeio é cultivado somente para cobertura de solo, a aplicação de P e de K pode ser dispensada ou, então, as quantidades aplicadas podem ser descontadas da adubação da cultura seguinte. Já a aplicação de N pode ser mantida, sobretudo quando o centeio suceder gramínea de verão, proporcionando, dessa forma, produção de elevada quantidade de biomassa.

Centeio para pastoreio

O centeio é indicado para a formação de pastagens. Em algumas regiões existem "Populações Coloniais" aptas ao pastoreio, que deve ser iniciado quando as plantas tiverem entre 15 e 25 cm de altura. As populações tardias têm hábito rasteiro e resistem ao pisoteio, mas têm crescimento inicial lento. Para colher os grãos, o pastoreio deve ser finalizado em meados de agosto no RS, em SC e no centro-sul do PR. Uma prática comum é a consorciação de centeio granífero precoce com aveia, com azevém e com leguminosas, obtendo-se forragem por período maior.
Quando o centeio é cultivado com o propósito de propiciar forragem para bovinos e posteriormente produção de grão, o N removido pelo corte das plantas para produção de feno ou consumido pelos animais durante o pastejo deverá ser reposto. Sugere-se aplicar logo após a retirada dos animais, em adição às doses sugeridas na Tabela 1, 1 kg N por cada 3 kg de ganho de peso vivo animal/ha, o que equivale a cerca de 30 kg de N por 100 kg de ganho de peso vivo/ha. Esta relação está baseada na concepção de que bovinos têm ganho de peso de 1 kg por cada 10 kg de matéria seca consumida e que o teor de N na matéria seca do centeio é cerca de 3%.


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