quarta-feira, 16 de junho de 2021

Controle alternativo de pragas e doenças no Café Orgânico


 

Controle alternativo de pragas e doenças

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificação do agroecossistema em vastas áreas, substituindo a diversidade natural por um pequeno número de espécies cultivadas. Esta simplificação causa grande impacto e, conseqüentemente, desequilíbrio ao meio ambiente. Uma intensificação da incidência de pragas e doenças é resultante desse modelo. Portanto, deve-se primeiramente buscar o equilíbrio de cada ambiente através da manutenção de áreas de matas, aumento da diversidade de espécies vegetais dentro do cafezal, isolamento quanto a vizinhos com manejo convencional, etc. Estas táticas visam aumentar o número de inimigos naturais e, conseqüentemente, diminuir a pressão de pragas e doenças. Direcionadas a um correto manejo nutricional das plantas e da fertilidade do solo, essas práticas culturais evitam os excessos de adubos, principalmente os nitrogenados, e são consideradas medidas anti-estresse. Permitem que as plantas expressem plenamente seus mecanismos naturais de defesa (Akiba et al., 1999).

Entretanto, algumas vezes, estas medidas não são suficientes para impedir a ocorrência de problemas fitossanitários, principalmente em função de desequilíbrios temporários naturais que acarretam estresse, do uso de cultivares suscetíveis e de fatores não controláveis que venham determinar o aumento da incidência de pragas e concentrada deve ser diluída. Para controlar essa diluição, determina-se a densidade através de um densímetro ou aerômetro de Baumé, com graduação de 0 a 50º Bé (graus de Baumé), sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32º Bé.

O uso rotineiro da calda sulfocálcica requer certos cuidados, a seguir listados:

1. a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficácia, sendo que a cal não deve ter menos que 95% de CaO;

2. a calda é alcalina e altamente corrosiva, danifica recipientes de metal, as roupas e a pele. Após manuseá-la, é necessário lavar bem os recipientes e as mãos com uma solução a 10% de suco de limão ou de vinagre em água;

3. a calda pode ser fitotóxica para muitas plantas, principalmente quando a temperatura ambiente é elevada, sendo conveniente testá-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos à tardinha;

4. utilizar equipamento de proteção individual (EPI) quando da realição das pulverizações;

5. não descartar os excedentes em nascentes, cursos d"água, açudes ou poços;

6. após aplicação de caldas à base de cobre (bordalesa e viçosa), deve-se respeitar o intervalo mínimo de 20 dias para tratamento com sulfocálcica.

􀂃 Calda bordalesa

É uma suspensão coloidal, de cor azul celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada, cujo preparo está descrito no Anexo 12.

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos, a seguir relacionados:

1. sulfato de cobre deve possuir, no mínimo, 98% de pureza e a cal não deve conter menos que 95% de CaO;

2. a calda deve ser empregada logo após o seu preparo ou no máximo dentro de 24 horas; quando estocada pronta, perde eficácia com rapidez;

3. aplicar a calda somente com tempo claro e seco;

4. os recipientes de plástico, madeira ou de agentes de doenças.

Nesses casos, faz-se necessário o uso de defensivos alternativos, que podem ser de preparação caseira ou adquiridos no comércio, a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Pertencem a esse grupo as formulações que têm como características principais: baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e à natureza, eficiência no combate aos artrópodes e microrganismos nocivos, não favorecimento à ocorrência de formas de resistência desses fitoparasitas, disponibilidade e custo reduzido. Estão incluídos na categoria, entre outros, os diversos biofertilizantes líquidos, as caldas (sulfocálcica, viçosa e bordalesa), os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado, 1999).

Caldas de preparo caseiro

􀂃 Calda sulfocálcica

É resultante de uma reação corretamente balanceada entre o cálcio e o enxofre, dissolvidos em água e submetidos à fervura, constituindo uma mistura de polissulfetos de cálcio, cujo preparo está descrito no Anexo 11.

Além do seu efeito fungicida, exerce ação sobre ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores, além de ter ação repelente sobre "brocas" que atacam tecidos lenhosos.

Antes da aplicação sobre as plantas, através de pulverizações foliares, a calda concentrada deve ser diluída. Para controlar essa diluição, determina-se a densidade através de um densímetro ou aerômetro de Baumé, com graduação de 0 a 50º Bé (graus de Baumé), sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32º Bé.

O uso rotineiro da calda sulfocálcica requer certos cuidados, a seguir listados:

1. a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficácia, sendo que a cal não deve ter menos que 95% de CaO;

2. a calda é alcalina e altamente corrosiva, danifica recipientes de metal, as roupas e a pele. Após manuseá-la, é necessário lavar bem os recipientes e as mãos com uma solução a 10% de suco de limão ou de vinagre em água;

3. a calda pode ser fitotóxica para muitas plantas, principalmente quando a temperatura ambiente é elevada, sendo conveniente testá-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos à tardinha;

4. utilizar equipamento de proteção individual (EPI) quando da realição das pulverizações;

5. não descartar os excedentes em nascentes, cursos d"água, açudes ou poços;

6. após aplicação de caldas à base de cobre (bordalesa e viçosa), deve-se respeitar o intervalo mínimo de 20 dias para tratamento com sulfocálcica.

􀂃 Calda bordalesa

É uma suspensão coloidal, de cor azul celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada, cujo preparo está descrito no Anexo 12.

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos, a seguir

relacionados:

1. sulfato de cobre deve possuir, no mínimo, 98% de pureza e a cal não deve conter menos que 95% de CaO;

2. a calda deve ser empregada logo após o seu preparo ou no máximo dentro de 24 horas; quando estocada pronta, perde eficácia com rapidez;

3. aplicar a calda somente com tempo claro e seco;

4. os recipientes de plástico, madeira ou alvenaria são os mais indicados, porque não são atacados pelo cobre e pela cal; 5. utilizar equipamento de proteção individual quando da realização das pulverizações;

6. não descartar excedentes em nascentes, cursos d'água, açudes ou poços;

7. obedecer intervalos de 15 a 25 dias entre aplicações de calda sulfocálcica e de calda bordalesa

􀂃 Calda viçosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viçosa. É recomendada para controle de diversos fitopatógenos, dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro; por ser complementada com sais minerais (cobre, zinco, magnésio e boro) também funciona como adubo foliar. Detalhes do preparo estão descritos no Anexo 13.

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocálcica. A uréia, que faz parte da formulação original, não pode ser acrescentada à receita por que seu uso não está permitido pelas normas vigentes da agricultura orgânica.

􀂃 Nim (Azadirachta indica) 

É uma planta da família Meliaceae, cuja origem provável é a Índia e o sul da Ásia, onde é muito utilizada para fins medicinais e como pesticida. O óleo das sementes do nim é um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espécies de pragas, incluindo: a mosca branca, pulgões e besouros, assim como contra nematóides (Ciociola Jr. & Martinez, 2002; Ferraz & Freitas, 2004).

No Brasil, já se encontram disponíveis no mercado o óleo das sementes e extrato de folhas para pulverizações de plantas. No Anexo 14 há uma receita simples de extrato de nim, recomendada pelo Grupo Temático de Práticas Ambientais Sustentáveis (2002).

Controle alternativo de fitopatógenos 

As doenças que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importância, de acordo com as condições climáticas regionais, são: 

􀂃 Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m, sob condições de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ºC) e molhamento foliar contínuo superior a 12 horas. A incidência é maior nas áreas expostas a ventos, granizo e ao frio intenso e nos espaçamentos mais reduzidos.

Sintomas: manchas amareladas na face superior das folhas, variando em diâmetro, com erupções esporulantes alaranjadas na face inferior (constituídas de uredosporos do fungo). Desfolhamento mais ou menos intenso, dependendo das condições ambientais.

Agente causal: fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminação.

Controle: pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como: Icatu, Catucaí (Catuaí x Icatu) e Catimor (Catuaí Vermelho x Híbrido de Timor), além do Conilon. Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidência da ferrugem é de no máximo 5% de folhas com pústulas esporuladas, pode ser feito com o uso da caldas viçosa. Adubações equilibradas, desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal também contribuem para manter o controle sobre a incidência da ferrugem.

􀂃 Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doença é também conhecida como mancha circular, mancha parda ou olho de pombo, presente de forma endêmica em quase todas as regiões do país (Godoy et al.,1997). As principais causas da incidência da enfermidade são: deficiência nutricional principalmente na formação de mudas em substratos pobres, excesso de insolação, queda de temperatura e estresse hídrico.

Sintomas: lesões pequenas e circulares, com 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, de coloração pardo-clara ou marron-escura, com centro branco-acinzentado, envolvidas por anel arroxeado ou amarelado, lembrando um olho. As folhas atacadas caem rapidamente, ocorrendo desfolha e seca de ramos. Os frutos podem ser infestados, ocasionando depreciação da qualidade da bebida.

Agente causal: fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodóquios no centro das lesões, onde os conidióforos septados e cilíndricos são agrupados em fascículos. Apresenta conídios hialinos e multisseptados.

Controle: o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juárez & Sánchez-Garcia, 2000) e, também, utilizando-se caldas bordalesa ou de viçosa (1,0 a 1,5%) em pulverizações foliares a intervalos de 15 dias. Entre as práticas culturais recomendadas estão o bom preparo do solo, que deve estar livre de compactação e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raízes, adubações equilibradas, controle do sombreamento já que a incidência da doença aumenta com o plantio a pleno sol.

􀂃 Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp., Phomopsis sp., Colletotrichum spp.)

É ocasionada por um complexo de fatores, destacando-se principalmente as condições climáticas desfavoráveis e má nutrição das plantas.

Sintomas: ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos.

Agente causal: diversos fungos da classe dos deuteromicetos.

Controle: preventivo, através de pulverizações foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viçosa (1,0 a 1,5%) e adubação foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4%). Quebra-ventos e adubações equilibradas são práticas que favorecem o controle da doença.

􀂃 Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv. garcae)

É uma doença bacteriana que afeta principalmente folhas jovens, rosetas, frutos novos e ramos do cafeeiro, atingindo mudas no viveiro e plantas no campo. Em regiões altas e desprotegidas de ventos, a bactéria provoca a queda prematura das folhas, prejudica o pegamento de flores e a produção do ano seguinte.

Sintomas: manchas necróticas, de coloração pardo-escura, circundadas por um halo amarelado. As lesões são mais freqüentes nas bordas das folhas. Um outro sintoma importante da doença é a seca de ramos laterais e com isto, a planta emite ramos novos, provocando um superbrotamento.

Controle: deve iniciar-se ainda na fase de viveiro, com a escolha do local de instalação, que deve estar protegido de ventos frios, sendo que a adoção de quebraventos é importante medida de mitigação da doença, tanto nos viveiros quanto no campo. As mudas atacadas devem ser podadas à altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viçosa (1,0 a 1,5%). Adubações equilibradas e o uso de quebra-ventos são práticas recomendadas.

Controle alternativo de insetos-pragas, ácaros e nematóides

􀂃 Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa. Na fase larval, a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro, cavando galerias ou mins, onde se aloja e se desenvolve. O ataque da praga reduz a área foliar e, por vezes, provoca intenso desfolhamento.

Controle: pulverizações foliares com calda sulfocálcica (2,5%), nos períodos mais secos do ano (Penteado, 1999), armadilhas com feromônio e controle com extratos vegetais, principalmente o nim (solução aquosa a 20 a 40%) (Martinez et al., 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides). Como práticas culturais recomendadas estão a utilização de quebra-ventos e a arborização. São indicadas a seringueira, macadâmia, cajueiro, ingazeiro, grevílea robusta e bananeira. As lagartas podem ser controladas por parasitóides (Colastes letifer, Mirax sp., Closterocerus coffeella, Horismenus sp.), que podem causar cerca de 18% de mortalidade das larvas do minador, e por predadores, principalmente as vespas, tais como Proctonectarina sylveirae, Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris, que podem causar até 70% de mortalidade do minador nas fases de ovo, larva e pupa. Para a manutenção de uma população de vespas adequada na lavoura de café, recomenda-se a preservação de matas remanescentes e/ou o plantio de áreas de refúgio.

􀂃 Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

É um besouro preto, luzidio, de corpo cilíndrico e ligeiramente recurvado para trás. Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estágio de maturação. A fêmea perfura os frutos para fazer a oviposição, aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridão. As larvas, ao se alimentarem, destroem parcial ou totalmente a semente.

Controle: o controle cultural é o melhor método quando a colheita do café é realizada em uma época definida, e consiste em iniciar a colheita nos talhões mais infestados, realizar uma colheita bem feita, sem deixar frutos na planta e no chão e fazer o “repasse” da colheita, colhendo os frutos que sobraram no chão e na planta. pulverizações foliares com o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, na proporção de 1 a 2kg/ha de formulações comerciais em pó (Penteado, 1999). É possível controlar a broca-do-café através do parasitóide Cephalonomia stephanoderis, vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi, 1996). O controle também pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adição de óleo de café que atraem as fêmeas adultas (Reis et al., 2002).

􀂃 Ácaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fêmeas medem em torno de 0,5 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas. Em anos de inverno seco e menos rigoroso, causam desfolhamento do cafeeiro.

Controle: pulverizações foliares com calda sulfocálcica (2%).

Cigarras

Nos últimos anos, esse inseto tem aumentando em importância para a cultura do café, devido principalmente à utilização de áreas de cerrado para plantio. Os gêneros já foram registradas infestar cafeeiros são: Quesada, cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento, Dorisiana, Fidicina e Carineta, que são de menor tamanho, medindo de 2 a 3 cm. Causam debilitação das plantas devido à sucção contínua de seiva das raízes pelas ninfas, as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos, semelhante a deficiências nutricionais, ocorrendo posteriormente queda de folhas com conseqüente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam, causando sensível diminuição da produção em lavouras entre 6 a 10 anos. Nas condições brasileiras, a fase de ninfa pode durar de um ano a mais.

Controle: Há relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al., 2002). O controle por prática cultural consiste na arborização com espécies que não sejam hospedeiras para as cigarras, por exemplo, as grevíleas. Nos casos de infestação grave só resta a eliminação do cafezal e replantio somente após pelo menos 3 anos. Os cafeeiros em formação não são atacados pelas cigarras.

Nematóides

Os nematóides formadores de galhas radiculares, principalmente Meloidogyne incognita, são limitantes para a cultura em solos arenosos. As infestações normalmente ocorrem em reboleiras. Em áreas infestadas, é necessária a introdução de leguminosas antagonistas como: mucuna preta, mucuna anã e Crotalaria spectabilis (Thomaziello, 2000) ou, ainda, utilizar mudas de C. arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatã (Zambolim, 2000). Já em solos livres de infestação, recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro.



sábado, 12 de junho de 2021

Controle da vegetação espontânea no Café Orgânico


Controle da vegetação espontânea é uma etapa muito importante visto que o cafeeiro é muito sensível à competição por água e nutrientes, importante especialmente, durante algumas fases do ano.

É comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na área, de “invasoras” ou “daninhas”, por considerar que causam mais danos do que benefícios às plantas cultivadas, devendo, dessa forma, serem erradicadas. Todavia, na agricultura orgânica, nem toda planta espontânea é considerada daninha. As plantas espontâneas são capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfície, disponibilizando-os novamente para o café.

O controle eiro; promovem a descompactação do solo; protegem o solo da erosão e da insolação; aumentam a aeração e a retenção de água dos solos; aumentam a diversidade de espécies ocorrentes na área que podem auxiliar no controle biológico de pragas; quando cortadas, podem ser utilizadas na preparação de compostos orgânicos e de biofertilizantes , bem como são produtoras de biomassa.

Portanto, essas plantas não devem ser erradicadas, mas sim, manejadas ou controladas.

Certas espécies, como por exemplo, beldroega, sapê e carqueja, são indicadoras das condições físicas e químicas do solo. Uma lista de plantas indicadoras é apresentada no Anexo 10.

A ocorrência das plantas espontâneas varia conforme o período do ano. No período chuvoso (outubro a abril), meses onde a temperatura e a disponibilidade de água são maiores, estas espécies tornam-se mais abundantes, predominando as gramíneas.

Nos meses mais secos (maio a setembro), predominam as espécies de folhas largas, por possuírem um sistema radicular pivotante, capaz de retirar água de camadas mais profundas. Neste período é muito importante controlar essas populações porque coincide com a época de florescimento e de frutificação do cafeeiro (Fernandes, 1986; Alcântara et al., 1989), a fim de diminuir a competição.

O crescimento de plantas espontâneas é mais intenso em lavouras jovens, devido à maior disponibilidade de luz. À medida que os cafeeiros crescem, menor se torna o espaço nas entrelinhas disponível à entrada de luz, diminuindo dessa forma, os níveis de ocorrência.

Uma alternativa viável para reduzir significativamente a concorrência de plantas espontâneas nos primeiros anos da lavoura é o consórcio dos cafeeiros com feijão,milho, crotalária, lab-lab, guandu, entre outras. Além de controlar as plantas espontâneas, as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes, aumentando o aporte de matéria orgânica e de nutrientes (especialmente de nitrogênio, no caso das leguminosas), a proteção dos solos e a diversidade das populações de insetos benéficos na área, além de possibilitarem lucro adicional.

Na cafeicultura orgânica o uso de herbicidas está proibido. O manejo das plantas espontâneas, é feito normalmente através de roçadas e capinas manuais e mecânicas, evitando-se a exposição completa do solo, mantendo-o coberto a maior parte do ano.

A roçada/capina manual, feita com foices/enxadas, é eficaz, mas o rendimento é baixo, tornando-se onerosa por necessitar de considerável mão-de-obra. É mais usada em áreas relativamente pequenas e/ou declivosas. A capina seletiva elimina somente as espécies mais agressivas.

A roçada/capina mecânica tratorizada é rápida, mas depende de um espaçamento largo que permita a passagem das máquinas e implementos. Depende ainda do cafezal estar bem alinhado, da declividade da área e da presença suficiente de carreadores. A necessidade de mão-de-obra é menor, porém mais especializada. Como desvantagens, exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa prática apenas “tolerável” pelas normas da produção orgânica, uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactação.

A roçada pode ser feita com roçadeira costal motorizada.O rendimento é muito bom, sem muitas das desvantagens da capina mecânica tratorizada: pode ser adotada em espaçamentos menores, áreas mais declivosas e exige menor investimento.

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espécies espontâneas, sendo, portanto, de grande importância a sua compostagem antes da utilização, visto que, a elevação da temperatura durante o processo, reduz consideravelmente a viabilidade das sementes.



domingo, 6 de junho de 2021

Arborização de Cafezais Orgânicos


Arborização de cafezais

O café é originário de florestas caducifólias da Etiópia, onde as árvores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro, quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floração (CEPA, 1971). Trata-se, portanto, de uma espécie adaptada à sombra, embora, no Brasil, a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol.

O sistema de produção de café orgânico no Brasil é mundialmente criticado devido à escassez de biodiversidade nas lavouras. As plantações orgânicas nacionais são vistas como monoculturas, sem árvores e com grande uso de matéria orgânica externa à propriedade (Moreira et al., 2002).

Embora não seja uma prática comum, o cultivo em faixas de leguminosas arbóreas, fruteiras ou outras espécies perenes intercaladas no cafezal é recomendável (Ricci et al., 2002ab). A arborização é um recurso para diversificar as lavouras tradicionais, sendo comum em países produtores de café da América Latina, tais como Colômbia, Venezuela, Costa Rica, Panamá e México. As espécies mais comuns são leguminosas, como ingá (Inga sp.) e Erythrina poeppigiana, fruteiras, como a banana (Musa spp.) e os citros (Citrus spp.), e espécies madeiráveis, como freijó-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer, 1997).

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superprodução e conseqüente esgotamento das plantas, durante os primeiros anos, até que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza & Oliveira, 2000). Pesquisas recentes demonstram uma relação positiva entre níveis de sombreamento e produção de frutos (Soto-Pinto et al., 2000). Segundo Fernandes (1986), a arborização com espécies e espaçamentos adequados pode apresentar resultados satisfatórios, quando comparado ao cultivo a pleno sol.

Uma das vantagens da utilização de árvores é a ciclagem de nutrientes, ou seja, a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a árvore retira e depois deposita sobre o solo através da queda de suas folhas ou quando é podada.

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado, MG, comparando-se café orgânico a pleno sol com café orgânico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira), esse sombreamento proporcionou:

􀂃 Menor temperatura do solo e menor oscilação;

􀂃 Maturação mais uniforme dos grãos;

􀂃 Menor lixiviação de nutrientes, principalmente potássio;

􀂃 Maior reciclagem de nutrientes;

􀂃 Maiores concentrações de potássio nos grãos, nas folhas e no solo;

􀂃 Melhor qualidade de bebida e tipo dos grãos;

􀂃 Produtividade equivalente.

É recomendável entre 30 e 40% de sombreamento, dependendo das condições de clima e da fertilidade do solo. Há duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado. A primeira é por meio do espaçamento das árvores que pode ser maior ou menor, de acordo com o porte de cada espécie. O espaçamento no sombreamento definitivo, geralmente varia de 8x8m até 15x15m. Entretanto, como muitas das espécies usadas têm um crescimento lento, o produtor pode optar por um plantio mais adensado e, à medida que as árvores forem crescendo, eliminam-se algumas. A outra maneira de dosar a sombra é por meio de podas.

Quanto à localização das árvores, estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal, em curvas de nível e na mesma linha dos cafeeiros, deixando livre as ruas para passagem de máquinas.

Um aspecto importante a ser considerado é que a arborização retarda e uniformiza a maturação dos grãos. Desse modo, os frutos do cafeeiro Conilon permanecem por mais tempo no estágio cereja, possibilitando a catação manual e contribuindo para a qualidade do produto (Matiello & Coelho, 1999).

Outro fato a ser considerado é que lavouras arborizadas ou em consórcios agroflorestais, podem possibilitar ao produtor um maior retorno econômico (frutas, madeiras, etc), especialmente para pequenos empreendimentos (Beer, 1997), ou nos períodos em que o preço do café está em baixa.

Existem dois tipos de arborização, a temporário ou provisório e a permanente. O primeiro tipo serve de proteção ao cafeeiro na fase de estabelecimento, permanecendo na área somente durante os primeiros anos, devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido. Para a arborização provisória são utilizadas espécies anuais ou perenes, de porte médio, sendo a banana a espécie mais comum nos países latinos.

Na seleção de espécies para arborização definitiva, os seguintes requisitos devem ser observados:

􀂃 Adaptação às condições ambientais da região;

􀂃 Capacidade de obter nitrogênio através da fixação biológica (família das leguminosas);

􀂃 Crescimento rápido e vida longa;

􀂃 Sistema radicular profundo, a fim de não concorrer por água e nutrientes com o cafeeiro;

􀂃 Preferencialmente, sem espinhos;

􀂃 Resistência a ventos;

􀂃 Copa rala ou perda de folhas no período de julho a setembro, em que o café necessita de mais luz para floração;

􀂃 Boa capacidade de rebrota e proporcionar de aporte de nutrientes;

􀂃 Retorno adicional de renda (lenha, alimentos, etc.);

􀂃 Não exigir podas freqüentes;

􀂃 Resistência às pragas e agentes de doenças que possam prejudicar o cafeeiro.

Mais informações sobre a arborização de cafezais estão apresentadas no Anexo 9.

Árvores de Gliricidia sepium em plena floração usada na arborização de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica, RJ.



sábado, 29 de maio de 2021

Controle de ervas no Café Orgânico


 

Cultivo

Cobertura morta do solo

Palhadas e resíduos diversos provenientes da lavoura ou de agroindústrias (palha de café, bagaço de cana, etc), são materiais ricos em carbono e pobres em nitrogênio que podem ser usados como cobertura morta, protegendo o solo das intempéries, diminuindo o risco de erosão e contribuindo para elevar o teor de matéria orgânica.

Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogênio nos materiais (ver Anexo 3), tanto mais difícil e vagarosa será sua decomposição (Kiehl, 1985). Os materiais com relação C:N mais elevada devem ter preferência para esta finalidade.

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetação presente, quer de procedência cultivada ou espontânea. Adubos verdes são plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e incorporadas ao solo com a finalidade de preservar sua fertilidade (Calegari et al., 1993; Chaves et al., 2000a, b). Podem ser utilizadas em consórcio, rotação de culturas, cercas-vivas, quebra-ventos, faixas de contorno e bordaduras. A utilização de biomassa vegetal como fonte de matéria orgânica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependência da criação animal.

Dentre os benefícios oriundos da utilização dessa massa vegetal, podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, além de efeitos alelopáticos.

Assim, a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de matéria orgânica, da disponibilidade de macro e micronutrientes, do pH e reduzem os efeitos tóxicos do alumínio e do manganês. Ajudam a trazer para a superfície os nutrientes das camadas mais profundas do solo, disponibilizando-os para o cafeeiro e diversificam o sistema, elevando a população de insetos polinizadores, bem como de parasitóides e predadores de pragas da lavoura.

A presença de vegetação cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e, conseqüentemente, da erosão, aumenta a infiltração e capacidade de retenção de água, a porosidade e a aeração do solo e atenua as oscilações de temperatura e umidade, intensificando a atividade biológica. Também, contribui para diminuir a necessidade de capinas.

As espécies mais utilizadas como adubos verdes são as leguminosas, devido à sua capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico, incorporando-o ao sistema, o que significa uma importante alternativa de suprimento às culturas. Na cafeicultura, os adubos verdes podem ser utilizados no pré-plantio do café, no período de setembro a janeiro, proporcionando uma elevada produção de massa verde e aporte de nitrogênio. Muitas espécies podem ser utilizadas, destacando-se a mucuna anã, o guandu, as crotalárias e a leucena. Na Tabela 2, estão apresentadas algumas características de leguminosas usadas como adubo verde, e na Tabela 3 estão apresentadas algumas recomendações pertinentes ao uso de adubos verde no cafezal.





As leguminosas também podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do café, desde sua implantação, tendo-se o cuidado de selecionar uma espécie não muito agressiva e que não exerça competição por água e nutrientes com o cafeeiro. Espécies que sobem no café devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo.

Podem ser cultivadas leguminosas de grão, como feijão, soja, feijão-de-corda e guandu e espécies não leguminosas, tais como milho, girassol, sorgo, milheto e mandioca.

Floração da crotalária


Arborização de cafezais

O café é originário de florestas caducifólias da Etiópia, onde as árvores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro, quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floração (CEPA, 1971). Trata-se, portanto, de uma espécie adaptada à sombra, embora, no Brasil, a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol.



terça-feira, 25 de maio de 2021

Plantio do Café Orgânico

 

Espaçamento e densidade de plantio

No Brasil, a densidade populacional dos cafezais aumentou devido à adoção de espaçamentos menores. São as chamadas lavouras adensadas de 5 a 10 mil plantas por ha (2,5 x 0,7m; 2,0 x 0,7m; 2,0 x 1,0m, por exemplo), ou superadensadas com 10 mil plantas ou mais por ha (1,0 x 1,0m ou 1,0 x 0,7m).

Apesar de alguns resultados promissores obtidos por Pavan et al., (1993) e por Pavan & Chaves (1996) quanto às características dos solos, o adensamento estimula a monocultura, prática condenada pela agricultura orgânica, por proporcionar um ambiente agrícola simplificado e homogêneo.

A baixa diversidade dos agroecossistemas é fator preponderante no surgimento de fitoparasitas e causa da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporânea (Montecinos, 1996; Pérez & Pozo, 1996). Além disso, o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes após o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo. Por conseguinte, deve-se optar por espaçamentos menos adensados, considerando a estabilidade do sistema de produção e buscando viabilizar o cultivo consorciado do café com outras espécies. Lavouras cafeeiras diversificadas além de mais corretas do ponto de vista ambiental, são economicamente mais seguras, visto que o preço do café está sempre sujeito a flutuações de mercado.

Uma possibilidade para aumentar a diversidade nos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaçamento nas entrelinhas, o que permite o plantio de culturas intercalares. Entretanto, são necessários mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opção.

Adubação

A adubação do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as análises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em função da idade da planta e do tipo de adubo usado, das perdas de nutrientes que venham a ocorrer, entre outros aspectos.

Na agricultura orgânica não é permitido o uso de determinados fertilizantes químicos, de alta concentração e solubilidade, tais como uréia, salitres, superfosfatos, cloreto de potássio e outros.

A matéria orgânica é considerada fundamental para a manutenção das características físicas, químicas e biológicas do solo. A matéria orgânica provoca mudanças nas características físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a aeração e a retenção de umidade. Do ponto de vista físico, a matéria orgânica melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e a aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes. Quimicamente, a matéria orgânica é a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais às plantas, além de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos, devido à elevação do pH; aumenta a capacidade de retenção dos nutrientes, evitando perdas. Biologicamente, a matéria orgânica aumenta a atividade dos microorganismos do solo, por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl, 1981; 1985).

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de matéria orgânica dos solos é por meio da adubação verde e da adição de adubos orgânicos. Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgânico são produzidos nas próprias unidades de produção, como os estercos, camas de aviário, palhas, restos vegetais e compostos. Resíduos da agroindústria também podem ser usados e nessa categoria estão incluídas as tortas oleaginosas (amendoim, algodão, mamona, cacau), borra de café, bagaços de frutas e outros subprodutos da indústria de alimentos, resíduos das usinas de açúcar e álcool (torta de filtro, vinhaça e bagaço de cana) e resíduos de beneficiamento de produtos agrícolas.

O agricultor deve selecionar o tipo de adubação em função da disponibilidade local, levando em consideração principalmente a distância da fonte até o local onde será utilizado, visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou até inviabilizar a atividade.

A facilidade de decomposição desses materiais depende da relação carbono:nitrogênio (relação C:N), que significa a proporção de carbono contida no material em relação ao nitrogênio. O valor ideal está em torno de 30:1. Quanto menor o valor desta relação, mais fácil será a sua decomposição. Materiais ricos em nitrogênio, tais como os estercos e palha de leguminosas são os que possuem menores valores dessa relação, que variam entre 20:1 e 30:1, enquanto nas palhadas esta relação varia

de 35:1 até 100:1. No Anexo 3 está apresentada a relação C:N dos principais resíduos orgânicos que podem orientar a escolha.

O fósforo é um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que, no entanto, é uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais. Para correção do nível de fósforo são recomendados: termofosfatos, fosfato de rocha natural, ou mesmo a farinha de osso. Deve-se atentar para a possibilidade de contaminação por metais pesados quando do uso de escórias ou mesmo pó de rocha, preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminações indesejáveis.

O potássio é o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificação e de defesa natural das plantas (Guimarães et al., 2002). As fontes de potássio recomendadas na agricultura orgânica são as cinzas vegetais, a casca de café, a vinhaça, o sulfato de potássio e o sulfato duplo de potássio e magnésio.

Nos solos brasileiros é comum haver deficiência de alguns micronutrientes. Esses elementos são importantes não só pelo seu papel no metabolismo das plantas como também por suas relações com os mecanismos de defesa das plantas. De acordo com Guimarães et al. (2002), nas condições brasileiras, zinco, boro e cobre estão entre os micronutrientes mais importantes para o cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o pó de basalto, os sulfatos, algas marinhas e os biofertilizantes, onde estes nutrientes estão na forma complexada com a matéria orgânica.

A monitorização constante do estado nutricional do cafeeiro é a chave para o desenvolvimento de plantas saudáveis e produtivas.

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos, eqüinos, caprinos, suínos, ovinos, aves e coelhos, cuja composição química varia com o sistema de criação, a idade do animal, a raça e a alimentação.

É recomendável que a cafeicultura orgânica seja integrada à atividade animal, a fim de reduzir os custos de produção. Neste caso, a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgânica de acordo com a regulamentação da Lei 10.831/2003. No caso de esterco obtido de fora da unidade, o produtor deve estar atento à origem do mesmo, especialmente quanto à presença de aditivos químicos e/ou estimulantes, hormônios, medicamentos, sanitizantes e resíduos de alimentos não permitidos. É recomendável que o produtor antes de utilizar o esterco, discuta com a certificadora as restrições específicas do mercado comprador. O esterco deve ser preferencialmente compostado ou, então, deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um período de pelo menos 6 meses).

As Boas Práticas Agrícolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um período longo de tempo com adição de calcário (Neves et al., 2004b). Essas recomendações objetivam o uso seguro do esterco na produção por possibilitarem a eliminação de microrganismos patogênicos porventura existentes. Além disso, reduzem a presença de sementes de plantas espontâneas e a fitotoxicidade.

Composto

Chamamos de composto o adubo orgânico proveniente da compostagem, uma prática milenar de estabilização de estercos e outros resíduos orgânicos. Para produzir um composto seguro em relação aos microrganismos potencialmente patogênicos é preciso que sejam observados os seguintes aspectos:

As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias, no mínimo 5 vezes durante o processo.

A temperatura deve se manter entre 55 e 70ºC durante pelo menos 15 dias (Kiehl, 1985).

Um processo simples de compostagem está descrito no Anexo 4.

Durante a compostagem, escorre um líquido escuro das pilhas, denominado chorume. Este material, se possível, deve ser recolhido, podendo retornar à pilha , pois representa excelente fonte de nutrientes. Após cerca de 50 dias, normalmente, o composto está pronto para ser usado.

Bokashi

Bokashi significa composto orgânico em japonês. É obtido da fermentação de farelos com o auxílio de microrganismos. O Bokashi pode ser preparado na própria unidade de acordo com o processo descrito no Anexo 5. Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada região.

O produto pode ser aplicado nas covas, sob a saia do cafeeiro ou nas ruas. No caso de aplicação manual, deve-se tomar cuidado para que não hajam torrões muito grandes.

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em função do histórico e da análise do solo. O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e, com o decorrer do tempo, pode-se diminuir gradativamente a dosagem.

Biofertilizantes

Basicamente, o biofertilizante é o resíduo do biodigestor, obtido da fermentação de materiais orgânicos como a vinhaça, as águas de lavagem de estábulos, baias e pocilgas. O biofertilizante de esterco bovino, por exemplo, é o material pastoso resultante de sua fermentação (digestão anaeróbica) em mistura com água.

Na digestão anaeróbia há maior retenção de nitrogênio do que na decomposição aeróbia, pela compostagem. Isto ocorre pelo fato de as bactérias anaeróbias utilizarem pequena quantidade de nitrogênio dos resíduos vegetais e animais para sintetizarem proteínas.

Os biofertilizantes, além de serem importantes fontes de macro e micronutrientescontêm substâncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar.

Vários tipos de biofertilizantes são utilizados, podendo ser obtidos da mistura de diversas matérias orgânicas com água, enriquecidos ou não com minerais. Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizações e sobre o solo. Os efluentes de biodigestor, em geral de pocilgas e estábulos, contém somente esterco e água.

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio, têm na sua formulação fontes variadas de matéria orgânica, incluindo vegetais e minerais como pós de rocha e micronutrientes.

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes não específicos e embora seus efeitos sobre as plantas não estejam totalmente estudados, estimulam, ao que tudo indica, a resistência das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenças. Têm papel direto no controle de alguns itoparasitas através de substâncias com ação fungicida, bactericida e/ou inseticida presentes em sua composição e há estudos mostrando também seus efeitos na promoção de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas, possivelmente pelos hormônios vegetais nela presentes. 

O Supermagro é proveniente da fermentação anaeróbia da matéria orgânica de origem animal e vegetal que resulta num líquido escuro utilizado em pulverização foliar complementar à adubação de solo, como fonte de micronutrientes. Atua também como defensivo natural por meio de bactérias benéficas, principalmente Bacillus subtilis (Pedini, 2000), que inibe o crescimento de fungos e bactérias causadores de doenças nas plantas, além de aumentar a resistência contra insetos e ácaros. Os ingredientes básicos do biofertilizante Supermagro são água, esterco bovino, mistura de sais minerais (micronutrientes), resíduos animais, melaço e leite. Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6.

Existem outras formulações adaptadas do Supermagro, como o Agrobio, biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes, 2000), cujo processo de preparação está descrito no Anexo 7.

Em qualquer das formulações citadas, as pulverizações devem ser feitas nas concentrações de 2 a 5%, sendo que para as espécies perenes poderão ser suficientes quatro pulverizações por ano. Na fase de formação, até seis meses após o plantio, pulverizações de Supermagro (13 a 15%) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Araújo, 2004). Por estes produtos conterem micronutrientes, pulverizações excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares. Por este motivo, análises químicas foliares devem ser feitas freqüentemente, a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulação do biofertilizante.

O biofertilizante líquido produzido a partir da simples fermentação de esterco fresco de bovinos, é recomendado para aplicação em maiores concentrações. É distribuído usando-se tanques ou através de um sistema de aspersão sobre o solo ou sobre a planta, em diluições de 20 a 40% e volumes de 100 a 200 m3/ha (Anexo 8).

Correção da acidez do solo

A calagem é um procedimento admitido no manejo orgânico para correção da acidez do solo. O cafeeiro desenvolve-se melhor em solos com valores de pH entre 6,0 e 6,5.

Sempre que a análise do solo a ser cultivado revelar pH inferior a 6,0 a calagem é recomendada. A quantidade de calcário a ser aplicada pode ser calculada da seguinte forma:

1) determina-se a soma de bases (S)

S = Ca + Mg + K + NA

2) determina-se o valor da CTC ou (T)

T = S + H + Al

3) determina-se o valor de saturação de bases (V)

T

V = 100× S

4) calcula-se a necessidade de calagem (NC):

NC(t / ha) = (V V T 2 1

onde:

V2 = Valor de saturação de bases desejada

V1 = Valor de saturação de bases atual

5) corrige-se a NC para o poder relativo de neutralização total (PRNT) do calcário a ser usado

100

NCcorrigida = NC × PRNT 

Doses pequenas de calcário podem ser aplicadas diretamente nas covas. Quantidades maiores devem ser distribuídas a lanço e subseqüentemente incorporadas. Em ambos os casos, a aplicação deve ser feita no mínimo 30 dias antes do plantio. No sistema de plantio direto, faz-se a aplicação concentrada das doses de calcário nas linhas ou nas covas de plantio.

Nos sistemas orgânicos, o uso contínuo de adubos orgânicos, a utilização sistemática de adubos verdes e o manejo das espécies espontâneas tendem a reduzir a necessidade de calagem ao longo dos anos.




quinta-feira, 20 de maio de 2021

Produção de Mudas no Café Orgânico

 

Mudas

A formação de mudas sadias e bem desenvolvidas é uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso.

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro: as mudas de meio ano e as de um ano.

As mudas de meio ano são mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanência no viveiro mais curto.

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifícios de dreno ou em tubetes, a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinação. As dimensões recomendadas para os saquinhos são: 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano; 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano.

O uso de tubetes para a formação de mudas orgânicas, os quais contêm reduzido volume de substrato, não sendo permitido o uso de fertilizantes altamente solúveis, tem como desvantagem um desenvolvimento às vezes insatisfatório das mudas. Além do preço superior dos próprios tubetes, o sistema exige irrigação por microaspersão, suporte para encaixe dos recipientes e mão-de-obra especializada.

O viveiro deve ser construído em local bastante ensolarado, com topografia preferencialmente plana, evitando-se, áreas alagadiças, que favoreçam o ataque de fitopatógenos. Além disso, há necessidade de fácil acesso à água de boa qualidade e com vazão adequada. Para produzir 1000 mudas é necessária uma área de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construção constam do Anexo 1. O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapê ou outra) ou, mais propriamente, com tela de nylon, tipo Sombrite. Em ambos os casos, a redução da luminosidade natural não deve ultrapassar 50%. A construção do viveiro deve levar em conta a trajetória do sol, para assegurar maior homogeneidade das mudas.

A qualidade da semente, como antes mencionado, é fundamental para a obtenção de boas mudas. As sementes devem ser provenientes de instituições oficiais, de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos órgãos de defesa sanitária vegetal. Sementes da própria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas, de alta produtividade, não expressando sintomas de doenças parasitárias e com baixa incidência de frutos “chochos”.

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta, usando-se ou não sementes pré-germinadas (Guimarães et al., 1989), observando-se a legislação regional.

Na semeadura direta, são colocadas duas sementes por saquinho plástico, a uma profundidade máxima de 1 cm, cobrindo-se, em seguida, com ½ cm de terra ou areia peneirada. Feito isso, os canteiros devem ser cobertos com palha seca, livre de sementes de plantas espontâneas, visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigação.

O semeio indireto embora não permitido em alguns estados, pode ser efetuado em germinadores de areia, de onde as plântulas, no estádio “palito-de-fósforo”, serão transplantadas para os recipientes. A desvantagem deste método é acarretar uma considerável quantidade de mudas com “pião” torto.

As sementes podem ser pré-germinadas em ambiente úmido, sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem. Na fase de “esporinha” (radícula com 1 cm no máximo), as plântulas são repicadas para os saquinhos.

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulações simples, tais como:

♦ 70 a 80% de sub-solo argiloso + 20 a 30% de vermicomposto;

♦ 50 a 70% de sub-solo argiloso + 30 a 50% de esterco bovino curtido;

♦ 85 a 90% de sub-solo argiloso + 10 a 15% de cama de aviário curtida.

Como fonte de fósforo, recomenda-se adicionar às misturas 1% de termofosfato silícico-magnesiano. Outra opção seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporção. Em caso de necessidade de potássio, pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potássio.

É expressamente proibido na agricultura orgânica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestação do substrato. Para tal finalidade dispõese da alternativa da solarização (Ricci et al., 1997). Trata-se de um método físico de desinfestação, baseado no uso da energia solar para elevação da temperatura do solo. É um método apropriado para regiões com estações climáticas bem definidas, onde o verão apresenta dias consecutivos de alta radiação solar. Existem vários métodos de solarização. Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado, ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plástico (polietileno) fino e transparente, bem esticado e expô-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan, 1980; Katan & DeVay, 1991). Durante a solarização a temperatura do substrato deve atingir níveis que são letais à grande maioria dos fitopatógenos e da plantas espontâneas (Katan et al., 1976; Ghini, 1991). A Estação Experimental de Seropédica da Pesagro-Rio desenvolvou um solarizador de baixo custo e alta eficiência que pode ser muito útil na de desinfestação de substratos para mudas de café (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenças quanto à formação de mudas de café para subseqüente cultivo convencional ou orgânico residem na composição do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes, no processo de desinfestação do mesmo, nas adubações complementares de cobertura ou mediante pulverização foliar e no controle de pragas, agentes fitopatogênicos e de ervas espontâneas no viveiro.

É possível que as mudas revelem sintomas de deficiência nutricional durante a fase de viveiro. Uma opção viável são os estercos bem curtidos ou compostados, vermicompostos e preparações do tipo Bokashi (farelos fermentados), os quais poderão ser utilizados em cobertura. As doses deverão ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas, antes da aplicação geral no viveiro, a fim de assegurar ausência de efeitos fitotóxicos (queimaduras) por parte dos insumos orgânicos.

Como fonte de micronutrientes, recomendam-se pulverizações quinzenais com biofertilizantes líquidos de composição semelhante ao conhecido Supermagro.

Esses produtos, além da função nutricional, estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas.

Na cafeicultura orgânica, é vedado o uso de herbicidas. O controle das ervas espontâneas no viveiro deve feito manualmente, com cuidado para não danificar as mudas. A irrigação pode ser feita de diferentes maneiras. Em pequena escala, pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha; em viveiros maiores, a irrigação por aspersão constitui-se na melhor opção.

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimatação das mudas, retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas às condições climáticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al., 1996).




sexta-feira, 7 de maio de 2021

Café orgânico e seu cultivo

 

O café orgânico e seu cultivo

O café pertence ao gênero Coffea da família Rubiaceae. Dentre as espécies cultivadas destacam-se Coffea arabica, conhecida como café arábica, e Coffea canephora, conhecida como café conilon ou robusta. O café arábica é uma espécie originária das florestas subtropicais da região serrana da Etiópia e se adequa ao clima tropical de altitude. Já o café robusta é originário das regiões equatoriais baixas, quentes e úmidas da bacia do Congo.

A produção tradicional do café na Colômbia, tal como praticada nas pequenas unidades de produção, recria as condições originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados. Estas são as bases do cultivo orgânico do café que pode, entretanto, variar dependendo se o cultivo é mais ou menos intensivo. Os cultivos extensivos são caracterizados por apresentar os ciclos de nutrientes essencialmente fechados e os cultivos mais intensivos dependem de adubos orgânicos, por vezes obtidos fora da unidade de produção.



Café Conilon cultivado em associação com mamão, banana e árvores leguminosas (Gliricidia sepium), em sistema orgânico na Fazendinha Agroecológica Km 47, Seropédica, RJ.

Clima

A faixa de temperatura ideal para o cultivo do café arábica fica entre 19 e 22oC.

Temperaturas mais altas promovem formação de botões florais e estimulam o crescimento dos frutos. Entretanto, estimulam também, a proliferação de pragas e aumenta o risco de infecções que podem comprometer a qualidade da bebida. O cafeeiro é também muito suscetível à geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta.

O café robusta é resistente a temperaturas altas e a doenças. Adapta-se bem em regiões com média anual de temperatura entre 22 a 26oC. cafeeiro reage positivamente a um período de seca que, entretanto não deve durar mais do que 3 meses. A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa 1500 a 1900 mm anuais, bem distribuídos. Uma distribuição muito irregular de chuva causa floração desuniforme e maturação desigual dos frutos.

O cafeeiro é uma planta adaptada a sombreamento parcial. Utiliza apenas cerca de 1% da energia luminosa, fotossinteticamente ativa. Quando a temperatura na superfície da folha passa de 34oC, a taxa de assimilação de CO2 cai a praticamente zero, fazendo com que a atividade fotossintética de uma planta sombreada passe a ser até mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Café orgânico, 2000).




Fluxograma do processo de produção do café orgânico


Solos e preparo da área

O cafeeiro prefere solos bem drenados. Pode crescer em solos pouco profundos devido ao desenvolvimento de grande rede de raízes superficiais. Solos ricos em húmus, levemente ácidos são os mais propícios para o desenvolvimento da planta.

Em primeiro lugar, o produtor deve observar a aptidão agrícola da área a ser cultivada, respeitando seus limites e potenciais. Forçar a natureza é o primeiro passo para o insucesso de um empreendimento agrícola, sendo ainda mais grave no caso da agricultura orgânica, visto que dificulta a sustentabilidade do sistema, constituindo um dos aspectos considerados para fins de certificação.

A área deve ser preparada utilizando-se as práticas de conservação de solo, como terraçeamento, plantio em curvas de nível, cordões de contenção, etc. O uso de máquinas somente é permitido quando o declive for menor que 15%. Na medida do possível, deve-se minimizar a reversão da camada arável do solo e a desagregação de sua estrutura. Implementos que causam a desestruturação da camada arável, tais como arados de discos, grade aradora e enxadas rotativas devem ser evitados, pois expõem o solo à erosão e a altas temperaturas. Entretanto, dependendo das características físicas do solo, topografia, necessidade de destocamento e outras situações peculiares, tolera-se o emprego desses implementos.

Para fins de conservação de solo recomenda-se o plantio direto e o cultivo mínimo.

São práticas que reduzem a erosão e beneficiam as atividades biológicas do solo. O produtor orgânico deve estar atento aos cuidados relacionados à conservação do meio ambiente, tais como, evitar desmatamentos desnecessários ou irregulares, promover a conservação de mananciais, matas ciliares, etc. As queimadas devem ser evitadas, sendo toleradas apenas em situações de extrema necessidade.

Escolha de Cultivares

As cultivares devem ser escolhidas em função de diversos aspectos, destacando-se: produtividade, qualidade de bebida, época de maturação, espaçamento, microclima, ocorrência de pragas e doenças, dentre outras.

Em regiões com alta incidência do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix), a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espécie ou cultivares resistentes. O café Conilon apresenta resistência natural de campo à esta doença.

No caso do café arábica, as cultivares tradicionais, tais como Mundo Novo, Catuaí, e Bourbon, só podem ser utilizadas em áreas de menor ocorrência da doença, bem como quando o produtor dispõe de métodos alternativos e técnicas orgânicas eficientes para o seu controle. De outro modo, a escolha deve recair sobre cultivares de café arábica, geralmente híbridos mais resistentes e já disponíveis, tais como:

♦ Icatu amarelo – obtida do cruzamento do café robusta com o café arábica cultivar Bourbon, seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo. Apresenta porte alto e frutos de cor amarela, maturação precoce a tardia, moderada resistência à ferrugem; alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente;

♦ Icatu vermelho – obtida do cruzamento do café robusta com o café arábica cultivar Bourbon. Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha, maturação precoce a tardia, moderada resistência à ferrugem; alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente;

♦ Catucaí – resultante de cruzamento entre as cultivares Icatu e Catuaí Vermelho ou Amarelo. Apresenta porte que varia de baixo a alto, frutos vermelhos ou amarelos, maturação variável, moderada a alta resistência à ferrugem, produtividade alta e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios adensados;

♦ Oeiras – derivada do cruzamento da cultivar Caturra Vermelho com o Híbrido de Timor. Apresenta porte baixo, frutos vermelhos, maturação variável, moderada a alta resistência à ferrugem, produtividade média e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios adensados;

♦ Obatã (IAC 1669-20) – derivada do cruzamento da cultivar Vila Sarchi com o Híbrido de Timor (CIFC 832/2), com posterior cruzamento natural com cultivar Catuaí Vermelho. Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação tardia, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, , sendo indicada para plantios adensados ou em renques;

♦ Tupi (IAC 1669-33) – originada do cruzamento entre cultivar Vila Sarchi e o Híbrido de Timor (CIFC 832/2). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação precoce, alta resistência à ferrugem, boa produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios adensados, super-adensados ou em renques;

♦ Paraíso MG H 419-1 – originada do cruzamento entre o Catuaí Amarelo (IAC 30) e o Híbrido de Timor. Apresenta porte baixo, fruto amarelo, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Catiguá MG1 e MG2 - originada do cruzamento entre a cultivar Catuaí Amarelo (IAC 86/UFV 2154-344 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 440-10). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, altaprodutividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Sacramento MG1 - originada do cruzamento entre a cultivar Catuaí Vermelho (IAC 81/UFV 2154-79 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 438-52). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Araponga MG1 - originada do cruzamento entre o Catuaí Vermelho (IAC 86/UFV 2154-345 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 446-08). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Pau-Brasil MG2- originada do cruzamento entre o Catuaí Vermelho (IAC 141/UFV 2194-141 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 442-34). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boaqualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados.






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