Controle alternativo de pragas e doenças
A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificação do agroecossistema em vastas áreas, substituindo a diversidade natural por um pequeno número de espécies cultivadas. Esta simplificação causa grande impacto e, conseqüentemente, desequilíbrio ao meio ambiente. Uma intensificação da incidência de pragas e doenças é resultante desse modelo. Portanto, deve-se primeiramente buscar o equilíbrio de cada ambiente através da manutenção de áreas de matas, aumento da diversidade de espécies vegetais dentro do cafezal, isolamento quanto a vizinhos com manejo convencional, etc. Estas táticas visam aumentar o número de inimigos naturais e, conseqüentemente, diminuir a pressão de pragas e doenças. Direcionadas a um correto manejo nutricional das plantas e da fertilidade do solo, essas práticas culturais evitam os excessos de adubos, principalmente os nitrogenados, e são consideradas medidas anti-estresse. Permitem que as plantas expressem plenamente seus mecanismos naturais de defesa (Akiba et al., 1999).
Entretanto, algumas vezes, estas medidas não são suficientes para impedir a ocorrência de problemas fitossanitários, principalmente em função de desequilíbrios temporários naturais que acarretam estresse, do uso de cultivares suscetíveis e de fatores não controláveis que venham determinar o aumento da incidência de pragas e concentrada deve ser diluída. Para controlar essa diluição, determina-se a densidade através de um densímetro ou aerômetro de Baumé, com graduação de 0 a 50º Bé (graus de Baumé), sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32º Bé.
O uso rotineiro da calda sulfocálcica requer certos cuidados, a seguir listados:
1. a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficácia, sendo que a cal não deve ter menos que 95% de CaO;
2. a calda é alcalina e altamente corrosiva, danifica recipientes de metal, as roupas e a pele. Após manuseá-la, é necessário lavar bem os recipientes e as mãos com uma solução a 10% de suco de limão ou de vinagre em água;
3. a calda pode ser fitotóxica para muitas plantas, principalmente quando a temperatura ambiente é elevada, sendo conveniente testá-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos à tardinha;
4. utilizar equipamento de proteção individual (EPI) quando da realição das pulverizações;
5. não descartar os excedentes em nascentes, cursos d"água, açudes ou poços;
6. após aplicação de caldas à base de cobre (bordalesa e viçosa), deve-se respeitar o intervalo mínimo de 20 dias para tratamento com sulfocálcica.
Calda bordalesa
É uma suspensão coloidal, de cor azul celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada, cujo preparo está descrito no Anexo 12.
O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos, a seguir relacionados:
1. sulfato de cobre deve possuir, no mínimo, 98% de pureza e a cal não deve conter menos que 95% de CaO;
2. a calda deve ser empregada logo após o seu preparo ou no máximo dentro de 24 horas; quando estocada pronta, perde eficácia com rapidez;
3. aplicar a calda somente com tempo claro e seco;
4. os recipientes de plástico, madeira ou de agentes de doenças.
Nesses casos, faz-se necessário o uso de defensivos alternativos, que podem ser de preparação caseira ou adquiridos no comércio, a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Pertencem a esse grupo as formulações que têm como características principais: baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e à natureza, eficiência no combate aos artrópodes e microrganismos nocivos, não favorecimento à ocorrência de formas de resistência desses fitoparasitas, disponibilidade e custo reduzido. Estão incluídos na categoria, entre outros, os diversos biofertilizantes líquidos, as caldas (sulfocálcica, viçosa e bordalesa), os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado, 1999).
Caldas de preparo caseiro
Calda sulfocálcica
É resultante de uma reação corretamente balanceada entre o cálcio e o enxofre, dissolvidos em água e submetidos à fervura, constituindo uma mistura de polissulfetos de cálcio, cujo preparo está descrito no Anexo 11.
Além do seu efeito fungicida, exerce ação sobre ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores, além de ter ação repelente sobre "brocas" que atacam tecidos lenhosos.
Antes da aplicação sobre as plantas, através de pulverizações foliares, a calda concentrada deve ser diluída. Para controlar essa diluição, determina-se a densidade através de um densímetro ou aerômetro de Baumé, com graduação de 0 a 50º Bé (graus de Baumé), sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32º Bé.
O uso rotineiro da calda sulfocálcica requer certos cuidados, a seguir listados:
1. a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficácia, sendo que a cal não deve ter menos que 95% de CaO;
2. a calda é alcalina e altamente corrosiva, danifica recipientes de metal, as roupas e a pele. Após manuseá-la, é necessário lavar bem os recipientes e as mãos com uma solução a 10% de suco de limão ou de vinagre em água;
3. a calda pode ser fitotóxica para muitas plantas, principalmente quando a temperatura ambiente é elevada, sendo conveniente testá-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos à tardinha;
4. utilizar equipamento de proteção individual (EPI) quando da realição das pulverizações;
5. não descartar os excedentes em nascentes, cursos d"água, açudes ou poços;
6. após aplicação de caldas à base de cobre (bordalesa e viçosa), deve-se respeitar o intervalo mínimo de 20 dias para tratamento com sulfocálcica.
Calda bordalesa
É uma suspensão coloidal, de cor azul celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada, cujo preparo está descrito no Anexo 12.
O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos, a seguir
relacionados:
1. sulfato de cobre deve possuir, no mínimo, 98% de pureza e a cal não deve conter menos que 95% de CaO;
2. a calda deve ser empregada logo após o seu preparo ou no máximo dentro de 24 horas; quando estocada pronta, perde eficácia com rapidez;
3. aplicar a calda somente com tempo claro e seco;
4. os recipientes de plástico, madeira ou alvenaria são os mais indicados, porque não são atacados pelo cobre e pela cal; 5. utilizar equipamento de proteção individual quando da realização das pulverizações;
6. não descartar excedentes em nascentes, cursos d'água, açudes ou poços;
7. obedecer intervalos de 15 a 25 dias entre aplicações de calda sulfocálcica e de calda bordalesa
Calda viçosa
Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viçosa. É recomendada para controle de diversos fitopatógenos, dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro; por ser complementada com sais minerais (cobre, zinco, magnésio e boro) também funciona como adubo foliar. Detalhes do preparo estão descritos no Anexo 13.
Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocálcica. A uréia, que faz parte da formulação original, não pode ser acrescentada à receita por que seu uso não está permitido pelas normas vigentes da agricultura orgânica.
Nim (Azadirachta indica)
É uma planta da família Meliaceae, cuja origem provável é a Índia e o sul da Ásia, onde é muito utilizada para fins medicinais e como pesticida. O óleo das sementes do nim é um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espécies de pragas, incluindo: a mosca branca, pulgões e besouros, assim como contra nematóides (Ciociola Jr. & Martinez, 2002; Ferraz & Freitas, 2004).
No Brasil, já se encontram disponíveis no mercado o óleo das sementes e extrato de folhas para pulverizações de plantas. No Anexo 14 há uma receita simples de extrato de nim, recomendada pelo Grupo Temático de Práticas Ambientais Sustentáveis (2002).
Controle alternativo de fitopatógenos
As doenças que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importância, de acordo com as condições climáticas regionais, são:
Ferrugem (Hemileia vastatrix)
Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m, sob condições de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ºC) e molhamento foliar contínuo superior a 12 horas. A incidência é maior nas áreas expostas a ventos, granizo e ao frio intenso e nos espaçamentos mais reduzidos.
Sintomas: manchas amareladas na face superior das folhas, variando em diâmetro, com erupções esporulantes alaranjadas na face inferior (constituídas de uredosporos do fungo). Desfolhamento mais ou menos intenso, dependendo das condições ambientais.
Agente causal: fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminação.
Controle: pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como: Icatu, Catucaí (Catuaí x Icatu) e Catimor (Catuaí Vermelho x Híbrido de Timor), além do Conilon. Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidência da ferrugem é de no máximo 5% de folhas com pústulas esporuladas, pode ser feito com o uso da caldas viçosa. Adubações equilibradas, desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal também contribuem para manter o controle sobre a incidência da ferrugem.
Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)
A doença é também conhecida como mancha circular, mancha parda ou olho de pombo, presente de forma endêmica em quase todas as regiões do país (Godoy et al.,1997). As principais causas da incidência da enfermidade são: deficiência nutricional principalmente na formação de mudas em substratos pobres, excesso de insolação, queda de temperatura e estresse hídrico.
Sintomas: lesões pequenas e circulares, com 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, de coloração pardo-clara ou marron-escura, com centro branco-acinzentado, envolvidas por anel arroxeado ou amarelado, lembrando um olho. As folhas atacadas caem rapidamente, ocorrendo desfolha e seca de ramos. Os frutos podem ser infestados, ocasionando depreciação da qualidade da bebida.
Agente causal: fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodóquios no centro das lesões, onde os conidióforos septados e cilíndricos são agrupados em fascículos. Apresenta conídios hialinos e multisseptados.
Controle: o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juárez & Sánchez-Garcia, 2000) e, também, utilizando-se caldas bordalesa ou de viçosa (1,0 a 1,5%) em pulverizações foliares a intervalos de 15 dias. Entre as práticas culturais recomendadas estão o bom preparo do solo, que deve estar livre de compactação e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raízes, adubações equilibradas, controle do sombreamento já que a incidência da doença aumenta com o plantio a pleno sol.
Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp., Phomopsis sp., Colletotrichum spp.)
É ocasionada por um complexo de fatores, destacando-se principalmente as condições climáticas desfavoráveis e má nutrição das plantas.
Sintomas: ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos.
Agente causal: diversos fungos da classe dos deuteromicetos.
Controle: preventivo, através de pulverizações foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viçosa (1,0 a 1,5%) e adubação foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4%). Quebra-ventos e adubações equilibradas são práticas que favorecem o controle da doença.
Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv. garcae)
É uma doença bacteriana que afeta principalmente folhas jovens, rosetas, frutos novos e ramos do cafeeiro, atingindo mudas no viveiro e plantas no campo. Em regiões altas e desprotegidas de ventos, a bactéria provoca a queda prematura das folhas, prejudica o pegamento de flores e a produção do ano seguinte.
Sintomas: manchas necróticas, de coloração pardo-escura, circundadas por um halo amarelado. As lesões são mais freqüentes nas bordas das folhas. Um outro sintoma importante da doença é a seca de ramos laterais e com isto, a planta emite ramos novos, provocando um superbrotamento.
Controle: deve iniciar-se ainda na fase de viveiro, com a escolha do local de instalação, que deve estar protegido de ventos frios, sendo que a adoção de quebraventos é importante medida de mitigação da doença, tanto nos viveiros quanto no campo. As mudas atacadas devem ser podadas à altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viçosa (1,0 a 1,5%). Adubações equilibradas e o uso de quebra-ventos são práticas recomendadas.
Controle alternativo de insetos-pragas, ácaros e nematóides
Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)
O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa. Na fase larval, a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro, cavando galerias ou mins, onde se aloja e se desenvolve. O ataque da praga reduz a área foliar e, por vezes, provoca intenso desfolhamento.
Controle: pulverizações foliares com calda sulfocálcica (2,5%), nos períodos mais secos do ano (Penteado, 1999), armadilhas com feromônio e controle com extratos vegetais, principalmente o nim (solução aquosa a 20 a 40%) (Martinez et al., 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides). Como práticas culturais recomendadas estão a utilização de quebra-ventos e a arborização. São indicadas a seringueira, macadâmia, cajueiro, ingazeiro, grevílea robusta e bananeira. As lagartas podem ser controladas por parasitóides (Colastes letifer, Mirax sp., Closterocerus coffeella, Horismenus sp.), que podem causar cerca de 18% de mortalidade das larvas do minador, e por predadores, principalmente as vespas, tais como Proctonectarina sylveirae, Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris, que podem causar até 70% de mortalidade do minador nas fases de ovo, larva e pupa. Para a manutenção de uma população de vespas adequada na lavoura de café, recomenda-se a preservação de matas remanescentes e/ou o plantio de áreas de refúgio.
Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)
É um besouro preto, luzidio, de corpo cilíndrico e ligeiramente recurvado para trás. Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estágio de maturação. A fêmea perfura os frutos para fazer a oviposição, aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridão. As larvas, ao se alimentarem, destroem parcial ou totalmente a semente.
Controle: o controle cultural é o melhor método quando a colheita do café é realizada em uma época definida, e consiste em iniciar a colheita nos talhões mais infestados, realizar uma colheita bem feita, sem deixar frutos na planta e no chão e fazer o “repasse” da colheita, colhendo os frutos que sobraram no chão e na planta. pulverizações foliares com o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, na proporção de 1 a 2kg/ha de formulações comerciais em pó (Penteado, 1999). É possível controlar a broca-do-café através do parasitóide Cephalonomia stephanoderis, vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi, 1996). O controle também pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adição de óleo de café que atraem as fêmeas adultas (Reis et al., 2002).
Ácaro vermelho (Oligonychus ilicis)
As fêmeas medem em torno de 0,5 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas. Em anos de inverno seco e menos rigoroso, causam desfolhamento do cafeeiro.
Controle: pulverizações foliares com calda sulfocálcica (2%).
Cigarras
Nos últimos anos, esse inseto tem aumentando em importância para a cultura do café, devido principalmente à utilização de áreas de cerrado para plantio. Os gêneros já foram registradas infestar cafeeiros são: Quesada, cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento, Dorisiana, Fidicina e Carineta, que são de menor tamanho, medindo de 2 a 3 cm. Causam debilitação das plantas devido à sucção contínua de seiva das raízes pelas ninfas, as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos, semelhante a deficiências nutricionais, ocorrendo posteriormente queda de folhas com conseqüente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam, causando sensível diminuição da produção em lavouras entre 6 a 10 anos. Nas condições brasileiras, a fase de ninfa pode durar de um ano a mais.
Controle: Há relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al., 2002). O controle por prática cultural consiste na arborização com espécies que não sejam hospedeiras para as cigarras, por exemplo, as grevíleas. Nos casos de infestação grave só resta a eliminação do cafezal e replantio somente após pelo menos 3 anos. Os cafeeiros em formação não são atacados pelas cigarras.
Nematóides
Os nematóides formadores de galhas radiculares, principalmente Meloidogyne incognita, são limitantes para a cultura em solos arenosos. As infestações normalmente ocorrem em reboleiras. Em áreas infestadas, é necessária a introdução de leguminosas antagonistas como: mucuna preta, mucuna anã e Crotalaria spectabilis (Thomaziello, 2000) ou, ainda, utilizar mudas de C. arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatã (Zambolim, 2000). Já em solos livres de infestação, recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro.
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