quarta-feira, 30 de junho de 2021

Colheita e Pós-colheita do Café Orgânico


Colheita

O café está pronto para a colheita quando os frutos atingem o estádio cereja. A colheita deve então ser realizada o mais rapidamente possível, sendo ideal que se complete num período de 2 a 3 meses. Antes do período de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos, sacaria, etc.) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento. Deve-se também assegurar a arruação para facilitar a colheita e a varrição dos frutos caídos (café de varrição). Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos, eliminando todos os resíduos de café e outras sujidades.

Café Conilon em estágio cereja. Fazendinha Agroecológica Km 47, Seropédica, RJ.

Cuidados na colheita

A colheita do café orgânico é feita principalmente por derriça manual. A catação manual favorece a colheita seletiva do café cereja, o que resulta em qualidade superior do produto. Na derriça manual, a área sob as plantas deve ser coberta com panos ou plásticos limpos para que os frutos colhidos não entrem em contato com o solo, evitando, assim, uma possível contaminação com fungos produtores de micotoxinas.

De acordo com o Manual de Segurança e Qualidade para a Cultura do Café (2004), o principal cuidado a ser observado durante a colheita do café é, justamente, evitar-se contaminação dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas.

Deve-se, portanto evitar a mistura de grãos caídos com os grãos colhidos.

Pós-colheita

As operações de pós-colheita do café orgânico envolvem diversas etapas até o armazenamento, que são importantes para a preservação das características sensoriais e de segurança. Não diferem daquelas usadas na produção convencional, sendo assim, a descrição das etapas do processo de produção pós-colheita é uma adaptação do Manual de Qualidade e Segurança da Cultura do Café (2004).

Após a colheita o café deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possível, evitando-se que fique amontoado na área de produção enquanto aguarda o transporte. Recomenda-se nunca estocar o café colhido por períodos prolongados, seja nas carretas ou principalmente em sacos, para minimizar o problema de fermentação que é obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos.

Após a colheita, manual ou mecânica, deve-se proceder a uma varrição para eliminar os frutos caídos fora dos panos ou da colheitadeira. O café de varrição deve ser devidamente separado, e processado separadamente.

Limpeza

Após a colheita, tanto por derriça manual no pano ou mecanizada, o café deve ser submetido ao processo de limpeza e separação das impurezas, que pode ser feito por peneiramento manual (abanação), ventilação forçada ou por separadores de ar e peneira (máquinas de pré-limpeza).

Processamento

O café pode ser processado por via seca ou por via úmida (Fluxograma abaixo).

O preparo via úmida dá origem aos cafés despolpados ou desmucilados através do processo de fermentação rápida ou desmucilagem. O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecânico e posterior fermentação e lavagem dos grãos, eliminando-se a mucilagem. É uma prática comum entre os produtores do México, da Colômbia e do Quênia, mas no Brasil o despolpamento é pouco utilizado. É indicado para áreas onde o período póscolheita ocorre sob condições de elevada umidade relativa do ar. Neste caso, a retirada da mucilagem, através da operação de despolpamento, reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos, responsáveis por fermentações indesejáveis. Além deste fato, o café despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a área de terreiro e o tempo necessário para secagem (um terço do tempo gasto em relação ao café integral). Nas fases posteriores do preparo, reduz-se em até 60% o volume necessário de secadores, silos e tulhas.

No processamento por via seca, mais comum no Brasil, o fruto é seco na sua forma integral (com casca) ou descascado (cereja descascado).

Processamento via seca

No processamento via seca os grãos de café, após a abanação, lavagem e separação das frações (cereja, verde e bóia) são encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais. Esse tipo de processamento, também pode ser conduzido com prévio descascamento dos cafés cereja e verde, porém mantendo-se a mucilagem que envolve o grão. Os grãos descascados são então encaminhados para secagem.

Lavagem e separação

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos, terra, pedras, folhas, etc.), o café deve passar pelo lavador ou separador hidráulico que promove a separação de acordo com o estádio de maturação dos frutos que apresentam diferentes densidades. Frutos com graus diferentes de maturação se mantidos juntos, resultam em bebida de qualidade inferior.

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o café lavado não deve ser amontoado, seguindo imediatamente para o local de secagem. Na lavagem ou separação hidráulica há uma parte que flutua, conhecida pelo nome de café bóia, representada pelo grão que secou na planta, café-passa, frutos verdes, mal granados

ou leitosos. A fração que submerge é composta de frutos maduros e de meia maturação, constituindo um café de maior valor agregado. Por isso, as duas parcelas resultantes da separação hidráulica (cerejas e bóias) devem ser secas e armazenadas separadame te.

O café de varrição (colhido no chão) que deve ser lavado posteriormente, pois tem maior potencial de contaminação com fungos do solo.

Pequenos produtores podem-se fazer a lavagem do café utilizando uma caixa d’água ou outro recipiente similar disponível, e uma bombona de plástico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15).



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