sexta-feira, 7 de maio de 2021

Café orgânico e seu cultivo

 

O café orgânico e seu cultivo

O café pertence ao gênero Coffea da família Rubiaceae. Dentre as espécies cultivadas destacam-se Coffea arabica, conhecida como café arábica, e Coffea canephora, conhecida como café conilon ou robusta. O café arábica é uma espécie originária das florestas subtropicais da região serrana da Etiópia e se adequa ao clima tropical de altitude. Já o café robusta é originário das regiões equatoriais baixas, quentes e úmidas da bacia do Congo.

A produção tradicional do café na Colômbia, tal como praticada nas pequenas unidades de produção, recria as condições originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados. Estas são as bases do cultivo orgânico do café que pode, entretanto, variar dependendo se o cultivo é mais ou menos intensivo. Os cultivos extensivos são caracterizados por apresentar os ciclos de nutrientes essencialmente fechados e os cultivos mais intensivos dependem de adubos orgânicos, por vezes obtidos fora da unidade de produção.



Café Conilon cultivado em associação com mamão, banana e árvores leguminosas (Gliricidia sepium), em sistema orgânico na Fazendinha Agroecológica Km 47, Seropédica, RJ.

Clima

A faixa de temperatura ideal para o cultivo do café arábica fica entre 19 e 22oC.

Temperaturas mais altas promovem formação de botões florais e estimulam o crescimento dos frutos. Entretanto, estimulam também, a proliferação de pragas e aumenta o risco de infecções que podem comprometer a qualidade da bebida. O cafeeiro é também muito suscetível à geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta.

O café robusta é resistente a temperaturas altas e a doenças. Adapta-se bem em regiões com média anual de temperatura entre 22 a 26oC. cafeeiro reage positivamente a um período de seca que, entretanto não deve durar mais do que 3 meses. A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa 1500 a 1900 mm anuais, bem distribuídos. Uma distribuição muito irregular de chuva causa floração desuniforme e maturação desigual dos frutos.

O cafeeiro é uma planta adaptada a sombreamento parcial. Utiliza apenas cerca de 1% da energia luminosa, fotossinteticamente ativa. Quando a temperatura na superfície da folha passa de 34oC, a taxa de assimilação de CO2 cai a praticamente zero, fazendo com que a atividade fotossintética de uma planta sombreada passe a ser até mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Café orgânico, 2000).




Fluxograma do processo de produção do café orgânico


Solos e preparo da área

O cafeeiro prefere solos bem drenados. Pode crescer em solos pouco profundos devido ao desenvolvimento de grande rede de raízes superficiais. Solos ricos em húmus, levemente ácidos são os mais propícios para o desenvolvimento da planta.

Em primeiro lugar, o produtor deve observar a aptidão agrícola da área a ser cultivada, respeitando seus limites e potenciais. Forçar a natureza é o primeiro passo para o insucesso de um empreendimento agrícola, sendo ainda mais grave no caso da agricultura orgânica, visto que dificulta a sustentabilidade do sistema, constituindo um dos aspectos considerados para fins de certificação.

A área deve ser preparada utilizando-se as práticas de conservação de solo, como terraçeamento, plantio em curvas de nível, cordões de contenção, etc. O uso de máquinas somente é permitido quando o declive for menor que 15%. Na medida do possível, deve-se minimizar a reversão da camada arável do solo e a desagregação de sua estrutura. Implementos que causam a desestruturação da camada arável, tais como arados de discos, grade aradora e enxadas rotativas devem ser evitados, pois expõem o solo à erosão e a altas temperaturas. Entretanto, dependendo das características físicas do solo, topografia, necessidade de destocamento e outras situações peculiares, tolera-se o emprego desses implementos.

Para fins de conservação de solo recomenda-se o plantio direto e o cultivo mínimo.

São práticas que reduzem a erosão e beneficiam as atividades biológicas do solo. O produtor orgânico deve estar atento aos cuidados relacionados à conservação do meio ambiente, tais como, evitar desmatamentos desnecessários ou irregulares, promover a conservação de mananciais, matas ciliares, etc. As queimadas devem ser evitadas, sendo toleradas apenas em situações de extrema necessidade.

Escolha de Cultivares

As cultivares devem ser escolhidas em função de diversos aspectos, destacando-se: produtividade, qualidade de bebida, época de maturação, espaçamento, microclima, ocorrência de pragas e doenças, dentre outras.

Em regiões com alta incidência do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix), a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espécie ou cultivares resistentes. O café Conilon apresenta resistência natural de campo à esta doença.

No caso do café arábica, as cultivares tradicionais, tais como Mundo Novo, Catuaí, e Bourbon, só podem ser utilizadas em áreas de menor ocorrência da doença, bem como quando o produtor dispõe de métodos alternativos e técnicas orgânicas eficientes para o seu controle. De outro modo, a escolha deve recair sobre cultivares de café arábica, geralmente híbridos mais resistentes e já disponíveis, tais como:

♦ Icatu amarelo – obtida do cruzamento do café robusta com o café arábica cultivar Bourbon, seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo. Apresenta porte alto e frutos de cor amarela, maturação precoce a tardia, moderada resistência à ferrugem; alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente;

♦ Icatu vermelho – obtida do cruzamento do café robusta com o café arábica cultivar Bourbon. Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha, maturação precoce a tardia, moderada resistência à ferrugem; alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente;

♦ Catucaí – resultante de cruzamento entre as cultivares Icatu e Catuaí Vermelho ou Amarelo. Apresenta porte que varia de baixo a alto, frutos vermelhos ou amarelos, maturação variável, moderada a alta resistência à ferrugem, produtividade alta e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios adensados;

♦ Oeiras – derivada do cruzamento da cultivar Caturra Vermelho com o Híbrido de Timor. Apresenta porte baixo, frutos vermelhos, maturação variável, moderada a alta resistência à ferrugem, produtividade média e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios adensados;

♦ Obatã (IAC 1669-20) – derivada do cruzamento da cultivar Vila Sarchi com o Híbrido de Timor (CIFC 832/2), com posterior cruzamento natural com cultivar Catuaí Vermelho. Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação tardia, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, , sendo indicada para plantios adensados ou em renques;

♦ Tupi (IAC 1669-33) – originada do cruzamento entre cultivar Vila Sarchi e o Híbrido de Timor (CIFC 832/2). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação precoce, alta resistência à ferrugem, boa produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios adensados, super-adensados ou em renques;

♦ Paraíso MG H 419-1 – originada do cruzamento entre o Catuaí Amarelo (IAC 30) e o Híbrido de Timor. Apresenta porte baixo, fruto amarelo, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Catiguá MG1 e MG2 - originada do cruzamento entre a cultivar Catuaí Amarelo (IAC 86/UFV 2154-344 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 440-10). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, altaprodutividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Sacramento MG1 - originada do cruzamento entre a cultivar Catuaí Vermelho (IAC 81/UFV 2154-79 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 438-52). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Araponga MG1 - originada do cruzamento entre o Catuaí Vermelho (IAC 86/UFV 2154-345 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 446-08). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boa qualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados;

♦ Pau-Brasil MG2- originada do cruzamento entre o Catuaí Vermelho (IAC 141/UFV 2194-141 EL 7) e o Híbrido de Timor (UFV 442-34). Apresenta porte baixo, fruto vermelho, maturação média, alta resistência à ferrugem, alta produtividade e boaqualidade de bebida, sendo indicada para plantios normais e adensados.






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