Cultivo
Cobertura morta do solo
Palhadas e resíduos diversos provenientes da lavoura ou de agroindústrias (palha de café, bagaço de cana, etc), são materiais ricos em carbono e pobres em nitrogênio que podem ser usados como cobertura morta, protegendo o solo das intempéries, diminuindo o risco de erosão e contribuindo para elevar o teor de matéria orgânica.
Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogênio nos materiais (ver Anexo 3), tanto mais difícil e vagarosa será sua decomposição (Kiehl, 1985). Os materiais com relação C:N mais elevada devem ter preferência para esta finalidade.
Cobertura viva do solo e adubos verdes
Considera-se cobertura viva do solo toda vegetação presente, quer de procedência cultivada ou espontânea. Adubos verdes são plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e incorporadas ao solo com a finalidade de preservar sua fertilidade (Calegari et al., 1993; Chaves et al., 2000a, b). Podem ser utilizadas em consórcio, rotação de culturas, cercas-vivas, quebra-ventos, faixas de contorno e bordaduras. A utilização de biomassa vegetal como fonte de matéria orgânica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependência da criação animal.
Dentre os benefícios oriundos da utilização dessa massa vegetal, podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, além de efeitos alelopáticos.
Assim, a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de matéria orgânica, da disponibilidade de macro e micronutrientes, do pH e reduzem os efeitos tóxicos do alumínio e do manganês. Ajudam a trazer para a superfície os nutrientes das camadas mais profundas do solo, disponibilizando-os para o cafeeiro e diversificam o sistema, elevando a população de insetos polinizadores, bem como de parasitóides e predadores de pragas da lavoura.
A presença de vegetação cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e, conseqüentemente, da erosão, aumenta a infiltração e capacidade de retenção de água, a porosidade e a aeração do solo e atenua as oscilações de temperatura e umidade, intensificando a atividade biológica. Também, contribui para diminuir a necessidade de capinas.
As espécies mais utilizadas como adubos verdes são as leguminosas, devido à sua capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico, incorporando-o ao sistema, o que significa uma importante alternativa de suprimento às culturas. Na cafeicultura, os adubos verdes podem ser utilizados no pré-plantio do café, no período de setembro a janeiro, proporcionando uma elevada produção de massa verde e aporte de nitrogênio. Muitas espécies podem ser utilizadas, destacando-se a mucuna anã, o guandu, as crotalárias e a leucena. Na Tabela 2, estão apresentadas algumas características de leguminosas usadas como adubo verde, e na Tabela 3 estão apresentadas algumas recomendações pertinentes ao uso de adubos verde no cafezal.
As leguminosas também podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do café, desde sua implantação, tendo-se o cuidado de selecionar uma espécie não muito agressiva e que não exerça competição por água e nutrientes com o cafeeiro. Espécies que sobem no café devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo.
Podem ser cultivadas leguminosas de grão, como feijão, soja, feijão-de-corda e guandu e espécies não leguminosas, tais como milho, girassol, sorgo, milheto e mandioca.
Floração da crotalária
Arborização de cafezais
O café é originário de florestas caducifólias da Etiópia, onde as árvores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro, quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floração (CEPA, 1971). Trata-se, portanto, de uma espécie adaptada à sombra, embora, no Brasil, a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol.
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