domingo, 8 de outubro de 2017

Características silviculturais e Melhoramento genético da Araucária



Características silviculturais

Em plantios, o pinheiro-do-paraná tolera sombra no período juvenil, porém, não tolera sombreamento lateral quando plantado em faixa, em capoeira alta. Na fase adulta, é essencialmente heliófila, segundo Imaguire (1979).
É espécie tolerante às temperaturas baixas, mas, em algumas ocasiões, as mudas nascidas no campo, com semeadura direta, foram afetadas por temperaturas inferiores a -5 ºC. Foram observados também pequenos danos pelo frio nos brotos de plantas com 2 a 3 anos de idade.

Hábito

Apresenta crescimento monopodial e forma cônica quando jovem, com os galhos distribuídos em pseudoverticilos. Segundo Hosokawa (1976), a poda não é necessária, dada a ocorrência de desrama natural. Todavia, o pinheiro apresenta desrama natural deficiente, devendo ser realizada poda dos galhos para se obter madeira de melhor qualidade, sem nós. A poda pode ser feita a partir do terceiro ano (poda verde), quando plantado em sítios adequados e sua madeira se destina para laminação ou serraria.

Métodos de regeneração

O pinheiro-do-paraná pode ser plantado satisfatoriamente a pleno sol, em plantio puro, principalmente em solos de boa fertilidade química. A semeadura direta no campo é o método mais adequado. É usual uma superlotação inicial (6 a 12 mil sementes/ha-1), com seleção posterior, deixando as plantas mais vigorosas. A semeadura direta no campo é feita com sementes recém-colhidas, no outono ou inverno. Mudas (Figura 1) também podem ser utilizadas, com espaçamento maior, todavia, requerendo cuidados com a qualidade da muda, com os replantios e com as limpezas. Quando plantada a pleno sol, por sementes ou mudas, costuma-se adotar plantios de grãos nas ruas, durante poucos anos, para viabilizar as limpezas (ver exemplos em GUIDONI; KONECSNI, 1982; BOM et al., 1994).
O pinheiro-do-paraná pode, também, ser plantado em vegetação matricial arbórea (plantio de conversão ou transformação), como em capoeiras adultas formadas, principalmente, pela bracatinga (Mimosa scabrella) e pela taquara (Chusquea sp.). O preparo inicial dessas áreas consiste na abertura de faixas na direção leste-oeste e coveamento; deve haver liberação gradual da vegetação matricial, de maneira a se obter a exposição total das plantas até a idade de sete anos, quando a capoeira se transforma em plantio puro com o pinheiro-do-paraná (PINHEIRO..., 1985). A conversão de capoeiras, hoje, deve ser autorizada pelo órgão ambiental, devido à Lei da Mata Atlântica, Decreto No 6.660/2008.
Em programas de regeneração natural, a abertura gradual do dossel oferece melhores condições para o pinheiro-do-paraná sobrepujar a vegetação concorrente (INOUE; TORRES, 1980).
As árvores do pinheiro-do-paraná brotam após o corte, mas não se recomenda, em qualquer circunstância, o seu manejo pelo sistema de talhadia

Melhoramento genético

Nas últimas décadas, tem-se observado uma crescente demanda por sementes de essências nativas, para recompor ou implantar áreas de preservação permanente (APP), Reserva Legal (RL), e recuperação e restauração de áreas degradadas. Mas a produção de sementes em povoamentos naturais não tem sido suficiente para atender a essa demanda.
A produção de sementes melhoradas de espécies florestais tem sido focada nas espécies exóticas, principalmente pínus e eucalipto. Apesar da Araucaria angustifolia ser a espécie nativa mais estudada para fins de conservação genética in situ e ex situ, ainda não há registro de um programa de melhoramento genético sólido para essa espécie. Em estudos de conservação genética do pinheiro-do-paraná, autores relatam a existência de variações genotípicas entre procedências (KAGEYAMA; JACOB, 1980; HIGA et al., 1992), que devem ser exploradas para aumento da produtividade.
O pinheiro-do-paraná foi considerado uma das espécies da Floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) com maior potencial de uso para reflorestamentos econômicos, e tem sido objeto de estudos na Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF), na Embrapa Florestas e em empresas privadas, no Sul do Brasil. A Embrapa Florestas, em parceria com outras instituições públicas e privadas, implantaram bancos de conservação genética composto de várias procedências alguns destes foram transformados em áreas de produção de sementes, com possibilidade de futuramente disponibilizar sementes dessas áreas. Testes de progênies de araucária já foram implantados para a produção de sementes advindas de Pomar de Sementes por Mudas (PSM).
Em programa de melhoramento genético da espécie, deve-se considerar a ampla área de ocorrência que contribui para a sua diferenciação em raças geográficas e ecotipos (GURGEL; GURGEL FILHO, 1965; GURGEL FILHO, 1980). Reitz e Klein (1966) referem-se a nove variedades de Araucaria angustifoliaeleganssancti Josefangustifoliaindehiscensnigrastriatasemi-alba e alba, as quais foram identificadas pelos autores, por meio das diferentes colorações das sementes maduras. Além da cor, Mattos (1972) acrescenta a época de amadurecimento dos pinhões. Diferenças significativas entre procedências, encontradas para caracteres quantitativos em testes de procedências e progênies, são evidentes em vários outros trabalhos demonstrando o seu potencial para trabalhos de melhoramento, com a possibilidade de se obter ganhos significativos.
Para plantios no Sul e Sudeste do Brasil, recomenda-se que se utilizem sementes selecionadas da mesma zona ecológica e, quando isto não for possível, utilizar pelo menos das zonas mais próximas àquela em que for estabelecido o reflorestamento.
Com base nos resultados de ensaios de procedências instalados no Paraná e em São Paulo, pode-se recomendar como fonte de sementes, além da local, as de origens mais setentrionais, como as de Itapeva, Itararé e Campos do Jordão, do Estado de São Paulo (CARPANEZZI, 1986). A principal dificuldade na promoção do melhoramento genético desta espécie surge quando se considera a sua reprodução controlada. As árvores normalmente produzem sementes apenas após 15 a 20 anos de idad, além do ciclo reprodutivo ser muito longo (aproximadamente quatro anos, segundo SHIMOYA, 1962).



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