quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Zoneamento agrícola para a cultura do Amendoim


Regiões produtoras de amendoim no Brasil

São Paulo é responsável por 70% a 80% da produção de amendoim no Brasil (Figura 1). Recentemente, a cadeia produtiva do amendoim neste estado adotou novas tecnologias no que se refere à produção e processamento, gerando aumentos de produção, em virtude de maiores produtividades. O novo padrão de qualidade e as novas exigências técnicas de produção, além dos ganhos em produtividade e em volume produzido e da conquista do mercado externo também proporcionaram a valorização do produto, expressa no aumento real e na relativa estabilidade dos preços médios recebidos pelos produtores nos últimos anos (MARTINS, 2011). Assim, a condição de país importador de grãos de amendoim foi mudada para a de país exportador de amendoim em casca e de grãos preparados (“blancheados”, sem película); a exportação de óleo bruto também tem figurado entre as exportações de mercadorias da cadeia de produção de amendoim (MARTINS, 2011).

Figura 1. Área de produção de amendoim tipo Runner – Dumont, SP.
A região Nordeste é o segundo maior polo consumidor de amendoim no Brasil. Todavia, a produção obtida na região atende apenas a 28% da demanda regional, intensificada no período das festas juninas. As principais regiões produtoras são o Agreste dos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia e a região semiárida no Cariri cearense.
Os sistemas de produção utilizados pelos produtores dos quatro estados são muito semelhantes. A maioria das operações é feita manualmente, exceto preparo de solo, feito com tração animal ou trator. O controle de pragas e doenças nem sempre é realizado e, quando é feito, muitas vezes empregam-se produtos sem registro no Mapa. Por causa da indisponibilidade de sementes certificadas, o plantio é realizado com grãos comprados em feiras livres, armazenados da safra anterior ou provenientes de outros estados. Foram visitados plantios irrigados apenas no Estado de Sergipe (municípios de Itabaiana e Lagarto). Praticamente todos os produtores do Estado da Paraíba colhem os grãos maduros (90 dias após a semeadura) destinados à torrefação. Parte dos grãos produzidos no Estado do Ceará também é destinada à torrefação; esporadicamente, parte é vendida cozida com os grãos colhidos verdes (75 – 80 dias após o plantio) e esta é destinada ao mercado do Estado de Sergipe, durante o período de entressafra. Quase 100% da produção dos estados de Bahia e Sergipe é comercializada para o processamento imediato de amendoim cozido (Figura 2). A colheita e despencamento são realizados aos 75 dias, duas semanas antes da maturação das vagens.

Figura 2. Área de produção de amendoim tipo “Valência” em Cruz das Almas, BA. Amendoim consorciado com mandioca e milho; no detalhe, caixa para comercializar a produção de amendoim verde, denominada “quarta”.

Zoneamento agrícola de risco climático

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais, agentes financeiros e demais usuários.
São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da Agricultura (Mapa).
A análise das épocas de chuvas, bem como das épocas de maior incidência de déficit hídrico, deve ser realizada para que possíveis eventualidades não impossibilitem a prática da agricultura de subsistência ou comercial. A tomada de decisões sobre como e onde plantar garante ao agricultor a possibilidade de analisar as potencialidades da cultura, como também a melhor distribuição para a produção. Por meio de vários estudos, observa-se que a definição das épocas de plantio por meio do balanço hídrico do solo para a cultura pode contribuir para diminuir o risco climático.
A regionalização dos elementos agroclimáticos que definem a produtividade das culturas, como precipitação pluvial, evapotranspiração potencial, entre outros, exige análise mais abrangente, tanto no tempo como no espaço. A identificação de regiões com condições edafoclimáticas que permitam à cultura externar o seu potencial genético na produtividade torna-se necessária para o sucesso da agricultura. Por meio de estudos que relacionam a interação solo-planta-clima, é possível definir as áreas que apresentam aptidão, viabilizando a exploração agrícola das plantas, ecológica e economicamente.
Dessa forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados ao plantio de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio.
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático foi usado pela primeira vez na safra 1996 para a cultura do trigo. Recebe revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do Mapa. Atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático já contemplam 40 culturas, inclusive a do amendoim.




domingo, 2 de outubro de 2016

Produção e mercado do Amendoim


Produção e mercado

Amendoim (Arachis hypogaea, L.) e o costume de adicionar o seu fruto a outros alimentos fazem parte da cultura brasileira, sendo delícia que acompanhou todas as gerações desde antes da chegada dos colonizadores. O provável centro de origem dessa planta são os vales dos rios Paraná e Paraguai, e as primeiras descrições do uso do amendoim demonstram que os nativos brasileiros do século 16 já o consumiam regularmente.

Produção

O fruto do amendoim é rico em óleo, proteínas e vitaminas, sendo uma importante fonte de energia e aminoácidos para alimentação humana. Leguminosa genuinamente sul-americana, ela produz um dos grãos mais consumidos do mundo atual (MACÊDO, 2007).
A planta do amendoim foi, durante os últimos 500 anos, se espalhando pelas regiões do mundo, e, atualmente, a China é o maior produtor de amendoim em casca. Em 2011 os chineses já produziam quase a metade do total mundial: 15.709.036 toneladas métricas, colhidas em 4.547.917 hectares. No século 18 o amendoim foi levado à Europa; no século 19, difundiu-se do Brasil para a África, e do Peru para as Filipinas, China, Japão e Índia. Trata-se de um produto que é conhecido e apreciado pelo seu sabor inconfundível e pela versatilidade de uso em pratos salgados e doces e na indústria.
No mundo, a produção de amendoim em casca em 2012 foi de 35.340.000 toneladas métricas, obtida numa área de 20.780.000 hectares (USDA, 2013). No Brasil, em 2011 foram produzidas 311.409 toneladas métricas de amendoim em casca e, em 2012, 324.178 toneladas, tendo sido plantados 101.758 hectares (e colhidos 101.680 hectares). O rendimento foi de 3.350 kg/ha, na primeira safra, e de 1.628 kg/ha, na segunda safra (IBGE, 2013). Em termos de produtividade da cultura, consegue-se no Brasil quase a mesma que na China, de 3.454 kg/ha (FAO, 2012), mas a média no Nordeste fica muito abaixo do desempenho chinês: 1.164 kg/ha (IBGE, 2012). A produção alcançada no Nordeste na safra 2010 2011 foi de 10.900 toneladas, colhidas em 12.000 hectares; e na safra 2011 2012, deve ser alcançado um total de 6.100 toneladas, num ano caracterizado por seca climatológica severa (CONAB, 2013), (dados preliminares, sujeitos a mudanças).
Os mais de 4 milhões de hectares plantados anualmente pela China estão inseridos num “modelo” econômico de prospecção de atividades nos mais variados setores econômicos, e que é necessário na busca de alimentos suficientes para a maior população humana da Terra: 1 bilhão e 300 milhões de bocas, ávidas por proteínas e vitaminas, presentes nessa importante e oportuna fonte de energia e aminoácidos que é o amendoim. Recordando que essa leguminosa é nativa da América do Sul, considere-se na 
O Brasil já esteve na sétima posição desse ranking, com a produção de 956.200 toneladas obtida em 1972. Esse quantitativo é um marco na história do amendoim brasileiro, e até hoje se busca repeti-lo. A perda de posições relativas naquele ranking tem causas já bem explicadas na literatura econômica, e a situação de decréscimo produtivo até meados da década de 1990 só foi revertida quando aconteceram contribuições de novas tecnologias geradas por instituições de pesquisa, como o Instituto Agronômico de Campinas, a Embrapa, o Instituto Agronômico do Paraná, e universidades, em conjunto com produtores e industriais. Tiveram que ser superadas as causas daquela depressão na produção, como, principalmente, a contaminação de grãos por aflatoxina, a maior disponibilidade de óleo de soja no mercado alimentar brasileiro e a queda do preço do produto nos mercados interno e externo, o que desestimulou o plantio. Assim, e a partir de 1974, houvera forte redução da área plantada e da produção, caindo até a cifra de 137.200 toneladas de amendoim em casca, na safra 1996 1997 (CONAB, 2012), quando começou uma reversão nesse descenso continuado.
Desde então se tem verificado crescimento sistemático das safras anuais brasileiras de amendoim em casca, alcançando-se, na safra de 2011 2012, já citada, 324.178 toneladas métricas, colhidas em 101.680 hectares. Com destaque para o Estado de São Paulo, maior produtor nacional, que alcançou na safra citada o patamar de 88% do total produzido (IBGE, 2013), consorciando também o amendoim com a cultura da cana-de-açúcar. O rendimento médio do amendoim no Brasil em 2012 foi de 3.350 kg/ha na primeira safra – que corresponde aos plantios realizados em outubro novembro, em todo o País (a chamada “safra das águas”) –, representando 95% do volume total; e de 1.628 kg/ha, na segunda safra – a chamada “safra da seca”, que complementa o montante, sendo os plantios realizados no mês de março nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
A principal forma de consumo é por meio dos grãos, torrados ou cozidos. A farinha, contudo, é altamente proteica e pode ser utilizada de várias maneiras, sobretudo na panificação e confecção de doces e salgados. No processamento industrial os grãos podem ser utilizados para obtenção de óleo e farelo, na fabricação de produtos alimentícios, no ramo de conservas e na indústria farmacêutica. Mas as características do grão de amendoim é que o podem levar a ter um papel mais central na alimentação mundial. A qualidade do seu óleo é superior ao do azeite de oliva, o que pode ajudar na prevenção de doenças cardíacas. Além disso, os grãos apresentam grandes concentrações de vitamina E — um antioxidante que previne câncer, diabetes e doenças autoimunes — e de proteína, podendo substituir a carne em países onde há escassez desse alimento. Não foi à toa que, quando 100 especialistas de todo o mundo se reuniram para uma análise prospectiva na 5ª Conferência Internacional da Comunidade Científica de Amendoim, em Brasília, DF, em junho de 2011, concluíram que o amendoim pode se tornar um dos alimentos mais importantes do mundo nos próximos 25 anos. Aqui é bom recordar do “modelo” chinês, que parece já ter se dado conta de que o amendoim substituirá a soja em importância econômica daqui a um lustro de século. Nos seus Anais, aquela Conferência registrou que as pesquisas de melhoramento das variedades de amendoim e seu alto conteúdo de proteína e óleos insaturados aumentarão seu papel fundamental na alimentação de povos de países da América Latina, da África e da Ásia; e que, além disso, o amendoim cumpre um importante papel social, garantindo a segurança nutricional e a sustentabilidade da agricultura em áreas áridas e semiáridas de diversas nações, inclusive do Brasil. No Haiti, após o terremoto de janeiro de 2010, foi servido pela entidade Partners In Health (PIH) um composto nutritivo que tinha o amendoim como base, e era um produto alimentar terapêutico pronto para consumo e tratamento da desnutrição infantil extrema.
De 1990 em diante a Embrapa Algodão veio desenvolvendo tecnologias voltadas para o incremento da cadeia produtiva brasileira do amendoim, em especial a da região Nordeste. Nesse período já foram disponibilizadas quatro cultivares aprovadas em vários estados localizados no território nacional, demonstrando ser adaptáveis às regiões avaliadas nos dois regimes de cultivo, irrigado e sequeiro. Outras tecnologias foram também disponibilizadas ao setor produtivo. Mas o esforço tem que ser dirigido para a oferta de alternativas econômicas de cultivo que, no cotidiano prático, tenha relevante valor alimentar e permita boa remuneração aos produtores nacionais. Os resultados das pesquisas não podem prescindir de políticas públicas que os promovam, pois que falecerão de inanição econômica nos mercados competitivos da atualidade se os produtores não tiverem condições econômicas de os adotarem. Insistir em cultivar amendoim praticamente sem a utilização de insumos, em cultivos convencionais ou consorciado com milho, como ocorre em grandes áreas do Semiárido brasileiro, é não aproveitar todas as possibilidades das conquistas agronômico-tecnológicas financiadas com recursos públicos. Diante dessa realidade, se a administração pública pretender desconcentrar a produção de amendoim no território nacional, terá que recuperar práticas recentes, quando o dinheiro público gerava crédito rural subsidiado, mas financiava também setores da indústria e comércio ligados à produção agropecuária, atuantes como fornecedores de insumos e serviços, ou como compradores de bens gerados no interior das fazendas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGROBUSINESS, 2002).
A importância econômica do amendoim no mundo atual é mais bem revelada no fato de ser uma das culturas agrícolas que mais pode contribuir significativamente para sustentar o aumento da demanda de produtividade por hectare, sem ampliar a fronteira agrícola (CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA COMUNIDADE CIENTÍFICA DE AMENDOIM, 2011). Em outras palavras, o amendoim é uma das culturas agrícolas que pode produzir mais alimentos no mesmo espaço agrícola usado hoje, a partir de variedades mais produtivas, nutritivas e resistentes, a serem obtidas com as ferramentas da biotecnologia e da genômica. Esses são determinantes para tornar os cultivos mais competitivos, já que em 25 anos será necessário que a Terra dobre a produção de amendoim (CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA COMUNIDADE CIENTÍFICA DE AMENDOIM, 2011). O Brasil possui a maior coleção de germoplasma de amendoim do mundo, criada pela Embrapa. São 80 espécies e mais 8 em fase de descrição. Dessas, 67 são silvestres e originárias do Brasil. A diversidade de plantas silvestres brasileiras e o solo fértil do País, além de áreas para expansão da agricultura, fazem do Brasil um dos países com maior potencial para a produção de amendoins, que pode até ultrapassar a da soja. Tendo todas as ferramentas para isso, é essencial que o Brasil seja um dos principais atores na produção de alimentos de qualidade. Nada mais de acordo com a Economia Verde e a necessária e urgente sustentabilidade econômico-social-ambiental para o Mundo, em vista do Aquecimento Global.

Mercado

Mesmo que se considere o amendoim como um mero tira-gosto, há de se ter em mente que o grão é um dos petiscos mais consumidos no Planeta, e que o mercado mundial do amendoim movimenta por ano cerca de US$18,5 bilhões. Os maiores consumidores de amendoim são a União Europeia, o Japão, a Rússia, a Indonésia, o Canadá e o México. Os maiores exportadores são a Argentina e a China, onde o Brasil chega a exportar 25% do que produz anualmente, ou seja, cerca de 80 mil toneladas em 2012. Com um consumo interno que se aproxima da marca das 100.000 toneladas anuais de amendoim sem casca, e produção firmemente crescente a cada ano; já há quem avalie ser a cultura que apresenta o quarto melhor rendimento do agronegócio brasileiro (ABICAB, 2013).
O mercado internacional se interessa muito pelo amendoim. Os países que não o produzem em casca são seus principais importadores no mercado internacional: os países da Europa e o Japão. No Mundo, em 2010, a importação do amendoim em casca movimentou US$321 milhões e a exportação US$281 milhões; e de amendoim sem casca o valor das importações foi de US$1 bilhão e 692 milhões; e das exportações foi de US$1 bilhão e 305 milhões (FAOSTAT, 2013). O Brasil, naquele mesmo ano, exportou 50.808 toneladas de amendoim sem casca e 400 toneladas de amendoim com casca, o que rendeu 47,851 milhões de dólares norte-americanos, no primeiro caso, e 396 mil dólares, no segundo caso (FAOSTAT, 2013). Em relação ao óleo de amendoim, produz-se no mundo um percentual de pouco mais de 4% do total da produção de óleos vegetais, o que faz dele o quinto mais consumido, com uma produção em 2012 superior a 5 milhões de toneladas métricas.
Menos de 6% (seis por cento) do amendoim no Planeta, incluindo o óleo e a produção de farelo de amendoim, são comercializados internacionalmente. Os Estados Unidos da América são um exportador líquido de amendoins. Em 2010, as suas exportações totalizaram mais de 244,5 milhões de dólares, superando as importações em cerca de 212,1 milhões dólares (USDA, 2013).
O comércio exterior tem na variação cambial e no nível de estoque, tanto nacional quanto internacional, aspectos importantes para a escolha de estratégias, visando ao posicionamento dos negociadores e exportadores nesse mercado, estabelecendo determinada dinâmica e influência na formação dos preços praticados no mercado interno (MACÊDO, 2007). E, dessa forma, no caso brasileiro, é no Estado de São Paulo que, ao se considerar os preços médios mensais recebidos pelos produtores nos últimos anos, mais se nota a tendência de valorização do produto.
Em 2010, no Brasil, uma pesquisa inédita realizada por encomenda da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) revelou que 66% da população brasileira costuma consumir amendoim; 75% apreciam a paçoca e 71% não largam um pé de moleque. Os resultados também revelaram que 63% dos brasileiros consideram o amendoim muito saboroso, mesmo que desconheçam seus valores nutritivos e a ampla variedade de benefícios que o produto permite à saúde. Ainda segundo o levantamento, a população brasileira ainda não faz a associação direta entre o consumo do amendoim e a saudabilidade. Por sua vez, grande parte dos entrevistados associou o produto com situações de prazer, futebol, happy hour, confraternização e sociabilidade, com ênfase no sabor. Outros pontos positivos identificados na pesquisa foram o valor: 23% acham o produto barato; 19% o consideram energético, e 13% dizem que é um produto que “dá vontade de comer” (ABICAB, 2013).
Em termos produtivos, a safra 2011 2012 do amendoim brasileiro se distribuiu assim: região Sudeste (91%), região Sul (3,5%), região Norte (3%), região Nordeste (2%) e região Centro-Oeste (0,5%). E no Sudeste, apenas o Estado de São Paulo (295.177 toneladas) e o Estado de Minas Gerais (9.005 toneladas) produziram amendoim em casca. É notória a concentração produtiva em São Paulo, e as contribuições de novas tecnologias geradas por instituições de pesquisa fazem parte das explicações para que isso venha se dando nos últimos 15 anos. Em conjunto com produtores e indústrias, os institutos de pesquisa agropecuária pesquisaram e validaram sistemas produtivos em que o cultivo é feito em rotação de culturas e em segunda safra, com cultivares de porte rasteiro e mecanização nas operações de plantio e colheita, o que refletiu em maior produtividade. Em São Paulo e no Cerrado brasileiro, essas tecnologias emplacaram mais rapidamente. Existem no território paulista áreas agrícolas apropriadas para o cultivo de amendoim, em especial as duas regiões conhecidas como Alta Paulista e Alta Mogiana, compreendidas por cidades como Tupã, Marília, Dumont, Ribeirão Preto, Jaboticabal e Sertãozinho, onde a produção é maior em volume. Coincidência, ou não, o fato é que “a combinação vegetal entre cana-de-açúcar e amendoim se estabeleceu, em São Paulo, há algumas décadas, na Alta Mogiana, centro-leste do estado, em regionais agrícolas tradicionais na produção e industrialização da cana, como Ribeirão Preto, SP e Jaboticabal, SP. No oeste do estado, especialmente na Alta Paulista, o amendoim combinava-se com pastagens e, na década de 1940, destacava-se na produção mundial de amendoim. Mudanças conjunturais envolvendo aspectos econômicos, tecnológicos e estruturais transformaram a antiga realidade dessas duas culturas” (MARTINS, 2011). A agregação de valor ao produto in natura, pelo processo industrial, foi facilitada pela proximidade com as indústrias, com investidores capitalistas e com as áreas de produção, o que viabilizou e viabiliza agora que parte da produção seja exportada – com e sem pele, bem como o óleo cru de amendoim –, ou destinada à indústria de alimentos, a qual tem à disposição um mercado consumidor dos mais expressivos, o da região Centro-Sul, mas que complementa também o consumo Nordestino de mais de 50 mil toneladas por ano1. O consumo interno de amendoim em 2008 foi de 95.000 toneladas, obtidas da safra 2007 2008 de 305,8 mil toneladas (ABICAB, 2013). No processamento industrial os grãos podem ser utilizados para obtenção de óleo e farelo, na fabricação de produtos alimentícios, no ramo de conservas e na indústria farmacêutica (o amendoim ajuda na prevenção de doenças cardíacas, além de apresentar grandes concentrações de vitamina E, um antioxidante que previne câncer, diabetes e doenças autoimunes). Da produção de doces e salgados com amendoim na região Sudeste, 85% são consumidos nessa mesma região brasileira.
O Estado de São Paulo domina quase a totalidade das exportações de amendoim em grão, e seu percentual de participação nas exportações de óleo de amendoim é de 90%. O Estado de Minas Gerais iniciou participação tímida neste último mercado a partir de 2010.
A importância do Brasil como produtor de amendoim tem sido recuperada, gradativamente, com seu papel novamente relevante no suprimento de óleo vegetal para o mercado interno e na exportação de subprodutos. Conforme previsto por Freitas et al. (2005), após o período 1965-1999 de crescimento até 1974 e descenso continuado até a safra 1996 1997 – entrou em curso “importantes mudanças tecnológicas no cultivo e beneficiamento do produto, que tem implicações no volume produzido e nas características do mercado”. Os últimos 15 anos marcaram a construção de novas possibilidades para a produção brasileira de amendoim. Em simples comparação entre os anos que iniciam e os que encerram esse período, é possível verificar os resultados alcançados com a produção e exportação de amendoim em casca, amendoim descascado e óleo bruto de amendoim.
Trata-se de uma cultura agrícola que ainda tem poucos rebatimentos econômicos no Nordeste, o que pode ser ilustrado pelos volumes de produção: o maior produtor do Nordeste é o Estado da Bahia (3.837 toneladas, em segunda safra); em seguida Sergipe (1.590 toneladas, em segunda safra); depois, o Ceará (325 toneladas, em primeira safra), e a Paraíba (148 toneladas, em segunda safra). Muito embora o volume de matéria-prima transacionado na cadeia produtiva (35 mil toneladas de grãos) tenha grande expressão econômica. A produção Nordestina de amendoim em casca, em torno de 10.000 toneladas anuais, é insuficiente para atender aos principais mercados de consumo regionais, na Bahia, em Sergipe, no Ceará, em Pernambuco e na Paraíba. Existem indústrias na região que são abastecidas de matéria-prima oriunda da região Sudeste, ficando a demanda anual em torno de 50 mil toneladas de vagens (aproximadamente 35 mil toneladas de grãos). A vulnerabilidade dos sistemas de produção existentes se liga à presença das secas periódicas que limita no tempo os ganhos obtidos nos anos de chuvas mais regulares. Ou seja, os empreendedores rurais acumulam lucros por alguns anos e, na ocorrência periódica de uma seca mais severa, se descapitalizam rapidamente, voltando ao ponto inicial dos seus empreendimentos. Desde os anos 1940 1950 que se sabe dessas injunções de ordem técnica sobre o empreendedorismo rural no Semiárido brasileiro, exigindo que o aconselhamento dos profissionais da agronomia e os técnicos previnam os produtores com planejamento técnico-científico dos seus empreendimentos. A ausência de uma assistência técnica pública e gratuita e de extensão rural ininterruptas no Semiárido leva profissionais e técnicos inadvertidos a pregarem uma contribuição da cadeia produtiva de amendoim do Nordeste à melhoria na qualidade de vida de agricultores familiares plantadores de amendoim a partir do fabrico de subprodutos em condições de fazenda. A efetividade de renda gerada em negócios rurais no Semiárido brasileiro precisa de sustentabilidade no tempo, na convivência com as condições climatológicas locais. A possibilidade de agregar renda está condicionada pela capacidade de fazer essa atividade ser lucrativa no tempo, apesar do advento de secas que signifiquem diminuição da oferta de matéria-prima; ou do seu encarecimento proibitivo, o que dá no mesmo. Há de se ofertar a esses agricultores familiares empreendedores o planejamento e a administração profissional nos seus negócios familiares, e ampará-los com políticas macroeconômicas, a exemplo da criação e manutenção de fundos de desenvolvimento da cultura do amendoim.
A produção local é direcionada para o mercado de consumo in natura, composta pelo amendoim cozido e torrado que é distribuído por meio de feiras livres (ou vendido para outros estados, quando será comercializado também em feiras livres). Hoje, uma das grandes dificuldades para a cultura do amendoim é o custo da produção. Em casos de contratação de mão de obra externa às propriedades rurais, os gastos podem chegar a até R$2.000,00 por hectare. No entanto, na safra, o valor do produto não deixa margem para prejuízos. Em 2012, o amendoim em casca teve preço de R$2,30 o quilograma, em média. Para os agricultores, o rendimento bruto chegou a ser de R$3.500,00 por hectare.

1 Em 2013, enquanto se paga R$ 2,30/1kg de amendoim em casca aos agricultores familiares do Semiárido brasileiro, em qualquer mercadinho dos municípios localizados na mesma região se compra aquela quantidade de amendoim “torrado e salgado sem pele” por R$ 18,76 (ou U$$ 9.33/1kg, com 1 dólar valendo 2,01 reais, em 23/3/2013), ou seja, com um adicional de valor de 682%. Assim, pelo menos em tese, parte da renda popular é carreada de região pobre para outra rica, já que aquele amendoim consumido no Nordeste é produzido, processado e embalado em São Paulo.




sábado, 1 de outubro de 2016

Origem e classificação do amendoim


Origem e classificação do amendoim

Origem do amendoim cultivado

A espécie cultivada Arachis hypogaea L. é originária da América do Sul, e já era cultivada pelas populações indígenas muito antes da chegada dos europeus no final do século 15. O gênero Arachis compreende cerca de 80 espécies descritas, distribuídas em uma grande variedade de ambientes, desde as regiões costeiras do Brasil e Uruguai até altitudes de 1.450 m na região dos Andes ao noroeste da Argentina (BERTIOLI et al., 2011).
Espécies silvestres de amendoim podem ser encontradas em diferentes regiões do Brasil, e a correta identificação das mesmas exige treinamento para reconhecer estruturas específicas que as distinguem umas das outras. No entanto, é possível reconhecer que a planta pertence ao gênero Arachis ao identificarmos a estrutura reprodutiva formada a partir da base da flor - o ginóforo, ou esporão, como é popularmente conhecido.
Embora algumas espécies apresentem folhas formadas por três folíolos, a maioria das espécies deArachisapresenta quatro folíolos, como podemos observar na Figura 1.
Foto: Francisco Pereira de Andrade
Figura 1. Arachis dardani, espécie comum na região semiárida do Brasil, em meio a gramíneas e outras espécies (Patos, PB).
Algumas espécies silvestres também são exploradas como plantas forrageiras, como Arachis pintoi.
No entanto, a espécie cultivada para grão (A. hypogaea L.) também pode ser servir como forragem, como fazem os agricultores africanos no Mali, ao desidratar a parte aérea para obter o feno de amendoim (Figura 2).
Foto: Boubacar Diombana
Figura 2. Feno de amendoim produzido a partir das plantas desidratadas, após a colheita dos grãos, em mercado popular em Bamako, Mali.
O amendoim é uma planta poliploide, ou seja, foi formada a partir da combinação de dois conjuntos completos de cromossomos (genomas) de duas espécies diferentes, sendo classificado como alopoliploide. Supõe-se que o local de origem do amendoim cultivado seja a região compreendida entre o noroeste da Argentina e o sudeste da Bolívia, onde são encontradas as espécies A. ipaënsis e A. duranensis, os prováveis ancestrais do amendoim. A formação de poliploides e alopoliploides é relativamente comum na natureza, tanto em espécies silvestres quanto cultivadas.
Estima-se que o evento que originou A. hypogaea tenha ocorrido há mais de 5.000 anos. A partir de então, o homem percebeu e selecionou plantas “diferentes”, resultando na geração de subespécies e variedades com variação para diferentes ambientes onde o homem as cultivava, incluindo características como sabor, cor das sementes, formato da vagem, etc. (FREITAS et al., 2003).

Classificação de A. hypogaea L.

O amendoim (Arachis hypogaea L.) é botanicamente dividido em duas subespécies e seis variedades. Também existe a classificação agronômica, baseada em critérios reprodutivos e vegetativos. Na Tabela 1 podem ser observadas as características consideradas nas classificações botânica e agronômica do amendoim.




quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Cultura do Milho (Resumo)


O milho (Zea mays) está entre as plantas de maior eficiência comercial, originado das Américas, mas especificamente no país do México, América Central ou Sudoeste dos Estados Unidos. A história de produção do milho tem crescido anualmente, principalmente devido às atividades de avicultura e suinocultura, onde o milho pode ser consumido diretamente ou ser utilizado na fabricação de rações e destinado ao consumo de animais (MARCHI, 2008). O milho mostra-se importante na comercialização nacional por ser típico de determinadas regiões, utilizado nas refeições, em épocas festivas e culturais no preparo de derivados, complemento e consumo humano direto da espiga cozida ou assada. O milho apresenta inúmeras utilidades, na indústria de rações, na indústria de alimentos, na elaboração de produtos finais, intermediários entres outros. Geralmente, produtores com grandes propriedades e áreas de lavoura investem em tecnologia e consequentemente obtêm maior rendimento na produção.
Antes de ser descoberta a importância alimentícia do milho, a espécie era cultivada em jardins europeus. No Brasil, a importância do milho na alimentação humana varia de região, devido em determinadas regiões o maior consumo do grão e seus derivados ser realizado por famílias de baixa renda e por ser tradicional em culinárias de algumas culturas, como dos nordestinos. E mundialmente, para os mexicanos, por exemplo, o uso desse cereal e seus derivados na sua culinária é uma rica fonte de energia para a população (EMBRAPA, 2000).
Em uma pesquisa realizada pelo Ministério da Agricultura (2010) na safra de 2009/2010, a produção de milho no Brasil mostra um total de 53,2 milhões de toneladas, atendendo a demanda de comércio interno para fins de consumo dos brasileiros e indústria de ração para animais. As regiões de Centro-Oeste, Sul e Sudeste são as que apresentam maiores índices de produção do grão, e na região Norte, o Estado do Acre apresenta potencial de produtividade em torno de 6.0 kg.ha¹, logo, alcançando as projeções que há em crescimento da produção brasileira em milho e área plantada, as estimativas de exportação também aumentará e solucionando necessidade mundial de milho como ingrediente para indústria de ração animal e culinário. Cultivado em diferentes sistemas produtivos, a cultura do milho ainda é superado por outras culturas, como o trigo e o arroz, mundialmente.
Origem e Histórico
Apesar de parecer ser nativo do Brasil, o milho tem como centro de origem o
México e a Guatemala, sendo encontrada a mais antiga espiga de milho no vale do Tehucan na data de 7000 a.C, essa região atualmente é onde se localiza o México. O Teosinte ou “alimento dos deuses”, chamado pelos maias, foi originado por meio do processo de seleção artificial, feito pelo homem. O mesmo ainda é encontrado na América Central (Lerayer, 2006).
Sendo uma espécie da família das gramíneas, o milho é o único cereal nativo do Mundo, como suas altitudes vão desde o nível do mar até 3 mil metros, sua cultura é encontrada numa grande região do globo (Lerayer, 2006).
Conforme foi passando o tempo, a domesticação desta cultura feita pelo homem foi evoluindo cada vez mais através da seleção visual no campo, destacando as principais características como produtividade, resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras originando as variedades hoje conhecidas (Lerayer, 2006).
Importância Econômica
A cultura do milho é cultivada em todas as partes do mundo. Sendo os maiores produtores mundiais os Estados Unidos, a China e o Brasil que ocupa terceiro lugar com média de produção atual em torno de 53,2 milhões de toneladas (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2010). O Brasil destaca-se mundialmente em relação à cultura do milho como produtor, consumidor e exportador. E com a grande multiplicidade de usos que o cereal apresenta, as estimativas de procura pelo grão é aumentar. A primeira ideia com a descoberta da espécie foi para alimentação humana, basicamente para as regiões de baixa renda por ser uma rica fonte de energia, mas sua safra tem como principal destino as indústrias de rações para animais e até indústrias de alta tecnologia.
Atualmente, a maior parte da utilização do milho está concentrada à fábrica de rações para animais, sobretudo devido às suas características nutricionais, constituído da maioria dos aminoácidos, além de ser um cereal com produção de baixo custo, comparado à obtenção de outros grãos. No Brasil, a produção do grão destinado à alimentação animal está representada entre 70-80%. Há espécies da planta do milho que também é utilizada na elaboração de silagem, como ingrediente único ou complemento (EMBRAPA, 2000).
A cultura do milho além de apresentar qualidades nutricionais relevantes, destaca-se também na geração de empregos, sobretudo na época da safra. Geralmente, o cultivo do milho é mecanizado, beneficiado por técnicas modernas de plantio e colheita, principalmente nas grandes lavouras, nesse caso a geração de empregos é menor do que em pequenas propriedades, onde o cultivo é semimecanizado na maioria das produções, há um grande índice de emprego nas zonas rurais, atraindo famílias, pessoas de baixa renda, logo evitando situações de êxodo rural.
Botânica e Cultivares
De acordo com a classificação botânica, o milho é um monocotiledônea, pertencente a família Poaceae, Subfamília Panicoidae, gênero Zea e espécie Zea mays L. (Siloto, 2002). É uma planta herbácea, monóica, portanto possuem os dois sexos na mesma planta em inflorescências diferentes, completa seu ciclo em quatro a cinco meses caracterizando uma planta anual (PONS & BRESOLIN, 1981).
Sendo uma espécie alógama e originada do México, o milho apresenta uma grande variabilidade, existindo atualmente cerca de 250 raças. Com um aumento significativo na segunda metade do século X houve uma grande evolução com desenvolvimento de variedades e híbridos (Santos, 2012).
Uma colheita realizada com sucesso dentro do planejamento e com grande produção é o resultado de um trabalho realizado com potencial genético da semente e das condições edafoclimáticas do local de plantio, além do manejo da lavoura, levando a cultivar o maior responsável por 50% do rendimento final, a escolha correta da semente pode levar ao sucesso ou insucesso da lavoura (Carlos Cruz, 2002).
Segundo Carlos Cruz (2002) antes da escolha da cultivar, o produtor deve fazer um levantamento completo das sementes que ele deseja utilizar, avaliação de pesquisas, assistências técnicas, quais as empresas produtoras das sementes, experiências regionais e o comportamento em safras passadas. Visando obter sucesso em sua lavoura o produtor deve ter em mente os aspectos: Adaptação a região, produtividade e estabilidade, ciclo, tolerância a doenças, qualidade do colmo e da raiz, textura e cor do grão.
Adaptação a Região Conhecer a região onde será implantado o milho é crucial para a escolha da cultivar, a mesma deve ser bem adaptada a região. Sendo o Brasil dividido em quatro grandes microrregiões homogêneas de cultivo do milho diferencias pelos fatores latitude, altitude e clima. São eles, região subtropical, de transição, tropical e nordeste (Carlos Cruz, 2002).
Produtividade e Estabilidade
O potencial produtivo e a estabilidade de produção determinada em função do seu comportamento nos cultivos em diferentes locais e anos, também devem ser consideradas pelos produtores no ato da compra das sementes. As cultivares estáveis ao passar dois anos e dentro de uma determinada área geográfica oscila pouco em resposta a melhoria do ambiente, além de evitar perdas maiores em ambientes desfavoráveis (Carlos Cruz, 2002).
Conforme foi crescendo o melhoramento genético, houve o acompanhamento de uma maior variedade no mercado, com híbridos duplos, híbridos triplos e híbridos simples, sendo que os híbridos triplos e simples podem ser dos tipos modificados ou não. Sementes de menores custos são aquelas variedades melhoradas, portanto multiplicadas com os devidos cuidados podem ser reutilizadas por alguns anos, sem diminuição substancial da produtividade (Carlos Cruz, 2002).
O milho híbrido possui alta produtividade, devido seu melhoramento genético, contudo depois de colhido não se deve plantar novamente, pois o seu potencial genético tem maior produtividade somente na primeira geração (F1), no caso do replantio a produção vai ter uma queda significativa acarretando prejuízos ao produtor.
Ciclo
Através do numero de dias da semeadura até o pendoamento, até a maturação fisiológica ou até mesmo a colheita é determinado o ciclo de uma cultivar, seus grupos variam de acordo com seu ciclo, descritos como: superprecoce, precoce, semiprecoce e normal (Carlos Cruz, 2002).
Tecnicamente, o ciclo de uma cultivar leva em consideração as unidades de calor necessárias para atingir o florescimento. O agricultor deve ter em mente que essa determinação de ciclo das cultivares não é muito rígida, a diferença entre as cultivares mais tardias e as mais superprecoces pode não chegar a dez dias. Além da classificação não ser rigorosa, uma cultivar classificada como superprecoces pode comportar-se como precoce e vice- versa. Por outro lado a colheita pode acontecer mais cedo devido as diferentes taxas de secagem após a maturação fisiológica (Carlos Cruz, 2002).
Portanto não tem como fazer o perfeito ajuste entre as culturas usadas na rotação ou sucessão sem a escolha da cultivar de ciclo adequado, para compor o sistema de produção da propriedade (Carlos Cruz, 2002).
Tolerância a Doenças
As doenças podem causar grandes danos as lavouras ou até mesmo atingir toda a cultura, elas se instalam com facilidade e demoram na maioria das vezes mais de anos para se tornar ausente.
É de fundamental importância a escolha de cultivares tolerantes as principais doenças, para evitar a redução de produtividade. A sanidade dos grãos também é importante para a escolha da cultivar, essa característica é função principalmente da resistência genética da cultivar aos fungos que atacam o grão e está normalmente associada a um bom empalhamento (Carlos Cruz, 2002).
Qualidade do Colmo e Raiz
A boa qualidade do colmo além de ser considerado uma resistência das plantas ao acamamento e ao quebramento, ele evita maiores perdas durante a colheita mecânica, devido sua boa qualidade variando de cultivar para cultivar (Carlos Cruz, 2002).
Textura e Cor do Grão
Outra forma em que as cultivares são agrupas é de acordo com a textura dos grãos. Milhos comuns podem apresentar grãos com as seguintes texturas: 1 – Dentado ou mole: os grãos de amido são densamente arranjados nas laterais dos grãos, formando um cilindro aberto que envolve parcialmente o embrião. 2 – Grão duro ou cristalino: os grãos apresentam reduzida proporção de endosperma amiláceo em seu interior, notando-se que a parte dura ou cristalina é a predominante e envolve por completo o amido amiláceo. Existem, ainda, os grãos semiduros e os semidentados, que apresentam características intermediárias (Carlos Cruz, 2002). Com isso no mercado existem diversas variedades para o produtor escolher aquela que mais se encaixa nas características exigidas pela sua região, sem deixar de levar em consideração os demais fatores que podem afetar sua produção. Para o sucesso de sua produção só depende da escolha de uma boa cultivar.
Clima, Solo, Plantio e Tratos Culturais
Para obtenção de rendimentos satisfatórios na produção de qualquer cultura, é fundamental a realização de um estudo prévio da área e planejamento sobre a implantação da cultura. Considerando as necessidades de cada espécie, em relação a fatores que implicarão em todas as operações envolvidas na lavoura, além de determinar o resultado da produtividade da cultura.
O milho apresenta grande flexibilidade, sendo bastante adaptado a sistemas de rotação, sucessão e consorciação de culturas, mas como a maioria das culturas, requer uma interação entre fatores edafoclimáticos e manejo. Inicialmente, deve-se escolher a área de plantio, verificar se o solo local é adequado para o plantio do milho. Geralmente, o solo ideal para a cultura do milho apresenta características físicas em textura média de 30-35% de argila ou argilosos bem estruturados, permeáveis e adequados à drenagem, permitindo a planta boa capacidade de retenção de água e de nutrientes (SANS; SANTANA, 2002). O sistema radicular do milho cresce rápido, sendo o ideal solo com profundidade mais de 1 m para não prejudicar o desenvolvimento das raízes. E solo com características químicas em reação neutra ou ligeiramente ácida e rica em nutrientes disponíveis (SILVA et al., 2010).
Verificar a topografia do solo é fundamental antes de implantar a cultura, sendo o relevo plano o ideal, evitando a suscetibilidade à erosão, contribuindo para a mecanização do solo, tratos culturais e colheita. Se necessário, realizar análise de solo das características físico-químicas e fornecer ao solo o que falta de nutrientes para o bom desenvolvimento da planta.
A exigência da planta do milho em água está em torno de 500-800 m, e a planta só realiza os processos de germinação e emergência na presença da água. A falta de água vai prejudicar a disponibilidade, absorção e o transporte de nutrientes, tornando a planta suscetível ao ataque de pragas e doenças. Logo percebe-se a importância do fornecimento de água a cultura, principalmente após a germinação já na fase reprodutiva no período do pendoamento ao espigamento, sendo a época crucial 15 dias antes e 15 dias depois do pendoamento, contribuindo para o florescimento das inflorescências masculinas e femininas (SILVA et al., 2010).
Em relação ao clima, deve considerar a radiação solar e a intensidade e frequência do veranico nas diferentes fases fenológicas da cultura. A temperatura diurna ideal está entre 21° C e 27°C, principalmente da emergência a floração. E temperatura noturnas superiores a 24°C, aumenta a respiração da planta, logo diminui a taxa de fotoassimilados e ocasiona queda na produção. O clima mais favorável à cultura é aquele que apresenta verões quentes e úmidos durante o ciclo vegetativo, acompanhado de invernos secos o que vem a facilitar a colheita e o armazenamento (SILVA et al., 2010).
A fisiologia da planta do milho que é C4, responde melhor a temperaturas mais elevadas do que plantas C3, ou seja, tem o mecanismo de crescimento acelerado, isso explica que o aumento da temperatura reduz o ciclo da cultura do milho. Em outras palavras, a planta C4 tem resposta positiva ao aumento da luminosidade, principalmente no enchimento dos grãos. O aproveitamento da luz está vinculado à população de plantas e de sua distribuição na área, arquitetura e idade das folhas e área foliar (SILVA et al., 2010). No Brasil, a limitação climática para a produção de milho só é encontrado em regiões da Bacia Amazônica, do Nordeste e extremo Sul.
A ação dos ventos pode interferir no desenvolvimento da planta por meio da proliferação de esporos de fungos e bactérias, friagem, desidratação, aumento pela demanda de água e acamamento das plantas. Mas tem como benefício na realização da polinização, onde o vento apanha o pólen maduro e o transporta pela lavoura. A destruição causada por ventos fortes pode ser evitadas com a implantação de quebra ventos, desde que seja adequado à estatura da espécie e não faça sombreamento (RITCHIE et al., 2003).
A escolha da semente para a produção de uma cultura deve ser condicionada à área selecionada para a lavoura. Onde o rendimento da produção está relacionado ao potencial genético da semente, por isso a escolha da cultivar deve atender as necessidades específicas da situação e considerar o ciclo de cada espécie, pois há cultivares superprecoces, precoce, semiprecoce e normal. Mas pode ocorrer oscilação de produção se não forem cultivadas de acordo com suas exigências nutricionais e de manejo. E logo, conhecer a finalidade de cada cultivar (CRUZ et al., 2002). Ao comprar a semente, deve verificar se na embalagem não há mistura de sementes, pois pode prejudicar a genética da cultivar; a semente deve apresentar pureza física, sem nenhum tipo ferimento, rachadura, amassamento ou qualquer dano mecânico; qualidade fisiológica com alto poder germinativo; e qualidade sanitária com sementes livres de pragas e doenças. Ainda ser resistente ao tombamento, com boas características organolépticas/industrias, apresente sincronismo de florescimento, contribuindo para uma colheita uniforme e de bom empalhamento. Em algumas situações são necessária à realização de tratamentos da semente, a fim de conferir proteção contra patógenos, insetos-pragas e manter a qualidade fitossanitária.
O preparo do solo para o plantio da semente de milho é para facilitar as condições de germinação, emergência e o estabelecimento das plantas. Entre os principais, destaca-se o preparo convencional, que consiste na realização de uma aração com 20 cm de profundidade e depois duas gradagens para quebrar os torrões e nivelar o solo. Em caso de o terreno não apresentar declividade plana, o ideal é fazer o plantio em curva de nível (ALVARENGA et al., 2002). E outro método de preparo do solo comum é o plantio direto, esse sistema vem ganhando espaço no setor agrícola, pois proporciona um melhor aproveitamento da área, conserva o solo, a matéria seca deixado no solo mantém e produz mais nutriente, aumentou o número de grãos obtidos numa mesma área e em menor tempo, controla a entrada de plantas invasoras e outras inúmeras vantagens. Mas, para implantação desse sistema, o solo é preparado convencionalmente, depois da implantação de culturas que produzem grande quantidade de matéria seca e deixada no solo, no plantio direto o solo não é revolvido (CRUZ et al., 2002). Esse sistema de plantio direto apresenta maior sucesso em grandes lavouras, onde o preparo do solo e colheita é mecanizado. Serão usadas máquinas apenas para colheita e essa apta a triturar a palhada e pulverizar ao solo novamente. Atualmente, o sistema de plantio direto é o mais recomendado para a produção de milho.
A época de plantio é variável de acordo com cada região. No Brasil, há duas épocas: plantio de verão, no período das chuvas-primeira safra, mais adaptado às regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Realizado nos meses de agosto, outubro- novembro e janeiro-fevereiro, respectivamente. E o plantio da safrinha, que é a segunda safra, ideal para milho sequeiro. Mais comum na região do Centro-oeste, nos Estados de São Paulo e Paraná com plantio entre fevereiro e março.
A semeadura da semente do milho deve atender às condições de solo e ambientais. Em caso de solo argiloso, a profundidade de semeadura vai de 3-5 cm e em solos arenosos a profundidade de semeadura é de 5-8 cm. Na região Norte, os meses de semeadura ideal são em setembro e outubro. E analisar as condições ambientais, pois a cultivar do milho leva em média 120-150 dias para completar seu ciclo, e o sucesso e rentabilidade da produção depende de fatores como a temperatura, chuvas e radiação solar nas diferentes fases fenológicas da cultura. Portanto, de acordo com cada região que é determinada a época de semeadura (PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002).
A semeadura pode ser realizada com uso de matracas em plantios menores e em grandes plantios, usam-se máquinas semeadoras/adubadoras, atentando-se para a velocidade de semeadura, em torno de 4 a 6 km.h-¹. O espaçamento entre linhas depende da cultivar, no Brasil o espaçamento mais utilizado é de 80 a 90 cm (PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002). O objetivo de menor espaçamento entre as plantas contribuem para uma melhor distribuição na área, aumentando a eficiência na utilização da radiação solar, água e nutrientes e logo maior rendimento. Além de contribuir para o controle de plantas daninhas e diminuição de erosão. Mas para decidir sobre qual espaçamento é recomendável considerar a operação de colheita, espaçamento entre os bicos coletores e a semeadora deve ter número de linhas igual ou múltiplo do número de linhas da colhedora.
A densidade populacional depende da cultivar, onde as cultivares precoces suportam melhor a alta densidades, da época de semeadura, em caso de safrinha, diminui 20% a densidade. Depende da disponibilidade hídrica, em regiões sujeitas a secas, optar por baixa densidades ou em solos arenosos, a capacidade de fornecer é menor, então, o certo é reduzir a densidade de populações de plantas na área. E por fim, o destino do produto também influencia proporção da densidade, pois, por exemplo, para milho verde, a densidade de plantas são 35.0 a 5.0 plantas.ha-¹ e para produção de silagem, a possibilidade de 80.0 plantas.ha-¹, sendo necessário a irrigação sobre as plantas (PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002). A quantidade de semente por hectare depende também do tamanho da semente e do poder germinativo.
As práticas culturais estão relacionadas à realização de rotação de culturas e consorciação, principalmente em caso de preparo do solo para plantio direto. O emprego de um sistema de rotação equilibrado contemplará o solo com uma maior diversidade possível de espécies utilizadas como adubo verde (RITCHIE et al., 2003). E os tratos culturais, compreende aos cuidados de caráter edáfico, como a eliminação de queimadas, uso de corretivo no solo, rotação de culturas, adubação orgânica e química equilibrada; de caráter vegetativo, corresponde ao uso de adubos verdes, capinas entre as faixas e implantação de quebra ventos. Caráter mecânico, por sua vez, corresponde a construção de terraços em área a partir de 3% de declividade, semeadura em nível e carreadores e canais escoadouros evitando o tombamento das plantas erosão no solo, na área de plantio. As maiores restrições a maiores produtividades deverão ser associadas ao aspecto nutricional e ao controle de plantas invasoras.
Melhoramento Genético
Há ainda disponível no mercado variedades sintética e híbrido simples, duplo e triplo que foram modificadas geneticamente. Os híbridos duplos dominaram o mercado de sementes de milho até há poucos anos. Hoje, já existe uma predominância dos híbridos triplos. O vigor do híbrido proporciona com grande contribuição para as práticas genéticas.
resistência a determinados tipos de insetos e doenças
Sendo uma cultura mundial o milho vem de uma crescente em relação ao estudo em se tratando de melhoramento genético ao longo dos anos, cada vez mais melhoristas criam nova cultivares adaptadas ao clima ou região diferentes e com
Vários métodos de melhoramento são utilizados, entre eles a seleção massal, na qual são escolhidas espigas com qualidades desejadas. Até chegar ao melhoramento genético o milho passou por um longo processo de melhorias significativas, mas que não obteriam o mesmo sucesso.
O aumento da produtividade foi conseguido por etapas, partindo dos métodos empíricos até chegar aos atuais em que se empregam técnicas modernas de melhoramento, que culminam com a obtenção do milho híbrido. Para se obter o melhoramento genético precisa considerar os aspectos científicos, tecnológicos, agrícolas, ecológicos, sociais e econômicos para tomar decisões acertadas (SOUZA et al., 2013).
Há os transgênicos, que são plantas geneticamente modificadas, cujo genoma foi alterado pela introdução do DNA exógeno, que pode ser derivado de outros indivíduos da mesma espécie ou de outra espécie completamente diferente, podendo ser inclusive artificial, isto é sintetizado em laboratório. Essa descoberta veio disponibilizar aos produtores novas alternativas no controle pragas e de espécies daninhas principalmente. Um exemplo de variedade transgênica é o milho Bt, originado do Bacillus thuringiensis, na qual sua formulação reduziu substancialmente o uso de inseticidas químicos. Após essas modificações, são comercializados milhos tolerantes a herbicidas. Portanto, o melhoramento genético na cultura do milho possibilita ao homem, grãos de qualidade, produtividades rentáveis e diminui os impactos causado ao meio ambiente proveniente do setor agrícola (SOUSA ALMEIDA, 2010)
Nutrição e Adubação
O aumento da produção de grãos no Brasil está acontecendo devido as grandes mudanças tecnológicas, sempre em busca de alternativas de melhor eficiência, menores custos e qualidade na hora de produzir grãos. Entre essas tecnologias, destaca-se a necessidade da melhoria da qualidade dos solos, buscando uma produção sustentada (Marcos Coelho, 2002).
Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao adequado manejo, o qual inclui a rotação de culturas, plantio direto e o manejo da fertilidade do solo por meio da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos ou orgânicos (Marcos Coelho, 2002).
No planejamento para adubação, alguns aspectos devem ser considerados: 1
– Diagnose adequada dos problemas; 2 – Quais nutrientes devem ser considerados neste caso particular; 3 – Quantidade de N, P e K necessários na semeadura; 4 – Qual a fonte, quantidade e quando aplicar N; 5 – Quais nutrientes podem ter problemas nesse solo (Marcos Coelho, 2002).
Trabalhos realizados em Sete Lagoas e Janaúba por Coelho & França (1995) mostra como funciona a extração de nutrientes feitos pelo milho, observou-se que a extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, tendo como principal exigência N e K, seguido de Ca, Mg e P.
O manejo da adubação é de suma importância, pois visa a máxima eficiência, através do conhecimento da absorção e acumulação de nutrientes nas diferentes fases de desenvolvimento da planta, sabemos as épocas em que os elementos são exigidos em maiores quantidades. Fatores importantes quando há perdas por lixiviação de nutrientes ajudando na aplicação parcelada de fertilizantes, principalmente nitrogenados e potássicos (Marcos Coelho, 2002).
A utilização de culturas de coberturas e rotação de culturas no plantio direto tem ajudado a aumentar a sustentabilidade desse sistema, deixando assim o solo com mais fertilidade e com otimização da adubação nitrogenada (Marcos Coelho, 2002).
Irrigação
A implantação do sistema de irrigação na produção de milho somente é necessário em regiões áridas e semiáridas, pois em regiões onde ocorre muita chuva é suficiente para suprir as necessidades da planta em pelo menos uma safra. Portanto, é fundamental antes de comprar os equipamentos para instalação do sistema de irrigação, saber se é necessário e se é possível. Se for preciso a instalação do sistema de irrigação, verificar se fatores como a distribuição de chuva e disponibilidade de água, o efeito da irrigação na produção, a necessidade de água das cultivares e a qualidade de água da fonte (ANDRADE; BRITO, 2008).
A quantidade de água que o milho utiliza é variável durante o ciclo e aumenta de acordo com a região de cultivo. Há variedades que responde melhor a irrigação, sendo proporcionado um aumento na produtividade da cultura, maior eficiência na aplicação de fertilizantes e a possibilidade do emprego do emprego de uma maior densidade de plantas numa mesma área. Se optar por uma cultura irrigada, é essencial verificar se o volume de água disponível é de qualidade e suficiente para atender a necessidade sazonal de água da cultivar, respeitando as leis de uso da água, em vigor no país, sendo obrigado a requerer a outorga para uso da água junto as agências responsáveis ( ALBUQUERQUE; RESENDE, 2002).
Se atender as exigências e for necessário o uso da irrigação, o próximo passo é escolher o método a ser implantado na lavoura. Os principais métodos são: superfície, aspersão, localizada e subirrigação. Conhecendo quais são os métodos, deve analisar fatores que podem influenciar no sucesso do sistema, como declividade do terreno, taxa de infiltração dos solos, sensibilidade da cultura ao molhamento e o efeito do vento. Além desses fatores, é recomendável pesquisar se o custo do material é viável, se a implantação da atividade agrícola vai trazer retorno econômico ao produtor e escolher implementos de qualidade. Para a cultura do milho, o sistema de irrigação mais apropriado é o que se adapta as condições do ambiente, do que precisa e das condições financeiras do produtor (ANDRADE; BRITO, 2008).
Plantas Daninhas
Os fatores que o milho precisa para seu desenvolvimento são basicamente os mesmo exigidos pelas plantas daninhas, tais como: água, luz, nutriente e espaço físico, se torna um processo competitivo quando a cultura e a planta daninha se desenvolvem conjuntamente (Karam, 2002).
O milho pode assumir uma arquitetura diferente por estar em competição com as plantas daninhas, diferente de quando cresce livre da presença de outras plantas. A presença da alelopatia liberadas por plantas daninhas no meio prejudicando o desenvolvimento de outro, podendo ocorrer inclusive entre indivíduos da mesma espécie (Karam, 2002).
Para evitar danos irreversíveis a cultura e prejudicar o rendimento da cultura, é realizado o manejo de plantas daninhas visando elimina-las durante o período crítico de competição. Outro aspecto importante é dar condições para que a colheita mecanizada tenha a máxima eficiência, e evitar a proliferação de plantas daninhas, garantindo assim a produção nas próximas safras (Karam, 2002).
O produtor deve entender que as perdas podem variar de ano a ano, em virtude das condições climáticas, e de propriedade a propriedade, devido as variações de solo, população de plantas daninhas, sistemas de manejo incluindo rotação de culturas no plantio direto, além do beneficiamento na colheita evitando assim perdas na produção (Karam, 2002).
O solo não pode ser colocado em pousio para evitar altas taxas de germinação de plantas daninhas, por isso é importante plantar leguminosas para aumentar a fertilidade do solo e não deixar as plantas daninhas encontrar condições adequadas.
O controle cultural é utilizado pelos produtores e não se encaixa como um processo de manejo de plantas daninhas, e sim visando aumentar a capacidade competitiva da cultura em detrimento das plantas daninhas. O menor espaçamento entre linhas, maior densidade de plantio, época adequada de plantio, uso de variedades adaptadas às regiões, uso de cobertura morta, adubações adequadas, irrigação bem manejada, rotação de culturas, são técnicas que tornam a cultura mais competitiva com as plantas daninhas (Karam, 2002).
Outros tipos de controles podem ser feitos através de capina manual, mecânica, controle químico e aplicações de herbicidas na quantidade adequada (Karam, 2002).
Pragas e Doenças
A importância de se entender a evolução das doenças e o ataque pragas em determinada cultura é imprescindível para um controle eficiente de danos à produção. Para amenizar a ocorrência de prejuízos a lavoura, é recomendável um estudo prévio sobre a cultivar ou híbrido que deseja cultivar. Verificar se a área escolhida não é propícia a incidência de doenças e pragas.
O emprego de sementes selecionadas, tratos culturais, o uso de agrotóxicos contribuem para a disseminação de pragas e doenças da cultura. O descuido com as lavouras ainda é um forte fator responsável pela baixa produtividade do milho na maioria dos casos. Se não conhece o invasor e apresenta-se em grande quantidade, o ideal é procurar ajuda técnica e orientações e recomendações de como proceder a fim de diminuir os danos econômicos.
As principais pragas que atacam a cultura do milho são os cupins, lagarta do cartucho, lagarta da espiga, lagarta rosca, cigarrinha e as pragas de armazenamento, por exemplo, Sitophilus zeamais (VIANA et al., 2002). E as doenças mais conhecidas que atacam o milho são: Cercosporiose, ferrugem comum, antracnose do colmo, antracnose foliar e mancha branca (CASELA et al., 2002). A maioria das cultivares do milho apresenta vulnerabilidade à incidência de patógenos. O controle químico ainda é a grande solução para o ataque de doenças.
Algumas medidas contribuem para prevenção e disseminação dos invasores, podendo preparar o solo adequadamente, realizar a colheita em época certa, seguida de destruição dos restos culturais e entorno dos mesmos; manter a cultura e das áreas próximas ao limpo, isentas de ervas daninhas e outros tipos de vegetação que servem de hospedeiros (CASELA et al., 2002). A realização de rotação de culturas é fundamental, pois além de contribuir no controle cultural das pragas, ainda fertiliza e conserva o solo. Aplicação do controle biológico, a maioria das pragas tem inimigos naturais. O produtor deve estar atento a lavoura, pois esses invasores podem diminuir o número de plantas, reduzir a população; outras ainda promovem a perda e o apodrecimento das raízes das plantas.
Colheita, Beneficiamento e Armazenamento
A colheita do milho depende muito da cultivar e do consumidor final do produto, com isso ela dependerá da maturidade fisiológica do milho e condições climática que se encontram no dia e hora da colheita, sendo importante também de que forma será realizada, mecanizada ou manual, essa escolha dependerá do produtor, tendo em vista a quantidade de grãos produzidos, suas condições financeiras e objetivo.
O ponto de colheita se refere as características relacionadas ao momento ótimo para se colher o milho, sendo de acordo com o tipo de armazenamento disponível ou finalidade a que se destina. No caso do milho verde, este deve ser colhido com os grãos no estado leitoso, apresentado de 70 a 80% de umidade. As condições climáticas resultantes das épocas de semeadura ou da região onde a lavoura foi instalada faz com que o ponto de colheita seja variável (Pereira Filho & Carlos Cruz 2002).
A colheita pode ser realizada manualmente ou mecanizada. A colheita manual promove menos danos à espiga, assim como na debulha, provoca pouca perda na colheita, entretanto a mão-de-obra requer maiores despesas aumentando os custos com o rendimento abaixo do ideal. Na colheita mecanizada o importante é regular bem as máquinas evitando perdas quantitativas e qualitativas, ou seja, perdas de grãos ou massa de grãos e redução da qualidade por trincamento e quebra do mesmo, causando uma perda de 08 a 10%, sem esquecer das doenças que podem surgir através dessas causas (Fonseca, 2013).
Considerada uma das últimas etapas do programa de produção de grãos, o beneficiamento é a unidade em que o produto adquire após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos, sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas e outros, as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões comerciais (Silva et al., 2008).
A limpeza deve acontecer para remover as impurezas, restos culturais e retirada de grãos trincados, quebrados ou ardidos do lote a ser armazenado (Fonseca, 2013). Existem varias formas de armazenagem de grãos, depende somente da finalidade do mesmo, a armazenagem a granel é a forma mais comum de armazenagem do milho, devido aos avanços tecnológicos disponíveis para os produtores, através de maquinas e implementos. Apropriada para armazenamento de produções em maior escala, pode ser feito em silos aéreos ou subterrâneos, e em armazéns em sistema hermético (Fonseca, 2013).
No armazenamento em sacarias o milho deve estar com umidade entre 12,5 a 14%, garantindo assim a qualidade do milho, para isso a sacaria deve ser suspensa do piso, sobre estrados, e mantida distante das paredes para haver circulação de carrinhos hidráulicos ou de pessoas, para inspeções e movimentação de carga. Deve conter ventilação, limpeza e controle de pragas e ratos. Existe outro tipo de armazenamento para pequenas propriedades com custo tecnológico mais baixo e durabilidade, requer maior atenção no período de armazenamento, esse armazenamento de espigas favorece a boa conservação, desfavorece o ataque de pragas (Fonseca, 2013).
Comercialização
A cultura do milho apresenta uma multiplicidade de usos. Logo, a comercialização é bastante difundida, apresentando fluxos de comercialização direcionados para fabricas de rações, indústrias químicas, mercado de consumo in natura e exportações. Nesta atividade, há os agentes intermediários que movimentam este setor, reduzindo a produtividade média dos estabelecimentos que usam este meio para venda (OLIVEIRA DUARTE, 2008).
O avanço tecnológico tem contribuído para o aumento da produção do milho, apresentando vantagens em permitir, por exemplo, a antecipação da colheita, liberando terra para outras culturas; utilização de um sistema de armazenamento mais simples e econômico, evitando o ataque de roedores e carunchos nos grãos, diminuindo deste modo às perdas a campo; e conservação do valor nutritivo por um maior período de tempo, com isso, a comercialização do produto ganha um incentivo, possibilitando maior retorno econômico ao produtor (REIS et al., 2001).
O milho verde, comparado com o milho destinado para grão, apresenta resultados mais satisfatório e expressivo no valor comercial. Nos períodos de entressafra, os preços de comercialização do milho são mais altos, principalmente o milho verde. E os produtores que destinam a produção de milho para grãos, aproveitam esta época para comercializar esse produto na forma de milho verde e o restante da lavoura sendo triturada, destinada a compor a produção de silagem para alimentação animal (REIS et al., 2001). É importante que o produtor faça um planejamento da semeadura para evitar o acúmulo da produção em uma só época, obtendo, assim, quantidades adequadas do produto para um maior período de comercialização. Nas pequenas propriedades, costumam destinar seus produtos ao comércio por meio de sacas e por varejo, na base de espigas. Já em grandes lavouras, a comercialização é feita em estoques elevadíssimos, vendido no atacado.
A Seguir apresento-lhes vários slides da cultura para melhor detalhamentos dos assuntos tratados em relação à cultura do milho. sugiro para melhor leitura fazê-lo em tela cheia clicando nas duas setinhas no rodapé do slideshare.
agradecimentos à EMBRAPA, EPAMIG E OUTROS AMIGOS.













Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *