domingo, 2 de outubro de 2016

Produção e mercado do Amendoim


Produção e mercado

Amendoim (Arachis hypogaea, L.) e o costume de adicionar o seu fruto a outros alimentos fazem parte da cultura brasileira, sendo delícia que acompanhou todas as gerações desde antes da chegada dos colonizadores. O provável centro de origem dessa planta são os vales dos rios Paraná e Paraguai, e as primeiras descrições do uso do amendoim demonstram que os nativos brasileiros do século 16 já o consumiam regularmente.

Produção

O fruto do amendoim é rico em óleo, proteínas e vitaminas, sendo uma importante fonte de energia e aminoácidos para alimentação humana. Leguminosa genuinamente sul-americana, ela produz um dos grãos mais consumidos do mundo atual (MACÊDO, 2007).
A planta do amendoim foi, durante os últimos 500 anos, se espalhando pelas regiões do mundo, e, atualmente, a China é o maior produtor de amendoim em casca. Em 2011 os chineses já produziam quase a metade do total mundial: 15.709.036 toneladas métricas, colhidas em 4.547.917 hectares. No século 18 o amendoim foi levado à Europa; no século 19, difundiu-se do Brasil para a África, e do Peru para as Filipinas, China, Japão e Índia. Trata-se de um produto que é conhecido e apreciado pelo seu sabor inconfundível e pela versatilidade de uso em pratos salgados e doces e na indústria.
No mundo, a produção de amendoim em casca em 2012 foi de 35.340.000 toneladas métricas, obtida numa área de 20.780.000 hectares (USDA, 2013). No Brasil, em 2011 foram produzidas 311.409 toneladas métricas de amendoim em casca e, em 2012, 324.178 toneladas, tendo sido plantados 101.758 hectares (e colhidos 101.680 hectares). O rendimento foi de 3.350 kg/ha, na primeira safra, e de 1.628 kg/ha, na segunda safra (IBGE, 2013). Em termos de produtividade da cultura, consegue-se no Brasil quase a mesma que na China, de 3.454 kg/ha (FAO, 2012), mas a média no Nordeste fica muito abaixo do desempenho chinês: 1.164 kg/ha (IBGE, 2012). A produção alcançada no Nordeste na safra 2010 2011 foi de 10.900 toneladas, colhidas em 12.000 hectares; e na safra 2011 2012, deve ser alcançado um total de 6.100 toneladas, num ano caracterizado por seca climatológica severa (CONAB, 2013), (dados preliminares, sujeitos a mudanças).
Os mais de 4 milhões de hectares plantados anualmente pela China estão inseridos num “modelo” econômico de prospecção de atividades nos mais variados setores econômicos, e que é necessário na busca de alimentos suficientes para a maior população humana da Terra: 1 bilhão e 300 milhões de bocas, ávidas por proteínas e vitaminas, presentes nessa importante e oportuna fonte de energia e aminoácidos que é o amendoim. Recordando que essa leguminosa é nativa da América do Sul, considere-se na 
O Brasil já esteve na sétima posição desse ranking, com a produção de 956.200 toneladas obtida em 1972. Esse quantitativo é um marco na história do amendoim brasileiro, e até hoje se busca repeti-lo. A perda de posições relativas naquele ranking tem causas já bem explicadas na literatura econômica, e a situação de decréscimo produtivo até meados da década de 1990 só foi revertida quando aconteceram contribuições de novas tecnologias geradas por instituições de pesquisa, como o Instituto Agronômico de Campinas, a Embrapa, o Instituto Agronômico do Paraná, e universidades, em conjunto com produtores e industriais. Tiveram que ser superadas as causas daquela depressão na produção, como, principalmente, a contaminação de grãos por aflatoxina, a maior disponibilidade de óleo de soja no mercado alimentar brasileiro e a queda do preço do produto nos mercados interno e externo, o que desestimulou o plantio. Assim, e a partir de 1974, houvera forte redução da área plantada e da produção, caindo até a cifra de 137.200 toneladas de amendoim em casca, na safra 1996 1997 (CONAB, 2012), quando começou uma reversão nesse descenso continuado.
Desde então se tem verificado crescimento sistemático das safras anuais brasileiras de amendoim em casca, alcançando-se, na safra de 2011 2012, já citada, 324.178 toneladas métricas, colhidas em 101.680 hectares. Com destaque para o Estado de São Paulo, maior produtor nacional, que alcançou na safra citada o patamar de 88% do total produzido (IBGE, 2013), consorciando também o amendoim com a cultura da cana-de-açúcar. O rendimento médio do amendoim no Brasil em 2012 foi de 3.350 kg/ha na primeira safra – que corresponde aos plantios realizados em outubro novembro, em todo o País (a chamada “safra das águas”) –, representando 95% do volume total; e de 1.628 kg/ha, na segunda safra – a chamada “safra da seca”, que complementa o montante, sendo os plantios realizados no mês de março nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
A principal forma de consumo é por meio dos grãos, torrados ou cozidos. A farinha, contudo, é altamente proteica e pode ser utilizada de várias maneiras, sobretudo na panificação e confecção de doces e salgados. No processamento industrial os grãos podem ser utilizados para obtenção de óleo e farelo, na fabricação de produtos alimentícios, no ramo de conservas e na indústria farmacêutica. Mas as características do grão de amendoim é que o podem levar a ter um papel mais central na alimentação mundial. A qualidade do seu óleo é superior ao do azeite de oliva, o que pode ajudar na prevenção de doenças cardíacas. Além disso, os grãos apresentam grandes concentrações de vitamina E — um antioxidante que previne câncer, diabetes e doenças autoimunes — e de proteína, podendo substituir a carne em países onde há escassez desse alimento. Não foi à toa que, quando 100 especialistas de todo o mundo se reuniram para uma análise prospectiva na 5ª Conferência Internacional da Comunidade Científica de Amendoim, em Brasília, DF, em junho de 2011, concluíram que o amendoim pode se tornar um dos alimentos mais importantes do mundo nos próximos 25 anos. Aqui é bom recordar do “modelo” chinês, que parece já ter se dado conta de que o amendoim substituirá a soja em importância econômica daqui a um lustro de século. Nos seus Anais, aquela Conferência registrou que as pesquisas de melhoramento das variedades de amendoim e seu alto conteúdo de proteína e óleos insaturados aumentarão seu papel fundamental na alimentação de povos de países da América Latina, da África e da Ásia; e que, além disso, o amendoim cumpre um importante papel social, garantindo a segurança nutricional e a sustentabilidade da agricultura em áreas áridas e semiáridas de diversas nações, inclusive do Brasil. No Haiti, após o terremoto de janeiro de 2010, foi servido pela entidade Partners In Health (PIH) um composto nutritivo que tinha o amendoim como base, e era um produto alimentar terapêutico pronto para consumo e tratamento da desnutrição infantil extrema.
De 1990 em diante a Embrapa Algodão veio desenvolvendo tecnologias voltadas para o incremento da cadeia produtiva brasileira do amendoim, em especial a da região Nordeste. Nesse período já foram disponibilizadas quatro cultivares aprovadas em vários estados localizados no território nacional, demonstrando ser adaptáveis às regiões avaliadas nos dois regimes de cultivo, irrigado e sequeiro. Outras tecnologias foram também disponibilizadas ao setor produtivo. Mas o esforço tem que ser dirigido para a oferta de alternativas econômicas de cultivo que, no cotidiano prático, tenha relevante valor alimentar e permita boa remuneração aos produtores nacionais. Os resultados das pesquisas não podem prescindir de políticas públicas que os promovam, pois que falecerão de inanição econômica nos mercados competitivos da atualidade se os produtores não tiverem condições econômicas de os adotarem. Insistir em cultivar amendoim praticamente sem a utilização de insumos, em cultivos convencionais ou consorciado com milho, como ocorre em grandes áreas do Semiárido brasileiro, é não aproveitar todas as possibilidades das conquistas agronômico-tecnológicas financiadas com recursos públicos. Diante dessa realidade, se a administração pública pretender desconcentrar a produção de amendoim no território nacional, terá que recuperar práticas recentes, quando o dinheiro público gerava crédito rural subsidiado, mas financiava também setores da indústria e comércio ligados à produção agropecuária, atuantes como fornecedores de insumos e serviços, ou como compradores de bens gerados no interior das fazendas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGROBUSINESS, 2002).
A importância econômica do amendoim no mundo atual é mais bem revelada no fato de ser uma das culturas agrícolas que mais pode contribuir significativamente para sustentar o aumento da demanda de produtividade por hectare, sem ampliar a fronteira agrícola (CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA COMUNIDADE CIENTÍFICA DE AMENDOIM, 2011). Em outras palavras, o amendoim é uma das culturas agrícolas que pode produzir mais alimentos no mesmo espaço agrícola usado hoje, a partir de variedades mais produtivas, nutritivas e resistentes, a serem obtidas com as ferramentas da biotecnologia e da genômica. Esses são determinantes para tornar os cultivos mais competitivos, já que em 25 anos será necessário que a Terra dobre a produção de amendoim (CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA COMUNIDADE CIENTÍFICA DE AMENDOIM, 2011). O Brasil possui a maior coleção de germoplasma de amendoim do mundo, criada pela Embrapa. São 80 espécies e mais 8 em fase de descrição. Dessas, 67 são silvestres e originárias do Brasil. A diversidade de plantas silvestres brasileiras e o solo fértil do País, além de áreas para expansão da agricultura, fazem do Brasil um dos países com maior potencial para a produção de amendoins, que pode até ultrapassar a da soja. Tendo todas as ferramentas para isso, é essencial que o Brasil seja um dos principais atores na produção de alimentos de qualidade. Nada mais de acordo com a Economia Verde e a necessária e urgente sustentabilidade econômico-social-ambiental para o Mundo, em vista do Aquecimento Global.

Mercado

Mesmo que se considere o amendoim como um mero tira-gosto, há de se ter em mente que o grão é um dos petiscos mais consumidos no Planeta, e que o mercado mundial do amendoim movimenta por ano cerca de US$18,5 bilhões. Os maiores consumidores de amendoim são a União Europeia, o Japão, a Rússia, a Indonésia, o Canadá e o México. Os maiores exportadores são a Argentina e a China, onde o Brasil chega a exportar 25% do que produz anualmente, ou seja, cerca de 80 mil toneladas em 2012. Com um consumo interno que se aproxima da marca das 100.000 toneladas anuais de amendoim sem casca, e produção firmemente crescente a cada ano; já há quem avalie ser a cultura que apresenta o quarto melhor rendimento do agronegócio brasileiro (ABICAB, 2013).
O mercado internacional se interessa muito pelo amendoim. Os países que não o produzem em casca são seus principais importadores no mercado internacional: os países da Europa e o Japão. No Mundo, em 2010, a importação do amendoim em casca movimentou US$321 milhões e a exportação US$281 milhões; e de amendoim sem casca o valor das importações foi de US$1 bilhão e 692 milhões; e das exportações foi de US$1 bilhão e 305 milhões (FAOSTAT, 2013). O Brasil, naquele mesmo ano, exportou 50.808 toneladas de amendoim sem casca e 400 toneladas de amendoim com casca, o que rendeu 47,851 milhões de dólares norte-americanos, no primeiro caso, e 396 mil dólares, no segundo caso (FAOSTAT, 2013). Em relação ao óleo de amendoim, produz-se no mundo um percentual de pouco mais de 4% do total da produção de óleos vegetais, o que faz dele o quinto mais consumido, com uma produção em 2012 superior a 5 milhões de toneladas métricas.
Menos de 6% (seis por cento) do amendoim no Planeta, incluindo o óleo e a produção de farelo de amendoim, são comercializados internacionalmente. Os Estados Unidos da América são um exportador líquido de amendoins. Em 2010, as suas exportações totalizaram mais de 244,5 milhões de dólares, superando as importações em cerca de 212,1 milhões dólares (USDA, 2013).
O comércio exterior tem na variação cambial e no nível de estoque, tanto nacional quanto internacional, aspectos importantes para a escolha de estratégias, visando ao posicionamento dos negociadores e exportadores nesse mercado, estabelecendo determinada dinâmica e influência na formação dos preços praticados no mercado interno (MACÊDO, 2007). E, dessa forma, no caso brasileiro, é no Estado de São Paulo que, ao se considerar os preços médios mensais recebidos pelos produtores nos últimos anos, mais se nota a tendência de valorização do produto.
Em 2010, no Brasil, uma pesquisa inédita realizada por encomenda da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) revelou que 66% da população brasileira costuma consumir amendoim; 75% apreciam a paçoca e 71% não largam um pé de moleque. Os resultados também revelaram que 63% dos brasileiros consideram o amendoim muito saboroso, mesmo que desconheçam seus valores nutritivos e a ampla variedade de benefícios que o produto permite à saúde. Ainda segundo o levantamento, a população brasileira ainda não faz a associação direta entre o consumo do amendoim e a saudabilidade. Por sua vez, grande parte dos entrevistados associou o produto com situações de prazer, futebol, happy hour, confraternização e sociabilidade, com ênfase no sabor. Outros pontos positivos identificados na pesquisa foram o valor: 23% acham o produto barato; 19% o consideram energético, e 13% dizem que é um produto que “dá vontade de comer” (ABICAB, 2013).
Em termos produtivos, a safra 2011 2012 do amendoim brasileiro se distribuiu assim: região Sudeste (91%), região Sul (3,5%), região Norte (3%), região Nordeste (2%) e região Centro-Oeste (0,5%). E no Sudeste, apenas o Estado de São Paulo (295.177 toneladas) e o Estado de Minas Gerais (9.005 toneladas) produziram amendoim em casca. É notória a concentração produtiva em São Paulo, e as contribuições de novas tecnologias geradas por instituições de pesquisa fazem parte das explicações para que isso venha se dando nos últimos 15 anos. Em conjunto com produtores e indústrias, os institutos de pesquisa agropecuária pesquisaram e validaram sistemas produtivos em que o cultivo é feito em rotação de culturas e em segunda safra, com cultivares de porte rasteiro e mecanização nas operações de plantio e colheita, o que refletiu em maior produtividade. Em São Paulo e no Cerrado brasileiro, essas tecnologias emplacaram mais rapidamente. Existem no território paulista áreas agrícolas apropriadas para o cultivo de amendoim, em especial as duas regiões conhecidas como Alta Paulista e Alta Mogiana, compreendidas por cidades como Tupã, Marília, Dumont, Ribeirão Preto, Jaboticabal e Sertãozinho, onde a produção é maior em volume. Coincidência, ou não, o fato é que “a combinação vegetal entre cana-de-açúcar e amendoim se estabeleceu, em São Paulo, há algumas décadas, na Alta Mogiana, centro-leste do estado, em regionais agrícolas tradicionais na produção e industrialização da cana, como Ribeirão Preto, SP e Jaboticabal, SP. No oeste do estado, especialmente na Alta Paulista, o amendoim combinava-se com pastagens e, na década de 1940, destacava-se na produção mundial de amendoim. Mudanças conjunturais envolvendo aspectos econômicos, tecnológicos e estruturais transformaram a antiga realidade dessas duas culturas” (MARTINS, 2011). A agregação de valor ao produto in natura, pelo processo industrial, foi facilitada pela proximidade com as indústrias, com investidores capitalistas e com as áreas de produção, o que viabilizou e viabiliza agora que parte da produção seja exportada – com e sem pele, bem como o óleo cru de amendoim –, ou destinada à indústria de alimentos, a qual tem à disposição um mercado consumidor dos mais expressivos, o da região Centro-Sul, mas que complementa também o consumo Nordestino de mais de 50 mil toneladas por ano1. O consumo interno de amendoim em 2008 foi de 95.000 toneladas, obtidas da safra 2007 2008 de 305,8 mil toneladas (ABICAB, 2013). No processamento industrial os grãos podem ser utilizados para obtenção de óleo e farelo, na fabricação de produtos alimentícios, no ramo de conservas e na indústria farmacêutica (o amendoim ajuda na prevenção de doenças cardíacas, além de apresentar grandes concentrações de vitamina E, um antioxidante que previne câncer, diabetes e doenças autoimunes). Da produção de doces e salgados com amendoim na região Sudeste, 85% são consumidos nessa mesma região brasileira.
O Estado de São Paulo domina quase a totalidade das exportações de amendoim em grão, e seu percentual de participação nas exportações de óleo de amendoim é de 90%. O Estado de Minas Gerais iniciou participação tímida neste último mercado a partir de 2010.
A importância do Brasil como produtor de amendoim tem sido recuperada, gradativamente, com seu papel novamente relevante no suprimento de óleo vegetal para o mercado interno e na exportação de subprodutos. Conforme previsto por Freitas et al. (2005), após o período 1965-1999 de crescimento até 1974 e descenso continuado até a safra 1996 1997 – entrou em curso “importantes mudanças tecnológicas no cultivo e beneficiamento do produto, que tem implicações no volume produzido e nas características do mercado”. Os últimos 15 anos marcaram a construção de novas possibilidades para a produção brasileira de amendoim. Em simples comparação entre os anos que iniciam e os que encerram esse período, é possível verificar os resultados alcançados com a produção e exportação de amendoim em casca, amendoim descascado e óleo bruto de amendoim.
Trata-se de uma cultura agrícola que ainda tem poucos rebatimentos econômicos no Nordeste, o que pode ser ilustrado pelos volumes de produção: o maior produtor do Nordeste é o Estado da Bahia (3.837 toneladas, em segunda safra); em seguida Sergipe (1.590 toneladas, em segunda safra); depois, o Ceará (325 toneladas, em primeira safra), e a Paraíba (148 toneladas, em segunda safra). Muito embora o volume de matéria-prima transacionado na cadeia produtiva (35 mil toneladas de grãos) tenha grande expressão econômica. A produção Nordestina de amendoim em casca, em torno de 10.000 toneladas anuais, é insuficiente para atender aos principais mercados de consumo regionais, na Bahia, em Sergipe, no Ceará, em Pernambuco e na Paraíba. Existem indústrias na região que são abastecidas de matéria-prima oriunda da região Sudeste, ficando a demanda anual em torno de 50 mil toneladas de vagens (aproximadamente 35 mil toneladas de grãos). A vulnerabilidade dos sistemas de produção existentes se liga à presença das secas periódicas que limita no tempo os ganhos obtidos nos anos de chuvas mais regulares. Ou seja, os empreendedores rurais acumulam lucros por alguns anos e, na ocorrência periódica de uma seca mais severa, se descapitalizam rapidamente, voltando ao ponto inicial dos seus empreendimentos. Desde os anos 1940 1950 que se sabe dessas injunções de ordem técnica sobre o empreendedorismo rural no Semiárido brasileiro, exigindo que o aconselhamento dos profissionais da agronomia e os técnicos previnam os produtores com planejamento técnico-científico dos seus empreendimentos. A ausência de uma assistência técnica pública e gratuita e de extensão rural ininterruptas no Semiárido leva profissionais e técnicos inadvertidos a pregarem uma contribuição da cadeia produtiva de amendoim do Nordeste à melhoria na qualidade de vida de agricultores familiares plantadores de amendoim a partir do fabrico de subprodutos em condições de fazenda. A efetividade de renda gerada em negócios rurais no Semiárido brasileiro precisa de sustentabilidade no tempo, na convivência com as condições climatológicas locais. A possibilidade de agregar renda está condicionada pela capacidade de fazer essa atividade ser lucrativa no tempo, apesar do advento de secas que signifiquem diminuição da oferta de matéria-prima; ou do seu encarecimento proibitivo, o que dá no mesmo. Há de se ofertar a esses agricultores familiares empreendedores o planejamento e a administração profissional nos seus negócios familiares, e ampará-los com políticas macroeconômicas, a exemplo da criação e manutenção de fundos de desenvolvimento da cultura do amendoim.
A produção local é direcionada para o mercado de consumo in natura, composta pelo amendoim cozido e torrado que é distribuído por meio de feiras livres (ou vendido para outros estados, quando será comercializado também em feiras livres). Hoje, uma das grandes dificuldades para a cultura do amendoim é o custo da produção. Em casos de contratação de mão de obra externa às propriedades rurais, os gastos podem chegar a até R$2.000,00 por hectare. No entanto, na safra, o valor do produto não deixa margem para prejuízos. Em 2012, o amendoim em casca teve preço de R$2,30 o quilograma, em média. Para os agricultores, o rendimento bruto chegou a ser de R$3.500,00 por hectare.

1 Em 2013, enquanto se paga R$ 2,30/1kg de amendoim em casca aos agricultores familiares do Semiárido brasileiro, em qualquer mercadinho dos municípios localizados na mesma região se compra aquela quantidade de amendoim “torrado e salgado sem pele” por R$ 18,76 (ou U$$ 9.33/1kg, com 1 dólar valendo 2,01 reais, em 23/3/2013), ou seja, com um adicional de valor de 682%. Assim, pelo menos em tese, parte da renda popular é carreada de região pobre para outra rica, já que aquele amendoim consumido no Nordeste é produzido, processado e embalado em São Paulo.




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