A produção de amendoim no Brasil mudou rapidamente nos últimos anos, graças à substituição das tradicionais variedades tipo “Valência”, popularmente conhecidas como tipo “Tatu”, por variedades do grupo Virgínia runner, em especial a cultivar Runner IAC 886, lançada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Esta mudança foi mais significativa no Estado de São Paulo, que concentra entre 70% a 80% da produção de amendoim no Brasil. O cultivo de variedades tipo “Tatu” ainda predomina nas regiões do Sul, enquanto na região Nordeste outra variedade local tipo “Valência”, denominada “Vagem Lisa”, é a preferida dos agricultores.
A demanda por cultivares do tipo “Runner” no Brasil foi percebida pelo Instituto Agronômico de Campinas (GODOY, 2001), que registrou a primeira cultivar tipo Runner no Brasil em 1999, a IAC Caiapó, que também apresentava resistência múltipla às doenças foliares (GODOY et al., 1999b), uma das maiores demandas de pesquisa com esta cultura no Brasil (MARTINS; VICENTE, 2010). Em 2002 foi registrada pelo IAC a Runner IAC 886, com maior potencial produtivo e rendimento industrial (maior rendimento após descascamento e sementes de tamanho uniforme – 60 a 70 gramas em 100 sementes), sendo adotada pela maioria dos produtores paulistas. Em 2009 o IAC lançou as cultivares alto oleico IAC 503 e IAC 505, que também apresentam resistência moderada e diversas doenças foliares. O maior teor de ácido oleico (70%) nas cultivares alto oleico confere maior estabilidade oxidativa, maior vida útil de prateleira, para o amendoim e produtos que contenham amendoim em sua composição, um mercado importante que inclui indústrias de alimentos nacionais e internacionais. Cultivares alto oleico desenvolvidas na Argentina (Granoleico e Pronto AO) e nos Estados Unidos (TamRun OL01 e OLin) também foram registradas no Brasil em 2010 e 2011 (MAPA, 2012), demonstrando a elevada demanda por cultivares com estas características e a perspectiva de expansão da produção de amendoim no Brasil.
As cultivares BR 1, BRS 151 L-7 e BRS Havana (SUASSUNA et al., 2008), registradas pela Embrapa entre 1999 e 2005, são adequadas à colheita manual e atendem à demanda do mercado regional de consumo in natura de amendoim no Nordeste. A cultivar BRS 151 L-7 é mais precoce (85 dias) e tolerante à seca, característica herdada da cultivar africana Senegal 55437, e apresenta maior potencial produtivo sob cultivo irrigado. Os ciclos das cultivares BR 1 e BRS Havana também são precoces (90 dias); BR 1 é amplamente difundida entre os agricultores nordestinos e também tolerante à seca; BRS Havana tem apresentado boas produtividades no Nordeste e Centro-Oeste, sendo também indicada para o mercado da indústria de alimentos (SANTOS et al., 2006). Nos últimos anos, o cultivo do amendoim rasteiro passou a ser interessante na região graças à perspectiva de expansão dos mercados de confeitaria e agroenergia, incentivados pela Petrobras e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), incluindo os estados de Pernambuco, Maranhão e Piauí. A Embrapa registrou em 2011 a cultivar rasteira BRS Pérola Branca, cujas principais características são: porte rasteiro, ciclo 120 dias, 50% de óleo nas sementes, relação O/L 1,9, sendo indicada para o mercado de óleos vegetais (SANTOS et al., 2012).
A aquisição de sementes das cultivares desenvolvidas pela Embrapa pode ser feita diretamente no Escritório de Negócios (SNT) de Campina Grande, PB, telefones (83) 3315-4348 ou 3341-2314 ou pelo e-mail sementes@cnpa.embrapa.br.
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