Fertilidade do solo e adubação
A maioria dos solos do Brasil, mesmo com propriedades físicas adequadas, apresenta, em geral, características químicas inadequadas, tais como elevada acidez, altos teores de alumínio trocável e deficiência de nutrientes, especialmente de cálcio, magnésio e fósforo. Mas, uma vez corrigidos quimicamente, os solos apresentam grande potencial para o cultivo do amendoim.
O amendoim apresenta facilidade de desenvolvimento na maioria dos tipos de solo, mas apresenta melhor desempenho em solos bem drenados, férteis e de textura arenosa (BELTRÃO et al., 2011), o que favorece a penetração dos ginóforos ou “esporões” no solo.
O sistema radicular do amendoim é extenso e ramificado. Apresenta raiz pivotante com ramificações laterais, o que propicia rápido crescimento inicial. A maior concentração de raízes é encontrada nos primeiros 25 cm, embora possua capacidade de atingir maiores profundidades (PINTO et al., 2008). Portanto, torna-se essencial para o bom desenvolvimento radicular a correção química do solo, visto que quanto maior o crescimento radicular maior será a tolerância ao déficit hídrico e o acesso aos nutrientes.
Para facilitar o planejamento para a correção e fertilização do solo para o cultivo do amendoim, algumas etapas devem ser seguidas:
- Amostragem do solo para análise química e física nas profundidades de 0 cm a 20 cm e de 20 cm a 40 cm.
- Verificar a necessidade de aplicação de calcário.
- Verificar a necessidade de aplicação de gesso.
- Recomendar a adubação de semeadura.
- Coletar folhas para avaliação do estado nutricional.
Etapa 1. Amostragem do solo
A área a ser amostrada deve ser divida em talhões uniformes em razão de indicadores de variações facilmente perceptíveis, como: topografia, cobertura vegetal natural ou uso agrícola, textura, cor, condições de drenagem, histórico de manejo e produtividade agrícola. A prática tem demonstrado que, dependendo da topografia, a área de 10 hectares possibilita uma distribuição uniforme de amostras simples (CANTARUTTI et al., 2007).
Para alcançar maior exatidão na avaliação da fertilidade média, coleta-se um número de amostras simples, não menos que 10 amostras por talhão para formar uma amostra composta. Todas as amostras simples devem ter o mesmo volume de solos e coletadas na mesma profundidade.
No cultivo de amendoim, sugere-se coletar duas profundidades, de 0 cm a 20 cm visando à recomendação de calagem e adubação e de 20 cm a 40 cm visando à recomendação de gessagem.
Os métodos de análise química de solo em uso no Brasil podem ser, em linhas gerais, categorizados em dois grupos: o primeiro fundamentado no uso do extrator ácido – Melich-1 e da solução salina de KCl, e o segundo no uso das resinas de troca iônica e do extrator quelante DTPA (CANTARUTTI et al., 2007). É importante conhecer o método utilizado pelo laboratório para interpretação dos resultados da análise de solo e posterior recomendação da adubação.
Etapa 2. Calagem
A calagem é prática fundamental para a melhoria do ambiente radicular das plantas, sendo responsável pela correção da acidez do solo. O calcário possui baixa movimentação do solo, sendo sua reação restrita à profundidade de incorporação.
O amendoim é uma leguminosa, e a acidez do solo pode comprometer a fixação biológica de nitrogênio (COX et al.,1982).
Determinação da necessidade de calagem
Para estimar a necessidade de calagem (NC), ou seja, a dose de calcário recomendada, são utilizados dois métodos: “Método da neutralização da acidez trocável e da elevação dos teores de Ca e Mg trocáveis”; e o “Método da saturação por bases” (RIBEIRO et al., 1999).
1) Método da neutralização do Al trocável e da elevação dos teores de Ca e Mg trocáveis:
Neste método, consideram-se ao mesmo tempo as características do solo e exigências das culturas. Para o cálculo é preciso conhecer a textura do solo, por meio da análise física, e conhecer os teores de alumínio, cálcio e magnésio trocáveis, mediante análise química. Este método é dividido em duas partes CA e CD:
NC (t/ha) = CA + CD
Em que:
- CA = visa a correção da acidez por alumínio até determinado valor de tolerância da cultura à acidez (mt), e leva em consideração a capacidade tampão da acidez do solo (Y)
- CD = correção da deficiência de Ca e Mg, assegurando um mínimo (X) desses nutrientes para a cultura
Cálculo do CA:
CA = Y [ Al+3 – (mt . t/100) ],
Em que:
- Y é um valor variável em razão da capacidade tampão do solo e que pode ser definido de acordo com a textura do solo, conforme Tabela 1.
Tabela 1. Valores de Y para o cálculo de necessidade de calagem por causa da textura do solo.
Textura do solo
|
Porcentagem de argila
|
Y
|
Arenosa
|
0 a 15
|
0,0 a 1,0
|
Média
|
15,1 a 35,0
|
1,0 a 2,0
|
Argilosa
|
35,1 a 60,0
|
2,0 a 3,0
|
Muito argilosa
|
60,1 a 100
|
3,0 a 4,0
|
Fonte: Ribeiro et al. (1999).
- Al3+ é a acidez trocável, em Cmolc/dm3, ou seja, é a quantidade de alumínio trocável no solo, este valor aparece na análise química do solo
- mt é o valor de máxima saturação por alumínio tolerada pela cultura, em porcentagem. Para o amendoim o valor do mt é 5, ou seja, o amendoim tolera 5% de saturação por alumínio na CTC efetiva
- t é o valor da CTC efetiva, em Cmolc/dm3; este valor aparece na análise química do solo
Observação: se o valor de CA for negativo, significa que a quantidade de alumínio presente no solo é menor que a quantidade de alumínio que a cultura é capaz de tolerar; neste caso, deve-se considerar seu valor igual a zero e continuar os cálculos da segunda parte da fórmula.
Cálculo do CD:
CD = X – (Ca2+ + Mg2+)
Em que:
- X é o valor que representa a quantidade de cálcio e magnésio mínima que a cultura exige, no caso do amendoim, o valor de X é 2,0 Cmolc/dm3, ou seja, o amendoim precisa de no mínimo esta quantidade de cálcio e magnésio para produzir adequadamente
- Ca2+ + Mg2+ são valores em Cmolc/dm3 de cálcio e magnésio, sendo que estes valores aparecem na análise química do solo
Observação: se o valor de CD for negativo, significa que a quantidade de cálcio e magnésio presentes no solo é maior que a quantidade que a cultura necessita; neste caso, deve-se considerar seu valor igual à zero para continuar os cálculos.
Com as duas partes calculadas e somadas, tem-se a quantidade de calcário necessária para a correção da acidez em toneladas por hectare, considerando a camada de 0 cm a 20 cm.
2) Método da saturação por bases
Neste método, considera-se a relação existente entre o pH e a saturação por bases (V). Para utilizar este método, os teores de cálcio, magnésio e potássio trocáveis e a acidez potencial (hidrogênio e alumínio) devem ser determinados por meio da análise química do solo.
A fórmula do cálculo da necessidade de calagem (NC, em t/ha) é:
NC = T .(Ve – Va)/100
Em que:
- T é o valor da CTC a pH 7,0, que é a SB + (H+Al), em Cmolc/dm3; este valor aparece na análise de solo. SB representa a soma de bases = Ca+2 + Mg+2 + K+ + Na+ em Cmolc/dm3
- Ve é o valor da saturação de bases desejada ou esperada para a cultura; no caso do amendoim a saturação de bases ideal é 70%, ou seja, 70% da capacidade de troca de cátions devem estar ocupadas com cálcio, magnésio e potássio
- Va é o valor da saturação de bases atual do solo; este cálculo aparece na análise de solo
Escolha do calcário
Na escolha do calcário devem-se considerar critérios técnicos (qualidade química e física) e econômicos. O poder relativo de neutralização total (PRNT) estima o quanto de calcário irá reagir em um período de aproximadamente 3 anos. Para o cálculo do PRNT do calcário, são consideradas a capacidade de neutralizar a acidez do solo (natureza geológica) e a reatividade do material (granulometria) (RIBEIRO et al., 1999). Quanto maior o PRNT maior será a reatividade do calcário.
Todos os cálculos de calagem consideram o PRNT igual a 100%, portanto, deve-se corrigir a quantidade de calagem a ser aplicada em virtude do PRNT:
QC = NC . 100/PRNT
Em que:
- QC é a quantidade do calcário adquirido que deverá ser aplicada na camada de 0 cm a 20 cm
- NC é a necessidade de calagem calculada por um dos métodos descritos anteriormente
- PRNT é o poder relativo de neutralização total do calcário adquirido, valor que caracteriza o calcário
Época de aplicação do calcário
A calagem deve ser realizada de dois a três meses antes da semeadura, com o objetivo de promover as reações químicas de neutralização da acidez. O calcário deve ser uniformemente distribuído sobre a superfície do solo, de forma manual ou mecanizada, e posteriormente deve ser incorporado com arado e grade até 20 cm.
Para que a reação do calcário inicie, é necessário umidade no solo; a água tem papel fundamental na neutralização da acidez pelo corretivo, portanto, é preciso que ocorra pelo menos uma chuva no período anterior a semeadura.
Etapa 3. Gessagem
O gesso é um importante insumo para a agricultura, sendo responsável pela correção de camadas mais profundas do solo. Pode ser utilizado como fonte de cálcio e enxofre ou na correção de camadas subsuperficiais com altos teores de alumínio trocável e/ou baixo teores de cálcio, com o objetivo principal de melhorar o ambiente radicular (RIBEIRO et al., 1999).
A recomendação de aplicação de gesso é feita de forma simples, baseada na análise química do solo na profundidade de 20 cm a 40 cm, que deve apresentar as seguintes características:
- Teor de cálcio igual ou menor que 0,4 Cmolc/dm3 e/ou
- Teor de alumínio trocável maior ou igual a 0,5 Cmolc/dm3 e/ou
- Saturação por alumínio maior que 30%
Recomendação de gesso
A melhoria do ambiente radicular das camadas abaixo da arável efetua-se incorporando o gesso juntamente com o calcário, na dose de 25% da necessidade de calagem. Ou seja, a necessidade de gesso pode ser calculada pela formula:
NG = 0,25 . NC
Em que:
- NG é a necessidade de gessagem em t/ha
- NC é a necessidade de calagem calculada por um dos dois métodos descritos anteriormente
Suplementação de cálcio
Recomenda-se aplicar 500 kg/ha de gesso agrícola sobre a área na formação do esporão, ou seja, depois do início do florescimento.
Etapa 4. Adubação mineral
As plantas precisam de 17 elementos para completar o ciclo, são eles: C, H, O, N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Cl, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn (DECHEN; NACHTIGAL, 2006). Portanto, para uma planta estar bem nutrida, todos estes elementos devem estar presentes. Os três primeiros nutrientes, C, H e O, são fornecidos pela água e ar, por isso, não serão comentados nesta publicação. Os macronutrientes primários (N, P e K) são fornecidos por meio da fertilização orgânica ou mineral, os macronutrientes secundários (Ca, Mg e S) são fornecidos via calagem e gessagem, e os micronutrientes via fertilização mineral.
Em media, cultivares de amendoim absorvem os macronutrientes, na seguinte ordem: nitrogênio (192 kg/ha); potássio (60 kg/ha); cálcio (26 kg/ha); magnésio (20 kg/ha); fósforo (13 kg/ha) e enxofre (9 kg/ha) (FEITOSA et al., 1993).
A calagem é responsável pelo suprimento de cálcio e magnésio; no caso específico do cultivo do amendoim, o suprimento de cálcio é imprescindível para enchimento e formação das vagens. Considerando-se o aspecto qualitativo da produção, o cálcio é o nutriente mais importante para a cultura do amendoim (BOLONHEZI et al., 2005). Um detalhe com relação ao magnésio em amendoim, é que, se ele estiver deficiente, há aumento na incidência da cercosporiose, causada pelo fungo Mycospharella arachidicola (MALAVOLTA et al., 1997). A gessagem fornece cálcio e enxofre.
O amendoim responde eficientemente à adubação fosfatada, sendo que alguns trabalhos apresentam resultados expressivos para produção de vagens e grãos, utilizando-se concentrações de 40 kg/ha e 80 kg/ha de P2O5 (BOLONHEZI et al., 2005). A adubação fosfatada será recomendada em virtude dos teores de fósforo no solo. Para interpretar os resultados de fósforo no solo, é primordial conhecer o método utilizado pelo laboratório. Se o método utilizado pelo laboratório for Melich-1, deve-se utilizar a Tabela 2. Se o método utilizado for resinas de troca iônica será a Tabela 3.
Tabela 2. Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo pelo método Melich-1, de acordo com o teor de argila do solo ou do valor de fósforo remanescente (P-rem).
Classificação do fósforo disponível (P)
| |||||
Característica
|
Muito baixo
|
Baixo
|
Médio
|
Bom
|
Muito bom
|
Argila (%)
|
mg/dm3
| ||||
60-100
|
≤ 2,7
|
2,8 – 5,4
|
5,5 – 8,0
|
8,1 – 12,0
|
> 12,0
|
35-60
|
≤ 4,0
|
4,1 – 8,0
|
8,1 – 12,0
|
12,1 – 18,0
|
> 18,0
|
15-35
|
≤ 6,6
|
6,7 – 12,0
|
12,1 – 20,0
|
12,1 – 18,0
|
> 30,0
|
0-15
|
≤ 10,0
|
10,1 – 20,0
|
20,1 – 30,0
|
30,1 – 45,0
|
> 45,0
|
P-rem (mg/L)
|
mg/dm3
| ||||
0 – 4
|
≤ 3,0
|
3,1 – 4,3
|
4,4 – 6,0
|
6,1 – 9,0
|
> 9,0
|
4 – 10
|
≤ 4,0
|
4,1 – 6,0
|
6,1 – 8,3
|
8,4 – 12,5
|
> 12,5
|
10 – 19
|
≤ 6,0
|
6,1 – 8,3
|
8,4 – 11,4
|
11,5 – 17,5
|
> 17,5
|
19 – 30
|
≤ 8,0
|
8,1 – 11,4
|
11,5 – 15,8
|
15,9 – 24,0
|
> 24,0
|
30 – 44
|
≤ 11,0
|
11,1 – 15,8
|
15,9 – 21,8
|
21,9 – 23,0
|
> 33,0
|
44 – 60
|
≤ 15,0
|
15,1 – 21,8
|
21,9 – 30,0
|
30,1 – 45,0
|
> 45,0
|
Fonte: Ribeiro et al. (1999).
Da mesma forma, com relação ao potássio, a tabela de interpretação escolhida deve estar de acordo com o método utilizado, se for Melich-1 utilizar Tabela 4, se for método de resinas de troca iônica utilizar Tabela 5.
Tabela 3. Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo pelo método de resinas de troca iônica.
Classificação do fósforo disponível (P) Resina
| |||
Muito baixo
|
Baixo
|
Médio
|
Bom
|
----------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------
| |||
0 – 6
|
7 - 15
|
16 – 40
|
> 45,0
|
Fonte: Raij et al. (1996).
Tabela 4. Classes de interpretação da disponibilidade de potássio pelo método Melich-1.
Classificação do potássio disponível (K)
| ||||
Muito baixo
|
Baixo
|
Médio
|
Bom
|
Muito bom
|
mg/dm3
| ||||
≤ 15,0
|
16,0 – 40,0
|
41,0 – 70
|
71 – 120
|
> 120,0
|
Fonte: Raij et al., 1996.
Tabela 5. Classes de interpretação da disponibilidade de potássio pelo método de resinas de troca iônica.
Classificação do potássio disponível (K)
| ||||
Muito baixo
|
Baixo
|
Médio
|
Bom
|
Muito bom
|
------------------------------ mmolc/dm3 -------------------------------
| ||||
0 – 0,7
|
0,8 – 1,5
|
1,6 – 3,0
|
3,1 – 6,0
|
> 6,0
|
Fonte: Raij et al. (1996).
As quantidades de nutrientes a serem aplicadas dependem dos resultados da análise do solo. Os manuais de recomendação de fertilizantes para o amendoim são sistematizados em tabelas de acordo com as classes de disponibilidade dos nutrientes disponíveis no solo. Na Tabela 6, são apresentadas recomendações para a adubação com fósforo e potássio em virtude da interpretação da análise de solo pelo método Melich-1. E na Tabela 7 pelo método de resinas de troca iônica, em razão da expectativa de produção e dos teores acusados na análise de solo.
Tabela 6. Doses de nitrogênio, de fósforo (P2O5) e de potássio (K2O), de acordo com a disponibilidade de baixa, média e boa de fósforo e potássio disponíveis no solo, extraídos pelo Melich-1, para amendoim conforme a quinta aproximação.
Dose de N na semeadura
|
Disponibilidade de P
|
Disponibilidade de K
|
Dose de N em cobertura
| ||||
Baixa
|
Média
|
Boa
|
Baixa
|
Média
|
Boa
| ||
Dose de P2O5 (kg/ha)
|
Dose de K2O (kg/ha)
| ||||||
0
|
80
|
60
|
40
|
60
|
40
|
20
|
0
|
Fonte: Ribeiro et al. (1999).
Tabela 7. Recomendação de adubação mineral na semeadura, de acordo com análise de solo e expectativa de produção.
Produção esperada t/ha |
N
|
Disponibilidade de P Resina
|
Disponibilidade de K trocável
| ||||||
Muito baixo
|
Baixo
|
Média
|
Boa
|
Muito baixo
|
Baixo
|
Média
|
Boa
| ||
Dose de P2O5 (kg/ha)
|
Dose de K2O (kg/ha)
| ||||||||
<1 font="">1>
|
0
|
60
|
40
|
20
|
0
|
20
|
20
|
0
|
0
|
1,5 – 3,0
|
0
|
80
|
60
|
40
|
20
|
40
|
30
|
20
|
20
|
> 3,0
|
0
|
100
|
80
|
50
|
20
|
60
|
40
|
20
|
20
|
Fonte: adaptado de Recomendações de Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo – Boletim Técnico
100 (Raij et al., 1996).
Observação: De um modo geral, a cultura do amendoim responde bem à adubação residual da cana-de-açúcar, mesmo para condições de baixa e média fertilidade do solo (GERIN et al., 1996).
Adubação nitrogenada
Em solos adequadamente corrigidos, drenados e inoculados, não há resposta à aplicação de nitrogênio (NOGUEIRA; TAVORA, 2005). Por se tratar de uma leguminosa, a adubação nitrogenada é dispensada na cultura do amendoim, pois esta planta tem a capacidade de associar a bactérias capazes de fixar o nitrogênio da atmosfera, mediante fenômeno conhecido com fixação biológica de nitrogênio (GIARDINI et al., 1985). Na Figura 1 podemos observar nodulação abundante nas raízes amendoim, resultante da associação espontânea com rizóbio em área cultivada no Nordeste. Aproximadamente 55% do nitrogênio requerido pelo amendoim são provenientes da fixação biológica (ELKAN, 1995).
Foto: Nelson Suassuna
Figura 1. Nodulação de rizóbio nas raízes de amendoim, variedade “Vagem Lisa”, em Itabaiana, SE.
Quando o pH não estiver na faixa adequada para a fixação biológica (entre 5,9 e 6,3) ou o amendoim estiver sendo cultivado na área pela primeira vez, recomenda-se aplicar entre 10 kg/ha e 16 kg/ha de nitrogênio (BOLONHEZI et al., 2005).
Micronutrientes
A marcha de absorção de micronutrientes acompanha o acúmulo de matéria seca, ocorrendo valores máximos entre 85 e 100 dias do ciclo biológico, com a seguinte ordem decrescente de extração da parte aérea: ferro, manganês, boro, zinco e cobre (FEITOSA et al., 1993; BOLONHEZI, 2005).
O boro é o micronutriente que mais limita o rendimento e qualidade da vagem (NOGUEIRA; TAVORA, 2005).
Os micronutrientes ferro, cobre, manganês e zinco diminuem a disponibilidade com o aumento do pH, mas em geral não é necessária a suplementação. As classes para interpretação da disponibilidade de micronutrientes são apresentadas nas Tabelas 8 e 9, a escolha da tabela será em virtude do método utilizado pelo laboratório de solo para o qual foi encaminhada a amostra de solo.
Etapa 5. Análise foliar
Um programa correto de adubação se inicia com a análise de solo, que é uma técnica preventiva, ou seja, representa o primeiro passo para diagnosticar possíveis problemas nutricionais para as plantas e sustentará as decisões de adubação e correção do solo. A análise de folha, complementar à análise de solo, servirá para diagnosticar se a adubação recomendada com base na análise de solo foi eficiente, e adicionalmente, servirá para ajustar as adubações para as safras seguintes. Na Tabela 10 podemos observar os teores adequados de macro e micronutrientes, baseados em análise foliar, para a cultura do amendoim.
- Época: início do florescimento.
- Tipo de folha: quarta folha da haste principal a partir da base (primeira acima dos ramos cotiledonares).
- Número de folhas por hectare: 30.
Tabela 10. Teores totais de macronutrientes e micronutrientes considerados adequados para o amendoim (análise de folhas).
Nitrogênio
|
Fósforo
|
Potássio
|
Cálcio
|
Magnésio
|
Enxofre
| |
g/kg
| ||||||
40
|
2
|
15
|
20
|
3
|
2,5
| |
Boro
|
Cobre
|
Ferro
|
Manganês
|
Molibdênio
|
Zinco
|
Molibdênio
|
g/kg
| ||||||
20-180
|
10 – 50
|
50 - 300
|
50 - 350
|
0,13-1,39
|
20 - 150
|
0,1 – 1,4
|
Fonte: Bataglia et al. (1991); Malavolta et al. (1997).
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