Regiões produtoras de amendoim no Brasil
São Paulo é responsável por 70% a 80% da produção de amendoim no Brasil (Figura 1). Recentemente, a cadeia produtiva do amendoim neste estado adotou novas tecnologias no que se refere à produção e processamento, gerando aumentos de produção, em virtude de maiores produtividades. O novo padrão de qualidade e as novas exigências técnicas de produção, além dos ganhos em produtividade e em volume produzido e da conquista do mercado externo também proporcionaram a valorização do produto, expressa no aumento real e na relativa estabilidade dos preços médios recebidos pelos produtores nos últimos anos (MARTINS, 2011). Assim, a condição de país importador de grãos de amendoim foi mudada para a de país exportador de amendoim em casca e de grãos preparados (“blancheados”, sem película); a exportação de óleo bruto também tem figurado entre as exportações de mercadorias da cadeia de produção de amendoim (MARTINS, 2011).
Figura 1. Área de produção de amendoim tipo Runner – Dumont, SP.
A região Nordeste é o segundo maior polo consumidor de amendoim no Brasil. Todavia, a produção obtida na região atende apenas a 28% da demanda regional, intensificada no período das festas juninas. As principais regiões produtoras são o Agreste dos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia e a região semiárida no Cariri cearense.
Os sistemas de produção utilizados pelos produtores dos quatro estados são muito semelhantes. A maioria das operações é feita manualmente, exceto preparo de solo, feito com tração animal ou trator. O controle de pragas e doenças nem sempre é realizado e, quando é feito, muitas vezes empregam-se produtos sem registro no Mapa. Por causa da indisponibilidade de sementes certificadas, o plantio é realizado com grãos comprados em feiras livres, armazenados da safra anterior ou provenientes de outros estados. Foram visitados plantios irrigados apenas no Estado de Sergipe (municípios de Itabaiana e Lagarto). Praticamente todos os produtores do Estado da Paraíba colhem os grãos maduros (90 dias após a semeadura) destinados à torrefação. Parte dos grãos produzidos no Estado do Ceará também é destinada à torrefação; esporadicamente, parte é vendida cozida com os grãos colhidos verdes (75 – 80 dias após o plantio) e esta é destinada ao mercado do Estado de Sergipe, durante o período de entressafra. Quase 100% da produção dos estados de Bahia e Sergipe é comercializada para o processamento imediato de amendoim cozido (Figura 2). A colheita e despencamento são realizados aos 75 dias, duas semanas antes da maturação das vagens.
Figura 2. Área de produção de amendoim tipo “Valência” em Cruz das Almas, BA. Amendoim consorciado com mandioca e milho; no detalhe, caixa para comercializar a produção de amendoim verde, denominada “quarta”.
Zoneamento agrícola de risco climático
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais, agentes financeiros e demais usuários.
São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da Agricultura (Mapa).
A análise das épocas de chuvas, bem como das épocas de maior incidência de déficit hídrico, deve ser realizada para que possíveis eventualidades não impossibilitem a prática da agricultura de subsistência ou comercial. A tomada de decisões sobre como e onde plantar garante ao agricultor a possibilidade de analisar as potencialidades da cultura, como também a melhor distribuição para a produção. Por meio de vários estudos, observa-se que a definição das épocas de plantio por meio do balanço hídrico do solo para a cultura pode contribuir para diminuir o risco climático.
A regionalização dos elementos agroclimáticos que definem a produtividade das culturas, como precipitação pluvial, evapotranspiração potencial, entre outros, exige análise mais abrangente, tanto no tempo como no espaço. A identificação de regiões com condições edafoclimáticas que permitam à cultura externar o seu potencial genético na produtividade torna-se necessária para o sucesso da agricultura. Por meio de estudos que relacionam a interação solo-planta-clima, é possível definir as áreas que apresentam aptidão, viabilizando a exploração agrícola das plantas, ecológica e economicamente.
Dessa forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados ao plantio de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio.
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático foi usado pela primeira vez na safra 1996 para a cultura do trigo. Recebe revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do Mapa. Atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático já contemplam 40 culturas, inclusive a do amendoim.
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