domingo, 11 de junho de 2017

Potencial de utilização da alfafa

Em razão do seu potencial de produção de forragem e da sua adaptação a diversas condições ambientais, a alfafa é uma das espécies forrageiras de maior importância mundial, com mais de 32 milhões de hectares de cultivo. Os EUA, a Rússia, o Canadá e a Argentina são os principais países produtores. A alfafa possui excelentes características agronômicas e qualitativas, tais como qualidade proteica, palatabilidade, digestibilidade, capacidade de fixação biológica de nitrogênio no solo e baixa sazonalidade de produção. Além disso, contém altos teores de vitaminas A, E e K, bem como a maioria dos minerais requeridos pelos animais produtores de leite e de carne, especialmente cálcio, potássio, magnésio e fósforo (RASSINI et al., 2008).
A alfafa pode ser fornecida aos animais na forma conservada ou na forma verde picada ou sob pastejo. As principais formas de conservação da forragem da alfafa são o feno (forragem armazenada com teor de umidade abaixo de 20%), a silagem (forragem armazenada com teor de umidade acima de 70%) e o pré-secado (forragem normalmente armazenada em sacos de polietileno e com teor de umidade que varia de 40% a 60%). Existem outras formas menos utilizadas, tais como a de péletes (forragem desidratada e compactada em pequenos cubos de alta densidade). A alfafa também pode ser utilizada sob pastejo direto e na forma verde fornecida no cocho. Na Argentina, a alfafa é utilizada em grande proporção sob pastejo e, nos EUA, na forma de feno. No Brasil, a forma mais difundida até o momento tem sido o feno, possivelmente pela facilidade de transporte e de comercialização, embora sua utilização na forma verde picada ou em pastejo esteja adquirindo importância, tendo em vista o elevado custo de produção do feno de alfafa (RODRIGUES et al., 2008).
Existem poucos trabalhos sobre avaliação da produção de leite de vacas em pastagens de alfafa, principalmente em clima tropical. Vilela et al. (1994) avaliaram dois sistemas de manejo de vacas de alto potencial de produção de leite: um deles tinha o pasto de alfafa como único alimento, enquanto no outro os animais eram mantidos em confinamento total com silagem de milho e concentrado. Esses autores concluíram que a utilização do pasto de alfafa como alimento exclusivo para vacas em lactação foi viável, por apresentar potencial para suportar 3,0 vacas/ha e proporcionar média de produção de leite de 20,0 kg/vaca/dia, atingindo no início da lactação 23,6 kg/vaca/dia sem comprometer o peso vivo e a eficiência reprodutiva dos animais. Trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste (NETTO et al., 2008a, b) mostrou que a utilização da alfafa em pastejo, como parte da dieta de vacas no estágio médio da lactação, alimentadas com silagem de milho e 5,0 kg de concentrado, permitiu média de produção de 25 litros de leite/vaca/dia. Isso representa economia significativa na quantidade de concentrado geralmente utilizada, que é de 8,0 kg para obtenção desse nível de produção, bem como redução do teor proteico do concentrado e da quantidade de silagem de milho necessária, o que contribui para redução do custo de produção de leite. Com base nesse trabalho, Vinholis et al. (2008) verificaram redução no custo de produção de leite variando de 9% até 15% para dietas em que a alfafa participou com 20% ou 40% da matéria seca da dieta, respectivamente. Esses resultados mostram, de forma inequívoca, a viabilidade da alfafa para ser inserida em um sistema sustentável e competitivo de produção de leite a pasto no país.
Estima-se que, atualmente, a área cultivada com alfafa no Brasil seja de 40 mil hectares, dos quais cerca de 90% esteja no Paraná e no Rio Grande do Sul, sendo esse último estado o maior produtor do país. O cultivo da alfafa tem se expandido para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, em áreas mais extensas e mais tecnificadas. Os fatores limitantes para o aumento do cultivo da alfafa no Brasil são o desconhecimento de tecnologias de cultivo, a baixa fertilidade do solo, o manejo inadequado, a baixa disponibilidade de sementes e a pouca disponibilidade de cultivares adaptadas às condições tropicais. Associado a esses fatores, a falta de conhecimento sobre controle de plantas daninhas, de pragas e de doenças, que ocorrem mais comumente nos trópicos, contribui significativamente para o baixo cultivo dessa forrageira no Brasil (VILELA et al., 2008).
O objetivo deste Sistema de Produção é disseminar as práticas culturais adequadas para o cultivo e utilização da alfafa para alimentação de vacas leiteiras e equinos nos trópicos.
A alfafa é uma das mais importantes plantas forrageiras, por reunir características especiais como alta produtividade, elevado teor proteico, boa palatabilidade, alta digestibilidade, boa capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico no solo e baixa sazonalidade na produção de forragem. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, tem-se observado, nos últimos anos, aumento na  demanda de informações sobre alimentos volumosos de alto valor nutritivo, capazes de atender  às necessidades nutricionais dos rebanhos leiteiros em sistemas intensivos de produção. Em razão de sua alta qualidade como alimento volumoso, a inserção da alfafa nesses sistemas permite diminuir a quantidade de concentrado na dieta dos animais, em especial farelo de soja,reduzindo, consequentemente, os custos de produção da pecuária leiteira.
Com o objetivo de reunir conhecimentos atuais disponíveis em várias instituições, foi com grande  satisfação que a Embrapa Pecuária Sudeste juntou esforços com a Embrapa Agrobiologia, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Pecuária Sul, Embrapa Soja, Escola 
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) – Argentina, Universidade Estadual Paulista (Unesp – Campus Jaboticabal), Universidade Federal de Lavras e Universidade Federal do Rio Grande do Sul para viabilizar a publicação do livro  Cultivo e utilização da alfafa em pastejo para alimentação de vacas leiteiras.


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