Países com maior tradição no cultivo da alfafa, tais como EUA, Canadá e Argentina, dispõem de número elevado de cultivares, adaptadas aos diferentes ambientes para os quais foram selecionadas. Já o Brasil tem a maior parte da área cultivada de alfafa ocupada por variedades oriundas da população Crioula. A população Crioula é resultante de um processo de seleção realizado pelo homem e pela natureza, ocorrido no Rio Grande do Sul, a partir da introdução e do cultivo da alfafa nos vales dos rios Caiu, Taquari, Jacuí e Uruguai, e nas encostas da Serra, iniciado por volta de 1850 (SAIBRO, 1985; OLIVEIRA et al., 1993; PEREZ, 2003). Nesses cultivos, os produtores colhiam sementes de alfafais com quatro a cinco anos de idade, o que acabou gerando a população Crioula. A consequência desse processo de seleção foi o desenvolvimento de uma população de ampla variabilidade genética e de boa adaptação à maioria dos ambientes. As principais variedades oriundas da população Crioula de que se tem conhecimento são: Crioula CRA, Crioula Itapuã, Crioula na Terra, Crioula Nativa, Crioula Ledur, Crioula Roque, Crioula Chile e Crioula UFRGS (KÖPP et al., 2011).
A alfafa Crioula se caracteriza por não apresentar queda de folhas durante o seu desenvolvimento, o que resulta em maior acúmulo de reservas nas raízes e na coroa da planta. Essa retenção foliar proporciona rebrota intensa e vigorosa e leva à rápida recuperação da área foliar após os cortes, com bom rendimento de matéria seca, boa distribuição sazonal e grande persistência. Além disso, por ser uma cultivar sem dormência hibernal, apresenta crescimento ativo durante o outono e durante o inverno (SAIBRO, 1985; HONDA e HONDA, 1990; NUERNBERG et al., 1990). A população Crioula apresenta hábito de crescimento ereto, característica interessante para fenação, finalidade para a qual tem sido mais cultivada no Brasil (PEREZ, 2003), bem como variação de tipos de planta persistentes, ideal para pastejo (FAVERO, 2006).
Resultados de pesquisa, tanto para corte como para pastejo, em condições tropicais e em condições subtropicais, têm demonstrado superioridade das variedades crioulas, com produção de até 25 t.ha-1.ano-1 de massa seca, baixa estacionalidade, alta fixação biológica de N atmosférico, boa tolerância às doenças e eficiência no uso de água (RASSINI et al., 2008).
A introdução e a avaliação de cultivares já melhoradas é uma estratégia interessante a ser adotada em programas de melhoramento, sendo o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), da Argentina, instituição parceira da Embrapa nesse intercâmbio. Dentre as cultivares introduzidas de outros países, apenas a Monarca SP INTA, a Super Leiteira, a Trifecta, a WL-325 HQ e a WL-525 HQ estão inscritas no Registro Nacional de Cultivares, do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (BRASIL, 2009) e, portanto, podem ter suas sementes comercializadas no Brasil. Entretanto, deve-se enfatizar que a cultivar Crioula continua sendo a mais plantada no país, com boa adaptabilidade e boa estabilidade (FERREIRA et al., 2004; KÖPP et al., 2011).
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