segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mercado e Comercialização do Feijão



A oferta de feijão ocorre na primeira safra principalmente nas regiões Sul e Sudeste e na Região de Irecê, na Bahia, cuja colheita está concentrada nos meses de dezembro a março. A colheita da segunda safra acontece entre os meses de abril e julho e a terceira safra, em que predomina o cultivo de feijão irrigado, está concentrada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás/Distrito Federal e oeste da Bahia, sendo ofertada, no mercado, entre julho e outubro. Embora estes períodos possam apresentar variações de ano para ano, pode-se identificar que há colheita praticamente o ano todo, e que existe sobreposição de épocas em algumas regiões.
Existem vários fluxos de abastecimento, pois as regiões produtoras variam durante o ano. Observa-se, inclusive, casos que numa determinada época do ano um estado é exportador e, em outra época, recebe feijão de outra região. Para facilitar o estudo foi considerado somente o mercado atacadista da cidade de São Paulo. Verificou-se que, nos meses de janeiro e fevereiro esse mercado é abastecido com o produto remanescente da colheita de dezembro, do próprio Estado, alguma produção colhida no mês e complementada com produto dos estados do sul e da produção de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso do Sul. Em março, nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já se encerra a colheita. Em abril, inicia-se a colheita da segunda safra, que vai até junho. Neste período, volta a entrar produto do próprio Estado, de Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O Estado de Rondônia desempenha um papel importante no abastecimento, neste período. No início de junho, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina encerram suas colheitas e iniciam-se as do oeste da Bahia. Entre julho e agosto, às vezes, o mercado recebe produto importado. Em setembro, encerram-se as colheitas do Paraná e das lavouras irrigadas de São Paulo, Goiás, Bahia, Mato Grosso e de Minas Gerais. Novembro é considerado período de entressafra, a oferta é baixa e se restringe às safras precoces de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Em dezembro, intensificam-se as colheitas nestes Estados.
Calculou-se um índice médio mensal de distribuição de colheita de feijão comum no Brasil, onde se observou que nos meses de dezembro, janeiro e junho ocorrem picos de colheita das safras das águas e seca, respectivamente. No período de fevereiro a maio, ocorrem colheitas com índices próximos à média de 8%. Resultados semelhantes são observados em julho e agosto. No período de setembro a novembro os índices são os mais baixos. No período de dezembro a agosto colhe-se cerca de 92% do total produzido no ano e no período de entressafra (setembro a novembro) colhe-se cerca de 8%.
No segmento do agronegócio há uma concorrência entre as cadeias produtivas e a competitividade de uma determinada cadeia é definida por vários fatores como eficiência agronômica, qualidade do produto e informação, entre outros. No caso de haver assimetria de informação sobre a quantidade e qualidade do produto que será ofertado pelas regiões produtoras, podem surgir oportunidades ou ações que beneficiem certos segmentos mais bem informados da cadeia produtiva. No caso do feijão esse fato torna-se mais relevante, devido à dinâmica de produção e comercialização ser complexa e praticamente desconhecida. Para Ferreira (2001) esse é um dos pontos de estrangulamento do agronegócio do feijão, exacerbado por freqüentes ocorrências de falhas nas previsões de mercado desse produto.
Ocorreram profundas transformações nos canais de comercialização e partir dos anos 90 com os supermercados apresentando uma nítida tendência à concentração. Entre 1995 e 1998, as cinco maiores organizações tiveram sua participação no mercado ampliada, de 27%, para 47,9%. Para Silva (1996), esta mudança contribuiu para reduzir o número de agentes intermediários no processo de distribuição dos produtos agrícolas. Outra conseqüência foi que, em busca de maior competitividade, os varejistas modernizaram seus pontos de vendas, induziram os fornecedores a criarem alternativas de apresentação do produto e, sobretudo, passaram a oferecer produtos com melhor qualidade. Em outras palavras, foram demandados mais e melhores serviços na intermediação. A conseqüência direta dessa mudança sobre a cadeia produtiva do feijão é a exigência por matéria-prima de melhor qualidade.
Os trabalhos comprovam, por unanimidade, que há queda do consumo per capita de feijão no Brasil, entretanto, sua magnitude não está bem dimensionada, não havendo consenso sobre as causas. O consumo per capita de feijão ao longo dos últimos 40 anos apresenta uma tendência decrescente da ordem de 1,3% ao ano, enquanto a população cresceu 2,2%. Porém, o decréscimo não ocorre de forma contínua, existindo oscilações entre os anos.
Observando as margens de comercialização absoluta e relativa, comparando o desempenho antes e após o Plano Real, ou seja, entre os períodos de 1990-94 e 1995-99. Nota-se que a margem absoluta entre o atacado e o produtor sofreu uma redução de R$15,30, entre o atacado e o varejo aumentou R$4,18 e entre o varejo e o produtor diminuiu R$11,66. Em termos relativos, a margem entre o varejo e o produtor aumentou 5,2%, entre o atacado e o produtor diminuiu 2,4%, entre o atacado e o varejo aumentou 12,3%. Os resultados mostram que consumidor pagou praticamente a mesma quantidade pelos serviços de intermediação entre os níveis atacado e produtor e mais entre o atacado e o varejo. 


O teste de correlação contemporânea entre os preços mensais do varejo da cidade de São Paulo e o preço do varejo das demais metrópoles foi de 99,9%, ou seja, os preços no varejo se modificam simultaneamente, independente da região consumidora. No estudo de causalidade, considerando-se todos os estados da Federação, só foram encontradas relações significativas entre os sete principais estados produtores.

O feijão sofreu um grande impacto frente às mudanças sócio econômicas ocorridas nos últimos anos, caracterizadas pela estabilidade econômica, abertura de mercados, menor intervenção do governo na produção e comercialização e maior participação na venda a varejo de grandes supermercados. Os principais reflexos estão relacionados com a redução relativa na renda total dos produtos agrícolas, uma maior participação de feijão importado na abastecimento interno, maior exigência de qualidade do feijão ofertado, apesar de ter ocorrido redução dos preços médios nos três níveis de mercado, sendo que a maior defasagem foi no setor produtivo.
Neste contexto derivam muitas dúvidas e inseguranças para todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva do feijão. Os produtores são prejudicados porque têm dificuldades para obter informações e acabam tendo prejuízos na venda de suas produções. Desta forma, não arriscam fazer investimentos que poderiam tornar a cultura mais eficiente e segura.

Mercado 

De 1975 a 2002, o consumo per capita de feijão no Brasil teve uma redução de 12%, passando de 18,5 kg ano-1 para 16,3 kg ano-1. Não obstante essa redução e o aumento de cerca de 30% da produção nacional, o país ainda possui uma ampla demanda insatisfeita, por não produzir o suficiente para atender ao mercado interno, necessitando, para tanto, de fazer seguidas importações, como demonstrado na Figura 1. Em valores, as importações líquidas têm ultrapassado a margem de US$ 20 milhões anuais. 

A oferta de feijão ocorre na primeira safra, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste e na Bahia, na região de Irecê, cuja colheita está concentrada nos meses de dezembro a março. A colheita da segunda safra acontece entre os meses de abril e julho, e a da terceira safra, em que predomina o cultivo de feijão irrigado, está concentrada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás/Distrito Federal e oeste da Bahia, com o produto ofertado no mercado entre julho e outubro. Embora esses períodos possam apresentar variações de ano para ano, pode-se afirmar que a colheita de feijão no Brasil ocorre praticamente o ano todo, havendo sobreposição de épocas em algumas regiões.

No mercado brasileiro encontram-se diversos tipos de grão de feijão, alguns deles atendem a um mercado específico, regionalizado. 
O preço médio do feijão na época de colheita da terceira safra é fortemente influenciado pela primeira e segunda safras, isso porque, se o total produzido nas safras das águas e da seca for acima do esperado, a tendência é que haja uma oferta maior do produto, mesmo durante o segundo semestre do ano. Contudo, nos anos em que importantes regiões produtoras de feijão sofrem frustrações na colheita da primeira e/ou segunda safras, os preços tendem a se recuperar mais rapidamente. Essa situação está ocorrendo em 2005. Em Estados produtores importantes, a frustração da primeira e segunda safras, decorrente de adversidades climáticas, diminuiu a oferta de feijão no mercado.
Um outro aspecto que interfere na formação do preço do feijão de inverno é o volume das importações realizadas e os seus respectivos preços.
Em geral, como o feijão não é estocado por muito tempo, os preços vigentes no momento da época de plantio é que irão determinar a oferta da safra seguinte. Quando os preços estão baixos, poucos produtores se decidem a investir na safra seguinte, o que contribui para que a quantidade ofertada esteja sintonizada com a quantidade demandada. Contudo, pequenas oscilações ocorrem nesse cenário, em decorrência da diferença temporal entre o preço favorável que estimula o produtor a plantar (aumentar a área) e a colheita do produto (aumento da oferta). Isso faz que os preços caiam na época da colheita devido ao excesso de oferta. Esse fenômeno se repete nas diferentes safras e ao longo dos anos.
Por outro lado, vale lembrar que os preços dos produtos substitutos, como o frango e outras fontes de proteína animal, possuem impacto direto sobre a quantidade de feijão consumida e demandada pela população. Quando o preço do frango diminui significativamente, ao mesmo tempo que ocorre um aumento expressivo na sua procura há, também, uma acentuada retração na demanda por feijão, pressionando o preço deste para baixo, caso a oferta tenha se mantido estável. Além disso, se os preços dos alimentos substitutos do feijão sofrerem uma grande majoração, é natural que haja uma maior procura por feijão e, por conseguinte, um aumento na demanda pelo produto, o que faz que o preço se eleve.
O processo de formação do preço do feijão depende de uma série de fatores, dentre outros, daqueles relacionados à oferta (produção regional e nacional, sazonalidade da oferta, adequação da oferta ao mercado, condições climáticas, fluxo de exportações e importações) e à demanda (emprego e renda e sua influência na demanda de feijão, preços dos produtos substitutos, como carnes, frango e outras oleaginosas).


Comercialização 


A comercialização do feijão perpassa pelas etapas de classificação, embalagem, transporte e armazenagem.
Classificação 
As normas de identidade, qualidade, apresentação e embalagem do feijão in natura destinado ao mercado brasileiro foram estabelecidas pela Portaria no 161, do Ministério da Agricultura, em 24 de julho de 1987. Alguns conceitos importantes definidos nessa Portaria são relacionados a seguir.
  • Umidade - o porcentual de água encontrada na amostra em seu estado original.
  • Isento de substâncias nocivas à saúde - quando a ocorrência se verifica dentro dos limites máximos previstos na legislação específica em vigor.
  • Fisiologicamente desenvolvido ou maduro - quando o feijão atinge o estádio de desenvolvimento característico da cultivar e está em condições de ser colhido.
  • Outras cultivares - os grãos inteiros, partidos ou quebrados de cultivares diferentes da cultivar predominante.
  • Outras classes - os grãos inteiros, partidos ou quebrados de classes diferentes da classe predominante.
  • Impurezas - todas as partículas oriundas do feijão, bem como os grãos defeituosos e fragmentos de grãos que vazarem em uma peneira de crivos circulares de 5 mm de diâmetro. As impurezas retidas nessa peneira são catadas manualmente; já os grãos inteiros sadios que vazarem nessa mesma peneira retornam à amostra original.
  • Matérias estranhas - os grãos ou sementes de outras espécies, detritos vegetais e corpos de qualquer natureza não-oriundos da espécie considerada.
  • Avariados - os grãos inteiros, partidos ou quebrados que se apresentarem ardidos, mofados, brotados, enrugados, manchados, amassados, descoloridos, carunchados, danificados (picados) por outros insetos, prejudicados por diferentes causas, bem como os partidos (bandinhas) e quebrados (pedaços) sadios.
  • Ardidos - os grãos inteiros, partidos ou quebrados, visivelmente fermentados, com alteração na aparência e na estrutura interna.
  • Mofados - os grãos inteiros, partidos ou quebrados que apresentarem colônias de fungos (embolorados) visíveis a olho nu.
  • Brotados - os grãos que apresentam início visível de germinação.
  • Enrugados - os grãos com enrugamento acentuado no tegumento e cotilédones provocado por doenças (bactérias) ou por incompleto desenvolvimento fisiológico.
  • Manchados - os grãos que apresentam manchas visíveis em mais de um quarto da película, mas sem alteração na polpa.
  • Descoloridos - os grãos inteiros, partidos ou quebrados que apresentam alteração total na cor da película, mas sem alteração na polpa.
  • Amassados - os grãos inteiros, partidos ou quebrados danificados por ação mecânica com rompimento da película.
  • Partidos (bandinhas) - os grãos que, devido ao rompimento da película, se apresentam divididos em seus cotilédones.
  • Quebrados (pedaços) - os grãos quebrados que não vazarem numa peneira de crivos circulares de 5 mm de diâmetro.
  • Carunchados - os grãos inteiros, partidos ou quebrados que se apresentam prejudicados por carunchos.
  • Danificados por outros insetos (picados) - os grãos inteiros, partidos ou quebrados que se apresentam picados (alfinetados) e com deformação acentuada, afetando os cotilédones.

    Ainda conforme a Portaria no 161, o feijão é classificado em Grupos, Classes e Tipos.
    Grupos - classificação segundo a espécie da qual o feijão é proveniente, sendo do grupo I o feijão proveniente da espécie Phaseolus vulgaris L., e do grupo II o feijão-de-corda, ou macaçar, proveniente da espécie Vigna unguiculata L. Walp.
    Classes - classificação de acordo com a coloração da película do feijão. Por exemplo, o feijão anão, do grupo I, é classificado em quatro classes, assim identificadas:
  • branco - o produto que contiver, no mínimo, 95% de grãos de coloração branca.
  • preto - o produto que contiver, no mínimo, 95% de grãos de coloração preta.
  • cores - constituído de grãos coloridos, admitindo-se, no máximo, 5% de mistura de outras classes e até 10% de outras cultivares da classe cores, desde que apresentem cores contrastantes ou tamanhos diferentes.
  • misturado - o produto que não atender às especificações de nenhuma das classes anteriores, devendo constar, obrigatoriamente, no certificado de classificação, as porcentagens de cada uma das classes e o porcentual da cultivar predominante.
    Tipos - classificação baseada na qualidade do produto, a qual é definida de acordo com os limites máximos de tolerância de defeitos fixados na Portaria no 161 (Tabela 1). O tipo do feijão é expresso por um número de 1 a 5.
Tabela 1. Classificação do feijão, em tipos, de acordo com a qualidade de produto, segundo os limites máximos de tolerância de defeitos definidos pela Portaria no 161, do Ministério da Agricultura.
Grãos avariados
Tipo
Máx. de ardidosMáx. de mofadosMáx. de carunchadosTotal
1
1,5%
1,5%
1,0%
4,0%
2
3,0%
3,0%
2,0%
8,0%
3
4,5%
4,5%
3,0%
12,0%
4
6,0%
6,0%
4,0%
16,0%
5
7,5%
7,5%
5,0%
20,0%

Independente do Grupo e do Tipo do feijão, a Portaria no 161 estabelece que o teor de umidade dos grãos não deve exceder o limite de 15%, assim como o teor de impurezas e matérias estranhas deve ser igual ou inferior a 2%. Se algum desses valores exceder os limites fixados, eles poderão ser descontados do peso líquido do lote. Nesse caso, o feijão é classificado como "Abaixo do padrão", podendo ser comercializado como tal, desde que perfeitamente identificado em local de destaque, de fácil visualização e de difícil remoção. Se o feijão classificado como "Abaixo do padrão" apresentar porcentual de grãos mofados superior a 7,5%, ele deverá ser submetido à análise de micotoxinas e novamente beneficiado, desdobrado ou recomposto, para que possa ser enquadrado em algum dos tipos estabelecidos pela Portaria.

O feijão pode ainda ser identificado como "Desclassificado" e ter a sua comercialização proibida para consumo humano e animal, se apresentar uma ou mais das seguintes características: mau estado de conservação; índice de micotoxinas superior ao permitido pela legislação vigente; odor estranho; e substâncias nocivas à saúde.
Embalagem 

A Portaria no 161 do Ministério da Agricultura determina que toda embalagem ou lote de feijão deve conter as especificações qualitativas, marcadas, rotuladas ou etiquetadas, na vista principal, em lugar de destaque, de fácil visualização e de difícil remoção.

Nas embalagens não é permitido o emprego de dizeres ou desenhos que induzam a erro ou equívoco quanto à origem geográfica, à qualidade e à quantidade do produto. 
Para o mercado atacadista, a marcação do lote deve trazer, no mínimo, as seguintes indicações: número do lote; grupo; classe; tipo; e a safra de produção, de acordo com a declaração do responsável pelo produto. 
Para o varejo, a marcação ou rotulagem deve ser feita, obrigatoriamente, na posição horizontal em relação à borda superior ou interior, e conter, no mínimo, as seguintes indicações: nome do produto; classe (sendo obrigatória a marcação ou rotulagem para a classe misturada, e facultativa para as demais classes); tipo; peso líquido; razão social e endereço do empacotador; e número de registro do empacotador no cadastro geral de classificação do Ministério da Agricultura, precedido da expressão "Registro MA no" ou "Reg. MA no". No caso de empacotamento por terceiros, as duas últimas indicações referem-se ao proprietário do produto. 
Os indicativos de classe e tipo devem ser grafados em caracteres do mesmo tamanho, segundo as dimensões especificadas na Tabela 2. A proporção entre a altura e a largura das letras e números não deve exceder 3 por 1.
Tabela 2. Dimensões a serem utilizadas para os indicativos de classe e tipo de feijão na rotulagem do produto, conforme a Portaria no 161, do Ministério da Agricultura.
Área da vista principal
(altura x largura, em cm2)
Altura mínima das letras e números
(mm)
até 40
1,5
Maior que 40 até 170
3,0
Maior que 170 até 650
4,5
Maior que 650 até 2.600
6,0
Maior que 2.600
12,5
Para a comercialização feita a granel ou em conchas, o produto exposto deverá ser identificado em lugar de destaque, de fácil visualização, além de conter, no mínimo, as indicações de classe e tipo. Os dados necessários para a marcação ou rotulagem de identificação do feijão comercializado devem ser retirados do certificado de classificação, o qual é emitido pelo órgão oficial de classificação, devidamente credenciado pelo Ministério da Agricultura, de acordo com a legislação vigente. O prazo de validade do certificado é de 60 dias, contados a partir da emissão do respectivo laudo de classificação. Além das informações padronizadas, no certificado de classificação devem constar as seguintes indicações: motivos que determinaram a classificação do produto como "Abaixo do padrão"; motivos que levaram o produto a ser "Desclassificado"; e as porcentagens de cada uma das classes contidas no produto, bem como o porcentual da cultivar predominante que compõe a Classe Misturada.
Transporte e armazenagem  

Entre os vários meios utilizados para o transporte de feijão, destacam-se os caminhões e vagões. Independente do veículo utilizado, o transporte do produto deve ser feito com plena segurança e atender às condições técnicas imprescindíveis para a sua perfeita conservação, respeitadas as exigências em vigor.

Da mesma forma, os locais de armazenagem do produto devem oferecer segurança e condições técnicas adequadas para assegurar a conservação do produto, de acordo com a legislação vigente.



sábado, 26 de setembro de 2015

Colheita e pós-colheita do Feijão


A mecanização do feijoeiro, independente do sistema de cultivo empregado, não apresenta maiores problemas nas operações agrícolas realizadas antes da colheita e no beneficiamento dos grãos. São utilizados equipamentos convencionais a outras culturas, como a do arroz, do milho e da soja, para preparo do solo, semeadura, tratos culturais e limpeza e classificação dos grãos. Entretanto, para mecanizar a colheita do feijoeiro diversos fatores relacionados ao sistema de cultivo, à área de plantio e à planta (ocorrência de planta acamada, maturação desuniforme, baixa altura de inserção e fácil deiscência de vagens) têm dificultado o emprego de colhedoras convencionais.
Diversos métodos são usados na colheita do feijoeiro, os quais variam em função do sistema de cultivo, do tipo de planta e do tamanho da lavoura.
O arranquio mecanizado das plantas de feijão é pouco utilizado no Brasil, devido ao elevado percentual de perda de grãos provocado por essa operação. Os equipamentos, até então disponibilizados no mercado nacional, eram providos de facão ou de barra giratória que arrancavam as plantas ao trabalharem abaixo da superfície do solo. Recentemente, foi disponibilizado no mercado um equipamento mais eficiente para ceifar as plantas sobre o solo, acionado pelo trator ou pela colhedora convencional.
Com o surgimento de grandes lavouras em monocultivo, a colheita tem sido feita por processos semi-mecanizados (arranquio manual das plantas e trilhamento com recolhedora trilhadora); mecanizado indireto em duas operações (ceifamento das plantas com ceifadora e trilhamento com recolhedora trilhadora) e mecanizado direto em uma operação com colhedora automotriz apropriada.
As colhedoras automotrizes convencionais apresentam desempenho insatisfatório no feijoeiro em relação à perda e à danificação de grãos. Porém, uma melhoria no desempenho dessas máquinas tem sido obtida ao equipá-las com plataformas de corte flexíveis e com mecanismos para diminuir a danificação e a mistura de terra nos grãos.
Para que a ceifadora de plantas ou a recolhedora trilhadora ou a colhedora automotriz tenha desempenho satisfatório, proporcionando baixo percentual de perdas de grãos e boa capacidade de trabalho, é necessária a adoção de diversos procedimentos nas fases de instalação, condução e colheita do feijoeiro. O terreno para a instalação da lavoura deve estar adequadamente preparado para receber as sementes e os adubos. Após o preparo, o solo deve ficar sem valetas, buracos, raízes e plantas daninhas para facilitar o trabalho da colhedora. A semeadura deve ser feita para se obter espaçamentos uniformes entre plantas. Velocidade de operação da semeadora inferior a 6 km/h e o uso de mecanismos apropriados e bem regulados para dosar sementes e adubos e para movimentar o solo contribuem para a melhoria da qualidade do plantio. A lavoura deve ser conduzida para controlar plantas daninhas, doenças ou pragas e ser adubada na época recomendada, de forma a favorecer a colheita. A colheita feita fora de época afeta a produção da lavoura por aumentar a percentagem de perda de grãos. Quando o feijoeiro é deixado por um longo período no campo após a maturação, ocorrem perdas de grãos pela deiscência das vagens, seja natural ou provocada pela operação de arranquio das plantas, principalmente em regiões de clima quente e seco. Retardamento na colheita também deprecia os grãos, que ficam expostas por mais tempo ao ataque de pragas. A uniformidade de maturação das plantas e das vagens é um fator de extrema importância para que a colheita seja processada em ótimas condições. Fatores relacionados ao solo, à topografia do terreno, ao ambiente, às práticas culturais, às doenças, à disponibilidade de água para as plantas e ao hábito de crescimento das cultivares causam desuniformidade na maturação do feijoeiro.
Conforme a colheita, o beneficiamento do feijão também constitui-se numa operação de grande importância, pois os métodos de colheita não proporcionam um produto final limpo e padronizado em condições de ser comercializado. É necessário que o produto colhido passe por um processo de limpeza para melhorar a pureza, germinação e vigor. O beneficiamento é feito, geralmente, por dois equipamentos principais: a máquina de ar e peneira e a máquina densimétrica que possui mais recursos para separar impurezas de tamanho e densidade próximos da semente. Após o beneficiamento, o feijão armazenado, destinado ao plantio ou ao consumo, deve receber tratamentos especiais para evitar sua depreciação.


Sistemas de colheita 


Na região sul do Estado de Minas Gerais, a colheita do feijão é feita pelos sistemas manual, semimecanizado e mecanizado.

Colheita manual 
Na colheita manual, o arranquio, o recolhimento e a trilha são manuais, gastando-se, em média, de 10 a 12 serviços. No processo mais comum, as plantas são arrancadas com cerca de dois terços das vagens totalmente maduras, com teor médio de umidade no grão por volta de 18%. Para evitar grande deiscência das vagens, deve-se arrancá-las preferencialmente pela manhã e colocá-las no campo, em montes ou "bandeiras", para que, ao final de um ou dois dias, sejam transportadas para terreiro, onde irão completar a secagem ao sol e serem submetidas à bateção, ou trilha, com varas flexíveis. Após a separação da palhada, o feijão é finalmente abanado em peneiras manuais. Nesse sistema devem ser utilizados terreiros de alvenaria ou realizar a bateção sobre encerado ou lona plástica, para evitar que o grão adquira coloração indesejável no mercado.
Colheita semi-mecanizada  
O sistema de colheita mais utilizado hoje no sul de Minas é o semi-mecanizado, no qual, o arranquio e o ajuntamento são feitos manualmente, e a trilha, mecanicamente. O arranquio é feito de maneira igual ao sistema anterior e, dependendo do tipo de trilha, o ajuntamento pode se dar em montes, ou bandeiras, ou em leiras. As bandeiras são utilizadas quando o material, depois de colhido e ser secado em terreiro, é transportado para ser trilhado com trilhadora estacionária ou batedora de grãos. As bandeiras também são utilizadas quando se vai realizar a bateção no campo com a batedora de grãos, a qual, nesse caso, é acoplada à tomada de força do trator e vai de bandeira em bandeira realizando a trilha das plantas secas sobre encerado ou lona plástica, para evitar perdas. O ajuntamento é feito em leiras quando se utiliza uma recolhedora-trilhadora - máquina tracionada por trator que passa sobre as leiras, recolhendo e trilhando as plantas.
Colheita mecanizada 
O sistema de colheita mecanizada, em que todas as operações são realizadas com máquinas, ainda é pouco utilizado na região sul de Minas Gerais. Esse tipo de colheita pode ser realizado com duas máquinas, arrancadora-enleiradora ou ceifadora e recolhedora-trilhadora, ou com uma única máquina, automotriz ou combinada. Com o aumento do grau de mecanização, o início das operações de colheita deve ser antecipado, e as exigências com relação à uniformidade da lavoura são maiores, já que as perdas podem ainda ser elevadas. Há que se considerar também o alto custo dessas máquinas, o que torna o investimento viável apenas em lavouras de maior porte. Como forma de minimizar as perdas, cabe lembrar que deve ser dada atenção especial à adequada regulagem do equipamento a ser empregado.
Ponto de colheita e secagem


Embora seja fácil identificar o ponto de maturação de uma vagem isolada, a determinação do momento de se iniciar as operações de colheita de uma lavoura de feijão é uma tarefa que requer muita atenção do produtor, pois pode colocar a perder boa parte de sua produção. As operações não devem ser iniciadas nem precoce nem tardiamente, pois em ambas as situações as perdas são elevadas.

Independentemente do sistema de colheita adotado, a umidade do grão de feijão colhido deve ser uniformizada próxima a 13% - índice de umidade requerido para comercialização ou mesmo para armazenamento temporário, por impedir ou retardar o desenvolvimento de fungos e de carunchos.

A complementação da secagem, se necessária, poderá ser feita naturalmente, à sombra ou ao sol. Nesse último caso, para se evitar o escurecimento do grão - uma das principais causas de deságio do produto - deve-se fazer o revolvimento constante dos grãos de feijão. O emprego de secadores é também viável, desde que as temperaturas não ultrapassem 38oC, pela mesma razão.

Expurgo


Antes de ser destinado ao mercado ou ao armazém, o feijão deve ser submetido ao expurgo com fosfina (fosfeto de alumínio), para controle do caruncho, à base de três pastilhas para cada 15 sacos do produto. 

O material a ser expurgado deve ser coberto com lona impermeável e, após 120 horas da distribuição das pastilhas, ser lentamente descoberto.

No manuseio do produto, deve-se usar luvas e máscara. Após o tratamento, o feijão pode ser prontamente utilizado, pois o produto não deixa qualquer tipo de resíduo.

Armazenamento


O local de armazenamento do feijão deve ser seco, ventilado e completamente limpo, livre de quaisquer resíduos de outras safras, mesmo que de outras culturas.

A sacaria não deve ficar em contato direto com o piso, e as janelas, portas e outras aberturas devem ser protegidas com telas.

Depois de acomodada no local definitivo, a sacaria pode receber polvilhamento externo com inseticida de ação protetora, como produtos à base de deltamethrine.








sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Uso Correto e Seguro de Produtos Fitossanitários no Feijão



Normas para uso correto e seguro de produtos fitossanitários

Os agrotóxicos ou defensivos agrícolas são substâncias químicas utilizadas para combater pragas, doenças e plantas daninhas que prejudicam a produção agropecuária. Para evitar danos à saúde e ao meio ambiente, alguns cuidados devem ser tomados antes, durante e após a aplicação desses produtos.
Existem vários produtos fitossanitários que estão sendo comercializados para o uso na cultura do feijoeiro. Muitos destes produtos têm venda livre nas formulações classificadas nas classes toxicológicas III e IV (pouco tóxicos e praticamente não-tóxicos) e obrigatoriedade de venda controlada aquelas das classes I e II (altamente tóxicos e medianamente tóxicas) deixar formulações com características altamente poluentes que não tivessem sido classificadas nas classes I e II (Portaria nº 007 de 13/01/1981, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA). De acordo com esta Portaria, os produtos de venda controlada e venda restrita somente poderão ser comercializados mediante receita agronômica.
Estes produtos fitossanitários registrados para o uso na cultura do feijoeiro são importantes na proteção das plantas quanto ao ataque de pragas, doenças e plantas daninhas, mas podem ser perigosos se forem usados de forma incorreta. No Brasil, estima-se que entre 150 mil a 200 mil trabalhadores se contaminam com agrotóxicos todos os anos.
Com a utilização segura dos produtos químicos, por meio da participação e orientação dos produtores rurais, técnicos da extensão rural, pesquisadores e consultores podem evitar contaminações dos operadores, produtores e outros residentes rurais, podendo viver em um ambiente natural saudável, com água limpa nos córregos, lagos, rios e aquíferos, e em ecossistemas naturais estáveis e diversos.


Antes da aplicação

 Procurar técnico habilitado para obter o receituário agronômico do agrotóxico.

 Ler atentamente as instruções sobre o manuseio do produto no receituário agronômico, no rótulo e na bula.

 Não transportar agrotóxicos junto com pessoas, animais, forragens ou utensílios pessoais. 
 Armazenar os produtos em local ventilado e trancado, fora do alcance de crianças, pessoas estranhas ao serviço e animais.
 Manter os agrotóxicos em seus recipientes originais.


Durante a aplicação

 Fazer a aplicação nas horas menos quentes do dia.

 Não aplicar o produto contra o vento.

 Misturar agrotóxicos somente com orientação técnica.
 Não comer, beber, mascar ou fumar durante a aplicação do produto.
 Usar as seguintes vestimentas e equipamentos de segurança: calças compridas de brim grosso; camisa de brim (ou algodão) ou macacão de brim grosso, com mangas compridas; luvas impermeáveis; sapatos ou botas impermeáveis; proteção impermeável para cabeça; protetores faciais e óculos de segurança; e respiradores com filtro adequado.


Após a aplicação

 Tomar banho e mudar de roupa.

 Lavar as roupas e os equipamentos de proteção separadamente.

 Lavar os pulverizadores, tomando cuidado para não contaminar os rios e riachos. 
 Não queimar nem enterrar as embalagens de agrotóxicos. 
 Não utilizar as embalagens para outros fins, mesmo depois de bem lavadas.
 Lavar três vezes as embalagens de agrotóxicos e guardá-las em local seguro até proceder à devolução no centro de recepção e coleta de embalagens vazias da região.






quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Pragas do Feijoeiro e Seu Controle



Pragas do Feijoeiro

Ao cultivo do feijoeiro pode estar associada uma série de espécies de artrópodes e moluscos, que podem causar reduções no rendimento do feijoeiro que varia de 11 a 100%, dependendo da espécie da praga, da cultivar plantada e da época de plantio.
Dentre as principais pragas com ocorrência generalizada nas regiões produtoras incluem a mosca-branca, as vaquinhas, a cigarrinha-verde e os carunchos.
Pragas principais com ocorrência regional incluem o ácaro-branco, a larva-minadora, a lagarta das folhas, os tripes, a lagarta-elasmo, a lagarta rosca, as lesmas, as lagartas-das-vagens e os percevejos.
Como pragas ocasionais e de ocorrência localizada tem-se o ácaro rajado, a bicheira-do-feijoeiro, a broca-das-axilas, a broca-da-vagem, o gorgulho-do-solo e o tamanduá-da-soja. 



Tecnologias de manejo integrado de pragas do feijoeiro (MIP-Feijão), se bem implementadas, podem reduzir, em média, 50% a aplicação de químicos, sem aumentar o risco de perdas de produção devido ao ataque de pragas. O MIP-Feijão leva em consideração o reconhecimento das pragas que realmente causam danos à cultura, a capacidade de recuperação das plantas aos danos causados pelas pragas, o número máximo de indivíduos dessas pragas que podem ser tolerados antes que ocorra dano econômico (nível de controle), e o uso de inseticidas seletivos de forma criteriosa. Desta forma, espera-se produzir feijão mais eficientemente, minimizando os custos, diminuindo o impacto ambiental dos produtos químicos e garantindo a sobrevivência dos inimigos naturais das pragas (insetos benéficos).

O feijoeiro, durante toda sua fase de desenvolvimento e mesmo após a colheita, está sujeito ao ataque de inúmeras pragas. Dependendo da espécie da praga, da cultivar utilizada, da época de semeadura e da região de cultivo, as perdas podem chegar a 100%.

As principais pragas que atacam o feijoeiro, nas safras das "águas" e da "seca", na região sul de Minas Gerais são: cigarrinha-verde, percevejos, ácaro-branco, lesmas e carunchos.


Cigarrinha-verde


A cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) pode ser considerada a praga mais importante da cultura do feijoeiro na região sul do Estado de Minas Gerais, por causar sérios prejuízos na produção, principalmente na safra da "seca", quando é verificada sua maior ocorrência.

As ninfas e os adultos desse inseto são mais facilmente encontrados na face inferior das folhas e nos pecíolos. Apresentam coloração verde, semelhante à da folha do feijoeiro, e os adultos medem cerca de 3 mm (Figura 1). É um inseto ágil que se locomove com rapidez em movimentos laterais característicos.
Em populações elevadas causam encarquilhamento e amarelecimento das bordas das folhas, afetando o desenvolvimento normal das plantas, que ficam de tamanho reduzido. O comprimento e número de vagens e o peso dos grãos também são afetados. Quando o ataque ocorre na fase inicial de desenvolvimento da cultura e durante a floração, o dano é mais elevado e, dependendo da população da praga, pode haver perda total da produção. 
Como medida de controle é recomendável evitar o plantio de cultivares muito sensíveis, como a 'Jalo', por exemplo. Na maioria dos casos, a única alternativa é a utilização de produtos químicos, entre os quais os inseticidas sistêmicos, aplicados no ato da semeadura, têm sido os mais eficientes (Tabela 1).

cigarrinha verde


Percevejos



As espécies de percevejos que atacam a cultura do feijoeiro são Neomegalotomus parvusNezara viridula e Piezodorus guildini. Os percevejos podem ser observados nas lavouras, após a floração, atacando as vagens e afetando a qualidade dos grãos.

O adulto de N. parvus é de cor marrom-clara e mede cerca de 11 mm. As ninfas são semelhantes a formigas. Já o N. viridula é de coloração verde-escura, com a face central verde-clara, e na fase adulta mede de 13 mm a 17 mm. As ninfas são de coloração escura, com manchas vermelhas, e têm o hábito de permanecer agrupadas sobre a planta. Com aproximadamente 10 mm de comprimento, os adultos de P. guildini têm coloração verde-clara, com uma linha transversal grossa de cor escura com fundo avermelhado. As ninfas apresentam o abdome volumoso e são pretas e vermelhas nos primeiros instares, quando permanecem agrupadas. A partir do terceiro instar começam a se dispersar e adquirem coloração verde. 
Os percevejos causam danos expressivos, mesmo em baixas populações, podendo reduzir significativamente a produção, por provocar o abortamento de grande número de grãos e a malformação de vagens. Os grãos atacados ficam pequenos, enrugados, chochos e mais escuros, e o poder germinativo das sementes é reduzido. Os percevejos transmitem a mancha-de-levedura, causada pelo fungo Nematospora corylli, que deprecia acentuadamente a qualidade do grão. Como medida de controle é recomendada a aplicação de produtos químicos (Tabela 1).

Ácaro-Branco 


A ocorrência de ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) é maior na safra da "seca", podendo causar severos prejuízos ao rendimento da cultura. É um inseto praticamente invisível a olho nu, e sua coloração vai de branco a verde-claro, com o tegumento brilhante. 

A infestação inicial ocorre em reboleiras, o que faz que as folhas do feijoeiro enrolem para cima. Posteriormente, a face inferior da folha torna-se bronzeada, e a superior, verde-escura. Em altas infestações, as folhas tornam-se coriáceas e quebradiças, e o ataque pode atingir as vagens que ficam bronzeadas e retorcidas.

Lesmas


As lesmas (Vaginulus sp) podem se tornar praga de grande importância em determinadas situações, como em áreas de plantio direto e em lavouras de feijoeiros plantados entre pés de café, um sistema bastante comum na região sul de Minas Gerais.

A lesma é um molusco de corpo achatado e úmido, de coloração parda e com 5 cm a 7 cm de comprimento. Para o seu desenvolvimento necessita de alta umidade; assim, é na safra das "águas" que ocorre seu ataque. Podem viver até 18 meses. De hábito noturno, escondem-se durante o dia sob pedras, restos culturais e no solo. No período de seca, ficam inativas, enterrando-se no solo.
O ataque das lesmas começa nas bordas da cultura e, posteriormente, progride para o interior. As lesmas jovens consomem totalmente as folhas, deixando somente os talos; já as mais desenvolvidas consomem toda a folha e podem cortar as plantas rente ao solo. Segundo dados de pesquisa, uma lesma ativa por metro quadrado pode causar redução de 20% das plantas e de 16% no rendimento. 
O controle das lesmas pode ser realizado com iscas contendo produtos químicos.

Carunchos


O caruncho-do-feijão, Zabrotes subfasciatus, é considerado a principal praga de feijão armazenado nas regiões tropicais, podendo também ser encontrado em regiões de clima temperado e frio.

Os carunchos afetam o poder germinativo das sementes e depreciam a qualidade do grão devido à presença de furos e ovos dos insetos adultos e de larvas no interior dos grãos. Os feijões do grupo manteiga, tipo Jalo, por exemplo, são os mais afetados. Quando não se faz o controle dessa praga, o produto armazenado pode ser totalmente perdido.
O controle químico com fosfeto de alumínio tem se mostrado eficiente. Em pequenas quantidades, o armazenamento dos grãos dentro de garrafas tipo pet é também uma boa forma de evitar o ataque e desenvolvimento dessa praga.

Tabela 1. Inseticidas e acaricidas indicados para a cultura do feijoeiro.
Nome técnico
Nome comercial
Dose
Pragas controladas
Cigarrinha-verde
Percevejos
Ácaro-Branco
Carunchos
AbamectinaVertimec0,3-0,6 L ha-1 
X
AcephateOrthene 750 BR0,2-0,5 L ha-1
X
Orthene 750 BR para sementes1,0 kg/100 kg sementes
X
BetacyflutrinTurbo0,1 L ha-1
X
Bulldock125SC0,05 L ha-1
X
BifenthrinBrigade 25 CE0,2-0,25 L ha-1
X
CarbarylSevin 480 SC1,9-2,5 L ha-1
X
Carbaryl Fersol 480 SC2,0-2,3 L ha-1
X
Carbaryl Fersol Pó 7515-20 kg ha-1
X
Sevin 850 SC1,2-1,5 L ha-1
X
CarbofuranRalzer 50 GR20 kg ha-1
X
Ralzer 350 GR2,0 L/100 kg sementes
X
Furadan 50 G20 kg ha-1
X
Diafuran 5020 kg ha-1
X
CarbosulfanMarzinc 250 TS GrDA1,5-2,0 kg/100 kg sementes
X
ClorpirifósVexter0,8 L ha-1
X
Lorsban 480 BR0,8-1,5 L ha-1
X
X
Clorpirifós0,8 L ha-1
X
Fersol 480 CE
X
CufluthrinBaytroid CE0,2 L ha-1
X
DeltamethrinDeltaphos0,35-0,50 L ha-1
X
DimetoatoTiomet 400 CE0,32-0,64 L ha-1
X
DisulfotonSolvirexGR1001,5 kg ha-1
X
EsfenvalerateSumidan 25 CE0,4 L ha-1
X
EtonfeproxTrebon 300 CE0,5 L ha-1
X
FenitrothionSumithion 500 CE1,0-1,5 L ha-1
X
X
FenpropathrinDanimen300CE0,1-0,2 L ha-1
X
Meothrin 6000,1-0,2 L ha-1
X
Fosfeto de alumínioGastoxin1-3 pastilhas/m3
X
X
ImidaclopridGaucho0,2 kg/ 100 kg sementes
X
Gaucho FS0,25 L/100 kg sementes
X
Provado0,15 kg ha-1
X
Confidor 7000,15 kg ha-1
MetamidofósStron0,5-1,0 L ha-1 
X
Hamidop 6000,5-1,0 L ha-1
X
Metafós0,5-1,0 L ha-1
X
Metamidofós0,5-1,0 L ha-1
X
Metasip0,5-1,0 L ha-1
X
Faro0,5 L ha-1
X
Tamaron BR0,5 L ha-1
X
X
MonocrotophosAgrophos 4000,75-1,25 L ha-1
X
Azodrin0,75-1,25 L ha-1
X
Nuvacron 4000,75-1,25 L ha-1
X
Paration metílicoFolisuper 6000,45-0,67 L ha-1
X
BR Folidol 6000,45-0,67 L ha-1
X
PhorateGranutox20-30 kg ha-1
X
Granutox 150 G7-10 kg ha-1
X
ProfenofósCuracron0,6-0,8 L ha-1
PyridaphenthionOfunack400CE1,25 a 1,5 L ha-1
X
X
Nuvacron 4001,5 L ha-1
X
TerbufósCounter 50 G40 kg ha-1
X
Counter 150 G13 kg ha-1
X
TetradifonTedion 801,2-2,5 L ha-1
X
ThiaclopridCalypso0,2 L ha-1
X
ThiamethoxanCruiser 700 WS0,1-0,15 kg/100 kg sementes
X
Actara 250 WG0,1-0,2 kg ha-1
X
TriazophosHostathion 4000,8-1,0 L ha-1
X
X
ThiodicarbBR Futur 3002,0 L/100 kg sementes
X
TriclorfonDipterex 5001,6 L ha-1
X












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