terça-feira, 15 de setembro de 2015

Cultivares de Feijão



O feijoeiro comum é cultivado em todas as regiões do país apresentando grande importância econômica e social. As regiões brasileiras são bem definidas quanto à preferência do tipo de grão de feijão comum consumido. Algumas características como a cor, o tamanho e o brilho podem determinar o consumo ou não do grão, enquanto a cor do halo pode também influenciar na comercialização. O feijão apresenta componentes e características que tornam seu consumo vantajoso do ponto de vista nutricional. Entre eles citam-se o conteúdo protéico, o teor elevado de lisina, a fibra alimentar, alto conteúdo de carboidratos complexos e a presença de vitaminas do complexo B.
As doenças encontram-se entre os fatores mais importantes associados à baixa produtividade do feijoeiro comum no Brasil, podendo reduzir consideravelmente a produção desta cultura. Dentre as estratégias do manejo integrado de doenças, a resistência genética é considerada uma importante alternativa, de fácil adoção pelos agricultores, por ser ecologicamente segura, diminuindo, ou até mesmo evitando, o uso indiscriminado de defensivos agrícolas e por contribuir para a manutenção da qualidade de vida.
Além do tipo comercial de grão e da resistência a doenças, os programas de melhoramento do feijoeiro têm sido caracterizados por esforços na obtenção de planta mais eretas, resistentes ao acamamento, associadas à eficiência em produzir grande quantidade de grãos por unidade de área, durante o seu ciclo.
De 1981 a 1997, durante a vigência do Sistema Brasileiro de Avaliação e Recomendação de Cultivares, instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, a rede de avaliação de linhagens de feijão foi conduzida pelas instituições do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA, universidades, setor cooperativo e iniciativa privada. Estas instituições empreendiam um programa integrado e dinâmico de avaliação de linhagens e cultivares, dentro das Comissões Técnicas Regionais de Feijão - CTs Feijão, para as regiões: Sul, Sudeste/Centro-Oeste e Norte/Nordeste. Nestes 16 anos, as CTs Feijão, por meio de reuniões anuais, discutiram os resultados da rede de avaliação de linhagens e lançaram 34 novas cultivares de feijão, homologadas pelas Comissões Regionais de Avaliação e Recomendação de Cultivares CRCs/MA. Destas, 20 foram desenvolvidas pelo programa melhoramento genético do feijoeiro comum da Embrapa. O mercado geográfico de recomendação destas cultivares é diversificado por estados da federação, e levando-se em consideração as vantagens comparativas que apresentam e que as levaram a serem recomendadas, podem ser citadas : Macanudo, Minuano, Macotaço, Ouro Negro, Diamante Negro, Xamego e Guapo Brilhante, do grupo preto; Aporé, Pérola, Rudá e Princesa, do grupo comercial carioca; Safira do grupo roxo; Corrrente e Bambuí do grupo mulatinho.
Com a lei no 9.456 de 25/4/97, que trata da Proteção de Cultivares e o Decreto no 2.366 de 5/11/97 que a regulamentou, o cenário acima descrito sofreu algumas mudanças, onde as relações institucionais, que tinham caráter cooperativo, se deslocaram para um ambiente de "competição", agora embasadas com contratos e convênios de cooperação técnica acompanhados de Planos Anuais de Trabalho. Foram extintas as CRCs e instituído o Registro Nacional de Cultivares onde a indicação de uma nova cultivar é de exclusiva responsabilidade do obtentor. Neste novo cenário, já há 11 cultivares protegidas sendo uma, a BRS Valente, de grão preto, desenvolvida pelo programa melhoramento genético do feijoeiro comum da Embrapa. A Portaria no 527 também determinou que as cultivares até então recomendadas e disponíveis no mercado ficassem, automaticamente, inscritas no Registro Nacional de Cultivares.
Mesmo com a Lei de Proteção de Cultivares e com o Registro Nacional de Cultivares e sua publicação pelo MAPA, a rede oficial pública de avaliação de cultivares de feijão continua com o objetivo de informar, de forma transparente, a performance das novas cultivares nas diversas regiões brasileiras, esperando, com isso, contribuir para que a assistência técnica e o agricultor possam escolher a melhor cultivar para as suas condições.

Escolha da cultivar

A escolha da cultivar adequada está entre os fatores que mais afetam o sucesso com a cultura do feijoeiro. No momento da decisão, alguns fatores são primordiais. O primeiro deles é a facilidade de comercialização. Os consumidores de feijão da região sul de Minas Gerais e regiões vizinhas têm diferentes preferências pela cor dos grãos. A predominância é pelos grãos tipo carioca, havendo nichos que consomem predominantemente feijão preto. Mais recentemente, os consumidores da Zona da Mata têm preferido os feijões vermelhos. No caso de cultivares com grãos tipo carioca deve-se dar preferência àquelas que possuem a cor do fundo do grão o mais clara possível, denominada de cor leite pelos "compradores", os quais associam a cor mais clara ao fato de o feijão ter sido recentemente colhido. Há, contudo, algumas estratégias na colheita que auxiliam na obtenção de grãos tipo carioca com a cor desejada. Os agricultores devem procurar verificar a tendência do mercado para os próximos três a cinco meses para decidir de qual tipo de feijão deverão adquirir sementes. Se a decisão for acertada não terão problema de comercialização e, certamente, obterão melhores preços. 

Um segundo ponto que deve ser considerado na escolha da cultivar diz respeito à resistência a estresses bióticos, especialmente os patógenos. No sul de Minas Gerais, os patógenos que acometem a cultura do feijão são inúmeros, sendo os mais freqüentes e que causam maior dano os fungos Colletotrichum lindemuthianum e Phaeoisariopsis griseola. Assim, sempre que possível, deve-se escolher cultivares que possuam resistência às raças prevalecentes desses patógenos na região.

O porte da planta também deve ser observado no momento da escolha da cultivar. Plantas mais eretas devem ser preferidas, desde que sejam cultivares com boa produtividade de grãos. Plantas eretas, além de facilitarem o manejo da cultura, reduzem a ocorrência de alguns patógenos, especialmente de solo, como é o caso de Sclerotinia sclerotiorum, agente causal do mofo-branco. 

Por permitir maior flexibilidade na rotação de culturas, as cultivares mais precoces devem ser preferidas.

Cultivares recomendadas


Na Tabela 1 são relacionadas as cultivares de feijão recomendadas para o Estado de Minas Gerais e suas principais características. O emprego dessas cultivares, que atendem, pelo menos em parte, os fatores supracitados, possibilitam aumentar a chance de sucesso com a cultura.


Tabela 1. Principais cultivares de feijão atualmente recomendadas em Minas Gerais, com sua origem, ano de recomendação e principais características.
Cultivar
Origem
Ano de recomendação
Principais características
CariocaIAC
1975
Grão tipo carioca; peso médio de 100 sementes de 20-25 g; porte prostrado; ciclo normal; resistente ao mosaico-comum.
Diamante NegroEmbrapa Arroz e Feijão
1991
Grão preto; peso médio de 100 sementes de 20-24 g; porte semi-ereto; ciclo normal; resistente ao mosaico-comum e ao crestamento-bacteriano-comum.
Ouro NegroHonduras
1991
Grão preto; peso médio de 100 sementes de 25-27 g; porte prostrado; ciclo normal; alta capacidade de fixação simbiótica de nitrogênio; resistente à ferrugem e à antracnose; tolerante ao frio.
RudáCiat
1992
Grão tipo carioca; peso médio de 100 sementes de 23-24 g; porte ereto; ciclo normal; resistente à antracnose e ao mosaico-comum.
Novo Jalo Embrapa Arroz e Feijão
1993
Grão tipo jalo; peso médio de 100 sementes de 30-40 g; porte ereto; ciclo médio; resistente à antracnose e tolerante à mancha-angular.
PérolaEmbrapa Arroz e Feijão
1994
Grão tipo carioca; peso médio de 100 sementes de 23-25 g; porte semi-ereto a prostrado; ciclo normal; resistente à ferrugem, à mancha-angular e ao mosaico-comum.
BRS ValenteEmbrapa Arroz e Feijão
2001
Grão preto; peso médio de 100 sementes de 21-22 g; porte ereto; ciclo normal; resistente ao mosaico-comum e ferrugem e reação intermediária à mancha-angular.
BRS RadianteEmbrapa Arroz e Feijão
2001
Grão rajado; peso médio de 100 sementes de 44-45 g; porte ereto; ciclo precoce; resistente à antracnose, à ferrugem e ao mosaico-comum e reação intermediária à mancha-angular.
BRSMG TalismãUfla/ Embrapa Arroz e Feijão/ UFV/ Epamig
2002
Grão tipo carioca; peso médio de 100 sementes de 26-27 g; porte prostrado; ciclo médio; resistente ao mosaico-comum e à antracnose.
BRS TimbóEmbrapa Arroz e Feijão
2002
Grão roxo; peso médio de 100 sementes de 19 g; porte semi-ereto; ciclo normal; resistente à antracnose, à ferrugem e ao mosaico-comum e reação intermediária à mancha-angular.
BRS VeredaEmbrapa Arroz e Feijão
2002
Grão tipo rosinha; peso médio de 100 sementes de 26 g; porte semi-ereto; ciclo normal; resistente à antracnose, à ferrugem e ao mosaico-comum e reação intermediária à mancha-angular.
BRS PontalEmbrapa Arroz e Feijão
2003
Grão tipo carioca; peso médio de 100 sementes de 26 g; porte semi-prostrado; ciclo normal; resistente à antracnose e ao mosaico-comum e reação intermediária à ferrugem e ao crestamento bacteriano.
BRS GrafiteEmbrapa Arroz e Feijão
2003
Grão preto; peso médio de 100 sementes de 25 g; porte ereto a semi-ereto; ciclo normal; resistente à antracnose e à ferrugem e reação intermediária à mancha-angular.
BRS RequinteEmbrapa Arroz e Feijão
2003
Grão tipo carioca; peso médio de 100 sementes de 24 g; porte semi-prostrado; ciclo médio; resistente à antracnose e ao mosaico-comum.
Ouro VermelhoUFV/ Epamig/Ufla/ Embrapa Arroz e Feijão
2005
Grão vermelho; peso médio de 100 sementes de 25 g; porte semi-ereto; ciclo precoce a normal; reação intermediária à mancha-angular e à ferrugem.

Cultivares de feijão BRS Embrapa atendem produtores de todo o país

Produtores brasileiros iniciam, em breve, o plantio do feijão da primeira safra. A estimativa é que mais de um milhão de hectares sejam plantados com feijão no país. E a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, possui diversas opções de cultivares melhoradas de feijão para o produtor rural. Para isso, a Embrapa Produtos e Mercado (Brasília, DF) disponibiliza aos produtores sementes que atendem às demandas de todo o país.

Uma excelente opção de feijão preto é a cultivar BRS Esplendor e, para o grupo carioca, a Embrapa oferece as cultivares BRS Ametista, BRS Requinte e BRS Estilo, todas cultivares que estão se destacando na preferência do consumidor e também do produtor devido a altas produtividades, resistência a doenças e adaptação a várias regiões brasileiras.

E tem, ainda, os materiais do grupo especial, com destaque para a cultivar BRSMG Realce, um feijão rajado que está sendo muito bem aceito pelos produtores e que pode ocupar um mercado novo, com potencial de crescimento de consumo nos próximos anos.

Características das cultivares

O feijão BRS Esplendor apresenta alto potencial produtivo, acima de 4.000 kg/ha. A arquitetura das plantas é ereta e seu ciclo de produção, da emergência à maturação fisiológica, é de 85 a 90 dias. Possui resistência ao acamamento, ou seja, é adaptada à colheita mecânica. Com relação às doenças, é resistente ao mosaico-comum e a nove tipos de fungos causadores da antracnose, além de tolerância à murcha de Fusárium e ao crestamento bacteriano comum. É indicada para plantio em vários Estados de todas as regiões brasileiras.

A cultivar de feijão carioca BRS Ametista tem ciclo de 85 a 94 dias e alto potencial produtivo, cerca de 4.200 kg/ha. A arquitetura da planta é adaptada à colheita mecânica indireta e ela possui resistência à Antracnose, à Murcha de Fusarium e ao Crestamento Bacteriano comum.

A BRS Requinte é uma cultivar que produz até 3.830kg/ha. Apresenta resistência ao Mosaico Comum e resistência intermediária à Antracnose e ao Fusarium. Seu ciclo é de 85 a 95 dias e sua produção pode ser feita em diversas regiões brasileiras.

A cultivar BRS Estilo possui alto potencial produtivo, também próximo de 4.000 kg/ha. Apresenta arquitetura de planta ereta além da resistência ao acamamento e a oito patótipos (tipos de doenças) do fungo causador da antracnose e ao mosaico-comum. Esse material também demonstra estabilidade de produção, grãos claros e seu ciclo é de 85 a 95 dias. É indicado para produção em todas as regiões brasileiras.

A cultivar BRSMG Realce pertence ao grupo comercial rajado, apresenta porte ereto, cor da flor bicolor e brilho da semente opaco. Seu ciclo é de 67 dias. É resistente à mancha angular e à antracnose e moderadamente resistente à ferrugem e ao oídio. Apresenta produtividade média de grãos de 2.100 kg/ha e alto valor agregado, por sua excelente qualidade culinária.
Para saber onde encontrar sementes ou mais detalhes das cultivares BRS Embrapa, acesse a página: WWW.embrapa.br/cultivares.

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Foto: ARAÚJO, Sebastião José de
A BRS 7762 Supremo é uma cultivar de feijoeiro comum do grupo comercial preto. Possui como principal característica a boa arquitetura, tendo porte ereto, o que permite a colheita mecanizada. Apresenta massa de 100 grãos de 24,6 g, em média, e ciclo normal. Com relação às doenças, apresenta reação intermediária à antracnose, mancha angular e ferrugem, sendo susceptível ao crestamento bacteriano comum. Público-alvo: agricultores, associações de produtores, cooperativas, empresas produtoras.




A cultivar de feijão BRS Ametista se destaca por apresentar plantas e tipo comercial de grãos semelhantes aos da cultivar Pérola, mas com maior tolerância a doenças, como antracnose, crestamento bacteriano e ferrugem. Possui moderada resistência à murcha de fusarium semelhante à da cultivar Pérola. Os grãos são bastante graúdos, como tamanho superior ao da maioria das cultivares encontradas no mercado. Tem como público-alvo os agricultores, associações de produtores rurais, cooperativas e empresas agropecuárias.





A cultivar BRS Campeiro possui alto potencial produtivo, excelentes qualidades culinárias, porte de planta ereto, o que facilita a colheita mecânica, além de possuir grãos bastante graúdos. Outras características do feijão BRS Campeiro é que tem ciclo semiprecoce (75 a 85 dias) e possui alto potencial produtivo. Apresenta resistência ao acamamento e ao mosaico comum e intermediária resistência à ferrugem e Fusarium.



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Foto: ARAÚJO, Sebastião José de
O feijão BRS Esplendor é uma cultivar do grupo preto, apresenta arquitetura de plantas ereta, ciclo normal (de 85 a 90 dias, da emergência à maturação fisiológica). É resistente ao acamamento (adaptada à colheita mecânica direta), o mosaico-comum e a nove tipos de fungos causadores da antracnose, além de tolerância à murcha de fusário e ao crestamento bacteriano comum. É uma cultivar que se adapta muito bem à agricultura familiar. Público-alvo: agricultores familiares, associações de produtores e cooperativas rurais.




A cultivar BRS Estilo é uma cultivar de feijoeiro comum do grupo comercial carioca e apresenta arquitetura de planta ereta, adaptada à colheita mecânica direta. Apresenta alto potencial produtivo e estabilidade de produção. Seus grãos são mais claros do que os da cultivar Pérola e possui excelentes qualidades comerciais. A BRS Estilo é moderadamente resistente a antracnose e ferrugem. Em relação às doenças, a cultivar BRS Estilo apresenta resistência intermediária ao crestamento bacteriano comum e à ferrugem e é suscetível à mancha angular, mosaico dourado e murcha de Fusarium. Público-alvo: agricultores, associações, cooperativas de produtores e empresas produtoras.




A cultivar de feijão do grupo carioca BRS 10408 (Notável) apresenta arquitetura de planta semiereta, adaptada à colheita mecânica direta. Essa cultivar se destaca pelo potencial produtivo, mesmo sendo uma cultivar semiprecoce. Apresenta alta resistência à antracnose, ao crestamento bacteriano comum e à murcha de curtobacterium e de fusarium. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.



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Foto: ARAÚJO, Sebastião José de
A cultivar BRS Radiante é mais uma opção para os produtores interessados em produzir feijão rajado (grupo comercial manteigão) de grãos grandes e adequadas qualidades culinárias. Cultivar precoce (em média, 80 dias, da emergência à maturação fisiológica), com plantas de porte sem ereto e sementes de cor bege, com estrias/pontuações roxas (vinho). Apresenta resistência ao mosaico comum, reação intermediária à ferrugem, tolerância ao oídio e à antracnose (às raças capa e alfa-brasil TUS). Essa cultivar possui grãos com potencial para exportação e pode ser cultivada em consórcio ou em monocultivo nas três épocas de cultivo. Como público-alvo se destaca os agricultores, a agricultura familiar, as associações de produtores rurais, cooperativas e as empresas agropecuárias.

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Foto: ARAÚJO, Sebastião José de
O feijão BRS Esteio é uma cultivar do grupo preto, apresenta ciclo normal (de 85 a 90 dias, da emergência à maturação fisiológica), resistência ao acamamento (adaptada à colheita mecânica direta) e alto potencial produtivo. Com relação a características de qualidade tecnológica e industrial dos grãos, a cultivar possui excelentes qualidades culinárias com uniformidade de coloração e do tamanho de grãos com massa média de 24 gramas por 100 grãos. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições. Público-alvo: agricultores, agricultura familiar, associações e cooperativas de produtores rurais, empresas agropecuárias. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.

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Foto: ARAÚJO, Sebastião José de
A cultivar BRSMG Realce pertence ao grupo comercial rajado, apresenta alto potencial de produtivo e possui alto valor agregado por sua excelente qualidade culinária. É uma nova opção para os produtores interessados em produzir feijão de tipo de grão rajado. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições. Apresenta ciclo semiprecoce (75-85 dias) e tem boa resistência ao mosaico comum e resistência intermediária à antracnose, crestamento bacteriano, ferrugem, mancha angular e à murcha de fusário. Tem como público-alvo os agricultores, as empresas produtoras, cooperativas e associações de produtores rurais. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.
Onde Encontrar:Embrapa Produtos e Mercado – SPM
Escritório de Sete Lagoas - MG
(31) 3027-1230

spm.eset@embrapa.br



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Calagem e Adubação do Feijoeiro



A correção da acidez do solo e a adubação das culturas, são tidas como práticas comprovadamente indispensáveis ao manejo dos solos. Entre as tecnologias indicadas na produção de feijão, a calagem e a adubação nitrogenada são as que têm gerado maior número de questionamentos. Quanto à calagem, as dúvidas mais freqüentes são em relação à eficiência de sua aplicação em superfície.
Em relação ao nitrogênio, as dúvidas vão desde reações e mecanismos controladores da disponibilidade do N no solo, características e reações no solo das diferentes fontes de nitrogênio, até à prática da adubação, quanto a fontes, doses, métodos de aplicação, época mais adequada de aplicação durante o ciclo da cultura e a necessidade de seu parcelamento e, sobretudo, quanto aos seus aspectos econômicos. Estas técnicas de manejo de adubação, ainda são a melhor estratégia utilizada para maximizar a eficiência de uso do nitrogênio e permitir aos produtores obterem máximo retorno econômico do uso de fertilizantes.

Da mesma forma que existem muitas dúvidas sobre adubação das culturas e da correção da acidez do solo, existem, também, muitos problemas práticos relacionados com transformação no solo dos resíduos orgânicos vegetais e com a aplicação de micronutrientes.
A prática da adubação depende, de vários fatores, os quais devem ser previamente analisados no sentido de aconselhar aos agricultores a praticarem uma adubação mais adequada, quanto aos aspectos agronômico (que obtenha maior eficiência dos fertilizantes) e econômico (que resulte em maior renda líquida ao produtor).
Uma recomendação de adubação que atenda a estes princípios deve ser fundamentada nos seguintes aspectos:
  1. em resultados de análises de solo complementada pela análise de planta;
  2. numa análise do histórico da área;
  3. no conhecimento agronômico da cultura;
  4. no comportamento ou tipo da cultivar;
  5. no comportamento dos fertilizantes no solo;
  6. na disponibilidade de capital do agricultor para aquisição de fertilizantes; e
  7. na expectativa de produtividade. Portanto, a recomendação de adubação para o feijoeiro, bem como para qualquer outra cultura, depende da análise cuidadosa de todos esses fatores, ressaltando que não existe uma regra geral a seguir nas recomendações de adubação.
Quanto à cultura do feijoeiro, a quantidade de fertilizantes varia de acordo com a época de plantio, quantidade e tipo de resíduo deixado na superfície do solo pela cultura anterior, e com a expectativa de rendimento. Geralmente, varia de 60 a 150 kg ha-1 de nitrogênio, sendo recomendado a aplicação em duas vezes; de 60 a 120 kg ha-1 de P2O5 , dependendo, evidentemente, do teor disponível de fósforo no solo, das condições de risco e da expectativa de rendimento de grãos e de 30 a 90 kg ha-1 de K2O, e a fonte de potássio, na maioria da vezes, é o cloreto de potássio (60% de K2O).
Pesquisas realizadas com feijão irrigado na Embrapa Arroz e Feijão, quanto à calagem e à adubação de plantio, evidenciaram aumentos de até 54% na produtividade do feijoeiro (cultivar Aporé), decorrentes da calagem e de uma dose econômica de adubação N-P2O5-K2O, no plantio, de aproximadamente 400 kg ha-1 do formulado 4-30-16.

A adubação fosfatada corretiva é indicada para solos argilosos com teores de fósforo abaixo de 1,0 a 2,0 mg dm-3 e arenosos com teores abaixo de 6 a 10 mg dm-3. Esta recomendação serve tanto para áreas de cultivo convencional (com revolvimento do solo), como para as áreas onde se pretende iniciar com o sistema plantio direto, devendo ressaltar que o fertilizante deverá ser incorporado ao solo. A necessidade para aplicação a lanço, varia de 120 a 240 kg ha-1 de P2O5, com base no teor total, no primeiro ano de cultivo, dependendo do teor inicial de fósforo e da textura do solo. Neste caso, as fontes de fósforo mais indicadas são, entre outras, o termofosfato yoorin (cerca de 17 a 18% de P2O5 total), os hiperfosfatos Arad (33% de P2O5 total) e Gafsa (29% de P2O5 total) e alguns fosfatos parcialmente solubilizados.

A acidez do solo pode trazer conseqüências desastrosas para a lavoura do feijoeiro, tais como teores tóxicos de alumínio e manganês, além de deficiências de macronutrientes -principalmente cálcio, magnésio, fósforo, nitrogênio e enxofre - e baixa atividade biológica no solo, resultando em pequeno crescimento das raízes e da parte aérea. 

Quando adequadamente empregada, a calagem promove modificação no ambiente radicular e pode elevar o pH para uma faixa que oferece melhores condições para o desenvolvimento do feijoeiro, normalmente pH 5,8 a 6,2.


Métodos para estimar a necessidade de calagem

Para estimar a necessidade de calagem (NC), em Minas Gerais são usados o método da neutralização da acidez trocável e da elevação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis e o método da saturação por bases. Quando bem empregados, ambos os métodos estimam valores de NC adequados para a cultura do feijoeiro.
É oportuno esclarecer que, independentemente do método empregado, o valor calculado de NC refere-se à quantidade de calcário com PRNT 100% a ser incorporado em 1 hectare, a 20 cm de profundidade, devendo-se fazer as devidas correções de acordo com a qualidade do calcário e a profundidade efetivamente utilizadas.


Adubação com macronutrientes  

Em Minas Gerais, as recomendações oficiais de adubação com macronutrientes para a cultura do feijoeiro consideram quatro níveis de tecnologia (NT). O NT1 inclui as lavouras para as quais são feitas calagem, adubação mineral e capina mecânica, as sementes são catadas manualmente, os rendimentos de grão, inferiores a 1.200 kg ha-1. O NT2 abrange as lavouras em que se utilizam sementes fiscalizadas e tratadas, fazem controle fitossanitário, empregam populações próximas a 240 mil plantas ha-1 e apresentam rendimentos de grãos de 1.200 kg a 1.800 kg ha-1. As lavouras contempladas no NT3 têm rendimentos variando de 1.800 kg a 2.500 kg ha-1 e utilizam herbicidas e irrigação. No NT4 estão as lavouras com rendimentos superiores a 2.500 kg ha-1 e que se utilizam de um bom manejo de irrigação e de doses maiores de fertilizantes.
Em todos os níveis tecnológicos as doses recomendadas de fósforo e potássio são aplicadas integralmente no plantio, enquanto a dose de nitrogênio é aplicada parte no plantio e parte em cobertura, conforme recomendação apresentada na Tabela 1, a qual deve ser utilizada com os resultados da análise de amostra do solo em mãos.
Para que a adubação nitrogenada em cobertura seja eficiente, o solo deve estar úmido e, sempre que possível, o adubo nitrogenado deve ser incorporado, principalmente no caso de se tratar de fonte uréia.
Nos níveis tecnológicos NT1 e NT2, a adubação nitrogenada em cobertura deve ser realizada de uma única vez, no período de 25 a 30 dias após a emergência (DAE), em filete lateral às plantas. Nos níveis NT3 e NT4 a cobertura nitrogenada deve ser parcelada, metade aos 20 DAE e metade aos 30 DAE, podendo ser aplicada também via água de irrigação - que, nesse caso, facilitará a incorporação.
É importante lembrar que, em se tratando do sistema plantio direto, poderá haver, nos primeiros anos, uma maior demanda por nitrogênio, o que deverá ser melhor avaliado por um engenheiro agrônomo. 
Em solos com baixos teores de magnésio e/ou enxofre é recomendável aplicar 20 kg ha-1 desses nutrientes.


Tabela 1. Recomendação de adubação da cultura do feijoeiro com macronutrientes.
Nível tecnológ.
N plantio
P no solo
K no solo
N cobertura
BaixoMédioBomBaixoMédioBom
------ dose de P2O5 ------------- dose de K20 --------
NT1
20
70
50
30
30
20
20
20
NT2
20
80
60
40
30
20
20
30
NT3
30
90
70
50
40
30
20
40
NT4
40
110
90
70
50
40
20
60
Adubação com micronutrientes

Com relação aos micronutrientes, existem recomendações generalizadas para o boro, o zinco e o molibdênio. 
Constatando-se deficiências de boro e/ou zinco, sugere-se a aplicação de 1 kg ha-1 de boro e de 2 kg a 4 kg ha-1 de zinco na mistura de adubos no plantio.
No caso do molibdênio, a aplicação foliar, na dose de 60 g ha-1, tem-se mostrado mais eficiente. Nesse caso, tanto o molibdato de sódio como o de amônio podem ser usados como fonte de molibdênio, mesmo que a calda a ser aplicada inclua defensivos usuais da cultura. A melhor época de aplicação foliar de molibdênio coincide com a da adubação nitrogenada em cobertura. Faz-se oportuno ressaltar que no sul de Minas Gerais, quando o solo apresenta pH acima de 5,7-5,8, não são esperados efeitos benéficos da adubação molíbdica pois, nessa situação, os teores nativos de molibdênio disponíveis no solo são, geralmente, suficientes para se obterem boas produções de feijão.


As quantidades de corretivos e fertilizantes devem ser determinadas com base nos resultados da análise de solo.


Calagem


Para a determinação da Necessidade de Calcário (NC), a ser aplicada no solo para corrigir a camada de 0 a 20 cm de profundidade, pode-se utilizar a fórmula abaixo, que é baseada nas quantidades de Al3- e Ca2++Mg2+ trocáveis, observadas na análise de solo.
NC = Y x Al3+ + [2-(Ca2+ + Mg2+)]
(t/ha de calcário com PRNT = 100%)
Valores de Y
0-1: Solos arenosos (0 a 15% de argila);
1-2: Solos de textura média (15 a 35% de argila);
2-3: Solos argilosos (35 a 60 % de argila)
3-4: Solos muito argilosos ( mais de 60% de argila)
A Quantidade de Calcário (QC) a ser efetivamente utilizada dependerá da profundidade de incorporação (P) e do Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT), conforme a fórmula a seguir:
QC = NC x P/20 x 100/PRNT
Para o sucesso da calagem, deve-se preferir os calcários finamente moídos, os quais devem ser distribuídos e incorporados, uniformemente, com uma antecedência mínima de 30 dias em relação ao plantio.


Adubação


Quando aplicados em fundação, os fertilizantes deverão ser colocados na cova ou sulco de plantio a uma profundidade de até 15 cm e cobertos com uma camada de solo de cerca de 10 cm, sobre a qual serão depositadas as sementes. O contato direto dos fertilizantes com as sementes poderá inibir a germinação, bem como provocar danos à radícula e aos folíolos recém emergidos da semente.


Nitrogênio


Para as condições de Rondônia, o fertilizante nitrogenado deverá ser aplicado todo na semeadura ou dividido em duas aplicações, sendo a primeira na semeadura e a segunda (cobertura) realizada 20 dias após a primeira. Quando realizada tardiamente, a adubação de cobertura torna-se antieconômica, pois será de pouca eficiência, haja vista que o incremento da produção será conseqüência da maior fixação de vagens, o que ocorre durante o florescimento.
As doses podem variar de 30 a 40 kg/ha. As principais fontes de nitrogênio para uso na cultura do feijão em Rondônia são sulfato de amônio (21% de N) e a uréia (44% de N). O sulfato de amônio tem a vantagem de também conter (24%) enxofre, elemento importante na nutrição do feijoeiro. Além disso, a uréia, para ser mais bem aproveitada, deve ser incorporada a uma profundidade de 5cm, o que demanda um dispêndio extra, em relação ao sulfato de amônio.
Durante a adubação de cobertura, o fertilizante nitrogenado deve ser aplicado a lanço sobre o solo, formando um filete ao longo das linhas de plantio, próximo às plantas, porém sem atingi-las.
O nitrogênio é importante componente da molécula de clorofila, dos aminoácidos e dos hormônios vegetais, estando, portanto diretamente associado à atividade fotossintética, aos processos de multiplicação e expansão celular, bem como à fixação de vagens e ao enchimento dos grãos.
Quando ocorre na planta em níveis inferiores a 2,8% ou superiores a 6,0%, podem ser desencadeados estados de deficiência ou toxidez, respectivamente. A deficiência de nitrogênio ocorre principalmente, em solos arenosos e lixiviados, com baixo teor de matéria orgânica (< 2 %). Em solos férteis, quando cultivados intensamente, fortemente lixiviados ou inundados por tempo prolongado, também pode ocorrer deficiência de nitrogênio. Essa deficiência também pode ser verificada como conseqüência de aplicação excessiva de fertilizantes fosfatados.
Em plantas deficientes de nitrogênio ocorrem: amarelecimento das folhas, iniciando-se pelas mais velhas; crescimento reduzido; baixa produção de ramos e botões florais; menor pegamento de vagens, redução no tamanho das sementes e conseqüentemente, baixa produtividade e qualidade inferior de grãos.

Fósforo

Os fertilizantes fosfatados deverão ser aplicados de uma só vez, em fundação. As doses poderão variar de 40 a 100 kg/ha, dependendo da fertilidade natural do solo, revelada por meio da análise de solo, e do nível de tecnologia a ser empregado no cultivo. Cultivos em solos de média a alta fertilidade e/ou baixo nível tecnológico deverão receber doses menores, enquanto cultivos realizados em solos de baixa fertilidade e/ou maior emprego de tecnologia deverão receber doses mais elevadas de fósforo.
Os principais fertilizantes fosfatados para cultura do feijão em Rondônia são o Superfosfato simples (18% de P2O5) e o superfosfato triplo (41% de P2O5). O superfosfato simples também é rico em cálcio (25% de CaO) e enxofre (12% de S).
O fósforo é o nutriente que mais influencia a produção de grãos de feijão. Sua atividade está relacionada com a composição das principais moléculas transferidoras de energia.


Potássio


As respostas do feijoeiro às adubações potássicas, em termos de rendimento, têm sido instáveis. A cultura tem se mostrado mais responsiva ao fósforo e ao nitrogênio. No entanto, o potássio é segundo elemento mais abundante na constituição química da planta, sobretudo nas vagens e sementes.
As doses de potássio podem variar de 20 a 60 kg/ha e podem ser aplicadas na forma de cloreto de potássio (60% de K2O) de uma só vez na fundação, ou parceladas e aplicadas juntamente com o nitrogênio.
A deficiência de potássio pode ocorrer em solos com baixo teor de matéria orgânica, em solos arenosos originados a partir de rochas pobres em potássio e em solos muito argilosos onde o elemento foi lixiviado.
A deficiência de potássio retarda a maturação e reduz o vigor das plantas e a produção de grãos. As plantas deficientes apresentam menor crescimento, reduzida produção de ramos e flores, os folíolos das folhas mais velhas podem apresentar coloração amarelada ou verde pálida e posteriormente desenvolverem uma clorose marginal, que tende a evoluir pelo limbo, até aproximar-se da nervura principal que permanece circundada por uma tênue região de tecido verde. Não cessando a deficiência, o folíolo morre e cai.


Macronutrientes secundários
Cálcio


As deficiências de cálcio no feijoeiro são observadas em cultivos realizados em solos arenosos ácidos, em solos turfosos e orgânicos, em solos alcalinos ou sódicos e em solos com elevado teor de alumínio trocável e baixo cálcio trocável. A deficiência de cálcio provoca redução do crescimento, pouca ramificação, deformações nas pontas da planta e folhagem verde. Os sintomas aparecem primeiro e são mais severos nas folhas mais jovens. Em caso de deficiência severa, ocorrem lesões necróticas amarronzadas nos brotos e a planta pode morrer antes do florescimento. A deficiência de cálcio pode ser evitada pela aplicação de calcário.


Magnésio


Poderá ocorrer deficiência de magnésio em solos arenosos ácidos, onde o Mg foi lixiviado, em solos orgânicos e turfosos, e em solos que receberam dosagens excessivas de potássio e calcário, nos quais a absorção de Mg é inibida. Os sintomas de deficiência são verificados inicialmente nas folhas mais velhas, que apresentam clorose internerval. As plantas podem apresentar-se atrofiadas, com folhas pequenas, talo rígido, reduzida produção de ramos, folhas e flores. A deficiência de magnésio nos solos ácidos pode ser evitada aplicando-se calcário dolomítico.

Enxofre

A deficiência de enxofre poderá ocorrer em solos com baixo teor de matéria orgânica após muitos anos de cultivo, sem aplicação de corretivos e fertilizantes. A deficiência de enxofre resulta em perda de vigor e produção reduzida. Os sintomas são observados primeiro nas folhas mais jovens, que desenvolvem clorose e apresentam tamanhos reduzidos. Apenas em caso de deficiência severa esses sintomas são verificados nas folhas mais velhas. A aplicação de calcário e o uso de superfosfato simples ou sulfato de amônio, gerlamente, suprem as necessidades de enxofre da cultura.






domingo, 13 de setembro de 2015

Fixação Biológica de Nitrogênio no Feijão




A cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) no Brasil está presente na maioria dos sistemas de produção, principalmente naqueles vinculados à agricultura familiar. A inoculação de bactérias do grupo dos rizóbios, capazes de fixar o nitrogênio atmosférico e fornecê-lo à planta, é uma alternativa que pode substituir, ainda que parcialmente, a adubação nitrogenada, resultando em benefícios ao pequeno produtor. Resultados indicam que a cultura do feijoeiro, em condições de campo, pode se beneficiar do processo da fixação biológica de nitrogênio (FBN) alcançando níveis de produtividade de até 2.500 kg/ha. O inoculante brasileiro, durante muito tempo, foi produzido utilizando-se bactérias que eram obtidas no exterior e testadas pelas instituições de pesquisa no Brasil. Com a evolução destes estudos, revelou-se a inequação destas estirpes aos solos tropicais, uma vez que estão sujeitas a um elevado grau de instabilidade genética, comprometendo sua capacidade de fixar nitrogênio. Este fato pode explicar, pelo menos parcialmente, a decepção de muitos agricultores com o uso do inoculante nesta cultura até bem recentemente. Atualmente, o inoculante comercial para o feijoeiro no Brasil é produzido com uma espécie de rizóbio adaptada aos solos tropicais, o Rhizobium tropici, resistente a altas temperaturas, acidez do solo e altamente competitiva, ou seja, em condições de cultivo favoráveis é capaz de formar a maioria dos nódulos da planta, predominando sobre a população de rizóbio presente no solo. A eficiência da FBN, entretanto, depende das condições fisiológicas da planta hospedeira que fornece a energia necessária para que a bactéria possa realizar eficientemente este processo. Além da calagem, é importante proceder a correção do solo com os demais nutrientes. Ressalta-se a importância do fornecimento de fósforo, deficiente na maioria dos solos tropicais, o qual tem efeito marcante sobre a atividade da nitrogenase, devido ao alto dispêndio energético promovido pela atividade de FBN. O molibdênio é um micronutriente que tem efeito marcante sobre a eficiência da simbiose, sendo um constituinte estrutural da enzima nitrogenase, que, dentro do nódulo, executa a atividade de FBN. A aplicação foliar de molibdênio promove aumentos de produtividade em feijoeiro inoculado, sendo que há vários produtos disponíveis no mercado para esta finalidade. Apesar de o feijoeiro ser uma planta com grande capacidade de aproveitamento do nitrogênio disponível no solo, a aplicação de adubos nitrogenados tende a afetar negativamente este processo. Solos com maiores teores de matéria orgânica, que liberam nitrogênio lentamente, podem beneficiar a planta do feijoeiro sem, contudo, reduzir a sua capacidade de fixação. Dentre os fatores ambientais mais importantes para o processo de fixação biológica de nitrogênio, a ocorrência de deficiências hídricas, ou seja, seca durante o ciclo de cultivo tem efeito negativo em diferentes etapas do processo de nodulação e na atividade nodular, além de afetar a sobrevivência do rizóbio no solo. A ocorrência de altas temperaturas afeta, também, a sobrevivência do rizóbio no solo, o processo de infecção, a formação dos nódulos e ainda a atividade de FBN. O procedimento de inoculação das sementes com rizóbio é simples, bastando misturar as sementes com o inoculante de rizóbio para o feijão. Este inoculante é, geralmente, vendido em embalagens contendo a bactéria em veículo turfoso, o mais recomendado atualmente pela pesquisa. Alguns cuidados devem ser tomados por se tratar de organismos vivos e sensíveis ao calor. Deste modo, recomenda-se que a inoculação seja feita à sombra, preferencialmente nas horas mais frescas do dia, utilizando uma solução açucarada a 10% como adesivo, ou outros produtos como goma arábica a 20%. Mistura-se 200 a 300 ml desta solução ao inoculante (500 g) até formar uma pasta homogênea. Em seguida, mistura-se esta pasta a 50 kg de sementes de feijão até que fiquem totalmente recobertas com uma camada uniforme de inoculante. Deixar as sementes inoculadas secando à sombra, em local fresco e arejado, realizando o plantio até, no máximo, dois dias após. Caso seja inevitável o uso de agrotóxicos e micronutrientes, deve-se tratar primeiro as sementes com estes produtos, deixar secar e só então proceder a inoculação. Verificar a compatibilidade do produto com o inoculante antes da sua utilização. Alguns produtos são extremamente tóxicos ao rizóbio, especialmente fungicidas, devendo-se escolher os de menor toxidez e mantendo-se o inoculante em contato com estes produtos o menor tempo possível.





sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Solos para Feijão



O solo é um mineral não consolidado na superfície da terra, influenciado por fatores genéticos e ambientais, como material de origem, topografia, clima (temperatura e umidade) e microrganismos, que se encarregaram de formar o solo, no decorrer de um certo tempo, e é sempre diferente, nas suas propriedades e características físicas, químicas, biológicas e morfológicas do material de origem. O manejo apropriado está relacionado com sua classificação, que destaca suas características gerais ou específicas. Os grupos amplos são feitos com base em características gerais e as subdivisões com base em diferenças em propriedades específicas. As propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas são critérios distintivos.

A maioria dos solos de cerrado onde o feijoeiro é cultivado são Oxissolos e possuem baixa fertilidade. Os valores médios das propriedades químicas dos solos de cerrado em estado natural são: pH 5,2; P 2 mg kg-1, K < 50 mg kg-1; Ca < 1,5 cmolc kg-1; Mg < 1 cmolc kg-1, Zn e Cu em torno de 1 mg kg-1, matéria orgânica na faixa de 15 a 25 g kg-1 e saturação por bases < 25%.

Baseado nestes dados, pode-se concluir que os solos de cerrado são ácidos e de baixa fertilidade. Portanto, o manejo da fertilidade é um dos aspectos mais importante na produção das culturas neste solos.

Características químicas e granulométricas


O feijoeiro é cultivado em vários tipos de solos no Brasil. Na região noroeste de Minas Gerais, os latossolos são predominantes. Os latossolos são altamente intemperizados e têm, como característica mais importante, para fim de diagnóstico, a presença de horizonte óxido, dominado por óxidos de ferro e alumínio. O intemperismo e a lixiviação deixam estes solos deficientes em bases. Seu teor de argila é geralmente bom, mas pouco ativo. Estes solos caracterizam-se por serem profundos, mais que 2 m, e fortemente a moderadamente drenados. Em sua grande maioria, os latossolos são distróficos, com saturação por bases menor que 50%, e com baixa fertilidade natural. Os latossolos apresentam valores de pH ácidos a fortemente ácidos, em geral menores que 5,5, podendo ser tão baixos como 4,0. Ainda, estes solos possuem alta saturação de alumínio que reduz o desenvolvimento do sistema radicular da planta. 
Quanto à granulometria, o feijoeiro é cultivado em solos arenosos e argilosos. Registre-se, contudo, que excelentes rendimentos têm sido obtidos em solos franco-argilo-arenosos.


Escolha da área e preparo do solo


O primeiro passo para conseguir alta produtividade da cultura é a escolha da área e o preparo apropriado do solo para plantio. Na escolha da área para plantio do feijoeiro, deve ser levado em consideração a topografia, evitando-se áreas que apresentem muito declive e que foram afetadas por erosão.
O preparo do solo é a manipulação mecânica do solo para a produção das culturas. Para feijão irrigado, na região noroeste de Minas Gerais, o plantio direto é o sistema preferido pela maioria dos produtores. Neste caso, a semente e o adubo são colocados diretamente no solo não revolvido, utilizando-se semeadoras-adubadoras especiais. É recomendado para solos descompactados, sendo o controle de plantas daninhas dependente de herbicida. Esta prática propicia o controle da erosão, a conservação da água e da energia e a redução da poluição ambiental. Esclarece-se que, antes da implantação do plantio direto, o solo deve ser corrigido com nutrientes imóveis no solo, como o fósforo, e com calagem. 
Além do plantio direto, o preparo do solo para o plantio do feijão pode ser feito de maneira convencional. O bom preparo do solo possibilita as condições propícias ao plantio, à germinação das sementes, à emergência das plântulas, ao controle de plantas daninhas, à diminuição do tamanho dos torrões, à incorporação de restos culturais e à descompactação do solo. Ainda, o preparo adequado melhora a aeração, a infiltração e a conservação da água; enfim, melhora o ambiente para o crescimento das plantas.
As máquinas e equipamentos utilizados nas operações de preparo do solo são os arados, grades, discos, cultivadores e niveladores. A grade aradora, a mais utilizada na região dos cerrados, realiza, numa só operação, a aração e a gradagem. Em geral, um bom preparo do solo requer duas passagens de grade aradora. Para mais informações, veja o artigo "Plantio".




quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Clima para o Feijão



Dentre os elementos climáticos que mais influenciam na produção de feijão salientam-se a temperatura, a precipitação pluvial e a radiação solar. Em relação ao fotoperíodo, a planta de feijão pode ser considerada fotoneutra.

A temperatura é o elemento climático que mais exerce influência sobre a porcentagem de vingamento de vagens e, de maneira geral, faz referência sobre o efeito prejudicial das altas temperaturas sobre o florescimento e a frutificação do feijoeiro. Temperaturas baixas reduzem os rendimentos de feijão, por provocar abortamento de flores, que por sua vez pode, também, resultar em falhas nos órgãos reprodutores masculino e feminino. Alta temperatura acompanhada de baixa umidade relativa do ar e ventos fortes têm maior influência no pegamento e retenção de vagens.
A diversidade climática, presente em todo território brasileiro, faz com que ocorram temperaturas abaixo de 0°C no Sul durante o inverno, contrastando com altas temperaturas e umidade relativa do ar elevada (>80%) nos estados localizados na região Norte. Estas condições inviabilizam o cultivo de feijão na Região Sul na época de inverno, da mesma forma que o limitam também no Norte, devido ao maior risco de ocorrência de doenças.
O feijão é mais suscetível à deficiência hídrica durante a floração e o estádio inicial de formação das vagens. O período crítico se situa 15 dias antes da floração. Ocorrendo déficit hídrico, haverá queda no rendimento devido à redução do número de vagens por planta e, em menor escala, à diminuição do número de sementes por vagem.
Devido à irregularidade na distribuição pluvial, o risco climático, que é caracterizado pela quantidade de água no solo disponível para as culturas, é acentuado em função da diminuição freqüente na quantidade de água para as culturas. Muitas vezes, esta irregularidade pluvial é traduzida por períodos sem chuva que duram de 5 a 35 dias, principalmente no cerrados brasileiro, podendo provocar redução na produção de grãos. Entretanto, acredita-se que o efeito negativo causado pela diminuição de água pode ser minimizado conhecendo-se as características pluviais de cada região e o comportamento das culturas em suas distintas fases fenológicas, ou seja, semeando naqueles períodos em que a probabilidade de diminuição da precipitação pluvial é menor durante, principalmente, a fase de florescimento-enchimento de grãos.
As simulações do balanço hídrico associadas a técnicas de geoprocessamento, permitiram identificar no tempo e no espaço, as melhores datas de semeadura do feijoeiro nas diferentes regiões do Brasil. Com chance de perda de dois anos em dez, ou seja, 80% de chances de sucesso, evitando-se o veranico na fase de enchimento de grãos. As variáveis a serem consideradas por ordem de importância são: retenção de água no solo e duração do ciclo. Quanto maior a capacidade de armazenamento de água no solo, associado ao ciclo mais curto, menores serão as perdas. O risco de perda se acentua quanto mais tarde for à semeadura, independente do solo e do ciclo da cultura. De forma geral, é possível concluir que, para semeaduras realizadas após 15 de fevereiro, o risco climático é bastante acentuado para a cultura do feijoeiro, exceto em algumas localidades do Estado de Mato Grosso, o qual apresenta uma distribuição pluvial bastante regular.


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Feijão, Características e Importância da Cultura


Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de produção e em todas as regiões brasileiras, o feijoeiro comum reveste-se de grande importância econômica e social. Dependendo da cultivar e da temperatura ambiente, pode apresentar ciclos variando de 65 a 100 dias, o que o torna uma cultura apropriada para compor, desde sistemas agrícolas intensivos irrigados, altamente tecnificados, até aqueles com baixo uso tecnológico, principalmente de subsistência. As variações observadas na preferência dos consumidores, orientam a pesquisa tecnológica e direcionam a produção e comercialização do produto, pois as regiões brasileiras são bem definidas quanto à preferência do grão de feijoeiro comum consumido. Algumas características como a cor, o tamanho e o brilho do grão, podem determinar o seu consumo, enquanto a cor do halo pode também influenciar na comercialização. Os grãos menores e opacos são mais aceitos que os maiores e que apresentam brilho. A preferência do consumidor norteia a seleção e obtenção de novas cultivares, exigindo destas não apenas boas características agronômicas, mas também valor comercial no varejo.

O feijão preto é mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. No restante do país este tipo de grão tem pouco ou quase nenhum valor comercial ou aceitação. O feijões de grão tipo carioca são aceitos em praticamente todo o Brasil, daí que 53% da área cultivada é semeada com este tipo grão. O feijão mulatinho é mais aceito na Região Nordeste e os tipos roxo e rosinha são mais populares nos Estados de Minas Gerais e Goiás. Centenas de cultivares de feijoeiro comum são cultivados no Brasil e normalmente possuem sementes pequenas, embora possam também ser encontradas, em algumas regiões, tipos de tamanho médio e grande, como os feijões enxofre e jalo e mulatinho com estrias vermelhas (Chita Fina e Bagajó), e branco importado encontrado nos supermercados. 


Graças às suas comprovadas propriedades nutritivas e terapêuticas, o feijão é altamente desejável como componentes em dietas de combate à fome e à desnutrição. Ademais, ocorre uma interessante complementação protéica quando o feijão é combinado com cereais, especialmente o arroz, proporcionando, em conjunto, os oito aminoácidos essenciais ao nosso organismo. Além do seu conteúdo protéico, o elevado teor de fibra alimentar, com seus reconhecidos efeitos hipocolesterolêmico e hipoglicêmico, aliado às vitaminas (especialmente do complexo B) e aos carboidratos, tornam o seu consumo altamente vantajoso como alimento funcional, representando importante fonte de nutrientes, de energia e atuando na prevenção de distúrbios cardiovasculares e vários tipos de câncer. 


O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais importantes componentes da dieta alimentar do brasileiro, por ser reconhecidamente uma excelente fonte protéica, além de possuir bom conteúdo de carboidratos, vitaminas, minerais, fibras e compostos fenólicos com ação antioxidante que podem reduzir a incidência de doenças. A maioria das cultivares de feijão apresenta em torno de 25% de proteína, que é rica no aminoácido essencial lisina, mas pobre nos aminoácidos sulfurados. Essa deficiência, contudo, é suprida pelo consumo dessa leguminosa com alguns cereais, especialmente o arroz, o que torna a tradicional dieta brasileira, o arroz com feijão, complementar, no que se refere aos aminoácidos essenciais.


1. Importância
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais importantes constituintes da dieta do brasileiro, por ser reconhecidamente uma excelente fonte protéica, além de possuir bom conteúdo de carboidratos e de ser rico em ferro.
Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de produção e em todas as regiões brasileiras, o feijoeiro comum reveste-se de grande importância econômica e social.
Dependendo da cultivar e da temperatura ambiente, pode apresentar ciclos variando de 65 a 250 dias, o que o torna uma cultura apropriada para compor, desde sistemas agrícolas intensivos irrigados, altamente tecnificados, até aqueles com baixo uso tecnológico, principalmente de subsistência. As variações observadas na preferência dos consumidores orientam a pesquisa tecnológica e direcionam a produção e comercialização do produto, pois as regiões brasileiras são bem definidas quanto à preferência do grão de feijoeiro comum consumido. Algumas características como a cor, o tamanho e o brilho do grão, podem determinar o seu consumo, enquanto a cor do halo pode também influenciar na comercialização. Os grãos menores e opacos são mais aceitos que os maiores e que apresentam brilho. A preferência do consumidor norteia a seleção e obtenção de novas cultivares, exigindo destas não apenas boas características agronômicas, mas também valor comercial no varejo.
O feijão preto é mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. No restante do país este tipo de grão tem pouco ou quase nenhum valor comercial ou aceitação. Os feijões de grão tipo carioca são aceitos em praticamente todo o Brasil, daí que 53% da área cultivada é semeada com este tipo grão. O feijão mulatinho é mais aceito na Região Nordeste e os tipos roxo e rosinha são mais populares nos Estados de Minas Gerais e Goiás. Centenas de cultivares de feijoeiro comum são cultivados no Brasil e normalmente possuem sementes pequenas, embora possam também ser encontradas, em algumas regiões, tipos de tamanho médio e grande, como os feijões enxofre e jalo e mulatinho com estrias vermelhas (Chita Fina e Bagajó), e branco importado encontrado nos supermercados.
Graças às suas comprovadas propriedades nutritivas e terapêuticas, o feijão é altamente desejável como componentes em dietas de combate à fome e à desnutrição. Ademais, ocorre uma interessante complementação protéica quando o feijão é combinado com cereais, especialmente o arroz, proporcionando, em conjunto, os oito
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel aminoácidos essenciais ao nosso organismo. Além do seu conteúdo protéico, o elevado teor de fibra alimentar, com seus reconhecidos efeitos hipocolesterolêmico e hipoglicêmico, aliado às vitaminas (especialmente do complexo B) e aos carboidratos, tornam o seu consumo altamente vantajoso como alimento funcional, representando importante fonte de nutrientes, de energia e atuando na prevenção de distúrbios cardiovasculares e vários tipos de câncer.

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