Clima
Latitude e altitude
A mamoneira é uma planta heliófila, e vegeta bem em climas tropicais e subtropicais e pode ser explorada comercialmente entre as latitudes 40o N e 40o S. No Brasil ela é encontrada como planta asselvajada desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia. A mamoneira é encontrada vegetando em altitudes desde o nível do mar até 2.300 m. A altitude, pode influenciar na expressão sexual da mamona, apesar da base genética, está diretamente relacionada com a temperatura.
A mamoneira é considerada uma planta de dias longos, embora se adapte bem às regiões com fotoperíodos curtos, desde que não sejam inferiores a 9 horas. Seu melhor desenvolvimento ocorre em áreas com boa insolação, com pelo menos 12 horas de sol por dia, sendo que dias longos favorecem a formação de flores femininas, enquanto os curtos favorecem as masculinas. Nesse sentido, a altitude tem sido considerada como critério no zoneamento dessa cultura, pois a mesma interfere diretamente sobre o fotoperiodismo, taxa de nebulosidade diária, densidade da radiação solar diária, temperatura e umidade relativa do ar, além de alterar a relação de flores femininas/masculinas, bem como o número médio de flores femininas por cacho (WEISS, 1983).
Pluviosidade/umidade
A mamoneira é relativamente tolerante à seca. A planta utiliza vários mecanismos para suportar a limitação de água, tais como crescimento das raízes em profundidade, aumento da cerosidade, redução do tamanho das folhas, ajuste osmótico etc. A tolerância da mamoneira à seca é importante para que ela suporte alguns períodos de seca e possa voltar a produzir quando a água voltar a ser disponível. No entanto, a planta não é capaz de ter alta produtividade se não houver disponibilidade adequada de água, seja da chuva ou de irrigação.
A maior exigência de água desta oleaginosa ocorre no inicio da fase vegetativa. Para ter uma produção economicamente viável, é preciso que no inicio do enchimento dos frutos a planta tenha recebido em torno de 500 mm. Se a quantidade de água for maior (entre 500 mm e 1000 mm), a produtividade também será maior. No período de floração, alta umidade relativa do ar (acima de 80%) junto com temperaturas mais amenas (em torno de 22 oC), podem favorecer o desenvolvimento de mofo cinzento o qual é a mais grave doença da mamoneira. Altas temperaturas também podem favorecer outras doenças como cercosporiose e podridão das raízes.
Temperatura
A mamoneira se desenvolve bem com produção com valor comercial em ambientes com uma faixa de temperatura variando de 20ºC a 35ºC, sendo que a temperatura ideal é de 28ºC. Plantas cultivadas sob temperatura superior a 40ºC no período de floração podem apresentar senescência das flores, prejudicando a produção de frutos, podendo ocorrer ainda a reversão sexual das flores, aumentando a quantidade de flores masculinas e diminuindo a quantidade de flores femininas. Entretanto, plantas cultivadas sob temperaturas médias inferiores a 10ºC podem apresentar pólen danificado, comprometendo a produção de sementes.
Temperaturas infra e supra-ótimas interferem na produtividade da cultura: ambientes com temperatura noturna em torno de 30ºC aumentam a respiração e diminuem a fotossíntese, reduzindo o crescimento e a produção (BELTRÃO et al, 2008). A mamoneira não suporta temperaturas abaixo de 0 oC, embora possa resistir a uma geada leve e de curta duração. Temperaturas amenas (15°C - 20oC) podem também tornar lento o enchimento das sementes.
Necessidades hídricas
A mamoneira é considerada uma espécie tolerante à seca. Porém, esta tolerância depende do adequado crescimento das raízes e por isto não é recomendado plantar mamona em solos rasos nos quais as raízes não poderão crescer em profundidade. Para a mamoneira, o período entre a brotação e a floração, representa o período de maior demanda de água, com necessidade de pelo menos 400 mm (TÁVORA, 1982). A escassez de água naquela fase pode causar redução da produtividade.
Em ambientes com precipitação pluvial acima de 700 mm, a mamoneira pode atingir produtividade superior a 1500 kg/ha (BELTRÃO; SILVA, 1999; WEISS, 1983). Na região semiárida do Nordeste, tem-se atingido produtividades de 500 kg/ha1, em sistema de sequeiro. É importante ressaltar a importância de se realizar a semeadura no início do período recomendado para a região, pois assim é maior a probabilidade de haver água disponível no solo, do contrário, a quantidade de água disponível pode ser reduzida, comprometendo assim a produtividade.
Entre a floração e a maturação dos frutos, é desejável que a umidade relativa do ar seja baixa para que se evite o desenvolvimento de doenças nas folhas e o mofo cinzento (que se desenvolve com alta umidade e temperatura amena).
Solo
A mamoneira desenvolve-se e produz bem em vários tipos de solo, com exceção daqueles de textura muito argilosa, que apresentam deficiência de drenagem e aeração. Solos profundos, com boa drenagem, de textura franca e bem balanceado quanto aos aspectos nutricionais, favorecem o seu desenvolvimento. O sistema radicular da mamoneira tem capacidade de explorar as camadas mais profundas do solo, que normalmente não são atingidas por outras culturas anuais, como soja, milho e feijão, promovendo o aumento da aeração e da capacidade de retenção e distribuição da água no solo.
A mamoneira é exigente em fertilidade, devendo ser cultivada em solos com fertilidade média a alta. A cultura prefere solos com pH entre 5 e 6,5, produzindo em solos de pH até 8,0. A mamoneira não é capaz de atingir produtividade satisfatória em solos de baixa fertilidade ou alta acidez, mesmo que haja boa disponibilidade de água. O solo para plantio de mamona deve ser bem drenado, pois a planta é extremamente sensível ao encharcamento, mesmo que temporário.
Cerca de três dias sob encharcamento podem provocar morte das plantas. Solos com alta salinidade também são pouco recomendados, pois a presença de alta concentração de sais pode prejudicar o crescimento da planta. O cultivo da mamoneira em solo impróprio pode constituir sério fator de degradação dos solos de uma região, por essa cultura apresenta um baixo índice de área foliar, deixa o solo mais susceptível ao impacto das gotas da chuva.
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