Exportação / importação
No comércio internacional ocorrem as movimentações de baga e de óleo de mamona, verificando-se que a venda de baga, que apresentava quedas significativas até 2010, voltou a crescer já no primeiro semestre de 2011. Nesse contexto, a mamona, produzida principalmente por agricultores familiares localizados no Nordeste e no Semiárido brasileiro, voltou a apresentar aumentos gerais de produção. Para visualizar como se dá essa movimentação nos últimos dez anos em relação ao óleo, a Figura 1 e as Tabelas 1 e 2, apresentam dados de exportação e importação disponíveis na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO-ONU).
Figura 1. Evolução do comércio exterior de mamona (grão e óleo).
Tabela 1. Exportação
de óleo de mamona no mundo 2000 - 2009, em toneladas métricas.
Países
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
|
Índia
|
238.949
|
199.789
|
143.643
|
136.509
|
239.218
|
233.324
|
271.596
|
257.515
|
331.665
|
368.433
|
Brasil
|
16.743
|
10.244
|
5.815
|
1.980
|
824
|
11.782
|
4.343
|
746
|
237
|
874
|
Holanda
|
7.656
|
8.803
|
12.524
|
17.005
|
21.492
|
30.732
|
29.924
|
28.642
|
42.242
|
28.964
|
Alemanha
|
6.182
|
6.365
|
6.827
|
6.987
|
5.512
|
3.600
|
6.313
|
5.170
|
6.121
|
7.156
|
EUA
|
3.320
|
2.819
|
2.836
|
3.128
|
3.065
|
2.522
|
1.100
|
3.846
|
6.783
|
6.739
|
França
|
2.351
|
3.190
|
3.297
|
3.401
|
4.992
|
6.052
|
7.569
|
15.305
|
22.352
|
21.043
|
Tailândia
|
2.060
|
1.358
|
1.552
|
1.775
|
1.720
|
1.418
|
1.496
|
1.558
|
1.585
|
1.279
|
UE (27 países)
|
1.789
|
1.322
|
1.266
|
1.445
|
1.571
|
1.210
|
1.095
|
1.331
|
1.475
|
1.652
|
Equador
|
693
|
1.337
|
1.071
|
464
|
|
|
292
|
314
|
284
|
287
|
Suécia
|
618
|
584
|
752
|
751
|
752
|
289
|
|
|
|
|
Fonte: FAO ( 2012).
Tabela 2. Importação
de óleo de mamona no mundo 2000 - 2009, em toneladas métricas.
Países
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
|
UE (27 países)
|
135.256
|
142.752
|
117.434
|
104.034
|
127.106
|
152.633
|
124.483
|
129.192
|
172.001
|
86.446
|
França
|
76.701
|
82.095
|
54.327
|
41.764
|
48.707
|
72.411
|
48.279
|
55.994
|
95.89
|
22.631
|
EUA
|
40.739
|
45.395
|
32.339
|
26.702
|
40.669
|
41.794
|
45.908
|
44.299
|
49.832
|
32.145
|
Alemanha
|
33.786
|
30.014
|
34.661
|
35.393
|
38.476
|
33.833
|
39.897
|
41.944
|
44.629
|
43.088
|
China
|
32.267
|
9.933
|
8.115
|
14.8
|
43.6
|
65.549
|
86.441
|
82.078
|
86.507
|
131.235
|
Japão
|
19.765
|
20.086
|
19.283
|
22.805
|
21.051
|
24.987
|
16.58
|
18.993
|
19.282
|
15.706
|
Tailândia
|
15.122
|
13.562
|
15.322
|
14.583
|
14.192
|
15.037
|
11.433
|
10.462
|
16.7
|
12.475
|
Holanda
|
12.503
|
21.203
|
21.007
|
18.535
|
29
|
53.292
|
35.632
|
37.849
|
40.921
|
30.15
|
Itália
|
9.367
|
8.863
|
10.563
|
9.303
|
10.556
|
10.301
|
11.969
|
12.774
|
13.492
|
11.769
|
Reino Unido
|
5.407
|
1.871
|
2.899
|
6.014
|
8.774
|
9.723
|
8.96
|
8.597
|
6.864
|
6.617
|
Fonte: FAO (2012).
Fica evidenciada a utilização do óleo de mamona em maior quantidade por países de economia altamente industrializada, dado seu emprego em indústrias de ponta tecnológica, com o mesmo se deslocando geograficamente a partir da linha tropical em que se situam os principais produtores: Índia, Brasil e China. Pode-se observar, também, o papel que os Países Baixos (Holanda) exercem na distribuição dessa mercadoria pelo mundo, já que, mesmo não sendo produtor primário de mamona, tem desempenho histórico como um importante centro de logística mercadológica mundial (MME, 2011). Visualize-se também os decréscimos abruptos dos montantes de óleo de mamona exportados (e importados) a partir de 2004, certamente como reprodução dos efeitos da política pública brasileira ligada ao emprego desse óleo para a fabricação de biodiesel, o que interferiu no planejamento normal dos agentes e atores ligados à cadeia produtiva. Dados preliminares dão conta de que, no primeiro semestre de 2011, mais de 11 mil metros cúbicos de óleo de rícino foram exportados, confirmando-se o retorno de aumento sustentado da exportação brasileira.
O Brasil é o segundo maior exportador mundial, e quando o óleo se destina à exportação, deve-se observar as especificações do mercado importador (EMBRAPA, 2001). No caso do mercado norte-americano, as exigências são as seguintes:
Óleo de Mamona Industrial nº 1: deve ter, no máximo, 1% de acidez livre; 0,25% de impurezas e umidade; 6,25 a 7,55 de viscosidade a 25ºC; 0,97 de densidade a 15,5ºC; 1,475 a 1,482 de índice de refração a 25ºC e coloração amarelo-claro;
Óleo de Mamona Industrial nº 3: deve ter, no máximo, 2,5% de acidez livre; 0,5% de impurezas e umidade; 6,25 a 7,55 de viscosidade a 25ºC; 0,95 a 0,97 de densidade a 15,5ºC; 1,475 a 1,482 de índice de refração a 25ºC e cor amarelo-35 e vermelho-3 a 4, na escala Lovibond.
Mercado
Os maiores produtores de baga e óleo de mamona no panorama internacional são a Índia, a China, o Brasil e Moçambique, que ditam os preços do produto no mercado internacional. O mercado mundial é de aproximadamente 800.000 t (oitocentas mil toneladas). Considerando a capacidade de produzir e exportar produtos da mamoneira, a liderança isolada é da Índia, que é quem concorre com o Brasil; diferentemente da China, pois a economia chinesa consome toda sua produção internamente, ou seja, ela não participa desse mercado internacional. Trata-se de um mercado ditado por uma série de fatores, os quais fizeram o preço se elevar desde 2004, principalmente pela redução da safra americana de soja e o crescente aumento da importação de oleaginosas pela China.
Segundo a CONAB (2012), os preços reais mensais verificados no mês de setembro, na Bolsa de Rotterdam (Tabela 3), em comparação ao mês anterior permaneceram inalterados. Isso pode ser fundamentado: a) na incerteza do mercado que espera o desenrolar das turbulências financeiras que ocorrem no mercado mundial e; b) realinhamento de preços que estiveram em picos elevados.
No Brasil existe um mercado oligopsônico para o óleo de mamona, onde um pequeno excesso de oferta pode causar uma grande queda nos preços. O Brasil conta com capacidade instalada de cerca de 160 mil toneladas/ano nas principais empresas esmagadoras de baga de mamona, considerando-se, para fins de cálculo, 200 dias úteis de processamento industrial.
Tabela 3. Evolução
dos preços reais de óleo de mamona em Rotterdam (US$/Tonelada).
Ano
|
jan
|
fev
|
mar
|
abr
|
mai
|
jun
|
2006
|
930,45
|
910,00
|
915,22
|
909,17
|
895,23
|
890,71
|
2007
|
1115,00
|
1124,72
|
1167,27
|
1207,89
|
1300,00
|
1278,57
|
2008
|
1423,86
|
1480,00
|
1600,00
|
1620,00
|
1627,50
|
1653,50
|
2009
|
1512,50
|
1433,33
|
1380,15
|
1248,50
|
1250,00
|
1250,00
|
2010
|
1563,75
|
1575,00
|
1575,00
|
1575,00
|
1575,00
|
1631,80
|
2011
|
1951,92
|
1951,92
|
1951,92
|
1951,92
|
2650,00
|
2512,00
|
Ano
|
jul
|
ago
|
set
|
out
|
nov
|
dez
|
2006
|
897,48
|
944,35
|
966,84
|
1042,27
|
1119,09
|
1120,75
|
2007
|
1275,00
|
1281,96
|
1265,00
|
1284,57
|
1323,26
|
1335,00
|
2008
|
1660,00
|
1786,00
|
1855,50
|
1677,00
|
1585,00
|
1575,00
|
2009
|
1250,00
|
1250,00
|
1317,00
|
1391,50
|
1385,00
|
1393,85
|
2010
|
1825,00
|
1825,00
|
1928,13
|
2100,00
|
1925,00
|
2150,00
|
2011
|
2436,25
|
2650,00
|
2650,00
|
-
|
-
|
-
|
Fonte: CONAB, (2012).
A questão da disponibilidade de matéria-prima estará equacionada pelo aumento sustentado da produção interna de bagas de mamona, o que atende às necessidades das principais empresas esmagadoras existentes na Bahia, São Paulo e Minas Gerais.
Para que toda a problemática da cadeia produtiva da mamona seja resolvida em prazo mais longo, torna-se essencial que sejam estabelecidos relacionamentos entre os produtores da matéria-prima e os empresários da indústria de esmagamento, de modo que sejam respeitadas as necessidades de continuação de existência de cada um deles. Na história das Políticas Públicas dirigidas para a cultura da mamoneira, os agricultores familiares, em especial os do Semiárido, foram desafiados por diversas vezes pelos governos a plantar sob promessa das produções serem compradas por preços melhores que os historicamente praticados no mercado; ao não se cumprir o que estava estipulado nessas políticas, terminou por frustrar e gerar descrença em relação ao potencial econômico da oleaginosa. Atualmente, o Programa de Biodiesel da Petrobrás (PBio), tem a missão de reanimar o mercado, colocando dinheiro para compras de safras, criando mercado cativo onde haja tradicionalmente plantios de mamona, oferecendo acompanhamento técnico adequado, distribuição de sementes com potencial de produtividade e colheita e armazenagem garantidas, dando segurança aos agricultores, tudo sob contrato de 5 anos; e com a Petrobrás dando a contrapartida financeira. O objetivo é estruturar a cadeia produtiva da mamona a partir da agricultura familiar brasileira. A Petrobrás procura trabalhar com a parceria dos governos estaduais (EMATER, etc.) e com as cooperativas de produção dos agricultores familiares. No entanto, a estrutura organizacional dos agricultores familiares ainda é muito frágil, não existindo organizações que possam facilitar a implementação dos projetos de forma representativa (FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS, 2009).
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