O gergelim apresenta ampla adaptabilidade às condições edafoclimáticas de clima quente; tem bom nível de resistência à seca e facilidade de cultivo, características que o transformam em excelente opção de diversificação agrícola e grande potencial econômico nos mercados nacional e internacional. Isso se deve à elevada qualidade de seu óleo, com aplicações nas indústrias alimentícias e de oleoquímica, que se encontra em plena ascensão, com aumento anual de aproximadamente 15% na quantidade de produtos industrializáveis para consumo, gerando demanda por produtos in natura e mercado potencial capaz de absorver quantidades superiores à oferta atual (BARROS et al., 2001; LANGHAM; WIEMERS, 2002).
O cultivo de gergelim se desenvolve principalmente em sistemas de produção de pequena escala, que utilizam a mão de obra familiar, e normalmente é consorciado com algodão, milho, feijão ou caupi, servindo de fonte alternativa de renda e alimento. Neste segmento, a exploração da cultura representa uma excelente opção agrícola por exigir práticas agrícolas simples e de fácil assimilação. Mantendo-se os atuais níveis de produtividade regional, pode-se expandir a área cultivada e abrir a possibilidade de se conquistar parcela do mercado externo com o excedente de produção em virtude da alta cotação dessa oleaginosa no comércio internacional, garantindo ao Nordeste e a outras regiões mais uma fonte de divisas. Em alguns países asiáticos, esta oleaginosa tem importância econômica e social significativa.
A produção mundial de gergelim é de, aproximadamente, 4,09 milhões de toneladas, obtidas em 6,62 milhões de hectares, com uma produtividade média de 617,40 kg de grãos por hectare. Os dez principais países produtores de gergelim são: Myanmar, Índia, China, Etiópia, Nigéria, Uganda, Tanzânia, Niger, Burkina Faso e Somalia, responsáveis por 81,77% da área colhida e por 81,38% da produção mundial de grãos de gergelim (FAO, 2012; KOURI; ARRIEL, 2009).
O Brasil é responsável por menos de 0,5% da área cultivada e da produção de gergelim, em âmbito mundial. No período de 2001 a 2010, a produção brasileira passou de 15 mil para 16 mil toneladas, em uma área colhida de 24 mil para 25 mil hectares. Nesse período, o rendimento médio da cultura no Brasil passou de 625 para 640 quilos de grãos por hectare, onde a produção é basicamente oriunda de pequenos e médios produtores dos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, que utilizam a mão de obra familiar. Em 2011, o Brasil produziu 5 mil toneladas de grãos em 8 mil hectares, com uma produtividade de 625 kg de grãos por hectare (BARROS et al., 2001; KOURI; ARRIEL, 2009; FAO, 2012).
Atualmente, os estados brasileiros produtores de gergelim são: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. Na maioria dos estados do Nordeste, a exploração ainda permanece em âmbito de subsistência, com poucos excedentes comercializáveis. O Estado de Goiás é o principal produtor de gergelim no Brasil, contribuindo com 67%, da produção nacional. Nesse estado já se cultivou uma área de 8 mil hectares, e, atualmente, possui uma área cultivada concentrada em 156 municípios, localizados nas mesorregiões do norte goiano (microrregião de Porangatu), do noroeste goiano (microrregião de São Miguel de Araguaia), do sudoeste goiano (microrregião de Quirinópolis) e do sul goiano (microrregião de Catalão).
É importante ressaltar que o cultivo do gergelim no Brasil sofre poucas alterações em termos de área plantada e produção, apesar de existirem novas tecnologias de cultivo à disposição dos agricultores. Apesar de ocorrem incrementos da produção em algumas regiões do País, existem diminuições em outras. Tal fato é atribuído a problemas climáticos (principalmente no Nordeste), pouco acesso dos agricultores a informações de mercado, falta de políticas públicas de incentivo à produção e, principalmente, a problemas relacionados com a comercialização.
Nos últimos anos, os preços praticados no mercado nacional e internacional configuram esta oleaginosa como excelente alternativa de exploração agrícola. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o volume exportado mundialmente corresponde a aproximadamente 30% da produção obtida. Em 2009, o valor médio da tonelada do produto exportado foi de US$ 1.240,86, enquanto o valor médio da tonelada do produto importado foi de US$ 1.393,01. Os principais países importadores são do mercado asiático, americano e europeu (China, Japão, Turquia, Coreia, Estados Unidos, Grécia, Israel, Alemanha, Arábia Saudita e Egito). Em relação ao valor da tonelada transacionada no ano de 2006, ocorreu um aumento de aproximadamente 50% nestes três últimos anos. Cerca de 90% do gergelim produzido mundialmente é destinado ao consumo alimentício. Os grãos são amplamente usados na indústria alimentícia, em especial de panificação, sendo o óleo também utilizado na culinária. Em 2009, o Brasil destacou-se com os melhores preços de exportação do gergelim no mercado internacional, com US$ 2.684,21 (FAO, 2012; KOURI; ARRIEL, 2009).
É crescente o interesse pelo cultivo do gergelim como cultura alternativa para diversificação agrícola em grande escala nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Cultura esta que pode ser usada em rotação após as culturas da soja, algodão ou milho ou cultivo de segunda safra, graças a sua tolerância ao estresse hídrico, altas temperaturas e ao ciclo curto de cultivo, que em cultivares precoces é de 90 dias.
Portanto, abre-se uma excelente oportunidade de divisas a partir para exploração da cultura do gergelim, com as regiões Centro-Sul e o Semiárido brasileiro, corroborado pelo fato de que, nos últimos 40 anos, a demanda mundial por produtos à base de gergelim cresceu 550%, conforme relatam Langham; Wiemers (2002).
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