terça-feira, 5 de maio de 2020

Adubação na Cultura da Mamona


Adubação
A mamoneira é uma planta exigente em nutrientes para se desenvolver e produzir bem, cujo potencial pode alcançar mais de 6.000 kg/ha. Ela tolera bem o estresse hídrico, mas não o nutricional. Ela também precisa de solo leve, aerado, para poder se desenvolver porque seu sistema radicular é, em geral, muito superficial. Desse modo, é comum encontrar plantas de mamoneira vegetando em locais ricos em matéria orgânica, como os lixões e terrenos baldios das cidades. Nesses locais, ela retira do solo tudo que necessita para crescer e produzir.

A mamoneira é apta para cultivo em amplas regiões do mundo e adapta-se bem a diversos tipos de solos e climas. Entretanto, trata-se de uma cultura exigente em solos férteis e os descuidos em sua correção e adubação podem trazer sérios transtornos produtivos, tanto em condições semiáridas, quanto em condições de Cerrado.

A mamona é uma planta resistente ao estresse hídrico, amplamente cultivada nas regiões semiáridas do mundo, especialmente na China, na Índia e no Brasil, os quais concentram mais de 90% da produção mundial. Aproximadamente 95% da área cultivada (em torno de 126 mil ha) e da produção brasileira se encontra no estado da Bahia. A ricinocultura é típica de pequena agricultura no Brasil, sendo cultivada sob baixo a médio nível tecnológico, com pouco ou nenhum uso de adubos e corretivos. Nas condições experimentais no semiárido tem-se obtido produtividade de até 1.500 kg/ha usando as cultivares BRS Paraguaçu e BRS Nordestina. Em condições comerciais, entretanto, tem sido levantada pelo IBGE produtividade de 600 kg/ha a 900 kg/ha. Essa baixa produtividade média regional tem sido explicada constantemente como imposição da falta de água e de problemas no manejo (consórcio, época de plantio, variedades, espaçamentos inadequados etc.), se bem que as deficiências minerais podem estar contribuindo para esse quadro, ao menos nos anos de melhor pluviosidade. Os solos do Semiárido são, quase sempre, bem supridos de Ca e Mg, já aqueles das regiões de maior pluviosidade ou do Sudeste, Norte e Centro-Oeste são ácidos e pobres em bases trocáveis, necessitando de correção de acidez com calagem (fornece Ca e Mg) e gessagem (fornece Ca e S), mais adubação com NPK. O baixo teor de matéria orgânica e a forte adsorção de metais (Cu, Mo e Zn, principalmente), ou pH elevado em algumas áreas, reduzem a capacidade desses solos em fornecer N, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn. Os nutrientes N, S e B são supridos pela mineralização da matéria orgânica, sendo o S um elemento secundário no sulfato de amônio e no superfosfato simples e pode ser fornecido à planta concomitantemente com o fornecimento de N e P na adubação anual de manutenção ou produção, usando as fontes citadas. A aplicação de gesso agrícola também fornece S para a planta, podendo ser utilizado em regiões com acidez nas camadas inferiores do solo, como em Roraima. O Mo é disponibilizado pelo aumento do pH, como efeito da calagem, e os demais, pela adubação com micronutrientes, seja em fontes contendo o conjunto (uso de FTE – Frited trace elements) ou naquelas com nutrientes específicos (como sulfatos, óxidos e cloretos do elemento desejado).

Em São Paulo e Minas Gerais, têm sido obtidas produtividades de até 2.500 kg/ha de grãos, sendo comum a produtividade média de 2.080 kg/ha. Na média dos últimos 30 anos, São Paulo tem produzido 1.314 kg/ha (SAVY FILHO, 2001). Neste caso, além do clima mais propício, o uso de alta tecnologia tem sido comum: variedades de porte anão, correção do solo com calcário e gesso e adubação com NPK.

A mamoneira exporta da área de cultivo cerca de 80 kg/ha de N, 18 kg/ha de P2O5 e 32 kg/ha de K2O, 13 kg/ha de CaO e 10 kg/ha de MgO para cada 2.000 kg/ha de baga produzida (Canecchio Filho & Freire, 1958).  Entretanto, a absorção de nutriente da parte aérea aos 133 dias da emergência chega a 156 kg/ha, 12 kg/ha, 206 kg/ha, 19 kg/ha e 21 kg/ha de N, P2O5, K2O, CaO e MgO, respectivamente (NAKAGAWA; NEPTUNE, 1971). Com isto, observa-se que a mamona tem alto requerimento de nutrientes para se obter produtividade adequada e recicla grandes quantidades de nutrientes, sendo interessante para rotação com outras culturas, como a soja, o milho e o algodão no Cerrado. Resposta a doses de 20 kg/ha a 80 kg/ha de N, P2O5 e K2O são mais comuns na literatura (Azevedo et al., 1997). A aplicação de 2 t/ha de calcário dolomítico em um solo ácido de São Paulo, em conjunto com adubação 70-80-50 kg/ha de N-P2O5-K2O, permitiu alcançar produtividade de 1.256 kg/ha de sementes de mamona, enquanto na ausência da adubação e da calagem a produtividade foi de apenas 70 kg/ha de semente (SOUZA; NEPTUNE, 1976).

Quando submetida a estresse nutricional, aparecem os sintomas de deficiências nutricionais mostrados na Tabela 1. Porém, diversas situações no campo podem provocar clorose foliar. Assim, a chave analítica da Tabela 2 ajuda a diagnostica o problema que está ocorrendo.
Tabela 1. Resumo das deficiências de nutrientes na cultura da mamona.
Nutriente
Sintomatologia
N
Forte redução do crescimento inicial ou mesmo sua paralização; clorose generalizada nas folhas mais velhas, com ou sem ilhas de pigmentos verde-escuros sobre o limbo; forte desfolhamento e clorose ascendente até o ponteiro. Morte da planta ou forte redução na produtividade.
P
Redução moderada no crescimento inicial; folhas com coloração verde-escura que rapidamente evolui para clorose amarelo-bronzeada, com pigmentos esverdeados distribuídos de forma razoavelmente homogênea sobre o limbo. Necrose nas bordaduras e enegrecimento das pontuações antes esverdeadas, seguida de amarelecimento e/ou queda das folhas. Pode haver ou não manchas esparsas no limbo da folha, que podem coalescer e tomar toda a folha. Morte da planta ou forte redução na produtividade.
K
Redução moderada no crescimento inicial. Clorose internerval nas folhas mais velhas, que rapidamente progride para clorose generalizada, com fechamento da folha, secamento, necrose e queda. Os sintomas continuam progredindo de baixo para cima até o ponteiro. Há grande desfolhamento e forte queda de produtividade.
Ca
Redução de crescimento. Morte acentuada das raízes. Clorose internerval nas folhas superiores novas, nas quais os bordos viram para baixo. As folhas velhas rapidamente murcham e aparece mancha molhadas entre os lóbulos das folhas. Eventualmente, os lóbulos podem se diferenciar corretamente, mas não conseguem crescer normalmente.
Mg
Redução no crescimento. Clorose internerval nas folhas mais velhas, que avançam em direção ao centro de forma persistente. Eventualmente há clorose no limbo com os bordos mantidos claramente mais esverdeados. A clorose pode progredir e tomar toda a folha, que fica arqueada sobre o caule, murcha, seca e caem. Eventualmente, as folhas ficam amareladas com pontuações esverdeadas nas regiões internervais.
S
Redução no crescimento. A folha mais nova adquire coloração verde-limão que logo se expande para as vizinhas maiores. A folha menor toma formato de taça ou copo e a clorose se acentua; as folhas vizinhas têm seus bordos virados para baixo e formato típico de chapéu de palhaço; as folhas podem ter necrose na ponta dos lóbulos, que evoluem para toda a margem, podendo provocar rasgadura. A clorose verde limão avança de cima para baixo, amarelando toda a planta. Há superbrotamento abundante na planta. A inflorescência enegrece e morre.
B
Em fase aguda, o crescimento é reduzido. As folhas mais novas se espessam e tornam-se ásperas ao tato e quebradiças; o pecíolo se quebra com facilidade. Os lóbulos não conseguem se diferenciar corretamente. O broto terminal morre. As folhas mais velhas tornam-se ressecadas com qualquer estresse hídrico. Mesmo em fase crônica, os frutos não se sustentam no cacho; há falha na fertilização das flores, na formação e na manutenção dos frutos no cacho. Eventualmente, o cacho pode ser mostrar retorcido.
Em mamoneiras de porte médio, sob deficiência aguda, as primeiras folhas do ponteiro se enrugam, endurecem e deformam, poucos lóbulos se desenvolve; há necrose nos ápices dos lóbulos e/ou nas margens do limbo e/ou na base das folhas, que acabam caindo. Os internódios ficam curtos e ocorrem superbrotamento. O florescimento e frutificação são impedidos ou fortemente prejudicados.
Cu
As folhas do ponteiro adquirem coloração verde-limão menos intensa do que na deficiência de S, porém a clorose não avança. Não há o desenvolvimento de clorose internerval clara, como na deficiência de Fe e Mn.
Fe
As folhas do ponteiro ficam cloróticas e a clorose avança na região internerval deixando uma rede fina de nervuras verdes sobre um fundo amarelo.
Mn
As folhas do ponteiro ficam cloróticas e a clorose avança na região internerval deixando uma rede grossa de nervuras sobre um fundo amarelo-esverdeado.
Mo
Ocorre uma clorose leve de baixo para cima na planta, que evolui muito lentamente. As folhas mais velhas tem clorose generalizada, similar à deficiência de N. Em seguida, arqueiam sobre o caule, murcham e caem.
Fonte:  Ferreira et al. (2008).
Tabela 2. Chave analítica para identificar problemas nutricionais na mamoneira.
Sintomas
Causa prováve
Clorose generalizada nas folhas mais velhas
-N, -Mo, -K, -Mg
Crescimento muito lento ou travado
-N, -P ou -K
Clorose generalizada nas folhas mais velhas, com rápida e acentuada queda de folhas e sem presença de clorose internerval típicas noutras folhas mais novas.
-N
Clorose generalizada nas folhas mais velhas, com presença de clorose internerval, avançando pelas margens dos bordos em direção ao centro da folha. Próximo à margem do limbo, a clorose torna-se generalizada.
-K
Manchas foliares oleosas nas folhas mais velhas associado com intensa falha na emergência; perda intensa de folhas velhas e manchas aquosas nas novas.
+N ou K
Crescimento reduzido da planta, porém com folhas intensamente mais verde-escuro. Surgimento de pontuações negro-esverdeada sobre o limbo; clorose amarelo-bronze-enferrujada; necrose das margens das folhas; queda acentuada de folhas cloróticas, com manchas ferruginosas.
-P
Clorose generalizada nas folhas mais velhas com presença de clorose internerval típica e persistente por toda a folha.
-Mg
Clorose generalizada nas folhas mais velhas que avança muito lentamente para cima, com pouco desfolhamento, ligeira perda de cor verde de baixo para cima e ausência de folhas com clorose internerval.
-Mo
Folha recém-expandida com reviramento de bordo e clorose amarelada persistente; baixo crescimento; com superbrotamento; arqueamento de folhas sobre o caule, murchamento e queda. Folhas típicas de chapéu de palhaço, com presença de manchas aquosas entre os lóbulos.
- Ca
Clorose verde-limão típica na folha mais nova que avança muito rapidamente para as folhas vizinhas, as quais podem adquirir o aspecto de chapéu de palhaço com bordos revirados para baixo. A folha mais nova tem aspecto de copo ou taxa. Plantas com crescimento reduzido.
- S
Folhas mais novas com lóbulos indiferenciados, grossas e ásperas, com morte de gema apical ou superbrotamento visível; plantas adultas cujas folhas não resistem à murcha nos horários com temperatura mais elevada, não consegue se reidratar e seca; quebra fácil do pecíolo. Cachos muito pequenos, com visível falha na fertilização; queda intensa de frutos novos; cacho tortuoso.
-B
Folhas mais novas com clorose acentuada, formando uma rede fina típica sobre um fundo amarelado.
- Fe
Folhas mais novas com clorose mediana a leve, formando uma rede grossa sobre um fundo verde-amarelado.
- Mn
Folha recém-expandida com lóbulo maior excessivamente desenvolvido, na forma de dedos; ligeira clorose na folha, com ou sem pontuações amareladas na região internerval.
- Zn
Crescimento reduzido sem causa nutricional aparente
Compactação do solo
Morte das raízes e murchamento da planta
Excesso de água
Baixo crescimento, com sintomas generalizados de deficiência de diversos nutrientes no campo
Acidez excessiva
Planta pequena com raízes curtas, grossas e coraloides
+ Al
Fonte: Ferreira et al. (2008).


Correção de deficiências minerais na cultura da mamona
A correção de deficiências de nutrientes na cultura da mamona deve ser feita, prioritariamente, pelas adubações minerais e orgânicas baseadas na análise do solo, aplicada no plantio e em cobertura, no período do florescimento. Não há dados na literatura sobre adubação foliar na cultura e o uso de pulverizações deve ser restrito a condições bem específicas para evitar queima generalizada das folhas. As diferentes soluções vendidas no mercado com macro e micronutrientes para adubação foliar podem ser usadas para corrigir deficiências específicas. Porém, deve-se usar sempre soluções mais diluídas do que o recomendado para outras culturas até que se tenha trabalhos mais detalhados com indicações de concentrações específicas para uso na mamoneira.

Em geral, é necessário que se faça boa correção da acidez do solo com mínimo de 90 dias de antecedência a data do plantio, para que a mamona possa desenvolver todo seu potencial produtivo. Assim, o uso de calcário para corrigir a camada superficial do solo, para atingir uma saturação por bases trocáveis (Ca, Mg e K) de 60% da CTC a pH 7,0, é obrigatório se o agricultor deseja ter boas produtividades em solos ácidos. Em havendo veranicos na região, é essencial corrigir o perfil com gesso agrícola, onde se recomenda aplicar 50 kg de CaSO4.2H2O para cada 1% de argila do solo.

Para as condições de solo de região semiárida e cultivo em sequeiro, o uso das doses de nutrientes especificadas na Tabela 3 permite a obtenção de boas produtividades. Porém, para condições de solos ácidos típicos de mata e cerrado brasileiros, é mais apropriado o uso das adubações prescritas nas Tabelas 4 e 5. Em todo caso, é recomendado aplicar uma adubação corretiva de micronutrientes e, onde o solo apresentar mais de 3% de matéria orgânica, deve-se suspender a adubação mineral nitrogenada no plantio e só aplicar em cobertura se o crescimento da planta for menor do que o esperado.

Tabela 3. Recomendação de adubação para a região semiárida do Brasil.
Teor no solo
Plantio
Cobertura
Kg/ha

Nitrogênio (N)
(Não analisado)
15
20
mg/dm3 de P_Mehlich-1
Fósforo (P2O5)
<11 o:p="">
50
-
11-20
40
-
>20
30
-
cmolc/dm3 de P_Mehlich-1
Potássio (K2O)
<0 o:p="">
40
-
0,13-0,23
30
-
>0,23
20
-
1. A fertilização de cobertura deverá ser realizada 50 a 80 dias após a emergência (ou no início do florescimento), utilizando o sulfato de amônio, preferencialmente.
2. Aplicar B (1,0 kg/ha), Cu (0,5 kg/ha), Mn (1 kg/ha), Mo (0,4 kg/ha) e Zn (1 kg/ha) no primeiro ano de plantio em área nova; repetir a aplicação de 1 kg/ha/ano de B até que a análise de solo acuse valor de B disponível maior ou igual a 0,5 mg/dm3.
3. Se disponível, o autor recomenda a aplicação de até 15 m3/ha de esterco curtido ou 2-4 m3/ha de esterco de galinha ou torta de mamona. Neste caso, suspender a adubação nitrogenada ou aplicar apenas metade do previsto em cobertura.
Fonte: Coutinho (1998); Beltrão et al. (2005); e Severino et al. (2006).
Tabela 4. Recomendação de adubação para a cultura da mamoneira.

P_Resina, mg/dm3
K+, mmolc/dm3
0,0-0,7*
0,8- 1,5
>1,5
kg/ha de N-P2O5-K2O
0-6*
15-80-40
15-80-30
15-80-20
7-15
15-60-40
15-60-30
15-60-20
>15
15-40-40
15-40-30
15-40-20
*Extrator Resina de troca iônica.
A adubação de cobertura é feita na quantidade de 30 a 60 kg/ha de N, aplicado aos 50 dias da emergência (preferencialmente, na emissão da inflorescência). A calagem é recomendada com base na saturação de bases, para 60%, e deve ser feita com a antecipação de dois a três meses antes do plantio.
Deve-se aplicar uma correção com micronutrientes de: B (2,0 kg/ha), Cu (2 kg/ha), Mn (6 kg/ha), Mo (0,4 kg/ha) e Zn (6 kg/ha) no primeiro ano de plantio em área nova; aplicar a lanço em área total ou aplicar 1/3 da dose indicada no sulco de plantio por três anos consecutivos; repetir a aplicação de 1 kg/ha/ano de B até que a análise de solo acuse valor de B maior ou igual a 0,5 mg/dm3. Reaplicar todos os nutrientes após 4 anos de cultivo sucessivo no área ou quando os teores da análise de solo ou de planta estiverem baixo.
Fonte: Savy Filho (2005a); Galrão (2004), com adaptações.
Tabela 5.  Interpretação e recomendação de adubação com micronutrientes para o Cerrado.
Teor**
Interpretação*
Recomendação de adubação***
Boro
Cobre
Manganês
Zinco
Boro
Cobre
Manganês
Zinco
mg/dm3
kg/ha
Baixo
0-0,2
0-0,4
0-1,9
0-1,0
0,7
0,7
2,0
2,0
Médio
0,3-0,5
0,5-0,8
2,0-5,0
1,1-1,6
0,5
0,5
1,5
1,5
Alto
>0,5
>0,8
>5,0
>1,6
0
0
0
0
*Adubação feita na linha de plantio. **B (extrator água quente); Cu, Mn e Zn (Mehlich-1). ***Aplicar também 0,4 kg de Mo, em área total, ou no período de 3 anos consecutivos.
Fonte: Galrão (2004).

Deve-se fazer o acompanhamento do estado nutricional da cultura para ajuste na adubação, se for necessário. Em geral, os teores mostrados no limbo da folha recém-expandida do caule principal, no início do florescimento, com os valores apresentados na Tabela 6 são considerados adequados.

Tabela 6. Teores de macro e micronutrientes no limbo da folha recém-expandida, na época do florescimento, considerados adequados para o estado nutricional da mamoneira.
Status
N   
P
K
Ca
Mg
S
                 g/kg
Adequado
40-50
3,0-4,0
30-40
15-25
2,5-3,5
3,0-4,0

B
Cu
Fe
Mn
Mo
Zn
Adequado
20-30
4-10
25-100
20-150
-
15-40
Fonte: Oliveira (2004).





domingo, 19 de abril de 2020

Clima e Solo para a Mamona




Clima

Latitude e altitude
A mamoneira é uma planta heliófila, e vegeta bem em climas tropicais e subtropicais e pode ser explorada comercialmente entre as latitudes 40o N e 40o S. No Brasil ela é encontrada como planta asselvajada desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia. A mamoneira é encontrada vegetando em altitudes desde o nível do mar até 2.300 m. A altitude, pode influenciar na expressão sexual da mamona, apesar da base genética, está diretamente relacionada com a temperatura.

A mamoneira é considerada uma planta de dias longos, embora se adapte bem às regiões com fotoperíodos curtos, desde que não sejam inferiores a 9 horas. Seu melhor desenvolvimento ocorre em áreas com boa insolação, com pelo menos 12 horas de sol por dia, sendo que dias longos favorecem a formação de flores femininas, enquanto os curtos favorecem as masculinas. Nesse sentido, a altitude tem sido considerada como critério no zoneamento dessa cultura, pois a mesma interfere diretamente sobre o fotoperiodismo, taxa de nebulosidade diária, densidade da radiação solar diária, temperatura e umidade relativa do ar, além de alterar a relação de flores femininas/masculinas, bem como o número médio de flores femininas por cacho (WEISS, 1983).

Pluviosidade/umidade

A mamoneira é relativamente tolerante à seca. A planta utiliza vários mecanismos para suportar a limitação de água, tais como crescimento das raízes em profundidade, aumento da cerosidade, redução do tamanho das folhas, ajuste osmótico etc. A tolerância da mamoneira à seca é importante para que ela suporte alguns períodos de seca e possa voltar a produzir quando a água voltar a ser disponível. No entanto, a planta não é capaz de ter alta produtividade se não houver disponibilidade adequada de água, seja da chuva ou de irrigação.

A maior exigência de água desta oleaginosa ocorre no inicio da fase vegetativa. Para ter uma produção economicamente viável, é preciso que no inicio do enchimento dos frutos a planta tenha recebido em torno de 500 mm. Se a quantidade de água for maior (entre 500 mm e 1000 mm), a produtividade também será maior. No período de floração, alta umidade relativa do ar (acima de 80%) junto com temperaturas mais amenas (em torno de 22 oC), podem favorecer o desenvolvimento de mofo cinzento o qual é a mais grave doença da mamoneira. Altas temperaturas também podem favorecer outras doenças como cercosporiose e podridão das raízes.

Temperatura

A mamoneira se desenvolve bem com produção com valor comercial em ambientes com uma faixa de temperatura variando de 20ºC a 35ºC, sendo que a temperatura ideal é de 28ºC. Plantas cultivadas sob temperatura superior a 40ºC no período de floração podem apresentar senescência das flores, prejudicando a produção de frutos, podendo ocorrer ainda a reversão sexual das flores, aumentando a quantidade de flores masculinas e diminuindo a quantidade de flores femininas. Entretanto, plantas cultivadas sob temperaturas médias inferiores a 10ºC podem apresentar pólen danificado, comprometendo a produção de sementes.

Temperaturas infra e supra-ótimas interferem na produtividade da cultura: ambientes com temperatura noturna em torno de 30ºC aumentam a respiração e diminuem a fotossíntese, reduzindo o crescimento e a produção (BELTRÃO et al, 2008). A mamoneira não suporta temperaturas abaixo de 0 oC, embora possa resistir a uma geada leve e de curta duração. Temperaturas amenas (15°C - 20oC) podem também tornar lento o enchimento das sementes.

Necessidades hídricas

A mamoneira é considerada uma espécie tolerante à seca. Porém, esta tolerância depende do adequado crescimento das raízes e por isto não é recomendado plantar mamona em solos rasos nos quais as raízes não poderão crescer em profundidade. Para a mamoneira, o período entre a brotação e a floração, representa o período de maior demanda de água, com necessidade de pelo menos 400 mm (TÁVORA, 1982). A escassez de água naquela fase pode causar redução da produtividade.

Em ambientes com precipitação pluvial acima de 700 mm, a mamoneira pode atingir produtividade superior a 1500 kg/ha (BELTRÃO; SILVA, 1999; WEISS, 1983). Na região semiárida do Nordeste, tem-se atingido produtividades de 500 kg/ha1, em sistema de sequeiro. É importante ressaltar a importância de se realizar a semeadura no início do período recomendado para a região, pois assim é maior a probabilidade de haver água disponível no solo, do contrário, a quantidade de água disponível pode ser reduzida, comprometendo assim a produtividade.

Entre a floração e a maturação dos frutos, é desejável que a umidade relativa do ar seja baixa para que se evite o desenvolvimento de doenças nas folhas e o mofo cinzento (que se desenvolve com alta umidade e temperatura amena).

Solo

A mamoneira desenvolve-se e produz bem em vários tipos de solo, com exceção daqueles de textura muito argilosa, que apresentam deficiência de drenagem e aeração. Solos profundos, com boa drenagem, de textura franca e bem balanceado quanto aos aspectos nutricionais, favorecem o seu desenvolvimento. O sistema radicular da mamoneira tem capacidade de explorar as camadas mais profundas do solo, que normalmente não são atingidas por outras culturas anuais, como soja, milho e feijão, promovendo o aumento da aeração e da capacidade de retenção e distribuição da água no solo.

A mamoneira é exigente em fertilidade, devendo ser cultivada em solos com fertilidade média a alta. A cultura prefere solos com pH entre 5 e 6,5, produzindo em solos de pH até 8,0. A mamoneira não é capaz de atingir produtividade satisfatória em solos de baixa fertilidade ou alta acidez, mesmo que haja boa disponibilidade de água. O solo para plantio de mamona deve ser bem drenado, pois a planta é extremamente sensível ao encharcamento, mesmo que temporário.

Cerca de três dias sob encharcamento podem provocar morte das plantas. Solos com alta salinidade também são pouco recomendados, pois a presença de alta concentração de sais pode prejudicar o crescimento da planta. O cultivo da mamoneira em solo impróprio pode constituir sério fator de degradação dos solos de uma região, por essa cultura apresenta um baixo índice de área foliar, deixa o solo mais susceptível ao impacto das gotas da chuva.





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