segunda-feira, 7 de maio de 2018

Sistemas de plantio para o Eucalipto


Considerações gerais

O plantio é uma das operações mais importantes para o sucesso da implantação de florestas. A adoção do sistema adequado requer uma definição clara de objetivos e usos potenciais dos produtos e subprodutos que se espera da floresta.
O sucesso de um plantio e a obtenção de povoamentos produtivos e com madeira de qualidade deve ser pautado por práticas silviculturais tais como: a escolha e limpeza da área, controle de pragas e doenças, definição do método de plantio e tratos culturais. 
O plantio se caracteriza pela colocação da muda no campo. Pode ser (a) mecanizado, ou semi mecanizado e (b) manual, dependendo da topografia, recursos financeiros e disponibilidade de mão-de-obra e/ou equipamentos.
  1. O plantio mecanizado ou semi-mecanizado aplica-se onde o relevo é plano, possibilitando o uso de plantadoras tracionadas por tratores. As plantadoras, normalmente, fazem o sulcamento, distribuem o adubo e efetivam o plantio. No sistema semi-mecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizadas e o plantio propriamente dito é manual. 
  2. O plantio manual é recomendado para áreas declivosas ou em situações onde não é viável o uso de máquinas agrícolas. 
Os plantios de eucaliptos realizados no Sul do Brasil, em sua maioria, adotam o sistema manual, em função da rusticidade da espécie, da disponibilidade de mão-de-obra e, em muitas situações, pelas condições de relevo. 
Alguns fatores importantes devem ser definidos previamente ao plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio, as operações de manejo, os tratos culturais e a adubação das mudas. Constituem-se operações básicas para a implantação de um maciço florestal o preparo de solo e o plantio.

Preparo do solo

Os principais tópicos associados ao preparo do solo são:
1. Planejamento do plantio
No planejamento definem-se as vias de acesso e o dimensionamento/posicionamento dos talhões, ações que facilitarão as operações de plantio, tratos culturais, operações de proteção, principalmente controle de fogo e as operações de retirada da madeira. 
Observe-se que o dimensionamento/posicionamento dos talhões assume importância estratégica, pois as operações de colheita (derrubada e retirada da madeira) são responsáveis por mais de 30% do custo da madeira produzida e colocada no pátio da fábrica.
2. Construção de estradas 
A construção das vias de acesso deve considerar a distância máxima do arraste ou transporte da madeira no interior da floresta, que por razões técnicas e econômicas não devem ultrapassar 150 m. Assim, os talhões devem ser dimensionados com a largura máxima de 300 m e com comprimento variando de 500 a 1.000 m. 
A definição do tamanho do talhão é importante também para a proteção da floresta em caso de incêndio. Por exemplo, em áreas declivosas, a distância de arraste não deve exceder 50 m. 
3. Aceiros
Os aceiros separam os talhões e servem de ligação às estradas de escoamento da produção. Podem ser internos (com largura de 4 a 5 m) ou de divisa (com largura de 15 m). A cada quatro ou cinco talhões recomenda-se ainda que se estabeleça aceiros internos de 10 m de largura. É desejável que os aceiros possuam leitos carroçáveis, com aproximadamente 60% da largura. 
A área total ocupada por aceiros, considerando áreas planas ou suavemente onduladas, deve ser da ordem de 5% da área útil.
4. Limpeza 
A limpeza da área para plantio corresponde às operações de derrubada, remoção e enleiramento da vegetação/resíduos da exploração. 
Na limpeza recomenda-se retirar apenas o material lenhoso aproveitável, como por exemplo, a lenha (energia ou carvão) e madeira para serraria, moirões etc., sendo que o restante do material, considerado como resíduo da exploração, deve permanecer no campo como uma importante reserva de nutrientes a ser reciclada.
Dependendo da densidade da vegetação a ser retirada e do relevo local (observe-se os aspectos legais), pode-se utilizar equipamentos e/ou máquinas pesadas. 
5. Preparo do solo propriamente dito 
As áreas destinadas ao cultivo de espécies florestais devem receber cuidados especiais, visto que delas dependerão, em grande parte, o resultado econômico da atividade. 
O principal objetivo do preparo da área é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo. Como condições adequadas pode-se considerar a redução da competição por plantas daninhas, melhoria das condições físicas do solo (ausência de compactação) e a presença de resíduos da exploração (folhas e galhos devidamente trabalhados para não prejudicarem as operações que demandam uso de máquinas).
Estes resíduos são importantes na manutenção da matéria orgânica no solo e consequentemente na ciclagem e disponibilização de nutrientes às plantas. Alguns fatores importantes devem ser definidos antes do plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio e suas características.  
6. Espaçamento 
O espaçamento influenciará as taxas de crescimento, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as práticas de manejo e consequentemente os custos de produção. 
O espaçamento ou densidade de plantio é provavelmente uma das principais técnicas de manejo que visa a qualidade e a produtividade da matéria-prima. Deve ser definido em função dos objetivos do plantio, considerando-se que a influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que em altura.
O planejamento da densidade de plantio também deve visar à obtenção do máximo de retorno por área. Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as árvores não aproveitarão todos os recursos como água, nutrientes e luz disponíveis e, por consequência, haverá menor produção por unidade de área. Mas, por outro lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo de volume e na própria qualidade das árvores. 
Normalmente os plantios são feitos sob espaçamentos variando entre 3x1,5m, 3x2m, 3x2,5m, 2,5x2,5m e 3x3m, os quais favorecem os tratos culturais mecânicos.
Empresas integradas destinam a madeira dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes do povoamento, com porte mais expressivo, são utilizadas para a fabricação de serrados ou para a laminação. 
Em síntese, tem-se:
  • Espaçamentos maiores (densidade baixa): menor produção em volume individual, menor custo de implantação, maior número de tratos culturais, maior conicidade de fuste e desbastes tardios. 
  • Espaçamentos menores (densidade alta): maior produção em volume por hectare, rápido fechamento do dossel, menor número de tratos culturais, menor conicidade do fuste e exigem desbastes precoces.
Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima para fins de fabricação de papel e celulose ou serraria e laminados.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Produção de mudas de Eucalipto



Substratos

A definição do substrato a ser utilizado num viveiro florestal depende da análise de uma série de fatores, dentre eles destacam-se:
  1. Espécie a ser semeada;
  2. Disponibilidade próxima do local do viveiro de matérias-primas para composição do substrato, caso a decisão seja a produção própria do substrato;
  3. Sistema de irrigação utilizado nas diferentes etapas da produção da muda (semeadura, crescimento e rustificação).
  4. Tipo de embalagem utilizada;
  5. Relação custo/benefício.
Atualmente, o solo puro como substrato para viveiros não tem sido muito utilizado por diversas razões, podendo-se destacar o problema ambiental criado com a retirada do solo. A dificuldade de seu manuseio no viveiro em vista de seu elevado peso; se for de superfície, pode carregar sementes de plantas invasoras e esporos de patógenos, impróprio para a utilização em recipientes como os tubetes plásticos.
Existem vários componentes que podem ser utilizados para a produção de substratos, a saber: aqueles classificados como inertes como vermiculita (nome comercial de produto a base de mica expandida), casca de arroz carbonizada, moinha de carvão vegetal e orgânicos como turfa, bagaço de cana decomposto, fibra de coco, estercos de bovino, aves e suínos, cascas de pínus ou eucaliptos, compostos derivados de resíduos orgânicos, etc.
Cada um destes componentes apresenta suas peculiaridades em relação ao teor de nutrientes (macros e micros) e a disponibilização dos mesmos às mudas, condutividade elétrica, capacidade de retenção e disponibilização de água, compactação sob irrigação, granulometria e porosidade, etc.
A produção de substratos normalmente envolve conhecimentos específicos sobre as características físico-químicas de seus componentes e a maneira pela qual interagem quando misturados. Suas implicações na produção das mudas variam em função da espécie, do sistema de irrigação disponível no viveiro e da disponibilidade local dos componentes a serem utilizados.
É desejável que o substrato possua características como:
a) Porosidade: é determinada pelo grau de agregação e estruturação das partículas que compõem o substrato, devendo apresentar um bom equilíbrio entre os microporos que retém água, e os macroporos que retém o ar. Esse equilíbrio é que determinará a capacidade de drenagem do substrato.
b) Retenção de umidade: de grande importância para se determinar o regime de irrigação. É determinada pelo teor, quantidade e qualidade dos componentes do substrato, principalmente a matéria orgânica e alguns tipos de material inerte, como a vermiculita.
Alguns materiais como a fibra de coco retém grande quantidade de água, o que pode reduzir substancialmente a necessidade de irrigações ao longo do dia, principalmente no inverno.

c) Granulometria: é recomendável que os componentes do substrato apresentem densidades semelhantes para evitar fracionamento das partes, principalmente no momento do enchimento dos recipientes, quando se utiliza mesa vibratória. Componentes muito finos também podem interferir na capacidade de drenagem do substrato, o que é prejudicial para a formação das mudas.
d) pH: a acidez de um substrato é medida ao final da mistura de componentes, devendo variar entre 6 a 6,5 (medido em H2O). Valores abaixo ou acima desta faixa trazem problemas à formação das mudas devido à indisponibilidade de alguns nutrientes e à fitotoxidez. O ajuste do pH do substrato (acidificação ou calagem) nem sempre fornece bons resultados. Por isso, a escolha de componentes da mistura que variem o pH dentro da faixa recomendada e a mistura resultante que se mantenha dentro da faixa de tolerância, com um bom poder tampão, facilita o manejo deste parâmetro.
Características químicas desejáveis: 
- pH em H2O: 6,0 a 6,5
- Fósforo: 300 a 600 g/cm-³
- Potássio (níveis de (K/T-¹ x 100): 5 a 8%
- Cálcio + Magnésio (níveis de Ca + Mg/T-¹ x 100): 85 a 95%
Obs.: T = capacidade de troca catiônica

Recipientes

A escolha do recipiente determina todo o manejo do viveiro, o tipo de sistema de irrigação a ser utilizado e sua capacidade de produção anual. Dentre os tipos de recipientes que podem ser utilizados na produção de mudas de eucalipto, podem-se citar:
a) Sacos plásticos: ainda hoje utilizados, porém seu uso vem diminuindo gradualmente, devido à grande quantidade de substrato necessário ao seu enchimento, peso final da muda pronta, menor produção de mudas por área de viveiro, maior necessidade de mão-de-obra, dificuldades de transporte, além de gerar grande quantidade de resíduos no ato do plantio devido ao seu descarte.
b) Tubetes plásticos: utilizados na capacidade de 50 cm³ e acondicionados em bandejas próprias, são os recipientes com melhor aceitação no mercado atualmente. Apresentam como vantagens o uso racional da área do viveiro, permitindo o acondicionamento de um número grande de mudas, automatização do sistema de produção, desde o seu enchimento até a semeadura e expedição das bandejas para a área de germinação. Os tubetes também podem ser reutilizados por mais de cinco anos, dependendo da qualidade do plástico utilizado na sua fabricação e do adequado armazenamento.
O uso de tubetes requer um cronograma rígido de produção e expedição de mudas para o campo. A manutenção das mudas por um período além daquele necessário à rustificação pode causar a morte de raízes e deficiências nutricionais, o que resulta em menor sobrevivência das mudas no plantio a campo ou mortes posteriores, por problemas de baixa capacidade de absorção de água ou tombamentos das árvores pelo vento devido à má distribuição das raízes no solo. Um cuidado especial na escolha dos tubetes é em relação à existência de frisos internos que direcionem as raízes para a abertura inferior dos mesmos, onde serão podadas pelo contato com o ar. Além disso, a existência de rebarbas de plástico na parte inferior dos tubetes de má qualidade causa problemas de enovelamento das raízes da parte basal das mudas, conforme pode ser observado na Figura 1.
Foto: Ivar Wendling
Figura 1. Muda com raiz enovelada em função de tubete de má qualidade.
Foto: Ivar Wendling
Figura 2. Tubete para produção de mudas de eucalipto: A) visão geral, com frisos internos e abertura lateral; B)detalhe dos frisos até a base do tubete; C) detalhes dos frisos até a parte superior do tubete.
Orifícios laterais na parte basal dos tubetes têm sido recomendados por diminuírem a concentração de raízes naquela parte, formando-se, com isso, um sistema radicular mais aberto na base.
Há algum tempo, tubetes biodegradáveis estão sendo desenvolvidos e testados. Entretanto, até o momento, estes não têm sido utilizados em escala comercial. Segundo citações, as vantagens deste tipo de tubete em relação ao tradicional seriam:
  • Diminuição de despesas com mão-de-obra e materiais, tanto no viveiro quanto no plantio a campo, uma vez que não haveria necessidade de limpeza dos tubetes, retirada das mudas dos mesmos antes do plantio, nem retorno dos tubetes ao viveiro.
  • Menor demanda de espaço para armazenamento.
  • Não geração de resíduos (tubetes estragados).
  • Melhor conformação do sistema radicular, uma vez que as raízes poderiam transpor a parede do tubete e não seriam todas direcionadas para a base.
Como desvantagens dos tubetes biodegradáveis, podem ser citadas a necessidade desses serem diferenciados para distintos tempos de produção de mudas, o que é variável em função de espécies e condições de manejo. Embora ainda não se tenham resultados efetivos em termos de custos, pressupõe-se que este tipo de recipiente possa vir a apresentar custos mais elevados em relação aos demais.
Sistemas conjugados substrato/recipiente são aqueles que funcionam como recipiente e substrato ao mesmo tempo. Esses são constituídos de materiais orgânicos prensados (geralmente turfas), os quais, após umedecidos se expandem. Quando a muda estiver no ponto de plantio definitivo, esta é levada ao campo e plantada com o material, não havendo a necessidade de ser retirada da embalagem.
Os sistemas conjugados de produção de mudas reduzem o gasto com mão-de-obra, uma vez que não há necessidade de preparação do substrato, do enchimento das embalagens e da retirada da embalagem na hora do plantio. Além disso, segundo estudos realizados, as mudas produzidas nestes tipos de recipientes apresentam melhor desempenho de crescimento a campo, com menor deformação das raízes quando comparadas com mudas produzidas em tubetes plásticos.
Diferentes tipos desses materiais foram desenvolvidos para produção de mudas em sistemas conjugados: aqueles onde os blocos são individualizados (um bloco ou torrão para cada muda) e aqueles onde os blocos funcionam como uma bandeja (blocos prensados), onde se produzem várias mudas, as quais na hora do plantio são individualizadas por meio de máquinas específicas. No Brasil, esses sistemas de produção de mudas não têm sido utilizados em escala comercial.

Enchimento de recipientes

A colocação do substrato nos recipientes requer alguns cuidados para se evitar que o mesmo se torne pouco compactado, com falhas no interior do recipiente (Figura 3) ou compactado em excesso, prejudicando a drenagem, a germinação das sementes e o desenvolvimento do sistema radicular. Para recipientes de enchimento manual, como os sacos plásticos, apenas a experiência poderá definir o quanto o substrato poderá ser compactado, sem excesso, de modo a não se desagregar no momento da retirada da muda, e ao mesmo tempo permitir um bom desenvolvimento do sistema radicular.
Foto: Ivar Wendling
Figura 3. Muda de eucalipto produzida em substrato pouco compactado no momento do enchimento do tubete.
No caso de tubetes, existem máquinas próprias para o seu enchimento, também conhecidas como mesas vibratórias, que permitem dosar a quantidade de substrato e a compactação do mesmo por todo o perfil da embalagem de maneira adequada (Figura 4), embora ofereçam grandes riscos de compactação imperfeita caso não sejam bem manejadas.
Fotos: Ivar Wendling 

Figura 4. Mesa vibratória para enchimento de tubetes em bandejas de plástico e de metal.
 
É importante ressaltar que, para qualquer tipo de embalagem ou substrato, no momento do enchimento do recipiente, o substrato deverá estar adequadamente umedecido (nunca encharcado), para a melhor agregação das partículas e a compactação adequada. Em substratos secos, as partículas não se agregam e não permitem a sua compactação e, no caso de recipientes com o fundo aberto, como é o caso dos tubetes, os substratos escoam pela parte inferior.

Sistemas de irrigação

A irrigação é um dos fatores de maior importância para o viveiro. O excesso e a falta d`água podem comprometer qualquer uma das fases de formação das mudas.
À escolha do equipamento adequado associa-se o manejo do sistema como um todo, onde devem ser considerados dentre outros fatores, o tipo de substrato e recipientes utilizados pelo produtor, a espécie escolhida para a produção de mudas, a fase de desenvolvimento em que a muda se encontra (germinação – incluindo repicagem, crescimento ou rustificação), a época do ano em que se está produzindo, a região onde está instalado o viveiro, em função da temperatura e do regime de chuvas e hora do dia em que se está realizando a operação de irrigação.
Assim, em regiões de calor intenso com inverno ameno, normalmente, a exigência das mudas por água em qualquer fase do desenvolvimento é maior que em regiões de clima temperado ou subtropical. Por outro lado, alguns tipos de substratos, por terem menor capacidade de retenção de água, exigem que se aplique mais água a cada irrigação ou que se aumente a frequência das mesmas.
As horas do dia em que deverá ocorrer a irrigação também merecem atenção. É recomendável que a mesma se processe nas primeiras horas do dia, após às 15h e ao entardecer. O tempo que o sistema deve permanecer ligado e o número de irrigações ao longo do dia devem ser determinados pela prática, observando-se se, após a irrigação, ao processar o substrato esse se encontra suficientemente úmido sem estar encharcado e se, no intervalo entre uma irrigação e outra, não ocorre murchamento das mudas por falta de água.
É importante ressaltar que, para cada etapa de formação das mudas e para diferentes tipos de recipientes, existem diferentes sistemas de irrigação, com bicos de diferentes vazões, pressão de trabalho e área de cobrimento (Figura 5).
Existem empresas especializadas que prestam assessoria e ajudam o produtor a determinar o melhor equipamento para o seu sistema de produção.
Foto: Márcio Pinheiro Ferrari
Figura 5. Irrigação por aspersão em mudas de Pinus taeda, em início da fase de rustificação (MANASA).

Controle fitossanitário

Em todas as etapas de formação das mudas pode ocorrer o aparecimento de pragas e doenças como o tombamento, podridões de raiz e outros, levando à acentuada mortalidade, se medidas de controle não forem tomadas. É importante, nesses casos, procurar identificar o agente causal para se decidir pelo melhor controle.
A utilização de quaisquer produtos químicos requer cuidados especiais quanto à segurança do aplicador, doses a serem aplicadas e quanto ao descarte das embalagens, estando as instruções descritas nos rótulos das embalagens dos produtos.
O aparecimento de doenças e pragas muitas vezes está associado ao manejo inadequado do regime hídrico do viveiro, à ocupação excessiva de mudas por unidade de área e ao sombreamento excessivo na fase de germinação
Medidas como a diminuição da quantidade de água aplicada, diminuição do sombreamento e maior espaçamento entre mudas aumentam a aeração, diminuindo o excesso de umidade no micro ambiente das bandejas, desfavorecendo a propagação de fungos.

Geadas

A produção de mudas no inverno em regiões sujeitas a geadas é problemática, principalmente para viveiros que possuem a fase de germinação fora da estufa. Para esses casos, é recomendável que as semeaduras sejam realizadas fora desse período.
Algumas providências podem ser adotadas antecipadamente pelo produtor para tornar as mudas mais resistentes aos efeitos das geadas, principalmente se as mesmas se encontrarem na fase de crescimento, destacando-se:
  1. Redução do nitrogênio no programa de adubação de crescimento um mês antes do período mais crítico;
  2. Construção de estruturas provisórias (“estufins”) sobre as bandejas com recobrimento de filme plástico adequado, até o chão. O plástico das paredes laterais das estruturas deve ser removido ou enrolado durante as horas mais quentes do dia e abaixados a partir das 15h para a conservação do calor interno, o que manterá a temperatura interna acima de 0ºC;
  3. Medidas emergenciais como nebulização e irrigação do viveiro. A irrigação deverá permanecer até as primeiras horas do dia, quando a temperatura começar a se elevar. Caso seja interrompida antes, pode aumentar a mortalidade das mudas, em função do congelamento da água sobre as folhas ou no sistema radicular.

Etapas de formação das mudas

A formação das mudas de eucalipto é uma das fases mais importantes da produção e é constituída de etapas às quais deve-se dedicar o máximo esmero, a saber: semeadura, crescimento das mudas e rustificação das mudas.
Semeadura
A semeadura é uma das etapas que mais influencia no índice de germinação das sementes e, consequentemente, no rendimento do viveiro. Para o êxito da operação, algumas considerações devem ser observadas:
1. Preparo da semeadura e semeio
Por seu tamanho, as sementes de eucalipto apresentam-se, muitas vezes, com uma quantidade alta de material inerte misturado, principalmente sementes não fecundadas, reduzindo o número de sementes viáveis por quilo. Por isso, é recomendável passar a semente por um separador de ar. Com o uso de peneiras classificadoras e de agitador mecânico, pode-se separar as sementes do lote por tamanho. Este procedimento aumenta o seu teor de pureza e a velocidade de germinação das sementes. Recomenda-se também a peletização das sementes, visando o aumento de seu tamanho, facilitando a semeadura e aumentando a eficiência do processo.
O processo de semeadura pode ocorrer pelo método mecânico, com a utilização de seringas e bandejas de semeadura ou máquinas automáticas ou semi-automáticas (Figura 6), com diferentes princípios de funcionamento e produtividades. O que determinará a escolha do método de semeadura a ser empregado é a quantidade de mudas a ser produzida anualmente, justificando-se ou não a mecanização da atividade e o porte do equipamento a ser adquirido.
Fotos: JT-Agro®
 
Figura 6. Máquina a vácuo para semeadura.
As seringas de semeadura são uma alternativa simples e barata, embora não se tenha precisão na quantidade de sementes depositadas por recipiente. Elas podem ser facilmente montadas, com materiais simples e facilmente disponíveis, como canos de PVC ou com a utilização de um paliteiro de plástico, conforme visualizado na Figura 7 ou outra embalagem plástica de formato parecido.
A regulagem do tamanho do furo ou ranhura para a entrada das sementes permite a utilização da seringa com diferentes tamanhos de semente. Para a semeadura com a seringa, basta colocar a boca de saída das sementes sobre o centro do recipiente onde serão semeadas e apertar a haste dosadora que empurrará as sementes para fora da seringa.
As bandejas de semeadura consistem de duas chapas de plástico reforçado ou outro material que se encontram sobrepostas e apresentam furos, em espaçamentos pré-definidos. As sementes ficam na parte de cima da bandeja e após um movimento da chapa, os furos desta e da chapa de baixo se encontram, originando um orifício por onde ocorre a queda da(s) semente(s) (Figura 8). No caso do eucalipto, em função do pequeno tamanho das sementes, este tipo de bandeja é recomendado somente para sementes peletizadas.
Foto: Ivar Wendling
Figura 7. Seringa de semeadura montada a partir de um paliteiro de plástico.
Foto: Ivar Wendling
Figura 8. Bandeja de semeadura.
A semeadura manual é vantajosa para pequenas quantidades de sementes, porém, alguns cuidados devem ser observados como:
  • Após o enchimento dos recipientes, proceder uma cavidade rasa central no substrato com uma pequena haste com diâmetro aproximado de 0,7 cm, que pode ser de madeira. A profundidade da cavidade não deve superar o tamanho da semente. Este procedimento evita que a semente seja enterrada a uma profundidade que impossibilite a germinação e, ao mesmo tempo, que sua deposição não ocorra de forma descentralizada, encostada na parede do recipiente, o que comprometeria o desenvolvimento das raízes;
  • Peneirar sobre os recipientes semeados uma fina camada do próprio substrato ou vermiculita fina, estando o material levemente umedecido. Essa camada não deve ser maior que a altura da semente deitada (aproximadamente 1 mm), para permitir a manutenção da umidade sobre a mesma.
O uso do semeador automático dispensa a marcação das cavidades, e muitos modelos realizam o recobrimento das sementes em apenas uma operação.
2. Repicagem
Normalmente, devido ao pequeno tamanho das sementes de eucalipto, não se consegue semear apenas uma por embalagem, principalmente no caso da semeadura manual, podendo-se germinar um número grande de plântulas por recipiente, as quais deverão ser removidas mantendo-se apenas uma. A utilização da repicagem aumenta o aproveitamento das sementes germinadas, reduzindo custos na compra deste insumo e permitindo um ganho de tempo no cronograma de formação de novas mudas.
O processo de repicagem deve ser realizado à sombra, quando as plântulas se apresentarem com 2,5 a 3,0 cm de altura. O arranque só deverá ser realizado após a irrigação do substrato, de modo a torná-lo o mais solto possível. Deve-se selecionar para permanecer no recipiente a plântula mais central e vigorosa, retirando todas as outras, descartando-se da repicagem as que não apresentarem tamanho adequado ou que não estiverem sadias e vigorosas.
As plântulas selecionadas para a repicagem devem ser transportadas em recipientes rasos, contendo água. Deve-se promover a repicagem o mais rapidamente possível.
Os recipientes que receberão as novas mudas, também deverão estar previamente irrigados. Realiza-se um furo central no substrato, com o uso de um furador (chucho) com o diâmetro aproximado de 8 mm, a uma profundidade de 3,5 a 4,0 cm, onde serão inseridas as plântulas a serem repicadas. Após a inserção da muda no furo, tapá-lo com uma pequena quantidade de substrato fresco e pouco úmido, mas não totalmente seco. Nesta etapa, deve-se evitar o enovelamento da raiz e o enterramento excessivo dos caules, mantendo-se as folhas cotiledonares acima do substrato. Para tanto, é necessário puxar levemente a muda para cima. 
Comprimir levemente o substrato ao redor da muda, evitando-se o esmagamento do caule. Proceder imediatamente a uma irrigação, mantendo o substrato sempre úmido, porém sem encharcamento. As mudas permanecerão à sombra (sombrite 50%) por um período de dez a quinze dias, até o seu completo pegamento. Após este período, entram na sequência normal de produção, recebendo as primeiras adubações de arranque.
De maneira geral, quando a semente não é insumo limitante, não se recomenda a realização da repicagem, uma vez que esta poderá resultar em mudas com sérios problemas nas raízes, caso não seja realizada por pessoa treinada.
3. Sombreamento
As sementes requerem um período de aproximadamente uma semana de sombra para a sua completa germinação, devendo então serem descobertas. Embora existam diferentes alternativas para este sombreamento, o mais utilizado tem sido o sombrite, com sombreamento ao redor de 50%.
Geralmente, esses sistemas contemplam o uso de casas de germinação, que nada mais são que estufas plásticas apropriadas para este fim. Neste caso, consegue-se uma vantagem inicial, que é a proteção contra as geadas e chuvas fortes, que costumam provocar a perda das sementes por lavagem do substrato.
Decorrido o período de germinação, as mudas devem ser descobertas e transferidas para estufas semelhantes, recobertas apenas com plástico, ou então transferidas para locais a pleno sol.
O processo de germinação requer um tempo aproximado de sete a dez dias no verão, e de dez a quinze dias no inverno, embora em regiões sem frio pronunciado ocorram grandes reduções nestes períodos.
4. Irrigação durante a fase de semeadura
Durante a fase de germinação das sementes e do início de crescimento das mudas, a irrigação requer extremo cuidado, pois são muito sensíveis à falta ou excesso de água. Cuidados como hora ideal para o seu procedimento, frequência e encharcamento já foram discutidos no item Sistemas de irrigação. 
Recomenda-se durante todo esse período o consumo até seis litros de água/m-² de viveiro/dia-¹. Essa quantidade deve ser ajustada para cada região, tipo de substrato utilizado e período do ano em que as mudas estão sendo produzidas.
A Figura 9 é ilustrativa dos efeitos negativos do excesso de água na etapa de germinação, que se torna irregular, além da formação de algas verdes em abundância, que competem com as plântulas por luz e nutrientes.
Foto: Márcio Pinheiro Ferrari
Figura 9. Germinação deficiente e formação de algas verdes por excesso de água.
5. Adubação na fase de germinação
Na fase de germinação das sementes, não se recomenda o uso de adubações. Os substratos adquiridos no mercado normalmente já possuem uma quantidade de nutrientes suficiente para as necessidades nutricionais das plântulas neste período inicial. Para os substratos formulados pelo produtor, deve-se proceder a incorporação de adubos conforme mencionado no item 2 (substratos).
Etapas de formação das mudas - crescimento das mudas
1. Densidade de mudas
Na fase de crescimento, as mudas apresentam um aumento das necessidades nutricionais e de consumo de água, devido à aceleração do seu metabolismo. Ocorre também uma busca mais intensa por luz solar, resultando na necessidade de modificações no manejo que vinha sendo adotado desde a fase de germinação.
No caso de utilização de sacos plásticos, é possível manter as mudas no espaçamento original da montagem dos canteiros (100% de ocupação), devido ao tamanho dos recipientes. Já para os tubetes, deve-se adotar a intercalação das mudas, com ocupação de 50% da área de cada bandeja. Esta prática permite melhor aeração entre as mudas, reduzindo o risco de contaminação por fungos patogênicos, possibilitando melhor irrigação, aplicação de adubos e insolação das mudas.
2. Irrigação durante a fase de crescimento
A irrigação das mudas nesta fase deve ser aumentada em relação à de germinação, necessitando ser condizente com o aumento da biomassa e maior metabolismo. As recomendações sobre os procedimentos a serem adotados são as mesmas em relação à fase de germinação.
A quantidade de água a ser aplicada varia em função do período do ano, da região, do tipo de substrato e da embalagem utilizada. No caso dos tubetes, no verão, recomenda-se uma aplicação que não deve ultrapassar 13 L/m-² de viveiro/dia-¹. No entanto, os ajustes devem ser feitos pelo viveirista para cada situação, verificando o estado de turgidez das mudas e o escorrimento de água do substrato, quando apertado entre os dedos.
3. Adubação na fase de crescimento
Devido ao ritmo acelerado de crescimento nesta fase, as mudas precisam de uma suplementação maior de nutrientes, sob pena de apresentarem deficiências que comprometam o seu crescimento.
Imediatamente após a saída da fase de germinação, não se recomenda uma adubação muito concentrada, para que as mudas não tenham os tecidos mais jovens e menos lignificados queimados pelo adubo. Dentre várias possibilidades, sugere-se a separação da adubação nesta etapa em duas fases distintas:

a) Adubação de arranque (1ª a 3ª semana após a saída da fase de germinação):

  • Super fosfato simples: 4,6 gramas por litro de água
  • Sulfato de amônio: 0,3 gramas por litro de água
  • Cloreto de potássio: 2,1 gramas por litro de água
  • FTE* BR 10: 0,5 gramas por litro de água
(*) produto comercial que contém micronutrientes
Os adubos deverão ser solubilizados em água, aplicando-se 3 L dessa solução para cada 1.000 tubetes (seis a oito aplicações intercaladas a cada três dias).
Antes da aplicação da solução de adubos é importante reduzir a irrigação das mudas, provocando um pequeno murchamento, de modo a otimizar o aproveitamento da solução. Se esse procedimento não for adotado, a solução aplicada pode ser perdida em função da saturação de água no substrato e consequente drenagem da água excedente. As aplicações devem ser realizadas nas primeiras horas do dia, ou ao entardecer e nunca nos horários de maior insolação e calor. Após a adubação, proceder imediatamente a uma irrigação para lavagem da parte aérea, para evitar a queima das folhas pelos adubos, especialmente por sulfato de amônio.
O ritmo proposto entre as aplicações visa manter a quantidade de nutrientes disponível no substrato, para acelerar o crescimento das plantas. Se os intervalos de aplicações fossem mais espaçados, poderia haver deficiência na disponibilidade dos nutrientes.
b) Adubação de crescimento (iniciada após a adubação de arranque):
  • Uréia: 8,0 gramas por litro de água
  • Yoorin MG (ou super fosfato simples): 6,0 gramas por litro de água
  • Cloreto de potássio: 6,0 gramas por litro de água
  • FTE BR 10: 0,5 gramas por litro de água
Os adubos deverão ser dissolvidos em água. Recomenda-se aplicar 3 L dessa solução em 1.000 tubetes (cinco a 20 aplicações intercaladas a cada três ou quatro dias).
Vale ressaltar a importância do ajuste das formulações de adubação para cada viveiro, conforme suas especificidades. Aliado a isto, há grande variedade de formulações comerciais de adubos disponíveis no mercado, com diferentes níveis de solubilidade e concentração de nutrientes, o que facilita muito os trabalhos de adubação.
As adubações podem ser processadas manualmente com a utilização de regadores, o que exige mão-de-obra previamente treinada para se evitar a aplicação irregular dos adubos, ou com o uso de aplicadores automáticos, que processam as adubações nas concentrações e horas pré-estabelecidas. Sistemas totalmente automatizados são baseados na condutividade elétrica das soluções aplicadas. A aquisição desses sistemas é definida em função do tamanho do viveiro e a quantidade de mudas a ser produzida anualmente.
4. Padronização das mudas
Ao final da fase de crescimento, as mudas devem estar vigorosas, com a copa bem formada e o sistema radicular abundante. O tamanho das copas deve estar se aproximando do comprimento dos tubetes, mantendo uma relação parte aérea/sistema radicular de 1:1, aproximadamente, e com o diâmetro de colo ao redor de 2 mm.
As mudas com crescimento deficiente ou fora de padrão deverão ser separadas do lote, retornando às adubações de crescimento.
Rustificação das mudas
A etapa de rustificação tem como objetivo preparar a muda fisiologicamente para o plantio e para as primeiras semanas que o sucedem. Nessa etapa, as mudas deverão ser preparadas para serem levadas ao campo, com reserva nutricional disponível para o pronto crescimento e, ao mesmo tempo, resistentes ao estresse provocado pelas atividades de plantio (falta de água, retirada dos tubetes e transporte).
Algumas práticas de rustificação das mudas envolvendo o manejo do regime de irrigação e adubação podem minimizar esses problemas. Durante o processo de rustificação deve-se, portanto, considerar os seguintes pontos:
1. Irrigação de rustificação
Para a rustificação das mudas, a irrigação deve ser paulatinamente diminuída, permitindo um leve murchamento dos ápices, porém, sem crestamento. O processo de rustificação deve ocorrer num prazo máximo de dez a quinze dias.
2. Adubação de rustificação
Antes de proceder às adubações de rustificação, realizar a lavagem acentuada das mudas para a lixiviação do nitrogênio em excesso. Após a lavagem, interromper a irrigação até leve murchamento dos ápices, porém, sem crestamento.
A formulação apresentada a seguir, permite que haja uma diminuição do ritmo do crescimento em altura das mudas, ao mesmo tempo, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular e engrossamento do diâmetro do colo, o que se traduz em menos tecidos túrgidos e maior reserva nutricional para o período inicial pós-plantio, quando as raízes deverão iniciar a exploração do solo ao seu redor. As concentrações e produtos apresentados podem ser ajustadas de acordo com as necessidades.
Exemplo de formulação de adubação para rustificação:
  • Sulfato de amônio: 5,0 gramas por litro de água
  • Super fosfato simples (ou Yoorin): 10,0 gramas por litro de água
  • Cloreto de potássio: 4,0 gramas por litro de água
  • FTE BR 10: 0,5 gramas por litro de água
Os adubos deverão ser dissolvidos em água. Recomenda-se a aplicação de 3 L dessa solução para cada 1.000 tubetes (aplicações intercaladas a cada três ou quatro dias para um máximo de ocupação de 500 tubetes/m-²).
Na etapa de rustificação, o excesso de chuvas pode acarretar deficiências sérias de nitrogênio e, eventualmente, de potássio. O produtor deve ficar atento aos sintomas de deficiência nutricional que eventualmente o lote passe a apresentar, e providenciar as correções necessárias.
3. Padronização das mudas
Após o final da etapa de rustificação, as mudas deverão passar por um processo de seleção e padronização. Mudas que estiverem fora dos padrões estabelecidos deverão regressar à fase de rustificação ou, eventualmente, para a de crescimento.
Para estarem aptas ao plantio, os seguintes padrões de qualidade de mudas são recomendados:
  • Altura da parte aérea: 15 a 25 cm
  • Diâmetro de colo: > 2 mm
  • Sistema radicular ocupando toda a área interna do tubete, com bom desenvolvimeno e coloração branca (Figura 10).
Foto: Ivar Wendling
Figura 10. Detalhe de sistema radicular bem formado, com raízes brancas.


Expedição das mudas para o campo

A logística de expedição das mudas para o campo é definida em função do tipo de recipiente utilizado no viveiro. Os sacos plásticos podem ser acondicionados em caixas plásticas ou de madeira de tamanho padronizado, para facilitar o controle do número de mudas expedidas. 
A expedição de mudas produzidas em tubetes requer a adoção de uma logística que permita a sua recuperação após o plantio e devolução ao viveiro ou a expedição das mesmas sem os recipientes. Este último sistema implica em cuidados para evitar que as raízes ressequem, como o seu empacotamento em filme plástico (sistema rocambole) que mantém a umidade do sistema radicular (Figura 11).
Fotos: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 11. Sistema rocambole para expedição de mudas produzidas em tubetes.
Seja qual for o tipo de recipiente utilizado e o sistema de expedição adotado, as mudas devem ser acondicionadas no veículo de transporte de modo a não permitir estresses que provoquem amassamentos e abafamento das mesmas. No caso do uso de utilitários com caçamba sem capota, há a necessidade de se providenciar algum tipo de cobertura sobre as mudas, de modo a protegê-las do vento, o qual pode causar ressecamento dos ponteiros ou danos mais severos. Ao mesmo tempo, é importante permitir a existência de algumas entradas de ar lateralmente, de modo a ventilar as mudas, principalmente em situações de alta insolação.
É recomendável uma irrigação final das mudas antes do seu embarque e, no caso de percursos muito longos, repetir a operação para manter a umidade do substrato. Chegando ao destino, as mudas devem ser descarregadas, irrigadas e postas à sombra enquanto aguardam o plantio definitivo.
No caso de rocambole, recomenda-se que as mudas não permaneçam neste sistema por mais de uma semana.



segunda-feira, 30 de abril de 2018

Produção de sementes de Eucalipto


Para o estabelecimento de uma plantação florestal bem formada, deve-se escolher mudas provenientes de sementes de boa procedência, exigindo-se dos viveiristas atestados de fitossanidade e os resultados analíticos do grau de pureza e germinação. Estes cuidados decorrem do fato de que o uso de sementes de boa qualidade favorecerá a obtenção de florestas produtivas. 
Existem diversos fornecedores que comercializam sementes certificadas, variando a tecnologia de produção e o grau de melhoramento das árvores produtoras de sementes.
Classes de sementes
Sementes de eucalipto apresentam dimensões e peso muito reduzidos, sendo que, com um grama, dependendo da espécie, pode-se formar mudas suficientes para plantar até um hectare de eucalipto, usando-se espaçamentos convencionais. 
O número de sementes viáveis varia de 150 a 1.000 por grama, dependendo da espécie, do grau de melhoramento e da recombinação efetiva na população base de melhoramento (FERREIRA, 2001). 
Os lotes de sementes são classificados dentro das espécies pelo grau de melhoramento das matrizes, indo desde Área de Coleta de Sementes (ACS), selecionadas pelo fenótipo, até Pomar de Sementes de Mudas Testado (PSMt), comprovadamente produtivas, tendo sido avaliadas pela superioridade genética em várias gerações de seleção. Essa classificação diferencia a qualidade da semente, caracterizada pelo número de sementes viáveis por grama, pelo potencial genético de produtividade e pelo maior número de árvores tolerantes à seca, ao frio e às doenças.
A Lei n° 10.711/03 e o Decreto Federal n° 5.153/04 definem as classes das sementes em função das unidades de produção que, especificamente para os eucaliptos, em ordem crescente de aprimoramento genético, são: Área de Coleta de Sementes (ACS), Área de Produção de Sementes (APS) e Pomar de Sementes (PS). 
As três classes de semente e/ou de material propagativo (ACS, APS e PS) podem agregar, na descrição, indicação da geração de melhoramento às quais foram submetidas (Fn com n = 1,...,n). Por exemplo, F2 indica uma geração mais avançada que F1, informando que a população foi melhorada por duas gerações de seleção, e assim sucessivamente. 
Cada geração pode significar ganhos de produtividade entre dez e 20% (ELDRIDGE et al., 1994), muito embora o ganho efetivo por geração seja de aproximadamente 5%. 
Como exemplo de ganho genético obtido em um ciclo de melhoramento, um plantio comercial formado a partir de sementes de segunda geração, nas mesmas condições de solo e clima de outro plantio efetuado com sementes da geração anterior, deve produzir ao menos 5 a 6 m³/ha-¹.ano-¹ a mais de matéria-prima, o que permitiria antecipar o corte em um ano, sem perda de produtividade, em uma rotação de doze anos (PALUDZYSZYN F° et al., 2006).
Classes de sementes - Área de Coleta de Sementes (ACS)
É uma população plantada, caracterizada, onde são colhidas sementes e/ou outro material de propagação, podendo pertencer a uma das seguintes categorias:
  • Área Alterada de Coleta de Sementes sem Matrizes Marcadas (ACS-AS);
  • Área Alterada de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas, com critério de seleção informado (ACS-AM);
  • Área de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas, com critério de seleção informado (ACS-MS).
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 1. ACS-MS da cultivar BRS 8801 de  E. benthamii (Colombo-PR).
Classes de sementes - Área de Produção de Sementes (APS)
É uma população selecionada, isolada contra pólen externo, onde são selecionadas matrizes, com desbaste dos indivíduos indesejáveis e manejo intensivo para produção de sementes, com critério de seleção individual informado.
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 2. APS da cultivar BRS 9402 de E. dunnii (Ponta Grossa-PR).
Classes de sementes - Pomar de Sementes (PS)
É uma população planejada, estabelecida com matrizes superiores, isolada contra pólen externo, com delineamento de plantio e manejo adequado para a produção de sementes, podendo ser:
  • Pomar de Sementes por Mudas (PSM) - é formado a partir de teste de progênies com desbaste dos indivíduos não selecionados;
  • Pomar Clonal de Sementes (PCS) - é estabelecido por meio de propagação vegetativa de indivíduos superiores;
  • Pomar Clonal para Produção de Sementes Híbridas (PCSH) - é constituído de uma ou duas espécies ou de clones selecionados de uma mesma espécie, estabelecido por meio de propagação vegetativa;
  • Pomar de Sementes Testado (por mudas: PSMt; por clones: PCSt) - são oriundos de mudas formadas por sementes (PSMt) ou por clonagem (PCSt), cujas matrizes remanescentes foram selecionadas com base em testes de progênies para uma região bioclimática específica. Os pomares testados devem apresentar ganhos genéticos comprovados em relação ao pomar não testado.
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos 

Figura 3. PSM da cultivar BRS 290 de E. grandis (São Carlos-SP).
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
 
Figura 4. PCS em formação de E. grandis.
Sistema de produção
Os sistemas de produção de sementes florestais contemplam as classes de sementes certificadas e não-certificadas. No sistema de produção de sementes não-certificadas, existem as seguintes categorias: identificada, selecionada, qualificada e testada. No sistema de produção de sementes certificadas, estão previstas as seguintes categorias: selecionada, qualificada e testada.
A semente selecionada é obtida de matrizes selecionadas em Áreas de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas (ACS-MS). As principais diferenças entre esta categoria e a categoria qualificada é a falta de isolamento contra pólen externo. É a categoria de entrada no processo de certificação.
A semente qualificada é obtida de matrizes selecionadas em populações selecionadas, isoladas contra pólen externo e manejadas para produção de sementes. Inclui sementes produzidas em Áreas de Produção de Sementes (APS), Pomar Clonal de Sementes (PCS) e Pomar de Sementes por Mudas (PSM). Material de propagação de árvores selecionadas também pode ser incluído nessa categoria.
A semente testada é obtida de matrizes selecionadas geneticamente, com base em testes de progênies instalados na região bioclimática, onde a semente será considerada testada, ou outros testes aprovados pela Entidade Certificadora ou Certificador. Incluem sementes obtidas em Pomar Clonal de Sementes Testado (PCSt), Pomar de Sementes por Mudas Testado (PSMt). Material de propagação de árvores testadas geneticamente também pode ser incluído nessa categoria.



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